Tempestade que teria atingido linhas de transmissão seria responsável pelo desligamento da hidrelétrica. Apagão afetou nove estados e o Distrito Federal
Publicado em 11/11/2009 | Rogerio Waldrigues Galindo e Ricardo Marques de Medeiros, com agênciasO ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o Paraguai também foi afetado. Por volta da 1 hora da madrugada de hoje, duas das cinco linhas de transmissão de Itaipu tinham voltado a funcionar.
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Falta de "backup" espanta especialistas
Especialistas estranharam a falta da entrada em funcionamento de um plano de “backup” da energia na noite de ontem. O “desligamento” de Itaipu deveria causar um apagão por apenas alguns minutos, afirmam eles – tempo suficiente para que as termoelétricas começassem a operar. “Um apagão dessa duração é algo inédito no país. Com esse tempo de queda de energia, as térmicas já deveriam ter entrado em funcionamento”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Apagão é similar ao maior já registrado no país
O apagão da noite de ontem e da madrugada de hoje, em nove estados e no Distrito Federal, já pode ser considerado um dos maiores da história do Brasil. Na dimensão territorial atingida, se aproxima daquele que é considerado o maior blecaute já registrado no país, que ocorreu em 11 de março de 1999. O apagão de 99 chegou a afetar cerca de 70% do território nacional, em dez estados e no Distrito Federal, além de partes do Paraguai. Cerca de 76 milhões de pessoas ficaram sem luz por pouco mais de cinco horas na virada do dia 11 para o dia 12 de março daquele ano.
Corte repentino causa apenas oscilação da tensão no PR
Segundo a Copel, o Paraná e os dois outros estados do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sofreram apenas uma “oscilação de tensão”, causada por um aumento repentino na carga seguido de uma queda de tensão. As informações são da Central de Operações da Geração, que monitora a distribuição de energia elétrica na região. De acordo com a assessoria de imprensa da Copel, a situação causou instabilidade e cada cidade sentiu a falta de energia de uma forma diferente. Contudo, não houve corte prolongado.
Itaipu é responsável por fornecer 14 mil megawatts para o sistema elétrico nacional. O Operador Nacional do Sistema tentava descobrir também por que as usinas termoelétricas, que deveriam ter sido ativadas automaticamente para substituir Itaipu não foram capazes de resolver o problema.
De acordo com o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, em entrevista à Gazeta do Povo, uma das possibilidades era a queda de todas as linhas de transmissão da usina. “Itaipu tem cinco linhas de transmissão. Às vezes, cai uma. Mas dessa vez parece que podem ter caído todas ao mesmo tempo, por causa do vento”, disse ele.
Segundo Samek, a usina é programada para desligar as turbinas quando ocorre a queda das linhas. “Cada linha desliga a turbina correspondente. Se caírem todas, para a usina”, disse. Para o diretor, embora essa fosse uma hipótese provável, ele preferia acreditar em um problema em uma das três subestações, já que a solução seria mais simples e mais rápida.
Em entrevista à tevê, depois de falar com a Gazeta do Povo, Samek disse que o problema definitivamente não era de geração, e sim de transmissão. Também pouco depois da meia- noite, Lobão disse que Itaipu havia sido reenergizada e que faltava resolver o problema da transmissão.
Na noite desta terça, calculava-se que 800 cidades haviam sido afetadas. Em São Paulo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública convocou todos os policiais que estavam de folga para reforçar o policiamento, já que havia riscos de roubos e outros crimes.
Na capital paulista, o corte de energia pegou de surpresa quem voltava para casa. Congestionamentos se formaram pelas ruas da cidade. O comércio fechou as portas com medo de saques. Por volta da meia-noite, um sistema improvisado passou a funcionar e devolveu a luz por alguns minutos, mas logo em seguida, a escuridão voltou.
A aposentada Dalva Marques, que mora no bairro do Brás, na capital paulista, estava assistindo à televisão quando ocorreu o apagão. “Apagou a luz, mas 10 minutos voltou. Estava vendo televisão e até informaram que tinha tido o apagão. Passou mais alguns minutos e voltou a apagar. A padaria e a pizzaria que fecham mais tarde perto de casa fecharam as portas”, contou.
O estado do Rio de Janeiro foi o mais afetado. Na capital, o problema prejudicou a circulação de veículos nas principais vias da cidade, como a Linha Amarela e Avenida Brasil, devido à falta de funcionamento da sinalização. Os elevadores dos prédios também estão prejudicados pela falta de eletricidade.
Em Curitiba, a energia chegou a faltar rapidamente, mas segundo a Copel não houve maiores problemas na cidade. Alguns bairros tiveram falta de energia elétrica, mas a companhia afirmou que não houve relação com o problema nacional, e sim com vendavais na própria cidade.
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