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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Fábio Assunção - Revista Serafina








bob wolfenson



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26/10/2008 free counters

Em grampo, coordenador de Saúde de SP admite fraudes em plantões


Médicos são suspeitos de receber sem trabalhar em hospitais.
Secretário de Esportes pediu demissão neste domingo após denúncia.

Do G1 SP, com informações do Globo Notícia


O coordenador de Serviços da Saúde de São Paulo, Ricardo Tardelli, disse em gravação autorizada pela Justiça que as fraudes nas escalas de plantões médicos não são um problema exclusivo dos hospitais de Sorocaba, no interior do estado. Segundo ele, o problema acontece em todo lugar. Setenta pessoas estão sob investigação e doze já foram presas por suspeita de participação no esquema. Com a fraude, médicos recebiam por plantões que não eram realizados.

Nas gravações, Tardelli conversa com o então diretor do Hospital de Sorocaba, Ricardo Salim, sobre o suposto esquema de fraudes nos plantões médicos.

Sallim: "É a única coisa flexível que você tem e que todos têm. O resto não tem o que fazer. Então a gente tem que usar isso até para tocar o serviço."

Tardelli: "Não é uma exclusividade do conjunto do Hospital de Sorocaba. Isso tem em todo lugar. Se fizer um pente fino vai encontrar problema."

Segundo a polícia, Tardelli tinha conhecimento de tudo o que acontecia. Ricardo Tadelli informou, por meio da assessoria da imprensa da secretaria, que não sabia de nenhum esquema organizado de fraudes dos plantões nos hospitais.

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, nega que a pasta tenha conheciemento das fraudes. “Nós não recebemos informações da promotoria em relação à participação dele nesse esquema. Nós temos que aguardar informações sobre isso. Nós vamos apurar e se houver qualquer tipo de envolvimento nós vamos tomar as medidas necessárias”, afirmou o secretário estadual de Saúde de São Paulo.

Neste domingo (19), o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude Jorge Roberto Pagura, pediu demissão do cargo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, após reportagem do Fantástico. Pagura, que é neurocirurgião, é suspeito de receber dinheiro público da saúde sem trabalhar.Ele será investigado pela Procuradoria Geral de Justiça do estado.


A investigação da polícia e do Ministério Público começou no Hospital Regional de Sorocaba, um dos principais do interior. Mas foram encontrados indícios de que as fraudes nos plantões não acontecem só em Sorocaba e se espalharam por grandes hospitais públicos da capital paulista. Durante o trabalho policial, também surgiram suspeitas contra o secretário.

O nome de Pagura apareceu durante o monitoramente do homem que foi diretor-geral do Hospital de Sorocaba entre outubro de 2008 e dezembro do ano passado. Em 10 de dezembro, ele recebeu uma ligação de Pagura, que ainda não estava sendo investigado pela polícia. O neurocirurgião assumiria a Secretaria de Esporte de São Paulo um mês depois. O diretor propõe que Pagura assine o ponto de frequência em outro hospital. Ele aceita, mas aparenta preocupação.

O ex-secretário não quis gravar entrevista. Ele afirmou em nota que nunca fez plantões no hospital de Sorocaba nem recebeu por eles. E que o trabalho que realizava lá era o de desenvolvimento de projetos com verba do SUS.

Depoimentos
Nesta segunda-feira (20), a partir das 8h, o Ministério Público deve retomar os depoimentos dos presos nesta operação. Dos presos, quatro foram liberados: três por terem colaborado com a polícia e a Promotoria e um por ter habeas corpus concedido. Uma dentista é considerada foragida.

Segundo promotores, todos os detidos já foram ouvidos, mas os novos depoimentos são necessários para que algumas dúvidas sejam esclarecidas.



Alckmin aceita demissão de secretário suspeito de participação em fraude

Secretário de Esporte é médico e teria recebido sem fazer plantões.
Jorge Pagura foi flagrado em conversas telefônicas durante investigação.

Do G1 SP, com informações do Fantástico


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aceitou na tarde deste domingo (19) o pedido de demissão do secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Jorge Roberto Pagura. Neurocirurgião de renome, ele é suspeito de receber dinheiro público da saúde sem trabalhar. Segundo nota enviada pelo governo, ele pediu demissão para facilitar os esclarecimentos dos fatos mostrados em reportagem do Fantástico deste domingo.

Veja o site do Fantástico

Procurado pelo Fantástico, Jorge Pagura não quis gravar entrevista. O agora ex-secretário afirmou, em nota, que nunca fez plantões no hospital de Sorocaba nem recebeu por eles. E que o trabalho que realizava lá era o de desenvolvimento de projetos, com verba do SUS.

Mais de 70 profissionais de saúde foram investigados, na capital e no interior, sob suspeita de desvio de dinheiro público. A Justiça decretou a prisão de 13 pessoas, entre elas seis médicos, dois dentistas, uma enfermeira e dois empresários. Segundo as investigações, a maioria recebia salário, mas simplesmente não aparecia para trabalhar nos plantões. Por telefone, alguns admitem a fraude, como mostram gravações autorizadas pela Justiça. “Você sabe, eu sei que, durante um período, você se beneficiou daquela história do plantão”, diz um dos envolvidos.

A investigação da polícia e do Ministério Público começou no Hospital Regional de Sorocaba, um dos principais do interior paulista. Nas escutas telefônicas, a precariedade do atendimento fica evidente. “Dois estão neste momento com fratura exposta de mão e não tem vaga no centro cirúrgico, não tem anestesista”, diz um funcionário.

Foram encontrados indícios de que as fraudes nos plantões não acontecem só em Sorocaba e se espalham por grandes hospitais públicos da capital paulista. Durante o trabalho policial, também surgiram suspeitas contra o secretário. Na delegacia, uma das pessoas presas esta semana em Sorocaba negou que ele trabalhasse no hospital.

O nome do secretário surgiu durante o monitoramente do homem que foi diretor-geral do Hospital de Sorocaba entre outubro de 2008 e dezembro do ano passado. No dia 10 de dezembro, ele recebeu uma ligação de Jorge Roberto Pagura, que não estava sendo investigado pela polícia. O neurocirurgião assumiria a Secretaria de Esporte de São Paulo um mês depois.

O diretor propõe que Pagura assine o ponto de frequência em outro hospital. “O teu ponto está sob controle. Mas daí vamos tomar cuidado. Semana que vem vamos pôr em algum lugar mais seguro”, diz. Pagura responde “está certo”, mas aparenta preocupação.

Controles de frequência
Na quinta-feira passada, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em oito hospitais públicos: sete na capital paulista e mais o regional de Sorocaba. Doze pessoas foram presas. Uma é a ex-chefe de recursos humanos do hospital de Sorocaba. Segundo as investigações, ela sabia quem não fazia plantões e recebia propina para esconder a fraude.

É a mulher quem fala sobre o neurocirurgião Jorge Pagura em um vídeo obtido pelo Fantástico, em que nega que o médico ia trabalhar no hospital. Sexta feira, em Sorocaba, no prédio da Diretoria Regional de Saúde, a DRS, foram encontrados, escondidos num armário, os controles de frequência de Jorge Pagura. Nos documentos consta que, entre 2009 e 2010, ele deveria dar expediente no hospital de Sorocaba de segunda a sexta, das 8h ao meio-dia.

“Ele mandava a frequência para mim e eu encaminhava lá para a DRS”, diz a funcionária no vídeo. Ao ser questionada se a frequência já chegava pronta, ela balança a cabeça positivamente. A mulher contou ainda que este mês foi nomeada para trabalhar na Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude - a pasta comandada por Pagura. “Eu sou secretária. Agora eu estou na assessoria de imprensa, mas sou secretária”, disse.

Em nota, Pagura disse que ela foi nomeada para um cargo na Coordenadoria da Juventude. Mas que a nomeação está cancelada. A mulher vai responder ao processo em liberdade.

Investigação
Há um ano, policiais civis e promotores que combatem o crime organizado começaram a investigar o Hospital de Sorocaba. E descobriram que o desvio passou dos R$ 2 milhões. “Se houvesse um controle efetivo, se constataria facilmente que a carga horária desenvolvida por essas pessoas é humanamente impossível. Nós temos aqui médico com 220 horas semanais”, afirma a promotora de Justiça Maria Aparecida Castanho. A semana - incluindo sábado e domingo - tem 168 horas.

Entre os acusados, está a cirurgiã-geral Maria Helena Alberici. Em 2010, de acordo com a polícia, recebeu R$ 14 mil sem trabalhar. Já Tânia Maris de Paiva é cirurgiã-dentista e tinha um cargo importante no hospital: era responsável por apurar irregularidades. Mas uma gravação mostra que Tânia sabe que Maria Helena Alberici recebe sem aparecer no trabalho e diz o que ela tem que fazer. “Como você nunca foi no hospital, a sua cara lá não deveria aparecer em momento nenhum”, diz ela. “Eu acho, assim, como eu não sou conhecida no hospital até que não teria problema”, responde a outra mulher.

A própria Tânia Maris de Paiva é acusada de receber, em 2010, cerca de R$ 49 mil por 80 plantões, sem atender ninguém. “Eu ganhava sete pau e quatrocentos, ganhava os plantões da diretoria e um prêmio de incentivo”, disse em um telefonema. Uma funcionária que trabalha há mais de 20 anos no hospital é uma testemunha da polícia. Ela diz que nunca viu Tânia Maria. “Era frequência de assinatura. Não tinha o ponto eletrônico”, contou.

“Essas pessoas não compareciam ao local de trabalho, causando um enorme prejuízo para a sociedade”, afirma o delegado Wilson Negrão. O Hospital Regional de Sorocaba atende em média 20 mil pessoas por mês. No dia 26 de maio, uma quinta-feira, a fila era imensa do lado de fora. Muitos pacientes haviam chegado de madrugada.

O aposentado Antonio Carlos Gabilan procurou atendimento com a filha de 9 anos. “Desde o começo do ano, ela está tentando marcar consulta com dentista”, disse. Um funcionário confirma a dificuldade. “Tem consulta que demora mesmo. Neurocirurgias, só para o ano que vem agora. Falta médico, falta tudo”, disse.

A equipe do Fantástico flagrou uma cena dramática no hospital. Dona Domingas, de 56 anos, estava passando mal. “Eu nem sei se ela vai aguentar chegar lá onde faz o exame”, diz a filha dela, Elizete Gonçalves. A idosa, que tem Mal de Chagas há 35 anos, vai fazer um exame do coração. A filha diz que Domingas espera há três meses por uma consulta. Depois de quase 2 horas de espera, ela é atendida. “Eu achei a médica com muito descaso para fazer exame. Falou que é por causa de cigarro. Mas minha mãe não fuma”, disse a filha. As duas vão embora com a certeza de que a consulta não valeu de nada.

Telefonema
Um dos acusados de fraudar os plantões é Heitor Consani. Este ano, foi promovido e assumiu a direção-geral do Hospital de Sorocaba. Em um telefonema, realizado mês passado, Consani recebeu um conselho do ex-chefe dele. Antônio Carlos Nasi foi o diretor de saúde da região de Sorocaba de 2007 a fevereiro deste ano.

“Uma das coisas que talvez fosse interessante era pensar na devolução do dinheiro”, diz o ex-chefe em uma gravação autorizada pela Justiça. “Isso a gente chama de uma defesa prévia. Já fui uma vez indiciado. Procurei o promotor, fiz os cálculos e fiz a devolução do dinheiro. Sai como bom moço da história”, completa ele.

Este ano, vários médicos e dentistas acusados de receber dinheiro público irregularmente em Sorocaba passaram a trabalhar na capital paulista. O cirurgião-dentista Tarley de Barros recebeu, no ano passado, por 250 plantões, quase R$ 125 mil. Mas a investigação da polícia e do Ministério Público mostra que ele nem chegou a pisar no Hospital de Sorocaba. E que, se tivesse ido, pelo número de horas recebidas, teria atendido quase 10 mil pessoas em um ano.

Tarley de Carros trabalha num consultório nos Jardins, bairro nobre da capital paulista, a 90 quilômetros de Sorocaba. Segundo os promotores, nos horários de alguns dos supostos plantões, na verdade, ele estava na clínica particular, onde a consulta custa R$ 300. No Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - mantido pelo Ministério da Saúde - Tarley de Barros também aparece como funcionário de um hospital público: o da Vila Nova Cachoeirinha, um dos maiores da capital paulista.

Uma funcionária informou que ele atende de segunda-feira, por volta das 8h30 e 9h. Um produtor do Fantástico voltou nesse dia da semana, e Tarley de Barros chegou atrasado. Ele ficou na sala da diretoria e, 50 minutos depois, foi embora. O cirurgião-dentista deveria trabalhar 20 horas por semana nesse hospital, mas, em ligações realizadas durante a semana toda, a informação no hospital era que ele não apareceu mais.

A equipe do Fantástico foi outra vez até lá na segunda-feira, 13 de junho. Chegou por volta das 8h e ficou em um apartamento em obras bem em frente ao Hospital Vila Nova Cachoerinha, de onde havia uma visão privilegiada do estacionamento dos médicos. Até as 11h20, o dentista não havia aparecido para trabalhar. Uma funcionário confirmou a ausência dele.

“Eles migravam de um hospital para outro, sempre a mesma equipe. o que nós chamou a atenção no decorrer dessa investigação”, comenta o delegado Wilson Negrão. No Hospital Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, trabalha, pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a cirurgiã-geral Maria Helena Alberici. Ela deveria fazer 30 horas por semana, mas uma funcionária confirmou que ela não é presente por lá.

O Ministério da Saúde informou que o cadastro nacional serve para controlar o destino do dinheiro público. A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que orienta os hospitais a manter os dados em dia. De acordo com esse cadastro do Ministério da Saúde, também trabalharia no Hospital Ipiranga a médica especialista em doenças do aparelho digestivo Vera Regina Salim. “Já vai fazer dois anos que ela não está aqui”, diz uma funcionária.

A médica tem um consultório em São Paulo. O produtor do Fantástico marca uma consulta, paga R$ 250 e puxa conversa sobre Sorocaba. Sem saber que estava sendo gravada, ela fala que não chegou a trabalhar no município. “Sorocaba eu conheço bem também porque é aqui do lado e meu marido era diretor do hospital lá”, disse. O marido dela é Ricardo Salim e foi diretor-geral do hospital de Sorocaba entre outubro de 2008 e dezembro passado.

O secretário de Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, disse o que pretende fazer após as denúncias. “A nossa impressão é que é uma quadrilha. Nós estabelecemos a obrigatoriedade do ponto eletrônico, que será implantada a curto prazo e também uma auditoria em relação à presença, em particular aos plantões”, afirma.

Prisões
O casal Vera Regina e Ricardo Salim foi preso na quinta-feira (16). “Ele me assegurou que todos os procedimentos adotados eram legítimos. São funcionários públicos dedicados. No caso do meu cliente e da minha cliente, são a voz que sempre prestaram bons serviços para o estado”, afirma Pedro Luiz de Oliveira, advogado do casal.

A cirurgiã-geral Maria Helena Alberici também foi para a cadeia e o advogado dela não quis se manifestar. O de Tarley de Barros disse que o cirurgião-dentista negou que ele tenha recebido dinheiro público sem trabalhar nos hospitais de Sorocaba e da Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. “Ele pode não estar atendendo diretamente o paciente, mas está no hospital, coordenando a equipe dele de trabalho. Cumpre a jornada, tanto que ele assina o ponto. Se ele não assinar não consegue receber da secretaria”, explica o advogado Antônio Osmar Baltazar.

O diretor-geral do Hospital de Sorocaba, Heitor Consani, conseguiu um habeas corpus neste sábado (18) e foi solto. “Ele nega peremptoriamente. Eu quero ter pelo menos acesso aos autos para poder me posicionar sobre essa situação”, afirma o defensor de Consani, Alberto Zacharias Toron. Antônio Carlos Nasi também não está mais preso. A equipe do Fantástico deixou vários recados, mas ele não retornou as ligações. A dentista Tânia Maris de Paiva teve a prisão decretada e está foragida.






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26/10/2008 free counters

Justiça suspende aposentadorias a ex-governadores de Minas Gerais


Determinação judicial é válida para aqueles que já recebem o benefício.
Promotor disse que a lei que garantia o direito foi substituída; cabe recurso.

Do G1 MG


A Justiça de Minas Gerais divulgou, nesta segunda-feira (20), que concedeu liminar ao Ministério Público Estadual suspendendo as aposentadorias pagas a quatro ex-governadores e a uma viúva que recebe pensão. Os pagamentos têm valor acima de R$ 10 mil cada. Ainda cabe recurso da decisão. A medida foi determinada pela juíza Lílian Maciel Santos, da 2ª Vara de Fazenda Pública Estadual nesta sexta-feira (17).

Os ex-governadores recebem a quantia baseada em uma lei estadual de 1967 e, para o promotor de Defesa do Patrimônio Público João Medeiros, ela é inconstitucional. "Quando vem uma nova ordem constitucional [em 1988], toda legislação anterior que não se compatibiliza, não é recepcionada", disse.

Os ex-governadores que recebem o dinheiro, segundo o governo mineiro, são Rondon Pacheco (1971-1975); Francelino Pereira (1979-1983); Hélio Garcia (1984-1987) e (1991-1995) e Eduardo Azeredo (1995-1999). A viúva de Israel Pinheiro (1966-1971), Coracy Pinheiro, recebe a pensão. O pagamento dos benefícios custa, por mês, R$ 47.250 aos cofres públicos de Minas Gerais.

A assessoria de imprensa do ex-governador Eduardo Azeredo informou que não conseguiu contato com o senador porque ele está em Paris atendendo a um convite de visita do Senado francês.

Na casa de Hélio Garcia, uma funcionária disse à reportagem do G1 que um curador é a pessoa que poderia falar por Garcia, mas ele não foi encontrado.

Já a secretária de Francelino Pereira, Marluce Fonseca, falou que o ex-político acompanha as notícias pelos jornais e que não recorrerá da decisão judicial.

O G1 não conseguiu contato com o ex-governador Rondon Pacheco e com a viúva de Israel Pinheiro, Coracy Pinheiro.

ALMG aprova em primeiro turno
Na quarta-feira (15), os deputados estaduais deliberaram sobre o pagamento de pensão a ex-governadores e dependentes. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, em primeiro turno, a extinção da pensão vitalícia concedida a eles. De acordo com a assessoria da ALMG, a proposta ainda terá que ser votada em segundo turno e ser sancionada pelo governador para passar a valer.

Ainda segundo a assessoria, pelo projeto aprovado, será mantida a pensão para ex-governadores e parentes já beneficiados. A assessoria informou que o projeto vai para a Comissão de Fiscalização Financeira que pode acrescentar emendas ou substitutivas e volta para os deputados votarem em segundo turno.

O Projeto de Lei foi proposto em fevereiro deste ano pelo governador de Minas Gerais, Antonio Anastásia.

Em janeiro, a assessoria do governador já havia informado que é gasto por mês R$ 47.250 com o pagamento de aposentadoria e pensão a quatro ex-governadores e uma dependente. Recebem integralmente – isto é o valor de R$ 10.500 – Rondon Pacheco, Francelino Pereira, Hélio Garcia e Eduardo Azeredo. Coracy Pinheiro, viúva do ex-governador Israel Pinheiro, ganha pensão equivalente a 50% do salário bruto. Ainda de acordo com a assessoria do governo, Aécio Neves, Itamar Franco e Newton Cardoso não requereram o benefício.








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26/10/2008 free counters

FHC em oito retratos


I - Quem ele é

Sozinho numa estação de trem da Europa, tendo deixado a presidência da República há poucos meses, Fernando Henrique Cardoso notou que uma mulher, a alguns metros de distância, não tirava os olhos dele. Retribuiu o interesse. Então a mulher, uma brasileira, finalmente se aproximou e disse assim:

- Sei quem é você.

- Sabe mesmo?

- Sei, sim.

- Sabe nada...

- Você é um artista da Globo. Não é?

II - Pisando no tomateiro

FHC era o líder do PMDB no Senado. E a VEJA tinha um acordo com ele: as quintas ou sextas-feiras, despachava um repórter para ouvi-lo em off sobre os temas mais candentes da semana.

A jornalista Cecília Pires cumpriu esse papel ao longo de 1985. Mas quando voltou a procurá-lo em meados de fevereiro do ano seguinte, ela trocara a VEJA pelo Jornal do Brasil. E imaginou que ele soubesse. Sua assessoria sabia.

Ao cabo da conversa, Ana Tavares, a devotada e eficientíssima assessora de imprensa de FHC, telefonou para ele e perguntou:

- E a entrevista?

- Acho que a VEJA vai gostar.

- VEJA??? Você falou para o Jornal do Brasil! - ela respondeu, antevendo o desastre.

O que disse FHC foi manchete de capa do jornal. Sem meias palavras, ele chamou Sarney de fraco e de incompetente. Apontou as principais mazelas do governo. E conclamou o povo a sair às ruas exigindo a antecipação das eleições diretas para presidente da República.

Uma semana depois de publicada a entrevista, o governo lançou o Plano Cruzado, que congelou preços e salários. A popularidade do presidente bateu a casa dos 90% em menos de um mês.

Em todo o país, pessoas saíram às as ruas carregando botons onde estava escrito: "Sou fiscal de Sarney". Ai dos comerciantes que reajustassem seus preços.

Os fiscais mais ousados decretaram o fechamento de supermercados. E foram obedecidos.

“Eu pisei no tomate quando me referi a Sarney como a vanguarda do atraso”, debochou na época o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra. “Mas Fernando Henrique pisou no tomateiro”.

O Cruzado deu errado rapidinho - em menos de um ano.

Manifestantes frustrados com o fracasso do plano apedrejaram no Rio de Janeiro o ônibus com Sarney e sua comitiva. E FHC voltou a espicaçar Sarney.

Perguntei-lhe um ano depois como via a crise - a inflação em alta, o PMDB rebelado contra Sarney, os demais partidos insatisfeitos.

- A crise viajou - retrucou ele.

Sarney estava fora do país em viagem oficial.

III - Do que mais gostava

Convidado em 1992 pelo presidente Itamar Franco para ser ministro das Relações Exteriores, FHC deslumbrou-se com o cargo. Amava as viagens internacionais e a corte que lhe faziam os diplomatas.

Como chanceler tinha direito a ocupar um apartamento dentro do prédio do ministério onde costumava tomar café todas as manhãs enquanto se inteirava do que ocorria no mundo.

Um dia, sua assessora de imprensa, Ana Tavares, que o chamava de FH quando estavam a sós, advertiu-o:

- Você tem que cuidar de São Paulo, receber vereadores em audiências, desse jeito não se elegerá sequer deputado federal.

Era o que pensavam também os amigos mais próximos dele.

Um ano depois, FHC foi promovido a ministro da Fazenda. Acabou se elegendo presidente nas asas do Plano Real, que sucedeu o Plano Cruzado, derrotando a inflação.

“Presidência da República não é meta, é destino”, lembrou-lhe mais de uma vez o senador Antônio Carlos Magalhães (BA).

IV - A perda da cátedra

Um dos primeiros compromissos da campanha presidencial de 1994 obrigou FHC a falar para uma platéia de agricultores rudes e políticos do PSDB de Juazeiro do Norte, Ceará.

O salão alugado pelo partido estava cheio e ele, pouco à vontade.

Entre menções ao alemão Max Weber, um dos pais da Sociologia, e à estabilidade monetária, contou que se opusera à ditadura militar de 64. Por isso fora preso, encapuçado e perdera a cátedra.

Na hora dos cumprimentos, ouviu de um homem atarracado, de voz grave e dono de um forte aperto de mão:

- Esse negócio da cátedra... Não se preocupe com o que aconteceu. Você é homem! É macho! Todo mundo sabe disso. E foi por uma boa causa.

V - O diabinho que mora em Serra

No fim do seu primeiro mandato como presidente da República, FHC não agüentava mais ouvir José Serra criticar Gustavo Franco, diretor do Banco Central, do qual divergia por causa da política de câmbio.

Um dia deu a entender a Serra que demitiria Franco – e Serra, como de hábito, apressou-se a espalhar a notícia.

FHC demitiu o outro Gustavo, Loyola, presidente do Banco Central. E nomeou Franco para o lugar dele.

- Eu era refém de Gustavo Franco – justificou-se FHC mais tarde. “Se o tirasse de lá, precipitaria a desvalorização do real”.

O real foi desvalorizado tão logo FHC tomou posse pela segunda vez.

Sobre Serra, confidenciou a um amigo:

- Se eu fosse mulher e Serra me cantasse, eu daria logo pra ele. Do contrário minha vida viraria um inferno. O problema de Serra não é Serra, é o diabinho que existe dentro dele.

VI - Sucessão pela esquerda

Na noite em que se elegeu presidente da República pela segunda vez novamente derrotando Lula, FHC jantou no Palácio do Alvorada na companhia de amigos.

Por uma vantagem estreita de votos não seria obrigado a disputar o segundo turno. Se disputasse, talvez perdesse.

FHC vaticinou quando a sobremesa começou a ser servida:

- Meu sucessor vai sair da esquerda. Será Covas ou Lula. Covas está doente. Em breve chamarei Lula para uma conversa.

Mário Covas (PSDB) era governador de São Paulo. Sofria de câncer. Morreu em 2001 sem completar o segundo mandato. No ano seguinte, Lula se elegeu pela primeira vez derrotando Serra.

VII - Avalizando Lula

A campanha presidencial de 2002 estava pelo meio quando FHC convidou Lula para uma conversa particular no Palácio do Alvorada. Antes conversara com os outros candidatos.

- O que você acha? – perguntou Lula.

- Acho que você vai ganhar. Mas precisa fazer um gesto para acalmar o mercado financeiro e os investidores internacionais - aconselhou FHC.

Pouco tempo depois, Lula divulgou a Carta aos Brasileiros onde prometia manter os fundamentos da política econômica de FHC.

Em telefonemas para os presidentes dos Estados Unidos, Bill Clinton, do FMI e do Banco Mundial, FHC avalizou a promessa de Lula.

Enquanto isso, Serra fazia campanha como se fosse candidato de oposição.

VIII - O sonho da volta ao poder

Antes de passar a faixa presidencial para Lula, FHC admitiu que só haveria uma hipótese de ser candidato no futuro a um terceiro mandato: se o país fosse atingido por uma grande crise e se tornasse ingovernável. Nesse caso, disputaria a presidência para implantar mais tarde o regime parlamentarista de governo. Não queria ser primeiro-ministro, mas Chefe de Estado.



Noblat



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