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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Autores de novelas brasileiros dão aulas na Universidade de Coimbra

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Os autores Ricardo Linhares, Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira estiveram em Portugal para dar aulas de Teledramaturgia para os alunos da Universidade de Coimbra. O curso na universidade portuguesa foi organizado pela Globo Universidade, área educativa da Rede Globo. Na foto acima (clicada por Cláudio vaz), Ricardo Linhares dá sua aula para um grupo de atentos estudantes.


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26/10/2008 free counters

Ladrões de cena


Marcello Airoldi, Adriana Birolli e Mario José Paz cresceram e apareceram em ‘Viver a Vida’

POR GABRIELA GERMANO
Rio - Era uma fila de cinema para conferir o filme ‘Nine’. Marcello Airoldi estava lá quietinho, esperando a sua vez, quando foi puxado por uma mulher que disse: “Se a prima não te der, eu dou”. O ator, que em ‘Viver a Vida’ interpreta Gustavo, fissurado na tal prima Malu (Camila Morgado), agiu com naturalidade. “Ainda bem que tenho jogo de cintura, viu? Eu ri e tirei a foto que ela pediu. Algumas mulheres realmente falam coisas engraçadas”, conta o ator.
Marcello Airoldi, o hilários Gustavo de 'Viver a Vida', brilha roubando cenas na novela | Foto: Agência O Dia
A repercussão do personagem foi uma agradável surpresa para esse estreante em novelas. “Lembro-me de quando li o primeiro capítulo da trama. Fiquei feliz pelo simples fato do Gustavo já aparecer ali. Mas o Manoel Carlos deixou claro que não sabia para onde a história iria, porque escrevia muito em cima do que via. Pela dimensão que o Gustavo tomou, fico feliz de saber que deu certo”, comemora.

O sucesso é tanto que até o público masculino assedia o cara. No bom sentido, é claro. “Os homens falam que eu sou o ídolo deles. Adoram o Gustavo”, diz o ator, que também já recebeu pedidos especiais. “Teve uma moça que pediu para eu fazer o biquinho que o Gustavo faz para a Malu. Eu nem sabia que eu fazia biquinho!”, ri.

Ele não é o único no grupo dos coadjuvantes que cresceram na história. A ala feminina é representada por Adriana Birolli, a ácida Isabel que, sem papas na língua, diz tudo o que lhe vem à cabeça, mesmo que isso chateie os outros. “Eu não fazia ideia do sucesso que esse papel ia ter. O texto do Maneco é muito bom. A matéria-prima é boa. E as pessoas adoram quando ela apronta as artes dela e implica com a Ellen”, afirma Adriana.

Junto deles, outro queridinho abraçado pelo público brasileiro — mesmo sendo argentino — é Mario José Paz, o Maradona. Ele não só conquistou o coração da menina Rafaela (Klara Castanho) na trama como também o do autor da história. “Ele faria apenas uma participação. Agradou tanto em cena que ganhou mais destaque”, valoriza Manoel Carlos.

O autor se derrete igualmente quando fala de Marcello e de Adriana: “Sou um autor feliz. Só tenho elogios ao desempenho dos dois que, com certeza, têm uma bela carreira pela frente. Sem dúvida, a repercussão positiva do trabalho de Adriana, Mario e Marcello é consequência, principalmente, do talento deles”, avalia Manoel Carlos.


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26/10/2008 free counters

A irretocável Lilia Cabral


Com a vontade de acertar sempre, atriz dá show como a Tereza, de ‘Viver a Vida’, é assediada nas ruas, mas não perde a noção jamais

POR GABRIELA GERMANO
Rio - A arte de atuar parece coisa simples nas mãos de Lilia Cabral. Uma grande vilã como Marta de ‘Páginas da Vida’; a sofrida dona de casa Catarina, de ‘A Favorita’; ou uma mulher cheia de amargura como Tereza, de ‘Viver a Vida’. É como se cada personagem que ela tocasse, virasse ouro.
Lilia Cabral surpreende como a Tereza de 'Viver a Vida' | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Mesmo assim, prestes a completar 30 anos de carreira só na televisão, a atriz confessa que a cada novo papel que surge à sua frente, sente um medinho. “Foi assim depois da Marta, depois da Catarina e, quando a Tereza acabar, vou me perguntar o que virá depois. Nunca penso que vou tirar de letra. Posso até ter uma intuição positiva. Mas a certeza se vai ser sucesso ou fracasso a gente nunca tem. E é isso que dá a adrenalina. Quero buscar coisas que não fiz, que não conheço e que não entendo. Mas não quero errar, quero acertar sempre. Ainda tenho muito o que aprender”, minimiza a veterana.



Como a elegante ex-modelo da novela de Manoel Carlos, de quebra Lilia tem mostrado outros atributos também. Aos 52 anos, está em plena forma física. O que aumentou até o assédio do público masculino. “Mas eu não dou bola. Ouço e passo reto. Não deixo nem chegarem perto. Imponho respeito”, garante ela, com um sorriso de canto de boca.

Mas todo o glamour do universo da moda não mexeu com sua vaidade? Está mais preocupada com a aparência? “É engraçado porque outras personagens que fiz não demandavam esse lado sofisticado. Então as pessoas sempre me paravam nas ruas e diziam: ‘Como você é bonita! Na TV não parece’. Agora eu tenho medo de ouvir o contrário: ‘Você é tão bonita na TV, já pessoalmente...’”, dá uma gargalhada.

É muita modéstia. Lilia está bem, mas garante seguir o lema menos é mais. “Tenho um jeito muito simples. Gosto de elegância, mas na simplicidade. Você nunca vai me ver cheia de coisas, ostentando algo. Desde a época da faculdade, em que eu era hippie, eu tinha estilo. Meu vestido era bonito e minha sandália era o máximo. Era uma hippie chic, nunca fui largada”, frisa. Para viver Tereza, a atriz teve que emagrecer três quilos. “O que para mim já faz muita diferença. Com a Catarina, em ‘A Favorita’, pude dar uma relaxada”, compara.

Suas performances em cena não precisam de correção e sua aparência, pelo menos por enquanto, também não. “Não condeno plásticas. Mas não faço. Tenho medo, cagaço mesmo. Não gosto nem de pensar. E não tenho aquele tipo de preocupação de mostrar uma coisa que não sou. Tenho 52 anos. Se pareço mais jovem na TV, ponto para mim. Mas não quero parecer uma menininha e usar vestidinho curto para fingir menos idade”, garante. “Se um dia alguma coisa cair, vamos lá. Mas acho que sempre fui ganhando papéis de acordo com a minha idade. E com 60 ou 70 anos, espero que isso continue acontecendo. O que não pode é o exagero, que transforma as pessoas. Porque a TV e o cinema são cruéis. Nicole Kidman era linda. Por que colocou aquele monte de coisa na cara? Ela mudou e agora não consigo mais achar que ela é linda. Com a Meg Ryan é a mesma história. Esse negócio de plástica pode virar um vício”, critica.

Lilia não é de meias palavras. Quem decide o futuro dos personagens da novela é o autor. Mas ela dá seus palpites. Diziam que Tereza teria um envolvimento com Felipe (Rodrigo Hilbert). Ela opina: “Não consigo ver a Tereza com um rapaz muito mais jovem. Pelo perfil dela, tudo o que questiona. E ela não esconde que ainda ama o Marcos. Se aparecer alguém, teria que ser um homem com mais bagagem. E acho que essa pessoa vai aparecer em algum momento, nem que seja para ela perceber que só quer mesmo é ficar com o ex-marido”, torce.

O encontro em cena com o bonitão pode não acontecer. Mas Lilia não deixa de dar seu parecer sobre o moço. “Eu adoraria contracenar com o Rodrigo. Ele é a coisa mais linda que tem no mundo. Depois de ‘Divã’ ainda pegar o Felipe? Imagina!”, brinca ela, que no longa-metragem que protagonizou fez cenas românticas com José Mayer, Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond. Algum constrangimento por gravar ou filmar com homens mais jovens? “Nenhum. Achei o máximo”.

Casada há 15 anos com o economista Iwan Figueiredo, Lilia não poupa elogios à compreensão do marido. “É lógico que ele fica com ciúme. E não nega isso. Mas respeita muito meu trabalho e nós temos confiança e cumplicidade muito grandes. Jamais iria desrespeitá-lo. Ainda mais usar o meu trabalho para isso. Ser atriz para mim é uma vocação e tenho que ser íntegra realizando essa atividade. Se fosse o contrário, ele um ator e eu, uma profissional de outra área, eu também ia sentir. Mas só faço o que faço porque tenho a segurança de que tenho em casa meu marido e minha filha, Giulia, me esperando”.

Mesmo com toda a sofisticação, os dramas de Tereza na novela aproximam a personagem e a atriz do público. “Ela é uma mulher conhecida por todos nós. É mãe, tem ciúme, tem amargura, foi passada para trás pelo marido. É cheia de arrogância, inveja, mas também sabe ser generosa e carinhosa. Não é complicado você encontrar uma Tereza por aí. Quantas mulheres bonitas, inteligentes e bem educadas estão sem marido? Isso é um prato cheio para quem gosta de atuar”, diz.

O perfil de Tereza ainda tem feito de Lilia uma ouvinte de algumas mulheres nas ruas. Há quem chegue até ela para desabafar. “A maioria diz que tem uma amiga que já passou por isso (ser largada pelo companheiro). Mas na verdade eu acho que essa amiga não existe, é a própria pessoa que não tem coragem de falar”, acredita.


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26/10/2008 free counters

O cruzeiro da fé


Durante quatro dias a bordo de um navio, católicos participam de missas e terços, curtem show do padre Fábio de Melo e fazem fila para se confessar

João Loes
Confira a seguir a reportagem em vídeo sobre o primeiro cruzeiro católico do Brasil
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DEVOÇÃO
O navio zarpou de Santos com freiras e fiéis
"O negócio dela é padre”, brinca Atílio de Almeida, empresário paulistano de 56 anos, sobre a sogra, Maria de Lourdes Abreu, que completou 90 anos no dia 5 de fevereiro. Contrariando filhos, netos e bisnetos, Maria de Lourdes trocou a festa por uma passagem a bordo do primeiro cruzeiro católico do Brasil, batizado de Navegando com Nossa Senhora. “Minha mãe nem gosta de navio, mas quando soube que era católico e teria show do padre Fábio de Melo, seus olhos brilharam”, lembra Maria Auxiliadora de Almeida, filha de Maria de Lourdes e esposa de Atílio. O passeio inédito em águas brasileiras teve apoio oficial da Igreja Católica. Os organizadores contaram com a ajuda da Arquidiocese de Campinas, no interior de São Paulo, para montar um roteiro de missas, shows e palestras religiosas para os passageiros – sem deixar de lado, é claro, as festas, bebidas e até as jogatinas típicas de uma viagem de cruzeiro. “É uma nova forma de exercitar a fé”, explica Claudemir Carvalho, sócio da CNS Viagens Religiosas (CNSVR), organizadora do evento. Cerca de 1,9 mil passageiros pagaram de R$ 790 a R$ 2,6 mil para embarcar no passeio, que entre os dias 9 e 12 de fevereiro foi de Santos ao Rio de Janeiro, depois a Búzios, para, por fim, retornar a Santos. Duas missas diárias, além de dois terços, somaram seis horas de oração para cada um dos quatro dias de viagem. Todas as cabines se esgotaram quatro meses antes de o navio partir e 300 interessados ficaram na lista de espera. “Ficamos surpresos com a procura e tivemos que dobrar nosso efetivo para dar conta da demanda”, afirma Carvalho.
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O show do padre Fábio de Melo foi disputado
Há quem arrisque uma explicação para o sucesso de público da empreitada. “A viagem surge como uma forma de unir descanso e diversão sem exageros com convivência familiar, reforço da fé e contato com pessoas diferentes”, teoriza o engenheiro José Roberto de Oliveira, que levou as duas filhas e a esposa, Silvia, de Santo Ângelo, Santa Catarina, para navegar com Nossa Senhora. E como eram diferentes os passageiros a bordo do navio. A pluralidade estava clara já na primeira celebração religiosa a bordo: a consagração de uma réplica oficial da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Sob um céu que ameaçava desabar a qualquer momento, a festa reuniu boa parte dos passageiros. Aos gritos de “Viva Nossa Senhora”, eles celebraram a figura da mãe de Jesus Cristo agitando lenços azuis e brancos. Entre os presentes havia freiras de hábito, moças de biquíni e canga, senhores com camisa, senhoras alinhadas, padres de batina e rapazes de bermuda e chinelo de dedo. Essa saudável confusão de estilos permearia toda a viagem e se manifestaria ainda com mais força durante a primeira oração do terço, no dia 9. Reunidos no Bar La Rambla, que funciona como anexo do Cassino Biarritz, no nono dos 12 andares do navio, cerca de 500 fiéis misturaram sotaques enquanto rezavam a velha ladainha, puxada pela hoje missionária Myrian Rios, exsímbolo sexual, ex-atriz e ex- Roberto Carlos, não necessariamente nessa ordem, que fez as vezes de mestre de cerimônias na embarcação. Vez ou outra, as ave- marias eram abafadas por barulhentas máquinas caça-níqueis que, embora oferecessem até US$ 2 mil em prêmios, ficaram vazias.
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Um bar no mesmo ambiente, recheado de garrafas de uísque, tequila e vodca a US$ 12 (R$ 21,80) a dose contrastava com o clima de oração. “Um senhor chegou a pagar por um uísque, mas, quando percebeu que ninguém estava bebendo, cancelou”, explica o barman Henrique Tyminski. Se tivesse mantido o pedido, provavelmente não teria atraído olhares de reprovação. A bordo reinava a tolerância. Afinal, onde mais uma dupla de freiras seria abordada por moças de biquíni com latas de cerveja na mão pedindo uma bênção? Essa foi apenas uma das situações inusitadas vividas pelas irmãs Rute e Raquel, da Congregação das Missionárias Josefinas do Coração Eucarístico de Jesus, que vivem em Ituiutaba, Minas Gerais. Situações que encararam com naturalidade. “Conversei muito com o padre antes de aceitar vir, estava preparada”, explica a irmã Raquel. Tanto ela quanto irmã Rute ganharam a viagem de presente de um benfeitor anônimo e sofreram para decidir se iriam. “Chorei demais, mas agora estou achando ótimo”, admite irmã Rute. Segundo ela, conhecer gente diferente estava sendo a parte mais enriquecedora do passeio. Pacientes e sempre de hábito, apesar do calor de mais de 35 graus, as religiosas circularam pelos deques atendendo a todos. E acredite: não é fácil circular de hábito ou batina em um cruzeiro católico. “Dei confissão hoje pela manhã, mas logo tirei a batina”, explicava padre Benedito Tadeu Rossi, à paisana. “Se não tirasse, não ia conseguir andar!” Como as irmãs missionárias, ele viajou a passeio com outro pároco de sua cidade, Araras, no interior de São Paulo, mas se dispôs a ajudar.
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A BORDO
Aluízio e Maria das Graças realizaram o sonho de conhecer um navio sem deixar a religião de lado
A organização conta que tinha estabelecido que dois dos seis padres da Arquidiocese de Campinas fizessem rodízio para atender quem quisesse se confessar. Não foi suficiente. Mais dois sacerdotes ficaram à disposição dos fiéis e o horário de atendimento teve de ser estendido. A sede dos fiéis pelo contato com os religiosos parecia inesgotável. Mas um, em especial, atraiu atenções e flashes como um verdadeiro pop star – padre Fábio de Melo, que já vendeu mais de dois milhões de discos com músicas católicas, além de um milhão de livros da mesma temática. Ele passou como um furacão pelo navio. Os shows que fez – dois oficiais e um extra, na piscina da embarcação – foram os que mais atraíram fãs e fiéis. Para o comerciante de Cubatão Aluízio José dos Santos, padre Fábio é único. “Ele comunica de igual para igual, não usa palavras difíceis”, garante Santos, que embarcou com a esposa, Maria das Graças, numa viagem que, há poucos anos, não passava de sonho. “Via os navios passando da loja em que trabalho em São Vicente (litoral paulista) e pensava que um dia estaria lá dentro”, revela. O Navegando com Nossa Senhora se encaixou bem ao bolso e às aspirações do casal, que tem três filhos. “Da próxima vez vamos tentar trazê-los”, afirma Maria das Graças. Segundo Carvalho, da CNSVR o casal já pode começar a preparar o bolso. Depois do sucesso do primeiro cruzeiro católico, o segundo já tem data para acontecer – de 21 a 24 de janeiro de 2011, em um navio para 2,1 mil passageiros. Haverá espaço para pelo menos mais 300 fiéis. É o milagre da multiplicação.
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A agora missionária Myrian Rios com os filhos, Edmar e Pedro
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26/10/2008 free counters

Kassab é cassado pela Justiça




Condenação por captação ilícita na campanha inclui a vice. Ambos seguem no cargo enquanto recorrem
ROBERTO FONSECA, FABIO LEITE e EDUARDO REINA
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a vice, Alda Marco Antonio (PMDB), tiveram o mandato cassado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, Aloísio Sérgio Resende Silveira, por recebimento de doações consideradas ilegais na campanha de 2008. A decisão, em primeira instância, torna Kassab o primeiro prefeito da capital cassado no exercício do mandato desde a redemocratização, em 1985. Como o recurso tem efeito suspensivo imediato, os dois podem recorrer da sentença sem ter de deixar os cargos.

Entre as doadoras consideradas ilegais estão a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) e empreiteiras acionistas de concessionárias de serviços públicos, como Camargo Corrêa e OAS. Ao todo, a coligação de Kassab e Alda gastou R$ 29,76 milhões na campanha, dos quais R$ 10 milhões são considerados irregulares pela Justiça. A sentença será publicada no Diário Oficial de terça-feira, quando passa a contar o prazo de três dias para o recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Silveira disse ontem ao Jornal da Tarde que já julgou os processos de Kassab, nove vereadores e dos candidatos derrotados na eleição à Prefeitura em 2008, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), todos alvos de representação do Ministério Público Eleitoral (MPE), mas que não poderia informar quais dos réus foram cassados antes da publicação, na terça. Falta julgar o presidente da Câmara Municipal, Antonio Carlos Rodrigues (PR), e duas empresas acusadas de repasse ilegal.

O juiz afirmou, contudo, que manteve nas suas decisões o mesmo entendimento que levou à cassação de 16 vereadores no fim do ano passado. No caso, todos os políticos que receberam acima de 20% do total arrecadado pela campanha de fonte considerada vedada foram cassados. “Se passou de 20%, independentemente do nome, tenho aplicado a pena por coerência e usado esse piso como caracterizador do abuso de poder econômico na eleição, um círculo vicioso que dita a campanha e altera a vontade do eleitor”, afirmou Silveira.

Além de cassar o diploma do prefeito e da vice, a sentença os torna inelegíveis por três anos. Dos 13 vereadores que aguardavam a decisão da Justiça Eleitoral, dez ultrapassavam o limite em doações consideradas ilegais. São eles: o líder do governo, José Police Neto (PSDB), Marco Aurélio Cunha (DEM), Gilberto Natalini (PSDB) e Edir Sales (DEM), da base governista, e os petistas Antonio Donato, Arselino Tatto, Ítalo Cardoso, José Américo e Juliana Cardoso, além de Rodrigues (PR).

Fonte vedada

Nas decisões, Silveira considerou como fonte vedada de doação eleitoral empreiteiras que integram concessionárias de serviços públicos e a AIB. A entidade é acusada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de servir de fachada do Sindicato da Habitação (Secovi). Por lei, sindicatos não podem fazer doações a candidatos, comitês e partidos. Só da AIB a campanha de Kassab recebeu R$ 2,7 milhões. A entidade e o Secovi negam haver irregularidades.

“Um acionista, mesmo que minoritário, que tem faturamento de R$ 500 milhões, faz estrago numa campanha porque ele tira renda da concessionária. Embora seja um voto vencido, por conta da decisão do ministro Velloso, me convenceu”, afirmou Silveira, citando decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Velloso favorável a essas doações nas eleições de 2006.

O inciso 3º do artigo 24 da Lei das Eleições (Lei 9.504/97) proíbe “concessionário ou permissionário” de fazer doações de qualquer espécie a candidatos ou partidos políticos. E embora a última manifestação do TSE, em 2006, tenha considerado legais doações de empresas com participação em concessionárias, votos proferidos no passado pelos ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Brito e Ellen Gracie repudiaram a prática.

Sem conhecimento

Procurada pela reportagem, a assessoria de Kassab alegou que o advogado do prefeito, Ricardo Penteado, ainda não tinha tomado conhecimento da sentença de cassação e tampouco havia confirmação a respeito. E que, por isso, nenhum dos dois se pronunciaria a respeito do caso. Alguns vereadores procurados para confirmar se haviam sido notificados de alguma decisão judicial também não quiseram dar entrevista.

Apenas o democrata Marco Aurélio Cunha comentou a decisão. “Qualquer que seja a decisão, vai ter uma defesa adequada. É um absurdo jurídico. Fui o vereador que menos gastou e com todas as contas publicadas”, disse.



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26/10/2008 free counters

Justiça Eleitoral cassa mandato de Kassab


Condenação por captação ilícita na campanha inclui a vice. Ambos seguem no cargo enquanto recorrem
Roberto Fonseca, Fabio Leite e Eduardo Reina - Jornal da Tarde

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a vice, Alda Marco Antonio (PMDB), tiveram o mandato cassado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, Aloísio Sérgio Resende Silveira, por recebimento de doações consideradas ilegais na campanha de 2008. A decisão, em primeira instância, torna Kassab o primeiro prefeito da capital cassado no exercício do mandato desde a redemocratização, em 1985. Como o recurso tem efeito suspensivo imediato, os dois podem recorrer da sentença sem ter de deixar os cargos.
Entre as doadoras consideradas ilegais estão a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) e empreiteiras acionistas de concessionárias de serviços públicos, como Camargo Corrêa e OAS. Ao todo, a coligação de Kassab e Alda gastou R$ 29,76 milhões na campanha, dos quais R$ 10 milhões são considerados irregulares pela Justiça. A sentença será publicada no Diário Oficial de terça-feira, quando passa a contar o prazo de três dias para o recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Silveira disse neste sábado, 20, ao Jornal da Tarde que já julgou os processos de Kassab, nove vereadores e dos candidatos derrotados na eleição à Prefeitura em 2008, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), todos alvos de representação do Ministério Público Eleitoral (MPE), mas que não poderia informar quais dos réus foram cassados antes da publicação, na terça. Falta julgar o presidente da Câmara Municipal, Antonio Carlos Rodrigues (PR), e duas empresas acusadas de repasse ilegal.

O juiz afirmou, contudo, que manteve nas suas decisões o mesmo entendimento que levou à cassação de 16 vereadores no fim do ano passado. No caso, todos os políticos que receberam acima de 20% do total arrecadado pela campanha de fonte considerada vedada foram cassados. "Se passou de 20%, independentemente do nome, tenho aplicado a pena por coerência e usado esse piso como caracterizador do abuso de poder econômico na eleição, um círculo vicioso que dita a campanha e altera a vontade do eleitor", afirmou Silveira.

Além de cassar o diploma do prefeito e da vice, a sentença os torna inelegíveis por três anos. Dos 13 vereadores que aguardavam a decisão da Justiça Eleitoral, dez ultrapassavam o limite em doações consideradas ilegais. São eles: o líder do governo, José Police Neto (PSDB), Marco Aurélio Cunha (DEM), Gilberto Natalini (PSDB) e Edir Sales (DEM), da base governista, e os petistas Antonio Donato, Arselino Tatto, Ítalo Cardoso, José Américo e Juliana Cardoso, além de Rodrigues (PR).

Fonte vedada

Nas decisões, Silveira considerou como fonte vedada de doação eleitoral empreiteiras que integram concessionárias de serviços públicos e a AIB. A entidade é acusada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de servir de fachada do Sindicato da Habitação (Secovi). Por lei, sindicatos não podem fazer doações a candidatos, comitês e partidos. Só da AIB a campanha de Kassab recebeu R$ 2,7 milhões. A entidade e o Secovi negam haver irregularidades.

"Um acionista, mesmo que minoritário, que tem faturamento de R$ 500 milhões, faz estrago numa campanha porque ele tira renda da concessionária. Embora seja um voto vencido, por conta da decisão do ministro Velloso, me convenceu", afirmou Silveira, citando decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Velloso favorável a essas doações nas eleições de 2006.

O inciso 3º do artigo 24 da Lei das Eleições (Lei 9.504/97) proíbe "concessionário ou permissionário" de fazer doações de qualquer espécie a candidatos ou partidos políticos. E embora a última manifestação do TSE, em 2006, tenha considerado legais doações de empresas com participação em concessionárias, votos proferidos no passado pelos ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Brito e Ellen Gracie repudiaram a prática.

‘Perplexidade’
Procurado pela reportagem, o advogado de Kassab, Ricardo Penteado, afirmou que a defesa do prefeito vai entrar com recurso no TRE que, diz ele, "deve resultar na reforma da sentença e na confirmação da vontade popular."

Penteado afirmou ainda que "as contribuições foram feitas seguindo estritamente os mandamentos da lei e já foram analisadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral."

"Causa perplexidade e insegurança jurídica que assuntos e temas já decididos há tantos anos pela Justiça sejam reabertos e reinterpretados sem nenhuma base legal e contrariando jurisprudência do TRE e do TSE", completou.

Colaborou Rodrigo Burgarelli


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26/10/2008 free counters

Justiça teria cassado mandato de Kassab, diz jornal

A Justiça Eleitoral teria cassado o mandato do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM) e da vice Alda Marco Antonio (PMDB) por doações consideradas ilegais durante a campanha eleitoral de 2008. A decisão foi tomada pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, Aloísio Sérgio Resende Silveira. As informações são do Jornal da Tarde.
A sentença deve ser publicada no Diário Oficial, na próxima terça-feira, a partir de quando começa a contar o prazo de três dias para o recurso dos acusados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Mesmo com a cassação, Kassab pode recorrer no cargo. Segundo magistrado, a decisão foi coerente com outras deliberações, nas quais cassou os candidatos que tiveram mais de 20% das doações consideradas irregulares. No caso do prefeito paulista, o índice seria de aproximadamente 33%.
O Terra tentou entrar em contato com assessoria de Kassab, mas não obteve resposta.


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26/10/2008 free counters

Multishow dá ingressos para shows do Coldplay

O Multishow vai premiar 10 fãs do Coldplay com ingressos para os shows no Rio (cinco) e em São Paulo (cinco), com direito a acompanhante, e ainda promover o encontro de dois deles com a banda. Para participar, basta entrar em http://multishow.globo.com/Promocoes/ e responder a pergunta “Qual a melhor maneira de viver a vida?”. Os autores das respostas mais criativas ganham ingressos VIPs para as apresentações nos dias 28 de fevereiro e 2 de março, e os dois primeiros vão ter a oportunidade de falar com Chris Martin e cia.


Coldplay - Clocks
Found at Clocks on KOhit.net

 

Relógios

The lights go out and I can't be saved
As luzes se apagam e eu não posso ser salvo
Tides that I tried to swim against
Ondas contra as quais eu tentei nadar
Have brought me down upon my knees
Jogaram-me ao chão, deixando-me de joelhos
Oh I beg, I beg and plead
Oh, eu imploro, eu imploro e suplico
Singing
Cantando
Come out of the things unsaid
Revele coisas não ditas
Shoot an apple off my head
Atire uma maçã em cima de minha cabeça
And a trouble that can't be named
Um problema que não pode ser nomeado
A tiger's waiting to be tamed
Um tigre está esperando para ser domado,
Singing
Cantando


You are You are
Você é você é


Confusion that never stops
Confusão que não acaba
The closing walls and the ticking clocks
As paredes que se fecham e os relógios que fazem barulhos
Gonna come back and take you home
Vou voltar e te levar para casa
I could not stop, that you now know
Eu não poderia parar agora que você sabe
Singing come out upon my seas
Cantar apareça sobre meus mares,
Cursed missed opportunities
Malditas oportunidades perdidas
Am I a part of the cure
Sou uma parte da cura
Or am I part of the disease
Ou sou parte da doença
Singing
Cantando


You are, you are
Você é, você é
You are, you are
Você é, você é
You are, you are
Você é, você é
You are, you are
Você é, você é


And nothing else compares
E nada mais se compara
And nothing else compares
E nada mais se compara
And nothing else compares
E nada mais se compara
And nothing else compares
E nada mais se compara


You are, you are
Você é, você é


Home, home, where I wanted to go
Lar, lar para onde eu queria ir
Home, home, where I wanted to go
Lar, lar para onde eu queria ir
Home, home, where I wanted to go (You are)
Lar, lar para onde eu queria ir(Você é)
Home, home, where I wanted to go (You are)
Lar, lar para onde eu queria ir(Você é)

 

Clocks


Composição: Chris Martin / Guy Berryman / Jon Buckland / Will Champion The lights go out and I can't be saved
Tides that I tried to swim against
Have brought me down upon my knees
Oh I beg, I beg and plead, singing
Come out of things unsaid
Shoot an apple off my head and a
Trouble that can't be named
A tiger's waiting to be tamed, singing
You are
You are
Confusion never stops
Closing walls and ticking clocks
Gonna come back and take you home
I could not stop that you now know, singing
Come out upon my seas
Cursed missed opportunities
Am I a part of the cure?
Or am I part of the disease? Singing
You are, you are, you are
You are, you are, you are
And nothing else compares
Oh nothing else compares
And nothing else compares
You are
You are
Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go


Las luces salen y yo no puedo salvarme
Mareas que yo intenté nadar contra
Usted me ha soltado en mis rodillas
Oh yo ruego, yo ruego y suplico (cantando)
Salga de cosas no dicho, dispare 
una manzana de mi cabeza (y un)
Problema que no puede nombrarse, 
tigres que esperan ser domado (cantando)
Usted es, usted es

La confusión nunca detiene, 
mientras cerrando las paredes 
y haciendo tictac los relojes (yendo a)
Regrese y tómelo casa, yo no podría detener, 
que usted sabe ahora (cantando)
Salga en mis mares, la maldición extrañó 
las oportunidades (es yo)
Una parte de la cura, o es yo parto de 
la enfermedad (cantando)

Usted es [ x6]
Y nada más compara
Oh ningún nada más compara
Y nada más compara

Usted es [continúa en el fondo]
Casa, casa dónde yo quise ir [ x4]




Coldplay Lyrics | Clocks Clocks Lyrics
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26/10/2008 free counters

Dilma: "Você acha que sou um poste?"










Em sua primeira entrevista como candidata à Presidência, a ministra Dilma Rousseff desafia os adversários a demonstrar maior experiência de governo do que ela
Eumano Silva, Guilherme Evelin e Helio Gurovitz
  Reprodução
Anderson Schneider
CANDIDATA
Dilma, ao ser fotografada na semana passada. Aclamada como o nome do PT para as eleições presidenciais, ela se prepara para encarar a campanha
Dilma rousseff já fala como candidata à presidência. Falou pela primeira vez numa entrevista a ÉPOCA, concedida na última quinta-feira, dia de abertura do Congresso do PT que a aclamou como o nome do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Escolhida candidata por Lula, Dilma se apresenta como a melhor alternativa para dar continuidade aos projetos do atual governo. E faz questão de rebater a acusação dos adversários de que seja apenas um títere do presidente: “Duvido. Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho. Duvido”. Mas, questionada sobre a possibilidade da volta de Lula em 2014, Dilma aceita a hipótese. “Sem sombra de dúvida, ele pode. O presidente chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional que o futuro dele é o que ele quiser”, diz a ministra-chefe da Casa Civil – posto de Dilma até 2 de abril, quando deverá deixar o cargo para disputar as eleições presidenciais.
Na entrevista de quase duas horas, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória da Presidência da República, Dilma expôs suas credenciais para comandar o Brasil, debateu planos de governo e falou claramente o que pensa sobre temas como o tamanho do Estado na economia, as privatizações, o aborto, a descriminalização das drogas, o câncer e a iminência de se tornar avó. Dilma chegou e saiu sorridente – como uma candidata pronta para desfazer a imagem da tecnocrata inflexível com que foi frequentemente caracterizada antes de sonhar com o Palácio do Planalto.
ÉPOCA – O que qualifica a senhora para ser presidente da República?
Dilma Rousseff –
O governo Lula deu um passo gigantesco. Construiu um alicerce em cima do qual você pode estruturar a transformação de que o Brasil precisa. A partir de 2005, o presidente me deu a imensa oportunidade de coordenar o segundo governo dele. Estávamos enfrentando uma crise muito forte (o escândalo do mensalão) e uma disputa que tentava inviabilizar o governo. Ainda não tínhamos conseguido implantar a estabilidade de forma definitiva. A inflação e as contas públicas estavam sob controle, mas o crescimento ainda era baixo. As reservas também. Aí o investimento entrou na ordem do dia, e modificamos o jogo no segundo mandato do governo Lula. Tive a oportunidade de entrar exatamente nessa grande crise.

ÉPOCA – Em algum momento o presidente disse que a senhora seria candidata?
Dilma –
O presidente nunca chegou para mim e disse: “Você vai ser a sucessora do meu governo”. Ele avaliou que participei da elaboração das principais políticas: o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o pré-sal, a TV Digital, a banda larga nas escolas. Todos os projetos do governo, de alguma forma, passaram pelo presidente e por mim. Uma das coisas que me credenciam para ser presidente é que conheço hoje o governo brasileiro de forma bastante circunstanciada, precisa e profunda. E conheço as necessidades para dar continuidade a esses projetos.

ÉPOCA – O que seria, num eventual governo da senhora, o passo seguinte?
Dilma –
No Brasil, os governos sistematicamente não tinham projeto de desenvolvimento econômico-social que incluísse todos os brasileiros. A grande novidade do governo Lula é o olhar social. Não só porque estendemos benefícios econômicos aos mais pobres. Há uma profunda mudança cultural e moral quando você torna a população mais pobre do Brasil legítima interessada no desenvolvimento. A reação ao Bolsa Família mostra a aversão elitista a políticas sociais num país com a desigualdade do Brasil. Quando chamam o Bolsa Família de “bolsa-esmola”, é porque veem a política social como uma coisa ultrapassada. Alguns dizem que essa é a continuidade do passado. Não é. É a maior ruptura com o passado. Não dá para falar: “Eu fiz o Bolsa Família antes”. Ah é? Fez para quantos? O que buscamos é uma política para cuidar dos 190 milhões. Se você perguntar para mim: “Tá completo?”. Vou falar: “Nããão”.

ÉPOCA – Como presidente, o que a senhora faria que o governo Lula não fez? Como imprimiria sua marca?
Dilma –
Vou participar até o dia 2 de abril do imenso esforço deste governo para mudar o Brasil. Isso me dá condições de olhar para a frente e falar que você não faz em oito anos uma transformação tão profunda. Há coisas que precisam de mais tempo para maturar. Talvez eu dê mais impulso e acelere mais, se eu ganhar a eleição, mas você vai precisar de uma sucessão de governos. Um exemplo: toda a política de inovação em pesquisa tecnológica. Conseguimos fazer um pedaço. Mas é preciso fazer no futuro muito mais: desenvolver uma cadeia de inovação para fármacos, uma para nanotecnologia, cuja infraestrutura já começou a ser feita. Entrar na economia do conhecimento é fundamental na próxima gestão. Teremos de dar suporte às universidades públicas, que estavam sucateadas, voltar a fazer pesquisa básica, dar suporte para termos trabalhadores especializados no ensino médio. Isso leva décadas.

Antonio Cruz
"Uma das coisas que me credenciam para ser presidente é que conheço o governo de forma bastante circunstanciada, precisa e profunda. Conheço também as necessidades para dar continuidade aos projetos"
ENGAJADA
Dilma entre militantes no encontro da juventude do PT, em Brasília. Ela promete apoio às universidades

ÉPOCA – Que papel a senhora vê para o Estado nesse processo? Ele tem de ser dono de empresas? Ou estabelecer regras para garantir um ambiente estável para os negócios prosperarem?
Dilma –
Os países ocidentais e desenvolvidos organizaram seus Estados para dar suporte à sociedade e às empresas privadas. Tanto é assim que um dos maiores compradores e organizadores da demanda privada nos EUA é o Pentágono, né? Essa discussão de Estado empresário é uma discussão da década de 50. Não é a deste momento no Brasil. Agora, somos contra a privatização de patrimônio público ou de estatais como Petrobras, Furnas, Chesf, Eletrobrás, Banco do Brasil, a Caixa. Essa é uma p

ÉPOCA – E no caso das estatais de áreas em que faltam investimentos, como a Infraero, que administra os aeroportos?
Dilma –
Como a Infraero mexe com nosso espaço aéreo, é preciso ter cuidado. O que está certo é mudar a Infraero, abrir o capital, profissionalizar a gestão, torná-la mais eficaz. É o que o governo Lula defende (e eu defendo). A privatização dos aeroportos não pode ser tratada dessa forma, porque só há uns quatro lucrativos. O resto é deficitário. Qualquer modelo tem de ser bem discutido, ou você faz aquela privatização cujo custo é proibitivo para a sociedade, como foi feito com algumas ferrovias. Pelos contratos de concessão, as empresas têm direito de ficar com elas pelo tempo que quiserem sem fazer investimento, pois eles foram malfeitos.

ÉPOCA – Quando a senhora diz ser radicalmente contrária à privatização do patrimônio público, isso soa como crítica às privatizações do governo FHC, como se elas tivessem sido danosas...
Dilma –
Não chegou a ser tão danoso como foi para países vizinhos, porque não conseguiram fazer tudo. Mas pegaram a Petrobras e começaram a tentar reduzi-la a uma dimensão menor. Impediram a verticalização da empresa, que ela tivesse ganhos de escala.

ÉPOCA – Mas a privatização da Petrobras estava impedida por lei...
Dilma –
Achamos estranha aquela história do nome Petrobrax. Era uma tentativa de abrir o capital mais do que devia. A única parte do Brasil no nome da Petrobras é o “bras”. Se é capaz de transformar um S em X, tem dó... As intenções são muito claras!

ÉPOCA – E a privatização da Vale? E a das teles?
Dilma –
Com as teles, acho que foi diferente. Em relação à Vale, vamos ter de fazer exigências a respeito do uso da riqueza natural. Isso não significa reestatizar. Ela pode ser perfeitamente privada, desde que submetida a controles. Só não acho possível concordar que a Vale exporte para a China minério de ferro e a gente importe bens e produtos siderúrgicos. Essa não é uma relação do nosso interesse como nação. Não vejo grandes problemas na Vale. Agora, vejo grandes problemas no setor elétrico. A privatização de Furnas foi impedida porque o pessoal se mobilizou. A visão que se tinha de não planejamento e de não visão de longo prazo no caso da energia deu no que deu em 2001 (ano do apagão). Sou contra privatizar o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Minha gratidão com a história é que ela provou que a gente estava certo. Ai de nós se não tivéssemos os três bancos! Só conseguimos enfrentar a crise econômica porque tínhamos estrutura para enfrentá-la. Porque na hora da crise, quando o pavor bate...

ÉPOCA – Podemos mudar de assunto?
Dilma –
Não, é que quero explorar muito essa história do Estado, sabe? O Estado mínimo tem uma perversidade monstruosa. Sabe qual é?

Robson Fernandes
"Em relação à Vale, vamos ter de fazer exigências a respeito do uso da riqueza natural. Isso não significa reestatizar. Ela pode ser perfeitamente privada, desde que submetida a controles"
ESTADO FORTE
A hidrelétrica de Itaipu, no Paraná. Para Dilma, o apagão de 2001 foi resultado da falta de planejamento do governo FHC

ÉPOCA – Qual é?
Dilma –
Não investe em saneamento, não investe em habitação, deixa o país com uma das menores taxas de cobertura de esgoto, de drenagem. Tem outra perversidade: não considera o que tem de ser feito com subsídio. É isso o Estado mínimo a que o presidente Lula se refere. E concordo quando ele diz: para quem é rico, não interessa ter Estado. Para quem é pobre, o Estado ainda cumpre um papel fundamental. Qual é a diferença para os anos 50? Nos anos 50, o Estado empresário tinha lá sua função. Não tinha todas as empresas estruturadas. Como alguém em sã consciência, em pleno século XXI, em 2010, pode falar que o Estado brasileiro vai ser empresário? Isso é um equívoco monstruoso. Uma das grandes vantagens do Brasil é ter um setor privado forte. Vá a qualquer outro país da América Latina. Um dos problemas deles é que a economia é muito simples. Eles não têm empresários de porte. Nós estamos em outra fase. Somos um país cujas grandes empresas vão se internacionalizar. E quem é que vai apoiar isso? O Estado.

ÉPOCA – A oposição tem comparado sua candidatura à de um poste. O que a senhora acha dessa comparação?
Dilma –
Você acha que, como ministra-chefe da Casa Civil, eu sou um poste?

ÉPOCA – Provavelmente quem diz isso acha que sim.
Dilma –
Duvido. Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho. Duvido.

ÉPOCA – A senhora tem esperança de que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desista de se candidatar a presidente?
Dilma –
Para mim, seria muito bom que ele estivesse em meu palanque. Mas, seja qual for a decisão dele, vamos respeitar porque ele é do nosso campo. Ciro é uma pessoa especial. Foi um companheiro de governo e participou com a gente dos momentos mais difíceis quando, em 2005, o governo estava sofrendo um certo cerco. Quero estar com ele no mesmo palanque, mas não é a minha preferência que vai informar o que o deputado Ciro Gomes vai fazer.

ÉPOCA – Se a senhora for eleita, qual será o papel do presidente Lula em seu governo?
Dilma –
Olha, estou falando o que eu gostaria, tá? Acho que o Lula seria um dos melhores conselheiros que alguém poderia ter.

ÉPOCA – A senhora trabalha com a hipótese de que Lula possa ser candidato à Presidência da República em 2014?
Dilma –
Sem sombra de dúvida, ele pode.

ÉPOCA – Ele já falou sobre isso com a senhora?
Dilma –
Não. Vocês não conhecem o presidente se me perguntam isso. Ele jamais falaria isso.

ÉPOCA – A senhora, eleita, abriria mão de se candidatar à reeleição?
Dilma –
Desculpem, mas não vou fazer uma discussão dessas, né? O presidente Lula chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional, que o futuro dele é o que ele quiser.

ÉPOCA – O PT deseja mais espaço num eventual governo Dilma, pois considera que a senhora está à esquerda do presidente Lula. A senhora concorda?
Dilma –
Gente, que PT é esse? Dentro do PT não se fala isso.

ÉPOCA – Em entrevista ao blog de José DIrceu, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, diz que o partido espera mais protagonismo no governo Dilma.
Dilma –
Maior protagonismo que teve no governo Lula?

ÉPOCA – Sim.
Dilma –
Não sei o que Dutra quer dizer com isso. Porque o PT teve um grande protagonismo no governo Lula. E eu darei ao PT o grande protagonismo que o partido merece em qualquer governo. Agora, faremos um governo de coalizão.

ÉPOCA – A senhora é vista como durona e intransigente. Na Presidência, a senhora saberá ter a flexibilidade necessária para comandar um governo de coalizão?
Dilma –
Na chefia da Casa Civil, meu nível de negociação é um. Os ministros são meus pares. Então, o tipo de conduta é um. Quando há divergência, quem desempata é o presidente. Sigo a orientação do presidente. Quando você exerce outra função, tem de fazer outro tipo de negociação.


ÉPOCA – Mas a senhora tem talento para a conciliação como o presidente Lula?
Dilma –
Aprendi muito com ele. (risos) Isso aqui é uma escola. É uma coisa engraçada. Você aprende, por exemplo, que tem hora que é preciso deixar passar um tempo para tomar uma decisão. O presidente diz muito que onde estão os pés explica um pouco da cabeça.

ÉPOCA – Nos anos 60, a senhora foi guerrilheira e agora fala em democracia ocidental. Quando a senhora mudou?
Dilma –
Eu tinha 15 ou 16 anos, quando a ditadura começou. De 1964 a 1968, houve um endurecimento do regime. Minha geração experimentou a pior cara da ditadura: o estreitamento e a desesperança de que você pode modificar o país por meio de processos democráticos. Então, alguém que acreditava que seria possível a democracia naquele período era ingênuo, porque a realidade contrariava quem pensava isso. Esse processo vai levar a minha prisão em 1970. E veja como é interessante a vida. Quanto pior vai ficando a repressão, mais valor você vai dando à democracia. Quando você está na cadeia e vê tortura, morte e o diabo, o valor da democracia e o direito de expressão e de discordar começam a ser cada vez mais um valor intrínseco. Esse mecanismo não é só meu. É de minha geração, que saiu das trevas em relação à democracia – e passou progressivamente a lutar por ela como um valor fundamental.

 
Roberto Stuckert Filho
"Sem sombra de dúvida, ele (Lula) pode (ser candidato em 2014). Ele chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional, que o futuro dele é o que ele quiser"
PROTESTO
Manifestação contra o aborto em Brasília. Para Dilma, o assunto é uma “questão de saúde pública”

ÉPOCA – A senhora é a favor de julgar os acusados de tortura e terrorismo?
Dilma –
As pessoas que, como eu, participaram do processo de resistência à ditadura foram presas, condenadas, cumpriram pena, tiveram seus direitos políticos cassados. Não há nenhuma similaridade com a condição daqueles que torturaram. A Lei de Anistia está vigente. Essa é uma questão que está no Supremo Tribunal Federal (STF). O que o Supremo decidir tem de ser acatado por todos. Agora, uma coisa é uma atividade de violência de pequenos grupos, a grande maioria com idade até 25 anos, 26 anos. Outra coisa, muito diferente, é a violência do Estado, porque é desproporcional. Tanto que nós fomos punidos, sem direito a recurso qualquer. Fui condenada e cumpri pena maior do que minha condenação. Ninguém me ressarciu de nada.

ÉPOCA – O ex-ministro José Dirceu, no dia de sua posse na Casa Civil, chamou-a de “camarada de armas”. A senhora gostou?
Dilma –
Ele estava fazendo para mim um cumprimento, porque para ele era muito importante. Entendo assim. Havia várias características nas diferentes organizações de esquerda. A minha fazia certa crítica às ações armadas, principalmente assaltos a banco. Tínhamos uma crítica a isso, e isso está registrado. Não fui condenada por ação armada, porque não a pratiquei.

ÉPOCA – Como o câncer mudou sua vida?
Dilma –
Olha, o câncer muda a relação da gente com a vida. A primeira coisa mais forte que muda é o imenso valor que você dá a apenas viver. A gente passa o tempo inteiro da vida falando: “Ah, mas eu vou fazer isso, eu vou fazer aquilo, amanhã vai ser assim”. O câncer fala assim para ti: “Na verdade, a coisa mais importante é viver”. Sua relação com a natureza passa a ser também muito forte. Você pensa: “Será que vou ver o sol bater nas árvores?”. Olhei e fiquei pensando nisso. Você começa a ver o mundo com um olhar melhor. A segunda coisa é que você percebe que, como em vários outros momentos da vida, você conta com você. Você pode se derrotar se botar para dentro a doença. Ela foi extraída, mas tem de ter muito cuidado para não deixar ela entrar para dentro da cabeça, dos sentimentos, da visão de mundo. É preciso ter cuidado com isso, com aquela coisa insidiosa que se chama medo, que todos temos. É uma relação que só se resolve com você. Sempre há uma busca de transcendência, você acredita numa força maior, sobretudo porque tem uma imensa solidariedade das pessoas. Elas te passam uma coisa, dizem: “Eu vou rezar por você”. Essa é uma relação muito forte. Dão medalhinha. Me deram muita Nossa Senhora, muita oração. Também dão remédios, mandam vários produtos, cartas, há manifestações muito comoventes. Essa questão da reza é muito forte.

ÉPOCA – A senhora rezou?
Dilma –
Ah, você reza. Não é rezar, no sentido que a gente rezava quando era criança. Há outras formas. Tenho o hábito de recorrer a Nossa Senhora, por exemplo, quando o avião balança. Já tive turbulências pesadas na vida...

ÉPOCA – A senhora acredita em Deus?
Dilma –
Não sei se é o seu Deus, mas eu acredito numa força maior do que a gente.

ÉPOCA – Mas uma religião específica, a senhora não tem?
Dilma –
Não, mas respeito. Você tem de respeitar todas as religiões.

ÉPOCA – A senhora esteve num terreiro de candomblé na semana passada.
Dilma –
Sim, estive. O Ilê Aiyê é um terreiro de candomblé muito bonito e tem uma obra social muito importante.

ÉPOCA – É visível que a senhora tem cuidado mais da aparência.
Dilma –
Você acha que eu estou melhor, né? (Risos.)

ÉPOCA – Como a senhora lida com a vaidade?
Dilma –
Toda mulher é vaidosa. Se você disser a uma mulher que ela vai tirar um retrato, ela vai começar a ajeitar o cabelo, a dar um jeitinho, mesmo que ela esteja à vontade, natural. Fiz coisas boas para mim: tirar os óculos. Quando fazia 40 graus, meu nariz assava. Eu não tenho o osso central (entre os olhos). Os óculos não seguravam, caíam. Eu ficava com isso aqui vermelho (aponta para o meio do nariz). Foi um grande alívio voltar a usar lente de contato. Achei uma marca que eu consigo usar. É bom porque às vezes leio sem óculos, dependendo da hora. Como vocês sabem, dei uma arrumada, fiz uma plástica. A pessoa que quer fazer uma plástica deve fazer. Mas é importante cuidar para não perder suas características nem ficar muito puxada.

ÉPOCA – A senhora fez plástica porque quis ou foi orientada por marqueteiros?
Dilma –
Fiz porque botei minha lente. Quando você usa óculos, você não enxerga o rosto direito, e ele tampa suas rugas. Um dia de manhã, olhei meus olhos e falei: “Meu Deus do céu, que coisa horrorosa!”. Primeiro, fiz a lente. Depois, fiz a plástica. Eu me achei muito velha, então dei uma mudadinha. Não fiquei nova como eu queria, não, mas acho que melhorou! (Risos.)

ÉPOCA – A senhora pode ser a primeira mulher presidente do Brasil. Paradoxalmente, nas pesquisas a maior resistência a seu nome se dá entre as mulheres. Por que isso acontece?
Dilma –
É simples. As mulheres são mais críticas e analíticas. Vai passar um tempo, elas vão analisar, analisar, analisar. Espero que essa não seja a realidade depois. Quem me chamou a atenção para isso foram outras mulheres candidatas. As mulheres precisam primeiro confiar, levam um tempo maior a tomar posição. Mas, depois que tomam, nada nem ninguém as demove. Como vocês devem saber por experiência própria. (Risos.)

ÉPOCA – Qual é sua posição sobre o aborto?
Dilma –
Nenhuma mulher, feminista ou não, é a favor do aborto. Se você é mulher, consegue imaginar o que o aborto produz numa pessoa, o nível de violência que é. É extremamente distorcida essa questão de falar que fulana ou beltrana é a favor ou contra o aborto. É a favor ou contra o quê? Sou a favor de que haja uma política que trate o aborto como uma questão de saúde pública. As mulheres que não têm acesso a uma clínica particular e moram na periferia tomam uma porção de chá, usam aquelas agulhas de tricô, se submetem a uma violência inimaginável. Por isso, sou a favor de uma política de saúde pública para o aborto.

Apu Gomes
"Não acho que podemos tratar da droga com descriminalização. Estou muito preocupada com o crack. Crack mata, é muito barato e está entrando em toda periferia e nas pequenas cidades"
PERIGO
Jovem viciada fuma crack em São Paulo. Para Dilma, a repressão é necessária para resolver o problema, mas não basta


ÉPOCA – Alguma mulher próxima à senhora fez aborto?
Dilma –
Conheci mulheres que passaram por isso. Amigas minhas fizeram. Todas foram fazer chorando e saíram chorando. Não conheço uma que não tenha sido assim. Nunca tive de fazer aborto. Apenas, tive uma gravidez tubária.

ÉPOCA – Como a senhora vê a descriminalização das drogas?
Dilma –
A droga é uma coisa muito complicada. Não podemos tratar da questão da droga no Brasil só com descriminalização. Estou muito preocupada com o crack. O crack mata, é muito barato, está entrando em toda periferia e nas pequenas cidades. Não vamos tratar o crack única e exclusivamente com repressão, mas com uma grande rede social, que o governo integra. Há muita entidade filantrópica nas clínicas de recuperação. A gente tem de cuidar de recuperar quem já está viciado e cuidar de impedir que entrem outros. Tem de cuidar também para criar uma política de esclarecimento sobre isso. Não acho que os órgãos governamentais, Estado, municípios e União, vão conseguir sozinhos. Vamos precisar de todas as igrejas e entidades que têm uma política efetiva de combate às drogas. A questão da droga no século XXI é muito diferente daquele tempo de Woodstock, que tinha um componente libertário.

ÉPOCA – A senhora é a favor da repressão mesmo no caso de drogas leves, como a maconha?
Dilma –
Não conheço nenhum estudo que comprove que a droga leve não seja o passo para outra. Esse é o problema. Num país com 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, é complicado falar em descriminalização, a não ser que seja para fazer um controle social abusivo da droga. Não temos os instrumentos para fazer esse controle que outros países têm. A não ser que a gente tenha um avanço muito grande no controle social da droga, fazer um processo de descriminalização é um tiro no pé. O problema não é a maconha, mas é o crack. O crack é uma alternativa às drogas leves, médias, pesadas. Não é possível mais olhar pura e simplesmente para a maconha, que não é um caso tão extremo nem tão grave.

ÉPOCA – Qual é sua visão dos movimentos do Irã para fazer uma bomba atômica?
Dilma –
É preciso discutir o Irã sob outra ótica. Depois da Guerra do Iraque, temo muito essa história de que o Irã está fazendo isso ou aquilo. Se você não der uma abertura para o diálogo com o Irã, você vai isolá-lo. O Irã é uma economia sofisticada, um país nacionalmente íntegro, com unidade, e com mais de 70 milhões de habitantes. Não é algo que se possa tratar dessa forma.

ÉPOCA – Mas o governo do Irã há anos não deixa os inspetores das Nações Unidas entrar lá...
Dilma –
Vou perguntar uma coisa, a título de raciocínio. Não deu muito certo a política de invadir o Iraque e do Afeganistão, deu?

ÉPOCA – Provavelmente, não.
Dilma –
Pois, então, cuide-se com a política bélica anti-Irã, ou cuide-se com o isolamento do Irã. O que se faz é fortalecer a liderança do Irã na área. A experiência recente tende a nos levar a ser um pouco mais críticos. Não somos a favor de que ninguém construa bombas atômicas por aí, mas temos de discutir o desarmamento. Não tem o menor sentido os que se armam apontarem seu dedo armado para os outros. Temos de discutir internacionalmente uma política de desarmamento. Nós, do governo Lula, somos a favor da inspeção das armas, somos a favor do uso da energia nuclear para fins pacíficos e também somos a favor de que haja diálogo. Sem diálogo, não se constrói uma política correta.

Vahid Salemi
"Se você não der uma abertura para o diálogo com o Irã, vai isolá-lo. Não deu muito certo a política de invadir o Iraque e do Afeganistão, deu?"

RADIOATIVIDADE
O líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad não permite a visita de inspetores às instalações nucleares de seu país

ÉPOCA – A aproximação do Brasil com o Irã não afiança os abusos cometidos contra os opositores do regime?
Dilma –
Quando a gente faz a mesma coisa com os Estados Unidos, estamos afiançando Guantánamo (prisão em Cuba para os acusados de terrorismo)? Ou o que aconteceu em Abu Ghraib (prisão do Iraque onde iraquianos foram torturados por americanos)? Não estamos fazendo isso. Estamos nos relacionando soberanamente. Essa posição de interferência na política interna dos outros já levou a muitos problemas no mundo. Um exemplo é o Haiti, produto de uma política internacional que se julgava no direito de exigir A, B, C ou D do povo haitiano. Deu no que deu, um desastre.

ÉPOCA – Vários governos da América Latina, em especial a Venezuela, tentam controlar a mídia e cercear a liberdade de opinião. Qual é sua opinião sobre o governo do presidente Hugo Chávez?
Dilma –
No governo brasileiro, somos a favor da liberdade de imprensa e de livre manifestação, um direito fundamental da democracia. Não queremos cercear, controlar o conteúdo de jornais ou fazer nada similar. Mas não nos relacionamos com países exportando nosso modelo para ninguém, nem impondo esse modelo. Não fazemos isso. É muita pretensão quem acha que define de fora a política interna de um povo. Ela tem suas características, suas especificidades e suas realidades sociais. A Venezuela é uma realidade, nós somos outra. Temos uma relação com a Venezuela, sim, e mantemos essa relação. Temos também uma relação com o presidente Álvaro Uribe (da Colômbia), que está pedindo o terceiro mandato – e não tenho visto por aqui ninguém questionando o terceiro mandato dele.

ÉPOCA – A senhora vai ser avó. Como se sente?
Dilma –
Ter filho é um evento, uma coisa única na vida. Na minha vida, um momento importante foi o nascimento de minha filha. Agora, filho dá um trabalhão danado. Primeiro, porque, quando você é marinheiro de primeira viagem, não desgruda o olho. Segundo, porque é sua responsabilidade criá-lo. Terceiro, porque, depois que o filho cresce, você ainda tem o impulso de proteger. Fica preocupado, quer saber, não dorme. Desconfio que ter neto é uma espécie de ser um pai, ou mãe, irresponsável. Você pode fazer tudo para ele. Confia que tem lá uma pessoa que vai proibir de comer chocolate todo dia, não vai dar refrigerante, não vai deixar tomar sorvete toda hora. É uma grande, uma imensa, uma fantástica invenção divina um neto. Eu aguardo o meu ansiosamente.

Sulamérica Trânsito












LAST





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