GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A Comissão de Ética Pública do governo federal vai investigar a conduta do chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, acusado de repassar informações privilegiadas ao ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O advogado Roberto Caldas, integrante da comissão, foi designado relator para analisar se Carvalho descumpriu o Código de Conduta da Alta Administração Federal no episódio.
Caldas disse que ainda não tem elementos para adiantar se Carvalho fugiu à conduta esperada para o cargo.
O relator afirmou que vai analisar, inicialmente, todos o material reunido sobre o tema --principalmente matérias jornalísticas. Em seguida, vai verificar a necessidade de pedir explicações ao chefe de gabinete ou mesmo convocá-lo para prestar esclarecimentos à comissão.
"Às vezes, o simples fato de termos um material com interpretação [matérias de jornais] não significa que a interpretação tem fatos concretos para processá-lo. Precisamos de fatos concretos para isso. Por enquanto, não pedimos explicações porque os elementos parecem precários", afirmou.
Caldas disse que a comissão vai abrir procedimento ético contra Carvalho somente se entender que suas explicações não foram suficientes. O relator disse que vai buscar novos elementos no caso para analisar se há necessidade de abertura do processo.
Caldas não descarta pedir à Polícia Federal a transcrição do diálogo entre Carvalho e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, no qual o chefe de gabinete é acusado de ter repassado informações sobre o banqueiro Daniel Dantas, preso na Operação Satiagraha.
"Podemos pedir explicações orais e buscar acesso a elementos de transcrição', afirmou. O relator disse que pode arquivar o processo sem chegar a ouvir Carvalho se constatar fragilidade nas denúncias. Caldas também não descarta pedir informações ao chefe de gabinete de Lula antes do dia 25 de agosto, quando a Comissão de Ética volta a se reunir.
Acusações
Carvalho é acusado de vazar informações da Operação Satiagraha a Greenhalgh. Em nota oficial, o chefe de gabinete de Lula admitiu que conversou com o ex-deputado e lhe informou que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência não investigava Daniel Dantas.
Na nota, Carvalho negou ter pedido informações à PF e ao Ministério da Justiça sobre as investigações. O chefe de gabinete confirmou que Greenhalgh lhe pediu que obtivesse "mais informações" por meio da PF de dados sobre o inquérito da Satiagraha.
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