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domingo, 13 de julho de 2008

“Eu lido bem com a traição”

Daniel Dantas | 11/07/2008 19:49

“Eu lido bem com a traição”

O ator que vive seu primeiro vilão na TV, se diz triste e introspectivo, revela que já traiu e foi traído e afirma que tem dificuldade de lidar com pessoas burras

Valmir Moratelli

Roberto Shwenck
Daniel Dantas abre a porta de seu apartamento, na Gávea, bairro nobre do Rio de Janeiro, falando ao telefone. Repassa para alguém, do outro lado da linha, sua agenda do dia seguinte. “Acho que não tenho gravação amanhã. Podemos marcar a reunião mais pro final do dia, sem problemas”, diz. Mais um minuto e desliga o aparelho, abre as amplas janelas da sala, que dão vista para a mata da Pedra da Gávea, e se encaminha para o sofá de couro preto. Aos 53 anos e com boa parte de sua carreira televisiva calcada em papéis de homens traídos, tímidos e recalcados, Daniel vive atualmente o vilão Natércio Prado, em Ciranda de Pedra. Nesta entrevista, falou sobre sua identificação com o autoritarismo e as malvadezas do personagem, disse não concordar com o apelido de “lexotan ambulante” que lhe foi dado em alguns blogs na internet e conta o que mudou em sua vida ao saber, em 2006, que tinha um tumor cerebral. Três horas de bate-papo e seis xícaras de café depois, ele desabafa: “Acho que dei a entrevista mais tensa da minha vida. É que tenho pensado em muita coisa ao mesmo tempo”.

QUEM: Seu personagem em Ciranda de Pedra é prepotente, autoritário e ambicioso. O que você tem de parecido com ele?
DANIEL DANTAS
: Todo mundo tem uma reserva de possessividade, maldade. Inclusive eu. O personagem é apaixonado e cheio de certeza do que faz. Certeza e paixão são duas coisas muito perigosas. Grandes monstros da humanidade eram homens de certezas. Eu não sou uma pessoa autoritária. Muito pouco. Questiono muito as coisas, não tenho grandes certezas sobre a vida. Ruins são os atos e não a pessoa em si. O que vejo hoje em dia, como no Big Brother, é que estão estimulando esse hábito de julgar o tempo todo quem é mau e quem é bom. Não se deve julgar a pessoa, mas os atos dela.

QUEM: Você já destratou um fã?
DD
: Muito no começo, destratei. Estava numa crise, não me lembro o porquê. Estava entrando no prédio onde fazia análise e uma senhora cismou que tinha que falar comigo. Eu disse que não, porque estava atrasado e fui bem estúpido em poucas palavras. Numa outra ocasião, destratei um casal no teatro. Eles começaram a tirar fotos depois da peça, me mandando sorrir... Virei e falei: “Não me ordene, como se eu fosse um objeto da sua vida que você mexe de lá pra cá”. Eu tinha todo o direito de falar isso, mas poderia ter dito de uma forma menos agressiva.

QUEM: Qual foi a maior maldade que você já fez na vida?
DD
: (Pausa) Eu tenho duas ou três coisas que fiz, são coisas que me envergonham e não esqueço nunca. Mas não quero torná-las públicas. São coisas que eu lamento e não tem valor trazer isso à tona.

QUEM: Apesar de ter interpretado diferentes tipos no teatro, você costuma fazer papéis parecidos na TV, quase sempre homens tímidos ou traídos. Por quê?
DD
: Talvez eu atraia esse tipo de papel. É até mais difícil fazer papéis semelhantes, porque preciso procurar diferenças mais sutis. Minha obrigação de trabalho não é ficar variando, é fazer bem o que me propõem. Já vi atores que mudam completamente de visual e de estilo para viver um papel diferente, e fazem uma merda! Prefiro fazer bem dois papéis iguais.

Achei que o Romário não era uma boa pessoa. Depois me reconciliei ao percebê-lo como um triste. Me identifiquei um pouco com ele.

QUEM: Além do Natércio, que em Ciranda de Pedra é traído pela personagem de Ana Paula Arósio, você viveu outros homens traídos na TV. Isso não te incomoda?
DD
: Olha, um dos meus primeiros trabalhos na TV foi um corno, no especial Quem Ama Não Mata, em 1982. Um tempo depois, fiquei quatro ou cinco anos fazendo sempre cornos. Aí, falei: “Não quero mais. Estou ficando caracterizado como corno, e eles estão ficando cada vez piores. Quero comer alguém”. É preciso brigar de vez em quando.

QUEM: Na ficção, você é mais traído do que trai. E na vida real?
DD
: (Pausa) Não é muito nenhum dos dois, é bem pouco. É na mesma medida. Eu lido bem com uma traição. Até perdôo, dependendo do momento.

QUEM: Seu apelido na internet é “lexotan ambulante”, por sua aparência pacata. O que acha disso?
DD
: Não concordo com esse apelido. Não sou nada tranqüilo (anda de um lado para o outro da sala). Essa coisa da timidez tem a ver com minha introspecção. É óbvio que me chateio com críticas externas, mas o que me tira do sério sou eu mesmo. Me irrito com a minha burrice. Por isso, quando encontro gente mais burra do que eu, me irrito ainda mais.

QUEM: Por que você se acha burro?
DD
: Não é que eu me ache burro, acho que me expressei mal. Eu só não gosto de ter que conviver com pessoas que parecem saber muito menos do que eu, e para não sofrer desse mal procuro me cercar de pessoas inteligentes.

QUEM: Em 2006, você teve um tumor no cérebro e se submeteu a uma cirurgia. Teve medo de morrer?
DD
: Sim, mas tentei me assegurar de que estava nas melhores mãos. É um assunto superado. Tenho que fazer uma nova ressonância daqui a uns meses e depois outra em dois anos. Pelos resultados anteriores, já houve a recuperação.

QUEM: O que você aprendeu com esse drama?
DD
: Um susto como esse acaba te fazendo dar uma olhada na vida, tive um aumento de consciência da mortalidade. Parei e vi: “Opa, não tô aqui para sempre”. Mudei comigo mesmo, de forma sutil, mas importante. Passei a controlar as rédeas da minha vida, da minha carreira, com coisas cotidianas.

Estou ficando caracterizado como corno, e eles estão
ficando cada vez piores. Quero comer alguém.



QUEM: Você acredita em vida após a morte?
DD
: Eu gostaria muito, mas não. Acredito que haja forças e energias de várias espécies, e o máximo que a gente consegue é canalizá-las para nossas vidas. Mas não consigo acreditar num ser superior olhando para baixo e cuidando deste mundo todo.

QUEM: É verdade que você joga futebol?
DD
: É uma das coisas que eu mais gosto de fazer, umas três ou quatro vezes por semana. Jogo muito mal. Fui Flamengo a vida inteira, mas não tenho mais time. Quando passei a reparar mais na vida dos jogadores, me desestimulei com o futebol.

QUEM: Que jogador o fez pensar assim?
DD
: Romário. Primeiro, por uma questão de caráter. Achei que o Romário não era uma boa pessoa. Depois, me reconciliei com ele, ao percebê-lo como um triste. Aí, me identifiquei um pouco com ele. Hoje, tenho até admiração pela pessoa que é.

QUEM: Por que você se acha uma pessoa triste?
DD
: Tem algumas pessoas que enxergam o mundo como belo e triste. Acho que o Romário tem esse olhar, uma certa tristeza, de que o mundo não é nem perto do que deveria ser. Isso te permite ser mais tolerante com as pequenas falhas dos outros. Eu sou um pouco assim também.

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26/10/2008 free counters

Rixa entre grupos rivais em Loures

Rixa entre grupos rivais em Loures

Tarde caótica no Bairro da Quinta da Fonte, no concelho de Loures. Grupos rivais confrontam-se a tiro em plena via pública. Veja as imagens exclusivas da SIC

21:03 | Sexta-feira, 11 de Jul de 2008








Veja o vídeo exclusivo da SIC


Os confrontos entre grupos rivais registados esta madrugada no Bairro Quinta da Fonte, em Loures, tiveram esta tarde um novo episódio.

Pelas 13h00, imagens exclusivas da SIC mostram elementos de um dos grupos, em plena rua, a disparar sobre elementos de um grupo rival, refugiados num edifício. Deste tiroteio resultou um ferido.

Nestas imagens não se vê qualquer elemento da Polícia, que chegou ao local cerca das 14h00, tendo cercado de imediato o bairro, com o intuito de estabelecer um perímetro de segurança.

Dois homens, de 24 e 25 anos, foram detidos, tendo sido apreendidas munições de calibre variado, dezenas de cartuchos, três espingardas caçadeira e duas pistolas automáticas.

Os confrontos de ontem à noite provocaram nove feridos ligeiros e estragos em várias viaturas, de acordo com o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. Os feridos foram transportados para os hospitais S. José, Santa Maria, D. Estefânia e Curry Cabral, todos na cidade de Lisboa.

O Bairro da Quinta da Fonte, na Freguesia da Apelação, onde vivem 2.500 pessoas de várias etnias, foi construído para acolher os desalojados pela construção dos acessos viários à EXPO-98.

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26/10/2008 free counters

Um texto inédito de Eça de Queirós

Crónica de um achamento
Um texto inédito de Eça de Queirós

"Colombo e o seu Centenário" é um texto inédito, que aqui revelamos, que Eça de Queirós escreveu sob o psedónimo de João Gomes.

Irene Fialho
0:00 | Sábado, 12 de Jul de 2008


Um texto inédito de Eça de Queirós “João Gomes” foi um pseudónimo de Eça de Queirós no início dos anos 1890
D.R.
“João Gomes” foi um pseudónimo de Eça de Queirós no início dos anos 1890

No Eça de Queirós - In Memoriam, de 1922, a reprodução dum recorte de jornal, com riscados e acrescentos manuscritos, tem a legenda "A correspondência de Fradique Mendes - Uma prova emendada por Eça de Queirós".

Lido, o texto não corresponde inteiramente a nenhuma das prosas sobre Fradique ou por ele "escritas". Porém, o recorte de jornal é semelhante a outros usados pelo autor para a construção do livro, saído em 1900, e alguns fragmentos do texto encaixam-se numa carta de Fradique, "A Mr. Bertrand B. - Engenheiro na Palestina", comentando a inauguração do caminho-de-ferro de Jafa a Jerusalém, em Setembro de 1892. Pensava-se ser esta a única peça d' A correspondência de Fradique Mendes que não tinha tido origem numa crónica jornalística, mas era provável que o recorte pertencesse a uma coluna da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, onde Eça publicou durante dezassete anos, assiduamente em 1892.

Elza Miné, estudiosa da Gazeta e seus colaboradores literários portugueses, generosamente enviou do Brasil o microfilme do periódico fluminense daquele ano. Lá estava, sob a rubrica, tão queirosiana, "Notas Contemporâneas"", o título "O caminho-de-ferro de Jerusalém", por "João Gomes", pseudónimo de Eça de Queirós no início dos anos 1890.

A surpresa maior foi o encontro seguinte, no mesmo microfilme, de outra das "Notas Contemporâneas": nesse ano de 1892, como aconteceu um século mais tarde, o mundo inteiro celebrava o achamento da América por Cristóvão Colombo e Eça, escrevendo "Colombo e o seu centenário" para um jornal do Brasil, legou-nos a sua visão crítica da celebração da descoberta do Novo Mundo, interrogando os motivos que levavam os povos ibéricos a celebrar um acontecimento cujas consequências, afinal, lhes tinham sido pouco proveitosas.

Esta crónica, inteiramente desconhecida desde 1892, porque não foi reaproveitada pelo autor para os seus livros nem foi compilada após a sua morte em nenhuma das colectâneas então editadas, publica-se agora: também ela foi assinada por "João Gomes", nome que a encobriu durante cento e dezasseis anos.

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26/10/2008 free counters

Uma fábrica de muitos sonhos chamada Projac

Uma fábrica de muitos sonhos chamada Projac


PAULA BRITO
Ficção. Situado no Rio de Janeiro, Brasil, o Projac vive como se de um mundo à parte se tratasse. Ali tudo se fabrica, das casas mais modestas às mais ricas. Não fosse esta a maior fábrica de sonhos, que é mesmo que dizer novelas, da América Latina Rio de Janeiro, 08.00 da manhã. Qualquer cena de filme ou mesmo de novela que reproduza o dia mais agitado de um formigueiro ficará aquém da agitação que se avistava dentro do centro de produção da Rede Globo.

Era uma lufa-lufa de pessoas, roupas, material para os últimos retoques nos cenários, que durante a noite foram montados para as gravações do dia que agora começava, que passavam apressados em cima de carros movidos a electricidade. O DN apanhou boleia num desses carros ecológicos na tentativa de descobrir como funciona esta fábrica de sonhos. E não foi preciso andar muito para, guiado pelo cheiro da cola, madeira, verniz, confirmar que era ali num amplo galpão (grande pavilhão) que nascem as casas que visitamos todas as noites, através da nossa televisão. Escadas, paredes vermelhas, brancas e de todas as cores, cercas, telhados, lambris, varandas, camas, sofás, estantes, mesas... um imenso universo de adereços são construídos numa fábrica de meter inveja ao empresário mais empreendedor. Até a comida é fabricada, numa espécie de pasta que, depois de seca, é pintada em forma de bolinhos, chocolates, fruta. Apetitoso, ainda assim!

Construídos os cenários, há que lá colocar as personagens, vestidas de acordo com o seu perfil. Assim, a sensivelmente dez metros, outra fábrica vive inundada do cheiro a giz de alfaiate e a quente do ferro de engomar. Numa das paredes, centenas de carrinhos de linhas de mil cores alinham-se, enquanto uma centena de má- quinas de costura em fila indiana correm velozmente em cima de fazenda, ganga, popelina, algodão. A observá-las vários manequins de pano, em sentido, fazem as provas das roupas que irão vestir Edson Celulari, em Beleza Pura, Cláudia Raia e Patrícia Pillar, em A Favorita. Ou mais de época (São Paulo, 1958), Marcello Antony e Ana Paula Arósio, em Ciranda de Pedra. Estas e outras peças irão depois de terminada a novela regressar ao armazém onde "dormem" mais de 86 mil, entre actuais e de várias épocas. Sapatos , sapatilhas, sandálias, chapéus, fitas, fantasias várias estão noutra secção gigantesca. Tudo etiquetado e identificado. A ordem é um imperativo de um mundo imenso que sem ela viveria no caos.

É assim (uma ínfima amostra do que é ) o Projac (Projecto de Jacarepaguá). Inaugurado em 1995, é considerado o maior núcleo televisivo da América Latina. Produz novelas para os mais diversos mercados do mundo, de que é exemplo o Japão. Por cá, estão para ficar, na SIC.|

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26/10/2008 free counters

Perseguição via internet leva homem à prisão nos EUA


Ele invadiu a conta do MySpace de uma jovem bastante popular na web.
Condenado a dois anos, o homem exigia sexo pelo telefone e fotos da vítima nua.
Do G1, em São Paulo
Foto: Reprodução/Wired
Reprodução/Wired
Amor Hilton é bastante popular no MySpace (Foto: Reprodução/Wired)
Um norte-americano começou nesta semana a cumprir pena de dois anos de detenção na Califórnia por ter invadido a conta de uma usuária do MySpace a quem perseguia. Jeffrey Robert Weinberg, 23, que já havia sido detido por hackear o sistema da empresa Lexis-Nexis, foi acusado de usar seus conhecimentos em informática para extorquir uma celebridade da internet.

Ele foi condenado em maio por invasão de computador e, na quinta-feira (10), passou a cumprir pena em Tehachapi, na Califórnia. O homem havia sido detido em janeiro, depois de investigações do departamento de polícia de Los Angeles baseadas nas denúncias da adolescente Amor Hilton, bastante popular no site de relacionamentos MySpace.

Segundo a revista “Wired”, Amor não conseguiu acessar sua conta na rede social em 28 de dezembro, mesmo dia em que começou a ser assediada via telefone por um homem chamado “V.I.P” (o hacker já havia usado esse apelido no passado). As ligações continuaram durante vários dias e ganharam um tom ameaçador, segundo a jovem.

Além de invadir sua conta no MySpace, Weinberg fez o mesmo com o perfil dela na comunidade Stickam, onde ela apresenta um programa on-line. Nas ligações ameaçadoras, ele exigia sexo por telefone e também fotos em que a garota aparecesse nua.

Amor o denunciou à polícia, gravou uma das ligações e reconheceu Weinberg comparando uma foto que ele havia mandado para ela com uma imagem feita pela polícia, na primeira vez em que o hacker foi detido.

Ele foi acusado de extorsão e quatro outros crimes, mas essas acusações foram deixadas de lado quando ele assumiu a culpa. Assim, o homem respondeu apenas por invasão de sistemas, segundo a revista “Wired”. Ele já havia sido condenado a dez meses de prisão em 2006 por invadir o banco de dados de clientes da Lexis-Nexis e deixou a detenção em novembro do ano passado.

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26/10/2008 free counters

Fotógrafo brasileiro morre no Havaí durante mergulho


Morte de Sergio Goes, desaparecido desde sexta (11), foi confirmada pelo cunhado dele.
Brasileiro é autor de fotografias e documentários premiados nos EUA.
Do G1, em São Paulo

O fotógrafo e documentarista brasileiro Sergio Goes morreu na última sexta-feira durante um mergulho livre próximo à praia de Waikiki, no Havaí (EUA), onde morava há mais de 15 anos. O corpo de Sergio, dado como desaparecido na sexta-feira, foi encontrado no sábado após intensas buscas da Guarda Costeira americana, que reuniu navios e helicópteros.


“Ontem estávamos todos ansiosos. Hoje, infelizmente, o pior se confirmou. Ele era um mergulhador experiente, fez cursos na área, mas aparentemente não foi o suficiente para ele se salvar”, declarou ao G1 o cunhado de Sergio, Eduardo Torres, que também mora no Havaí. Segundo Eduardo, Sergio deixa um filho de seis anos. A morte foi confirmada também pela Kitv.com, afiliada à rede ABC.

Segundo a Guarda Costeira americana, o corpo do fotógrafo foi recolhido a seis milhas da costa (cerca de 10 quilômetros) e transportado para um hospital local, onde será examinado. Ainda não há confirmação oficial da causa da morte.

Premiação
Segundo reportagens da imprensa havaiana, Sergio estava mergulhando para tirar fotos subaquáticas. Na mesma semana de sua morte, ele havia vencido o prêmio máximo da Sociedade Profissional dos Jornalistas locais por uma foto publicada no ano passado na revista "Honolulu".

Sergio também era autor do documentário "Black Picket Fence", de 2002, sobre dois amigos que tentam deixar uma área empobrecida do Brooklyn. O trabalho foi premiado no Urban World Film Festival, em Nova York.

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26/10/2008 free counters

Sônia Bridi lança livro sobre a China e vê possibilidade de abertura pós Olimpíada


Jornalista ficou entre 2005 e 2006 como correspondente da Globo em Pequim.
Em 'Laowai', ela conta como é ser repórter num país onde a informação é controlada.
Débora Miranda Do G1, em São Paulo

Foto: Paulo Zero/Divulgação
Paulo Zero/Divulgação
Os repórteres Paulo Zero e Sônia Bridi com o Dalai Lama (Foto: Paulo Zero/Divulgação)

Foi com a missão de montar uma base da TV Globo no Oriente que a jornalista Sônia Bridi embarcou, em 2005, para a China, acompanhada do marido, o repórter cinematográfico Paulo Zero, e do filho Pedro, então com três anos. Agora, Sônia lança “Laowai – Histórias de uma repórter brasileira na China”, um livro que reúne os bastidores de seu trabalho como repórter ao relato da vivência diária em um país completamente desconhecido.

Veja galeria de fotos

Em entrevista ao G1, a jornalista fala sobre a decisão de aceitar o desafio e embarcar para Pequim. Conta, ainda, sobre a complexa tarefa de fazer reportagem em um país onde o governo controla o fluxo de informação, mas demonstra esperança de abertura após os Jogos Olímpicos. Leia, abaixo, trechos da entrevista.

G1 – Como foi a decisão de se mudar para a China?
Sônia Bridi –
Foi a decisão de um casal de repórteres cheios de curiosidade. E isso pesou muito. Pesou muito também o fato de eu ter morado fora antes e saber que, por mais que as crianças sofram nesse período, a convivência com culturas diferentes, sem preconceito, enriquece muito a experiência de vida. As crianças se tornam mais abertas para as outras pessoas. Eu acho que é isso que a gente precisa ensinar aos nossos filhos.

G1 – Apesar de enxergar dessa forma positiva, você teve receio?
Sônia –
Muito. E não foi fácil a adaptação do Pedrinho, por exemplo. No primeiro ano, o choque foi tão grande que ele praticamente parou de crescer. Ele não conseguia se comunicar com as outras crianças, então ele brincava muito sozinho, criava fantasias de que ele era animal. Todo dia ele me acordava dizendo: “Mamãe, sabe que animal eu sou hoje? Sou um dinossauro carnívoro” [risos]. Foi muito difícil, mas assim que ele começou a se comunicar, rapidinho recuperou o crescimento. E ele adora a China. Sempre diz “a nossa China”.

G1 – O que te motivou a escrever o livro?
Sônia –
Eu tenho um amigo, que é o editor [Jakzam Kaiser], que quando a gente se encontrou pela primeira vez, depois que eu já estava na China, me perguntou algumas coisas do meu dia-a-dia. Quando eu contei, ele me disse: “Sônia, você não está percebendo que essas são histórias que as pessoas querem saber? Faz um livro”. E eu: “Imagina, fazer um livro. Não tenho tempo para nada”. Mas a cada 15 dias ele me mandava um e-mail: “Faz um livro”. E depois de um certo tempo, eu comecei a ver algumas histórias e pensar: “Essa história poderia entrar num livro” [risos]. Mas o mais definitivo foi o fato de que, a cada vez que eu chegava aqui no Brasil, as pessoas me diziam: “Sônia, como é a comida?”, “Tem banco lá?”, “Tinha banheiro na sua casa?”. Era preciso também juntar essas experiências numa coisa só, para as pessoas que têm curiosidades sobre a vida na China. Quem quiser saber de economia e de política, por exemplo, existem publicações mais especializadas e muito boas. Esse livro é a experiência de quem viveu lá.

Foto: Paulo Zero/Divulgação
Paulo Zero/Divulgação
Sônia junto com o filho, Pedro, em viagem ao Japão (Foto: Paulo Zero/Divulgação)

G1 – Mas você teve também esse cuidado de contextualizar, falar da economia, da política.
Sônia –
Era preciso mostrar em que ambiente estava e o que acontecia ao meu redor. E a história que está acontecendo na China, que foi o que motivou a gente a ir para lá, é a maior cobertura da qual você pode participar.

G1 – Como foi a decisão de revelar um pouco da sua intimidade e falar da sua família no livro?
Sônia –
Para mim foi uma decisão difícil, porque eu sou muito reservada. Agora, você não tem como contar essa história sem contar as histórias da família. Eu tentei manter uma linha em que a gente não invadisse coisas muito íntimas, mas, ao mesmo tempo, é extremamente íntimo quando eu revelo a nossa preocupação com o Pedro, com a adaptação dele, com a escola e tudo mais. É difícil contar o que é um ‘laowai’ [estrangeiro] vivendo na China se você não revela essas histórias.

G1 –Queria que você contasse sobre a experiência de montar uma base na China e a transmissão ao vivo durante a festa de 40 anos da TV Globo.
Sônia –
Quando a gente foi para a China, achamos que seria complicado. De fato foi, mas por razões diferentes das que a gente pensou. Primeiro que você conhecer as linguagens e os códigos de um país é extremamente importante para conseguir circular nele. Quando você chega num lugar completamente estranho, você tem que descobrir como é que funciona. E sendo extremamente fechado, isso se torna ainda mais complicado. Aquela transmissão ao vivo só foi possível pela minha ignorância. Se eu soubesse, na época, o que eu sei hoje, provavelmente não teria me dado ao trabalho de tentar. Não sabia o ineditismo do que a gente estava fazendo. A decisão da TV Globo de ter um correspondente na Ásia foi extremante importante. A Ásia é onde tudo está acontecendo hoje, a gente não pode compreender o que se passa no mundo sem estar presente na Ásia. E a decisão de ser na China tem dois motivadores principais. Primeiro que a China está num turbilhão de acontecimentos. Outra coisa é que, se você não está na China, você não entra na hora em que a coisa aperta.

G1 – Você fala da burocracia, da censura e do exercício da paciência. Como foi lidar com isso e fazer jornalismo?
Sônia –
É um troço exasperante. É bastante clichê dizer isso, mas é dar murro em ponta de faca o tempo todo. Você bate e sabe que a única pessoa que está sentindo a batida é você mesmo. As pessoas me perguntam se sofremos censura. Eles não precisam censurar o produto acabado, eles censuram as fontes e restringem o acesso. E isso provoca uma frustração terrível, todo dia. Em compensação, a cada janelinha que você abre, qualquer coisinha que você faça é muito interessante. Você continua frustrado porque sabe o que tem atrás do janelão que você não abre, mas para o público, aquelas poucas coisas que você consegue reportar são muito interessantes e importantes.

Foto: Paulo Zero/Divulgação
Paulo Zero/Divulgação
A jornalista em ação na cidade histórica de Pingyao (Foto: Paulo Zero/Divulgação)

G1 – Você sabia até que ponto confrontar esse sistema?
Sônia –
Fui sentindo com o tempo. Tem essa história de chinês não dizer “não” diretamente, ele tem que te fazer entender sem falar “não”. E eu não entendia isso. Eu fui numa cidade na beira de um rio, que estava sendo realocada. Era uma vila, pobre, na beira do rio, que já estava semidestruída. E eles não deixaram a gente entrar na cidade. Andávamos na rua com 26 pessoas atrás da gente o tempo todo. Você tem que entender a maneira como eles trabalham e os códigos culturais deles. Tem que argumentar de uma maneira educada e civilizada, mas tem que contar a história com o que você tem, não com o que você quer.

G1 – Como acha que serão os jogos olímpicos? Qual é a sua expectativa?
Sônia –
Eu gostaria muito que fosse aberto. Seria um grande momento. Mas eu acho que não vai ser. No que eles puderem, eles vão tentar controlar. Vão restringir o acesso para alguns lugares no interior, nas zonas mais conflituosas é claro que ninguém entra. Mas ao mesmo tempo, se tudo correr bem e a China não passar vergonha, eu acho que há uma possibilidade de abertura muito grande após as Olimpíadas.

G1 – Como?
Sônia -
Eles morrem de medo de abrir. Na China, em 2005, o numero oficial foi de 70 mil manifestações reunindo 200 pessoas ou mais. Quer dizer, não é uma sociedade que está exatamente calma. A experiência da União Soviética, que se arrebentou toda, criando vários países, assombra muito os chineses. Manter a integridade territorial e a unidade política é uma preocupação forte. Fiz uma entrevista com o vice-reitor da universidade Tsinghua, que depois da revolução comunista foi transformada numa politécnica e formou a classe dirigente da China. Agora, a Tsinghua decidiu voltar a ser universalista. Aí eu perguntei para o vice-reitor: “Por que essa transformação?”. Ele me diz: “Nós temos sido eficientes em produzir a classe dirigente que a China precisou nos últimos anos. Daqui para a frente, nós precisamos construir a democracia. E engenheiros que não conhecem filosofia e sociologia não vão conseguir fazer um debate, um encontro de idéias.” Eles planejam tanto. É uma característica muito chinesa. Eles planejam a longo prazo.

G1 – E o como você acha que eles planejaram as Olimpíadas, que vai ter imprensa do mundo inteiro e uma movimentação imensa de pessoas?
Sônia –
A China viveu um século de turbilhão político, de guerras, e agora passa por um período de estabilidade, de crescimento econômico, de ascensão social. Os chineses querem ser reconhecidos pelo esforço tremendo que eles estão fazendo para se transformar em uma sociedade mais aberta, mais desenvolvida. Acho que eles sentem que têm alguns méritos -e eles têm méritos muito grandes- e esperam ser reconhecidos por isso. É um sentimento muito comum para nós, brasileiros.

Foto: Paulo Zero/Divulgação
Sônia Bridi com as mulheres chinesas (Foto: Paulo Zero/Divulgação)


G1 – No prefácio do livro, o escritor Werner Zotz diz que o mundo é sua casa. Como você encara essa vida de correspondente?
Sônia –
Não sei se o mundo é minha casa. Minha casa é a minha casa mesmo, que está fechada aqui em São Paulo, me esperando voltar. Eu não planejei que a minha vida fosse assim, as coisas aconteceram. A gente não pode ficar muito tempo longe e perder o contato com a nossa realidade, os nossos valores. Porque depois de muito tempo você tende a ver o mundo com olhos de gringo, e isso não é bom. Não é isso que a gente quer. A gente quer ter um repórter brasileiro lá fora, olhando o mundo com os olhos do Brasil.

G1 – Você tem planos de voltar?
Sônia -
Não sei, depende de várias coisas. Depende dos planos da Globo, depende da gente. Enfim, temos um ano de contrato pela frente e só pensaremos nisso mais perto, porque a realidade tende a ser mais dinâmica que a nossa vontade ou os nossos planos. Mas eu acho que, após o período na França, está na hora de encerrar o ciclo do exterior e voltar para a casa.

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26/10/2008 free counters

Especialistas dizem que ofício de Mendes pode levar à análise da conduta de Sanctis pelo CNJ


Publicada em 12/07/2008 às 23h32m

Jornal HojeLuciana Casemiro - O GloboEliane Oliveira Juiz da 6ª Vara Federal de SP, Fausto de Sanctis?=/Arquivo

RIO - O juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, que determinou a prisão do banqueiro Daniel Dantas por duas vezes desde terça-feira, pode sim ser investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apesar de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, ter negado neste sábado ter feito um pedido para a investigação. É o que mostra reportagem de Luciana Casemiro, publicada neste domingo no jornal O Globo.

Mendes alega ter feito apenas "um registro", mas, na avaliação de especialistas, o simples encaminhamento de um ofício ao CNJ pode levar à abertura de apuração sobre o juiz federal.

- Quando ele expede um ofício ao CNJ ou à corregedoria, está naturalmente indicando que considera que houve uma conduta suspostamente irregular. Se o CNJ vai arquivar o ofício ou abrir procedimento para investigação, cabe ao conselho decidir - afirmou o advogado Juan Vasquez, professor de pós-graduação em direito empresarial da FGV

O advogado José Ribas Vieira, professor da pós-graduação da PUC-RJ, concorda.

- Apesar de a representação não ser formal, pode levar a uma investigação. Afinal, em seu despacho, o ministro fala em "conduta oblíqua" - explicou.

De Sanctis: 'fiz meu papel, é o que basta'

Em entrevista à TV Globo, Fausto de Sanctis afirmou que apenas tenta fazer seu trabalho com qualidade e imparcialidade, legitimado pelas leis e pela Constituição. Por sua vez, Mendes, que determinou a soltura de Dantas nas duas vezes, considerou 'abolutamente natural' as manifestações contrárias a suas decisões.

Segundo o juiz Fausto de Sanctis, o que o povo espera de um juiz é a imparcialidade e que ele fique livre de qualquer influência ou pressão.

- Eu fiz o meu papel. É o que basta - afirmou.

De Sanctis determinou a prisão do dono do banco Opportunity na terça-feira dentro da operação Satiagraha. Ele e mais 17 pessoas, entre elas o ex-preffeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas, foram presas acusadas de crimes financeiros.

O presidente do STF, Gilmar Mendes, em evento no Rio

No dia seguinte, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, concedeu habeas corpus a Dantas, que foi solto.

Menos de dez horas depois, o banqueiro voltou a ser preso, outra vez por determinação do juiz da 6ª Vara de SP. Novamente, Gilmar Mendes concedeu habeas corpus ao banqueiro, desencadeando uma disputa dentro do Judiciário e acusações de ambos os lados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, em viagem à Indonésia a Operação Satiagraha e pediu cuidado para que pessoas inocentes não sejam expostas nas investigações.

- É importante que a Polícia Federal trabalhe com todo o cuidado para não criar manchetes envolvendo nomes de pessoas que depois se transformam em inocentes e ninguém pede desculpas - afirmou o presidente.

Críticas por todos os lados

O habeas corpus concedido ao banqueiro Daniel Dantas desencadeou uma série de críticas. Neste sábado, a Associação de Magistrados do Brasil (AMB) divulgou uma nota de apoio ao juiz Fausto de Sanctis. Segundo a entidade, o juiz encontrou nos autos elementos suficientes para decretar a prisão preventiva de Daniel Dantas e, por isso, não pode ser alvo de qualquer tipo de censura ou represália, "a não ser dentro do processo ou por recursos cabíveis".

Na sexta-feira, antes mesmo de Daniel Dantas ser solto pela segunda vez,uUm grupo de 42 procuradores da República de diversos estado do país enviou uma "Carta Aberta à Sociedade Brasileira" em que criticam a decisão do STF.

No documento, os procuradores manifestam "pesar"pela decisão, que, segundo eles, atingiu "frontalmente as instituições democráticas brasileiras" e foi tomada "em tempo recorde, sob o pífio argumento de falta de fundamentação".

Mais de 100 juízes que integram a Justiça Federal da 3ª Região, que engloba os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, também divulgaram um manifesto em apoio a Fausto de Sanctis . Eles se mostraram indignados com a decisão do ministro Gilmar Mendes

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26/10/2008 free counters

Terremoto de 4 graus atinge a Colômbia

Um terremoto de 4 graus na escala aberta de Richter, atingiu hoje uma vasta região dos departamentos de Tolima e Quindío, no centro-oeste da Colômbia, sem que tenham sido registrados vítimas ou danos, informaram fontes oficiais. Fontes da Rede Sismológica Nacional afirmaram que o fenômeno foi registrado às 8h45 (10h45 de Brasília) e localizado perto da localidade de Anzoátegui, no departamento de Tolima, cerca de 150 quilômetros ao sudoeste de Bogotá.

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26/10/2008 free counters

Senhas para ver Fernanda Montenegro serão distribuídas uma hora antes

da Folha Online

As senhas gratuitas para o público assistir a atriz Fernanda Montenegro interpretar a lendária personagem Capitu, criada por Machado de Assis no livro "Dom Casmurro", serão distribuídas a partir das 17h30 da próxima quinta-feira (17).

Divulgação
Fernanda Montenegro inaugurou Theatro Municipal de Paulínia
Fernanda Montenegro interpretará personagem lendária de Assis

A distribuição será feita na porta do Petit Trianon, sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio (av. Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio; tel. 0/xx/21/3974-2500).

A atriz foi convidada para encarnar a personagem clássica da literatura nacional no evento que comemora os 111 anos de fundação da ABL. Ela lerá uma adaptação do livro "Capitu, Memórias Póstumas", escrito pelo acadêmico Domício Proença Filho e publicado em 1999. Ao aceitar o convite, Montenegro declarou: "Será um dos grandes momentos de minha carreira."

Durante a leitura, a atriz estará sentada na cadeira na qual Machado de Assis trabalhava. A obra que será lida por Montenegro mostra a versão de Capitu para o triângulo amoroso entre ela, Bentinho e Escobar, todos personagens do livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis.

"Do texto, emerge uma figura de Capitu que se propõe mais inteira, mais completa, esclarecida, do ponto de vista de sua presença na trama descrita por Bentinho [narrador na obra de Machado de Assis] e da suposta traição dela com Escobar", explica a atriz, em nota enviada pela ABL.

"Para mim, Capitu encontra, no texto de um escritor da dimensão de Domício Proença Filho, um momento adequado para colocar-se. Não que Domício se contraponha a Machado. Trata-se da abertura de um espaço ficcional em que a personagem pretende que o leitor tenha dela uma visão mais nítida", falou Montenegro.

Para o presidente da ABL, Cícero Sandroni, a presença de Fernanda Montenegro no evento "tem um significado especial para a cultura do nosso país". Sandroni ressalta que o evento faz parte das celebrações que lembram os cem anos da morte de Machado de Assis.

"De um lado, o maior escritor brasileiro e um de seus textos mais expressivos; de outro, toda a emoção de assistirmos ao trabalho de uma figura como Fernanda. A academia viverá, sem dúvida, mais um de seus momentos históricos", disse Sandroni, em nota enviada à Folha Online.

"Fernanda Montenegro é Capitu"
Quando: quinta (17), às 18h30
Onde: teatro R. Magalhães Jr. ABL (av. Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro; tel. 0/xx/21/3974-2500)
Quanto: entrada gratuita

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26/10/2008 free counters

Órgão do governo arquivou processo contra Opportunity

ALAN GRIPP
ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo

O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, determinou a abertura de investigação interna para apurar se o banco Opportunity, de Daniel Dantas, foi favorecido em processos paralisados no DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão do Ministério da Justiça subordinado à secretaria.

O anúncio foi feito depois que a Folha procurou o secretário questionando dados sobre um processo engavetado no DRCI contra a instituição financeira, apesar das suspeitas de que o banco fizera remessas ilegais de brasileiros para paraísos fiscais.

A investigação contra o Opportunity foi paralisada na gestão de Antenor Madruga, hoje sócio de um dos principais advogados de Daniel Dantas, Francisco Müssnich, que é namorado da irmã do banqueiro, Verônica Dantas.

Procurado pela Folha, Tuma Júnior informou que localizou o processo no arquivo do DRCI e que, por isso, ordenou a abertura de uma sindicância. "Realmente há um procedimento antigo, sem solução, arquivado irregularmente. Vamos instaurar um procedimento para apurar conseqüências, extensão e profundidade dos fatos."

Alerta da CGU

Em 2003, o ministério recebeu um comunicado da CGU (Controladoria Geral da União) alertando sobre a suposta existência de aplicações de brasileiros em um fundo aberto pelo Opportunity exclusivamente para não-residentes no Brasil (isentos de Imposto de Renda).

O Opportunity Fund foi aberto nas ilhas Cayman, um paraíso fiscal. O caso foi repassado ao DRCI e, pouco depois, arquivado após um despacho de Madruga.

Ele comandou o DRCI desde a sua fundação, no início de 2004, até março de 2007. Poucos meses depois de deixar o ministério, tornou-se sócio do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados, que tem entre os seus fundadores Francisco Müssnich.

Müssnich defendeu o Opportunity, entre outras causas, em processo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que tratava exatamente do Opportunity Fund. Em setembro de 2004, a CVM decidiu multar, por unanimidade, o grupo Opportunity em R$ 480 mil.

As penalidades foram aplicadas a Verônica Dantas, Dório Ferman (presidente do Opportunity) e a três empresas do grupo, por operações que teriam desrespeitado normas do Banco Central e a legislação fiscal. As multas foram canceladas após recurso interposto por Müssnich no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o Conselhinho.

A sindicância aberta na Secretaria Nacional de Justiça vai apurar de quem foi a responsabilidade pelo arquivamento da denúncia encaminhada pela CGU e se ele foi feito indevidamente. Se a apuração concluir que houve favorecimento ao Opportunity dentro do DRCI, o ministério poderá enviar uma representação criminal ao Ministério Público.

O DRCI é o órgão do Ministério da Justiça responsável por firmar acordos de cooperação internacional e por tentar, entre outras funções, repatriar os recursos que deixaram o país ilegalmente.

Operação

A descoberta das supostas fraudes no Opportunity Fund está entre as acusações que levaram a Polícia Federal a deflagrar na última terça-feira a Operação Satiagraha. Daniel Dantas, Verônica, Ferman e mais 14 pessoas foram presas acusadas pelos crimes de corrupção, sonegação fiscal, evasão de divisas e crime contra o sistema financeiro. Todas as pessoas ligadas ao Opportunity foram liberadas menos de 48 horas depois pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.

O processo na CVM foi aberto a partir de denúncias feitas pelo empresário Luiz Roberto Demarco, ex-sócio do Opportunity e adversário declarado de Daniel Dantas.

Demarco informou à CVM que havia investido US$ 500 mil em vários subfundos do Opportunity Fund, em Cayman, em 1997. Ele também disse que o banco admitia brasileiros em aplicações criadas para residentes no exterior, desrespeitando a legislação brasileira. E entregou à CVM cópias de fac-símiles, e-mails e as planilhas das aplicações.

Em depoimento à comissão, a então funcionária do Opportunity Rosângela Browne confirmou que preencheu dois documentos de subscrição do fundo para Demarco "destinados à aplicação nos subfundos do Opportunity Fund Money Market e Brazilian Hedge".

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26/10/2008 free counters

Ator que vive Bush no cinema é detido após briga nos EUA

da Efe, em Washington

Os atores Josh Brolin e Jeffrey Wright e outros cinco membros da equipe que roda o filme "W", do diretor Oliver Stone, sobre o presidente George W. Bush, foram detidos depois de terem participado de uma briga em um bar, informaram hoje (13) as autoridades locais.

Divulgação
Josh Brolin em "Onde os Fracos Não Têm Vez"; ator que vive George W. Bush foi preso
Josh Brolin em "Onde os Fracos Não Têm Vez"; ator que vive Bush foi preso nos EUA

A polícia de Shreveport, no Estado norte-americano de Louisiana, onde o filme está sendo gravado desde maio, informou que as detenções aconteceram por volta das 2h desta madrugada no bar Stray Cat.

O jornal "ShreveportTimes" informou que Brolin foi levado à prisão local e colocado em liberdade após pagar fiança de US$ 334.

O diário também afirmou que outros cinco detidos são da equipe do filme "W".

Josh Brolin, que atuou no filme "Onde os Fracos Não Têm Vez", interpreta em "W" o presidente americano.

Wright, vencedor de um Tony por "Angels in America", uma obra da Broadway, e um Globo de Ouro para o mesmo papel em uma série de televisão, é conhecido por suas interpretações nos filmes "Syriana" e "007 - Cassino Royale". Em "W", interpreta o ex-secretário de Estado Colin Powell.

"W" é o terceiro filme "presidencial" de Stone, após "Nixon" e "JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar"

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26/10/2008 free counters

Leve as crianças a cinco programas que não custam nada


da Folha Online

O Guia da Folha Online selecionou algumas atrações gratuitas para os pequenos. Confira as sugestões abaixo:

Divulgação
Teatro de Bonecos acontece até o dia 17 de julho
Teatro de Bonecos acontece até o dia 17/7 no shopping Jardim Sul

Porquinhos

A peça "Três Porquinhos na Broadway", escrita e dirigida por Fátima Antonelli, é um musical que mostra, de uma forma bem-humorada, a briga dos porquinhos com o Lobo Mau.

Informe-se sobre a peça

Festival de teatro

O 8º Festival de Teatro de Bonecos teve início neste mês com oficinas de dedoches, exposição de bonecos e a participação de oito companhias. A mostra fica em cartaz até o dia 17 de julho.

Informe-se sobre o festival

Jogos e Palavras

As crianças terão diversas atividades culturais e esportivas durante o projeto Jogos e Palavras, que acontece no Sesc Pinheiros. A programação de férias inclui brincadeiras como trava-línguas e jogos verbais e de tabuleiros.

Informe-se sobre o projeto

Divulgação
"Yuuki!!! O Pequeno Samurai" está em cartaz na Vila Leopoldina, em SP
"Yuuki!!! O Pequeno Samurai" está em cartaz na Vila Leopoldina, em SP

Wall-E

A atração está em uma área de 70 m2 da praça de eventos do shopping Metrô Tatuapé e promete entreter os fãs do robozinho da Disney. Há oficina de flores de material reciclado, muro de escalada, jogos tradicionais --como de memória, quebra-cabeça e dominó-- e outros restritos a computadores dispostos no espaço.

Informe-se sobre o evento

"Yuuki!!! O Pequeno Samurai"

O espetáculo, em cartaz no teatro do Sesi Vila Leopoldina, é inspirado na fábula popular japonesa "Issumboushi". A peça narra as peripécias de um menino que mede apenas alguns centímetros.

Informe-se sobre o espetáculo

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26/10/2008 free counters

Relatório da Operação Satiagraha afirma, sem provas, que grupos "manipulam" mídia

O relatório final da Operação Satiagraha, assinado pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Pinheiro de Queiroz, diz que os supostos grupos criminosos do banqueiro Daniel Valente Dantas e do investidor Naji Robert Nahas "manipulam' a mídia. As supostas conversas, parte da atividade dos jornalistas, são o único "indício" apontado por Queiroz.

O relatório diz também que Roberto D'Ávila, da "TVE Brasil", recebeu R$ 50 mil em 2007 de Nahas. D'Ávila disse ontem à Folha que a remuneração se deve a trabalho feito pela sua empresa, a CDN, uma pesquisa de opinião sobre a imagem de Nahas na mídia.

"Até que gostaria, mas nunca entrevistei Nahas ou Dantas no meu programa", disse D'Ávila, que não foi ouvido pelo delegado. Ao citar outros jornalistas, Queiroz errou dois nomes. E não ouviu nenhum jornalista, antes ou depois do relatório.

O documento se refere à jornalista da Folha Andréa Michael como "integrante da organização criminosa", "travestida de correspondente da [sic] jornal Folha de São Paulo na cidade de Brasília". Michael foi autora de reportagem, em abril, que antecipou, com exclusividade, a operação da PF. O delegado ficou contrariado com a revelação e registrou isso no relatório. Pediu também a prisão temporária de Michael e busca e apreensão em sua casa, ambos negados pelo juiz.

Em nota, o jornal disse que "a Folha de S.Paulo repele insinuações de que o comportamento da repórter Andréa Michael não tenha sido correto. A repórter apurou fatos de notório interesse público relatados em texto publicado pela Folha em abril". A nota dizia ainda que "tentativas de envolver a profissional da Folha no inquérito só podem ser entendidas como esforço inútil de intimidar a equipe de reportagem do jornal e retaliar quem cumpriu com sua obrigação". Michael é repórter da Sucursal da Folha em Brasília há oito anos.

O delegado escreve ainda que as revistas "IstoÉ Dinheiro" e "Veja" estão "a serviço do grupo de Dantas." Cita os colunistas Diogo Mainardi e Lauro Jardim. Este teria feito uma reportagem --"Rumo à Supertele"-- considerada "favorável" a investigados. Procurado pela Folha, Mainardi comentou: 'É uma citação bisonha, uma patetice que infelizmente pode colaborar para que quadrilheiros escapem". Jardim afirmou: "A reportagem citada é jornalisticamente impecável".

O delegado citou ainda Leonardo Attuch, editor da "IstoÉ Dinheiro" e colunista da "IstoÉ", que teria feito "artigos jornalísticos 'encomendados'". Attuch disse, por e-mail: "É mais uma tentativa de intimidação. Como jornalista, tenho direito de entrevistar o presidente ou um presidiário, sem preconceito. Sou alvo de leviandades da PF desde 2004".

Queiroz diz que jornalistas falam "quase diariamente" com Nahas com a intenção de "reunir-se com o maior número de formadores de opinião para 'dar a sua versão da história'". O investidor teria "contatado" Vera Brandimarte, do "Valor Econômico", Paulo Andreoli, Thomas Traumann, da "Época" --chamado pelo delegado equivocadamente de "Talman"--, Elvira Lobato e Guilherme Barros (chamado de "Bastos"), da Folha, e João Saad, da "TV Bandeirantes".

Elvira viaja à China e não pôde ser ouvida. Barros disse estar surpreso com a citação, pois só teve um encontro com Nahas em sua carreira, "para tratar de assuntos estritamente jornalísticos e devidamente informados à Folha".

Brandimarte disse que nunca falou ou esteve com Nahas. Disse ser "nada mais do que natural" que seu nome esteja na relação de profissionais de negócios, pois dirige a redação de um dos principais jornais econômicos do país. Traumann disse que "nunca" falou com Nahas e que a menção a seu nome é "estúpida".

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26/10/2008 free counters

Site oferece macumba online





Com respeito a todas as crenças, o GigaBlog apresenta o Macumba Online, um site bem humorado que tem o mesmo espírito das correntes de auto-ajuda (ou atrapalha) que recebemos por e-mail.

Assim: você pode usar a e-macumba (!) para ajudar alguém a emagrecer, casar, ganhar na loteria ou para desejar coisas ruins, cair os dentes, cair o cabelo e ter desarranjos intestinais... Mas como o nosso “leitorado” é formado somente por gente boa, ninguém vai querer fazer isso.

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26/10/2008 free counters

Calculadora para lei-seca


Folha ImagemTodo mundo anda preocupado com a nova lei-seca aprovada dia 19 de junho. Quanto posso beber antes de dirigir? Quanto tempo tenho que esperar?

Para sanar essas dúvidas está circulando pela Internet uma planilha que calcula quando você pode dirigir depois de beber. É só marcar seu peso, sexo, que horas começou a beber e o que bebeu. Pronto, a planilha mostra em gráfico e tabela os níveis de álcool no sangue. O UOL Tecnologia conversou com o médico Gabriel Andreuccetti, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, e ele indicou alguns ajustes na tabela (já realizados pelo UOL).

Segundo ele, a tabela não leva em consideração características individuais como genética e período menstrual em mulheres, mas realiza uma proporção perto do real da quantidade de álcool no sangue. Ele lembra ainda que a lei marca o limite de 0,2 decigramas de álcool por litro de sangue, mas que este número é a margem de erro do método, que o aconselhável é NÃO ingerir álcool antes de dirigir.

O nível de álcool permitido no bafômetro passa a ser menos de 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido (ou 2 decigramas de álcool por litro de sangue). Para quem for pego no exame de 0,1 a 0,3 mg/l terá suspensão por um ano do direito de dirigir, além de multa de R$ 955 e retenção do veículo. Acima de 0,3 mg/l de álcool no ar expelido (ou 6 decigramas por litro de sangue), a punição inclui também a detenção do motorista (de seis meses a três anos). Antes, somente motoristas com mais de 6 decigramas de álcool por litro eram punidos.

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26/10/2008 free counters

Em missa, pai de João Roberto diz que é difícil perdoar PMs

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26/10/2008 free counters

Exposição desconstrói o escritor Machado de Assis


JULIANA NADIN
do Guia da Folha

Como no livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", a célebre frase do preâmbulo recebe os "leitores-visitantes": "a obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus".

Divulgação
Vista da mostra, que abre na próxima terça (15), no Museu da Língua Portuguesa
Vista da mostra, que abre na próxima terça (15), no Museu da Língua Portuguesa

A obra, no caso, é a mostra "Machado de Assis: "Mas Este Capítulo Não é Sério'", que ocupa o Museu da Língua Portuguesa a partir de terça-feira (15) até 16 de outubro.

Com a intenção de desconstruir certos mitos criados sobre o escritor, a exibição procura aproximar sua vida e seu trabalho do público. "Queríamos mostrar que seus livros não são clássicos inalcançáveis ou apenas leituras pré-vestibular obrigatórias", afirma Vadim Nikitin, que divide a curadoria com Cacá Machado e José Miguel Wisnik.

Com a idéia de fazer o público "entrar em um livro", como define Nikitin, um imenso índice com os "capítulos" da mostra ocupa o princípio de um extenso corredor.

Ao longo dele, encontram-se momentos da vida de Assis, projeções de fotografias do Rio de Janeiro e alusões a seus personagens. Em "Olhos de Ressaca", por exemplo, uma penteadeira traz imagens de detalhes do corpo feminino, referência a Capitu (da obra "Dom Casmurro").

Uma passagem conecta o fim do corredor ao "Irreal Gabinete de Leitura", espaço onde cinco telões exibem anônimos e famosos recitando obras do escritor.

Ao sair da sala e passar por uma cronologia que inicia com a morte de Assis -como no romance Brás Cubas-, o visitante se depara com uma grande biblioteca. "Selecionamos inúmeras edições de diversos títulos do homenageado. Queremos que o público toque, leia e interaja com as obras", explica Cacá Machado.

Estação da Luz - pça. da Luz, s/ n º, Bom Retiro, região central, tel.:0/xx/11/3326-0775. Ter. a dom.: 10h às 17h (c/ permanência até às 18h. Livre. Ingr.: R$ 4 (sáb. grátis). Visita monitorada p/ grupos c/ agendamento (ter. a sex., p/ tel., sáb. e dom., no pátio de entrada).

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26/10/2008 free counters



Quatro casos de execução de inocentes mostram o despreparo da PM carioca e questionam a eficácia da política de confronto ostensivo com bandidos

ELIANE LOBATO E RENATO GARCIA

VANDERSON FERNANDES / AG O DIA

Asfalto e morro sempre foram territórios opostos no Rio de Janeiro. No asfalto, moram cidadãos com melhor poder econômico do que os que vivem nas favelas, morros acima, em condições precárias e cercados pelo crime organizado. A Polícia do Rio conseguiu, entretanto, unir esses dois lados numa mesma tragédia: ambos são vítimas de ações policiais que resultam em mortes de inocentes. É uma situação indefensável que vem se repetindo há muito tempo, mas que ganhou visibilidade máxima na semana passada, quando dois policiais militares executaram a tiros um garoto de quase quatro anos de idade, João Roberto Amorim Soares. Era noite do domingo 6 e ele estava no carro conduzido por sua mãe, Alessandra, e ao lado do irmão, Vinícius, nove meses. Passavam pela Tijuca, zona norte da cidade, quando os policiais mandaram o carro parar e, antes que a motorista pudesse obedecer, começaram a atirar. Foram 20 disparos contra o Fiat Weekend de Alessandra e seus filhos. O fogo só parou quando ela jogou uma bolsa de bebê pela janela. Já era tarde. A incompetência, o despreparo, a negligência e a insanidade dos policiais já tinham produzido o pior desfecho: João Roberto levara três tiros, um na cabeça. Faleceu no dia seguinte no hospital.

Essa mesma polícia que atira primeiro e a esmo para ver, depois, o estrago que fez é investigada como suspeita pela morte da engenheira Patrícia Amieiro, 24 anos, que desapareceu na nobre Barra da Tijuca, em junho. Suspeita-se que ela tenha passado pelo bloqueio de uma blitz e seis policiais do 31º Batalhão da PM teriam respondido à desobediência com balas. Também há poucas semanas, o estudante Daniel Duque, 20 anos, tombou morto em frente à boate Baronetti, point da juventude dourada do Rio, em Ipanema. Foi morto pelo PM que fazia a segurança de Pedro Velasco, filho da promotora Márcia Velasco. Mais um despreparado que atirou, enquanto jovens se atracavam numa briga, até então, sem armas. Graças a essas ações, o Rio de Janeiro tem a polícia que mais mata no mundo, segundo vários rankings internacionais. Na comparação de autos de resistência (nome dado a mortes em confronto com a polícia), os homens da lei cariocas mataram sete vezes mais que os paulistanos. São 14 mortes por grupo de mil habitantes no Rio contra 1,8 em São Paulo. A triste supremacia continua: somente nos quatro primeiros meses deste ano, segundo levantamento do Instituto de Segurança Pública, foram registrados 502 autos de resistência, 33,5% a mais do que o ocorrido no mesmo período de 2007. Na comparação do primeiro semestre de cada ano, o número de vítimas é crescente desde 2000, quando foram 172, até o ano passado, com 694 casos. É uma polícia a cada ano ainda mais letal.

As estatísticas juntam as pontas opostas da sociedade carioca. Assim como Daniel Duque, Patrícia Amieiro e João Roberto, recentes vítimas no asfalto, nas favelas, áreas de maior concentração de criminosos, morrem inocentes. Há duas semanas, a comoção foi em torno do menino Ramon Fernandes da Silva, seis anos, que levou uma bala na cabeça enquanto brincava no quintal de sua casa, em Guadalupe, na favela do Muquiço, zona norte. O tiro foi disparado por um policial que perseguia um grupo de suspeitos nas imediações da casa de Ramon. Na semana passada foi a vez de a dona-de-casa Deise Batista Moreira Machado, 32 anos, perder a vida de maneira banal e estúpida justamente por quem deveria protegê-la. Foi atingida por um tiro na cabeça durante operação da PM na favela Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte. Bala perdida, segundo a polícia. O termo "bala perdida", aliás, é um eufemismo carioca para o assassinato de quem não era o alvo. Para o advogado João Tancredo, presidente do Instituto de Defensores de Direitos Humanos, "por trás de uma bala perdida há quase sempre um agente da lei". Só ele atua em mais de 20 casos para acionar o Estado com pedido de indenização para as famílias das vítimas.

MARCELO PIU / CPDOCJB
DANIEL RAMALHO /CPDOCIB

O presidente da Associação dos Ativos e Inativos da Polícia Militar, Miguel Cordeiro, diz que "a PM do Rio vive de aparências, está falida e contaminada pela corrupção de boa parte de seus integrantes". Ele critica fortemente a política do governador Sérgio Cabral Filho: "Em vez de bravatas ou de culpar policiais isoladamente, o governador deveria ver de perto como nasce um policial militar, acompanhando o treinamento e a formação." Segundo Cordeiro, "o curso para policiais é insuficiente para que ele exerça sua função na proteção da sociedade". Além de a duração ser mínima, de apenas três meses, muitos policiais nem chegam a freqüentá-lo. Fazem apenas um treinamento rápido no quartel, recebem as armas e vão para as ruas. E não há reciclagem sobre abordagens e situações de crise. Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Vanderlei Ribeiro, um policial pode ficar até uma década sem nenhum curso de atualização.

Infelizmente, na ponta final dessa sucessão de erros estão, muitas vezes, inocentes como o menino João Roberto. Apesar da imensurável dor pela perda do filho, o taxista Paulo Roberto Barbosa Soares tem conseguido manter a lucidez ao analisar a tragédia que levou seu primogênito. "Quem disse que o Estado pode matar? Quem delegou poderes para o Estado matar? Aqui não tem pena de morte não, gente! Se fossem bandidos, os policiais teriam que prendê-los, como manda a lei. O Estado matou meu filhinho", gritou, no cemitério em que o menino foi sepultado, na terça-feira 8, vestindo a mesma fantasia do Homem-Aranha que usaria na festa de seu aniversário, dia 29 deste mês. A declaração coincide com a tese de especialistas em segurança: mortes como a de João Roberto são o efeito colateral mais perverso da política de enfrentamento adotada pelo governo de Sérgio Cabral para combater a violência. "O conflito se generalizou. A primeira coisa que o policial faz é puxar a arma. Então, a chance de ocorrer uma tragédia é grande", disse o sociólogo Rubem César Fernandes, do Movimento Viva Rio.

Sérgio Cabral refuta as acusações e diz que sua política "é para defender o cidadão e não para matar inocentes". O governador continua achando que está no caminho certo: "Não contemplamos e não passamos a mão na cabeça de policiais." A Coordenadoria de Comunicação Social da Secretaria de Estado enviou nota à ISTOÉ dizendo que "a chamada política de enfrentamento, cujo maior argumento é o aumento dos autos de resistência, na verdade é uma política de desarmamento dos bandidos". Segundo a nota, o Rio de Janeiro é o único estado do País em que a cultura dos bandidos é a de atacar a polícia. Em sintonia com o discurso exaustivamente proferido pelo governador, questiona: "Ficaremos de braços cruzados ou vamos desarmá- los (os bandidos)? Para agir, há um preço alto a se pagar, sem dúvida. Mas o que será do Rio se nada for feito?"

Essa tese, para muitos estudiosos da violência, é uma espécie de salvo-conduto para os assassinatos em série que têm acontecido. Para Antonio Carlos da Costa, presidente da ONG Rio da Paz, sedimentou-se a "mentalidade do atirar primeiro para depois identificar o alvo". E, assim, morrem jovens, crianças e adultos, independentemente de classe social. "Há relatos de execuções. Trata-se de uma atitude desprovida de discernimento. O enfrentamento não apresentou nenhuma redução significativa da criminalidade", disse. Todo o quadro remete aos versos da música de Geraldo Vandré, Para não dizer que não falei das flores, antigo hino contra a ditadura: "Soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos de armas na mão." Perdidos e assassinos.

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26/10/2008 free counters

Uma investigação explosiva



Como a operação da PF, que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta, desencadeou uma crise institucional, dividiu a Justiça e desembocou num jogo de ameaças que ainda está longe de terminar

LUIZA VILLAMÉA E HUGO MARQUES

EDUARDO ANIZELLI/FOLHA IMAGEM, ALINE , MASSUCA/CPD
ALGEMAS Celso Pitta, Daniel Dantas e Naji Nahas: presos ao acordar

O banqueiro Daniel Valente Dantas, dono do Opportunity, usou um celular internacional para chamar o investidor Naji Robert Nahas às 9 horas, 31 minutos e 25 segundos do dia 13 de maio. Perguntou onde Nahas se encontrava. Ao saber que era em São Paulo, avisou que no dia seguinte o investidor seria procurado por um emissário seu. "Vou pedir para te procurar aí, tá bom?", disse Dantas. O banqueiro imaginava que estivesse protegido de monitoramento: um telefone móvel com número de outro país, uma conversa de poucos segundos e uma reunião à qual não estaria presente. A realidade, porém, era diferente. Às 11h30 do dia seguinte, quando o emissário de Dantas, Humberto José Rocha Braz, saiu do escritório de Nahas, estava sob a mira da Polícia Federal, que registrara a visita em fotografias. Dois meses depois, Dantas, Nahas e outras 17 pessoas foram presas pela Polícia Federal em uma ação desencadeada na terça-feira 8 em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Entre os presos estava o exprefeito de São Paulo Celso Pitta. Nos próximos dias, outro banqueiro famoso, Salvatore Cacciola, também deverá ser recolhido à carceragem da Polícia Federal: homens da instituição já viajaram rumo a Mônaco para trazê-lo de volta ao País.

As revelações do computador do Opportunity



Batizada como Operação Satiagraha, uma referência à expressão "firmeza na verdade", usada pelo líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), a ação da PF, conduzida pelo delegado Protógenes Queiroz, impressiona pelos seus números. Foi a primeira vez que se quebrou o sigilo bancário e fiscal completo de um banco e de todos os seus investidores, com a análise das informações armazenadas em disco rígido de 120 gigabytes do servidor do Banco Opportunity, apreendido em 2004, durante outra operação policial. Aos dados obtidos no disco rígido e em diligências realizadas nos últimos três anos, a Polícia Federal somou informações coletadas por meio de interceptação telefônica, ambiental e até telemática. Ou seja, grampeou inclusive trocas de e-mails de funcionários e diretores do banco e concluiu que Dantas e Nahas seriam os chefes de organizações distintas, "mas interligadas para cometimento de crimes". Desde a semana passada, os dois são formalmente acusados de formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. "As duas organizações envolvem uma engenharia financeira que pouco se viu", diz o procurador da República Rodrigo De Grandis.

De acordo com documentação enviada ao Supremo Tribunal Federal pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6a Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional o Opportunity de Dantas criou um fundo nas Ilhas Cayman para que residentes no Brasil e no Exterior aqui investissem sem a devida comunicação à Receita Federal e ao Banco Central. Nahas, por sua vez, teria criado uma espécie de sistema bancário paralelo, que possibilitava a lavagem de recursos de origem ilícita. Nahas é acusado ainda de especular com ações graças a informações privilegiadas, inclusive em relação ao megacampo de petróleo de Tupi. Uma semana antes do anúncio da descoberta do campo, o investidor, segundecido relatório da PF, pediu que o doleiro Miguel Jurno Neto comprasse "mais ações da Petrobras". Diante do alerta do doleiro de que as ações da companhia "estavam caindo", Nahas disse que era para fazer o que ele estava "mandando" e para "não comentar nada". Celso Pitta entrou na investigação como agente e beneficiário do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas montado por Nahas, a quem solicitava semanalmente "vultosas quantias" em dinheiro vivo.


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Diante do noticiário da prisão de Dantas, a primeira reação coube a investidores do próprio Opportunity, que administra uma carteira de R$ 19 bilhões. O volume de retiradas diárias do fundo mais que dobrou esta semana. De dentro da cadeia, Dantas substituiu na direção do fundo seu diretor Dório Ferman, que estava na cela ao lado, pelo ex-diretor de Política Econômica do Banco Central Afonso Bevilaqua. Coube a Bevilaqua a missão de acalmar investidores.

Se o que a Polícia Federal identificou foi a montagem de um complexo esquema de procedimentos para mascarar investimentos e fugir do Fisco, o golpe mais duro para Dantas, porém, deuse em outra esfera. Depois de ser beneficiado por um habeas-corpus concedido pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, o banqueiro ficou menos de 11 horas em liberdade na quintafeira 10. Livre da prisão provisória, Dantas acabou preso preventivamente pelo mesmo juiz Sanctis. A mudança na forma jurídica foi uma maneira que a polícia encontrou para contornar a decisão do Supremo e foi justificada com base no depoimento de um dos presos, Hugo Chicaroni. Ele é a pessoa que tentou corromper o delegado federal Vitor Hugo Rodrigues Alves Pereira, com o propósito de que ele intercedesse para livrar Dantas e sua irmã, Verônica, da investigação. Na casa de Chicaroni, a PF encontrou R$ 1,28 milhão em dinheiro vivo. No depoimento à polícia, ele disse ter sido contratado pelo Opportunity para subornar o delegado. Na busca e apreensão feita no apartamento de Dantas, no Rio, a PF encontrou um documento que serviu para embasar o segundo pedido de prisão. Intitulado "Contribuições para o Clube", fica evidenciado que, em 2004, o banqueiro pagou 1,5 milhão (não se sabe se em reais ou em dólares) a título de "contribuição para que um dos companheiros não fosse indiciado criminalmente". Assim, o juiz entendeu que manter Dantas em liberdade seria um risco à livre atuação da polícia e da Justiça.

ROBERTO CASTRO/AG. ISTOÉ
ARAPUCA Agente da PF simula aceitar suborno de Hugo Chicaroni e Humberto Braz em restaurante de São Paulo. A polícia apreendeu R$ 1,28 milhão na casa de Chicaroni. À esq., Verônica Dantas, irmã de Daniel


Os desdobramentos dessa segunda prisão, encerrada no final da tarde da sexta-feira 11, por força de nova decisão do STF, agravaram o bate-boca institucional iniciado logo após a deflagração da operação. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, reclamou da "espetacularização" da PF e do uso de algemas em quem não oferecia perigo aos agentes. "O maior problema é que a operação pegou pessoas de destaque, que têm exacerbação do sentido de defesa", ironizou, imediatamente, o ministro da Justiça, Tarso Genro. "A PF não tem critério de classe. Se for feita uma lei dizendo que pobre pode ser algemado, jogado no camburão e exposto à execração pública, e rico não pode, a PF vai ter de cumprir, mas não comigo como ministro da Justiça", disse. No Vietnã, onde se encontrava na quinta-feira 10, o presidente fortaleceu essa atitude. Declarou, quase em tom de comemoração: "Andar na linha é o único jeito de escapar da PF." Com isso, acabou abrindo a guarda para quem viu nesse episódio uma perseguição a um desafeto do governo. Afinal, Lula ignorou a prudência demonstrada em casos anteriores, como o que envolveu os conhecidos aloprados petistas, os favorecidos pelo Mensalão e até o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti. Em todos esses casos, o presidente recomendava que seria necessário aguardar um julgamento final para não se cometer uma injustiça, enquanto corre o processo legal. O problema dessa nova reação está no risco de, sob a aparente euforia de novidade, que é a investigação de grandes banqueiros e empresários, se esconder uma máxima da velha República: "Aos inimigos, a lei.

O mais grave no que toca às entradas e saídas de Daniel Dantas da carceragem da PF é a crise institucional que se desenha dentro da própria Justiça. O presidente do Supremo Tribunal foi informado por um desembargador de São Paulo que teria sido monitorado pela Polícia Federal, a pedido do juiz Sanctis - o que foi negado por Tarso Genro. Entre o material levantado pelos policiais, haveria inclusive um vídeo mostrando assessores da presidência do STF conversando com advogados de Dantas - um procedimento corriqueiro no tribunal, mas que foi divulgado como indício de prática criminosa. O problema é que em qualquer escola de direito se aprende já no primeiro ano que a Justiça se faz com um tripé: a acusação, a defesa e o magistrado. Portanto, a não ser que se comprove a prática de crimes, é natural que procuradores, advogados, juízes e até ministros do STF conversem. Nos relatórios encaminhados à Justiça, a PF também menciona o fato de Dantas manter conversas com "jornalistas de sua confiança", nas quais seria "discutido o teor de reportagens". Também nesse caso, a não ser que o texto final incorra em crimes como calúnia, injúria ou difamação, trata-se de uma relação corriqueira. Jornalistas no exercício profissional procuram ter a confiança de suas fontes, sejam elas banqueiros, sejam empresários ou ainda delegados e procuradores. Em todos os casos, as fontes passam para os jornalistas os seus próprios pontos de vista - e cabe a eles verificar a única coisa que realmente conta nessa história: a veracidade das informações.

40 HORAS FORAGIDO
Carlos Rodenburg é acusado de lavar dinheiro com mineradora e agronegócios

Entre as 11 pessoas ligadas a Daniel Dantas que tiveram a prisão temporária decretada, um deles deixou de passar duas noites na cadeia porque não foi encontrado pela PF. Trata-se de Carlos Rodenburg, ex-cunhado e um dos mais próximos de Dantas. Foi o braço direito do banqueiro no Opportunity onde fazia contatos com políticos e com a mídia. Há cerca de cinco anos, criou a Fazenda Santa Bárbara e se tornou o maior pecuarista do Brasil, com freqüente participação nos leilões de elite de embriões. Conversas gravadas pela polícia apontam que ele e a exmulher Verônica usariam o fundo do Opportunity para lavar dinheiro a partir do agronegócio e de mineração. Na quinta-feira 10, foi favorecido por habeascorpus concedido pelo STF.

O tiroteio, na seqüência da rumorosa ação da PF, jogou ainda mais holofotes sobre a figura do banqueiro, que, embora agressivo nos negócios, é conhecido pela discrição na vida pessoal.Filho de um empresário do ramo têxtil na Bahia, Dantas começou sua ascensão meteórica nos anos 1980, quando chamou a atenção de um amigo poderoso de seu pai, o político Antônio Carlos Magalhães. Estimulado por ACM, estudou na Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, na qual se destacou como um dos mais brilhantes alunos do economista e ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen.
O relacionamento entre aluno e professor foi mais do que profícuo. Indicado por Simonsen, Dantas foi contratado para gerir a fortuna de Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, no então recém-criado Icatu. Estava vinculado à instituição quando, em 1990, quase se tornou ministro da Economia do então presidente eleito Fernando Collor de Mello, com quem se encontrou em Roma, na Itália. Nunca foi dele o plano de confisco feito por Collor, mas esse é um dos mitos da sua fama de gênio das finanças.
Em meados dos anos 1990, ao decidir pela carreira solo, criou o banco Opportunity, para onde levou duas figuras de peso: Elena Landau, antiga diretora do BNDES, e Pérsio Arida, que tinha sido presidente do Banco Central.
Com a ajuda de ambos, surfou na onda das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Logo no começo do governo Lula, Dantas se aproximou do então todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu, mas ganhou a antipatia da equipe econômica e, mais especificamente, do ex-ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação Estratégica. Gushiken sempre quis que os fundos de pensão, em especial o Previ, do Banco do Brasil, controlassem a Brasil Telecom e isso o colocou em rota de colisão com Dantas.

CACCIOLA, O TROFÉU
Lula receberá os louros pela captura do responsável pelo maior rombo financeiro do governo FHC

EXTRADIÇÃO Operação secreta trará Cacciola de Mônaco para o Brasil

O esforço da Polícia Federal para prender Daniel Dantas pode até ser interpretado por alguns como resultado de uma orientação política do governo Lula. Afinal, além de ter sido um dos grandes players do processo de privitalização das teles no governo FHC, Dantas criou inimigos de peso no entorno lulista por conta da disputa do Opportunity com a Telecom Italia. Já a prisão do ex-banqueiro Salvatore Cacciola - que abalou a credibilidade do PlanoReal com uma operação fraudulenta para tentar salvar seus bancos - caiu por acaso no colo do governo Lula. Com isso, o presidente Lula ficará com o troféu nada desprezível de "prender" o responsável pelo maior escândalo financeiro do governo anterior.
A operação de Cacciola junto ao BC para comprar dólares a câmbio favorável para salvar seus bancos Marka e FonteCindan depois da desvalorização do real, em 1999, provocou a demissão e a posterior condenação do então diretor do Banco Central, Francisco Lopes. O prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 1,57 bilhão. Cacciola foi preso em 2000, mas ficaria apenas 37 dias na prisão: libertado por força de um habeas corpus concedido pelo STF, fugiu para a Itália. Em 2005, o ex-banqueiro foi condenado a 13 anos de prisão por peculato e gestão fraudulenta. Cacciola vivia tranqüilo na Itália, onde, por ter dupla nacionalidade, não podia ser alcançado por um pedido de extradição do Brasil. A sensação de impunidade o levou a passear um fim de semana em Mônaco. Ali, a Interpol o pegou em setembro do ano passado. O pedido de extradição feito pelo governo brasileiro foi aprovado pelo príncipe Albert, de Mônaco, há duas semanas.
Uma última tentativa de Cacciola de adiar sua extradição para o Brasil foi ensaiada por seus advogados na quartafeira 9. Eles impetraram um novo pedido de habeas-corpus, que foi negado pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. A previsão do Ministério da Justiça é de que o exbanqueiro esteja no Brasil até o dia 20 deste mês. Seu retorno será uma verdadeira operação secreta. Agentes da Polícia Federal já estão em Mônaco tratando dos trâmites burocráticos da extradição. Como a apresentação às autoridades monegascas de um "laissez-passer" (do francês "deixe passar"), um documento especial para permitir o trânsito de Cacciola. O detalhe mais delicado dessa operação de retorno do banqueiro é o fato de que ele terá de passar pelo território da França antes de chegar ao Brasil. O aeroporto de Mônaco, na verdade, fica na cidade francesa de Nice. Como não foi o governo francês quem prendeu nem autorizou a extradição de Cacciola, o Ministério da Justiça teme que ele tente alguma manobra com seus advogados ao chegar a Nice. Daí a necessidade de que a operação seja secreta, e que nem o dia nem o formato da sua volta sejam conhecidos. Há três hipóteses avaliadas para o deslocamento de Cacciola para o Brasil: ele pode vir em vôo comercial, escoltado por agentes da PF; num jato da Força Aérea Brasileira; ou num avião da própria Polícia Federal. Chegando ao Brasil, Salvatore Cacciola deverá ficar preso no Rio de Janeiro.

RUDOLFO LAGO

Ao contrário do reservado banqueiro, o libanês naturalizado brasileiro Nahas tem um estilo de vida menos discreto. Ele chegou ao País em 1969, trazendo US$ 50 milhões na bagagem. Nos anos 1980, controlava 28 empresas. Era, no entanto, mais conhecido pelo estilo glamouroso de vida e por trazer ao Brasil celebridades como Alain Delon, Gina Lollobrigida e Omar Sharif. No mercado financeiro, ganhou fama por realizar operações de alto risco na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Não demorou a entrar em confronto com o então presidente do conselho administrativo da Bovespa, Eduardo da Rocha Azevedo, transferindo todas as suas operações para o Rio de Janeiro. Em 1989, na seqüência da suspensão de empréstimos bancários que obtinha costumeiramente, Nahas faliu e acabou acusado de provocar a quebra da Bolsa do Rio. Alijado do mercado, ele só deu a volta por cima em 2004, ao ser inocentado pela Justiça Federal das acusações de crime contra o sistema financeiro e a economia popular. Poucos meses depois, comemorou em alto estilo o casamento da filha, com a presença do ator Omar Sharif e show do cantor Paul Anka, canadense de origem síria. Voltou a operar no mercado e, na semana passada, aos 56 anos, estava em sua mansão, no Jardim América, em São Paulo, quando foi surpreendido pela chegada dos homens da Operação Satiagraha.
"Eu estou chocado", disse Nahas à ISTOÉ na sextafeira 11, depois de ser solto. "Nem na cortina de ferro soviética aconteceria isso." Os quatro filhos de Nahas também tiveram a prisão temporária pedida - apenas a de Fernando foi aceita pelo juiz, mas ele não foi encontrado pela PF. Sua filha, Natalie, estava em viagem à Europa, mas a casa teve a porta arrombada para cumprimento de mandado de busca. Ao tentar retomar suas atividades, Nahas não conseguiu entrar no próprio escritório. "Tudo isso para dizer que eu tenho a taxa do Fed?", ironizou, em referência a uma das acusações da PF: de que ele teria manipulado o mercado ao ter a informação privilegiada de que o Banco Central dos Estados Unidos iria aumentar a taxa de juros.

EIKE NA REDE
NOVO ALVO
Eike Batista, dono da MMX

Na manhã da quinta-feira 10, policiais federais fizeram uma busca na casa e no escritório do empresário Eike Batista, no Rio de Janeiro, com autorização da Justiça Federal do Amapá, para recolher documentos, dinheiro em espécie e computadores. Em junho, ao lançar ações da empresa OGX, Eike ficou R$ 24 bilhões mais rico. Agora, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, há indícios que apontam o envolvimento da mineradora MMX, de Eike, com uma "organização criminosa", responsável por fraude na licitação para a concessão da estrada de ferro do Amapá, que liga os municípios de Serra do Navio e Santana. Na sexta-feira 11, as ações da MMX chegaram a cair 13%.
Segundo a PF, houve uma operação fraudada para redirecionar a licitação para uma outra empresa também de Eike, a Acará Empreendimentos. A suposta fraude teria tido o envolvimento do governo do Amapá. As buscas ocorreram no Pará, Amapá e Rio. O Ministério Público no Amapá suspeita de fraude também na lavra de ouro da sociedade Mineração Pedra Branca do Amapari, integrante do grupo MMX, configurando subdeclaração de lavra e sonegação fiscal. O nome da operação: Toque de Midas, referência ao personagem que transformava em ouro tudo em que colocava o dedo.

Na ação da PF, que colocou 300 policiais nas ruas na terça-feira 8, há outros personagens poderosos. O ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, conhecido por libertar presos políticos durante o regime militar de graça, é acusado de fazer lobby em favor de Dantas no governo. "Estou muito puto com a PF e com as declarações do Tarso", diz ele. Greenhalgh vinha auxiliando o principal advogado do Opportunity, Nélio Machado. "Comecei a trabalhar ajudando o Nélio em março do ano passado, ajudei no inquérito da Kroll, na história da Telecom Italia e da Brasil Telecom, na feitura de peças do acordo", diz o ex-deputado. Greenhalgh pode até ter ficado "puto", mas reconhece que fez mesmo o que diz o relatório da PF: buscou junto ao governo informações sobre se havia de fato uma operação policial que poderia levar à prisão de Dantas. Nessa busca, chegou a recorrer ao chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho. "Tinha gente da Abin atrás de um dos investigados. Liguei para Gilberto e disse: 'Gilberto, o que é isso?'. A informação se confirmou, era gente da Abin."
A Operação Satiagraha, que deixou boa parte do meio político e empresarial em polvorosa na semana passada, tem potencial para manter elevada a tensão nos bastidores do poder, como confirmam declarações feitas por advogados dos acusados que acenam com a possibilidade de tornar públicos documentos sigilosos que tramitam nos EUA e na Itália. Em Milão, corre na Justiça um processo segundo o qual a Telecom Italia, que firmou um contrato de consultoria de US$ 3,5 milhões com Naji Nahas, distribuiu propina à larga no Brasil. Nesse caso, há também documentos que comprovam o fato de adversários de Dantas terem enviado ao Brasil emissários com o intuito de corromper policiais federais e comprar jornalistas para que publicassem reportagens contrárias ao Opportunity. Em Nova York, processos envolvendo o Citigroup e o Opportunity, pela disputa societária da Brasil Telecom, mantêm em sigilo informações sobre o tumultuado relacionamento do governo Lula com Dantas. A mais explosiva briga empresarial da história recente do País vai agora enredar Dantas com a Justiça por um bom tempo. Mas, se os dois lados levarem adiante a "firmeza na verdade" embutida na Operação Satiagraha, a confusão ainda está bem longe de terminar.

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26/10/2008 free counters