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domingo, 8 de junho de 2014

Ganhei pinga por falar, diz testemunha de deputado Luiz Moura (SP) PT

Ganhei pinga por falar, diz testemunha de deputado
Luiz Moura (SP) PT


DIÓGENES CAMPANHA
Soube que você [repórter da Folha
] esteve aí no Paraná falando com minha irmã. Com quem mais você já falou? Te liguei para perguntar o que você tem [de informação]."



O questionamento é do deputado estadual Luiz Moura (SP), impedido pelo PT de disputar a reeleição deste ano, após investigação policial ter apontado a participação dele em reunião na qual estiveram presentes integrantes de uma facção criminosa.



O telefonema ocorreu às 20h40 da última terça (3). A reportagem estava em Umuarama, a 575 km de Curitiba, e o parlamentar, em SP.



Minutos antes, a Folha
havia conversado, em Cafezal do Sul, também no noroeste paranaense, com Sueli Pereira Domingos, 53, uma das irmãs do deputado petista.


Era na casa dela, no distrito rural de Jangada, que Moura estava em agosto de 1991, quando saiu de moto com um amigo e roubou dois supermercados. Um em Umuarama e outro em Ilhota (SC).



Capturado em seguida pela polícia, foi condenado a um total de 12 anos de prisão.



http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/14158234.jpeg"O lavrador Luiz Inácio da Silva, 74 e o deputado Luiz Moura (PT-SP)
O lavrador Luiz Inácio da Silva, 74 e o deputado Luiz Moura (PT-SP)



"Ele não tinha juízo, e mandaram ele vir aqui no Paraná fazer algo que você já sabe o que é, eu não vou citar", disse a irmã. "Mas ele já pagou e não deve mais nada. Mais do que isso eu não sei", completou Sueli, que culpa o amigo de Moura pelo crime.



Ela concordou falar sobre o petista, mas antes ligou para São Paulo e avisou a família. Em quase uma hora de conversa com a Folha
, recebeu quatro telefonemas, um deles do próprio deputado.


"Já falei o que é a nossa vida, né, Luiz, de sofrimento. Tá, vou dispensar ele então", disse Sueli. "Meu irmão não quer que eu fale nada para você", completou, após desligar o telefone.



Antes, a irmã havia contado que, no período em que Moura esteve preso, a mãe, Ivete, dizia preferir vê-lo morto em vez de encarcerado.



Ele cumpriu apenas um ano e meio de pena e fugiu da colônia penal. Voltou para São Paulo e foi empregado na empresa de equipamentos de segurança de um dos irmãos.



Em 2002, Moura decidiu pedir a retificação de sua certidão de nascimento. Natural de Batalha (AL), foi registrado em Iporã (PR), para onde a família migrou em 1971.



Na ocasião, seu advogado afirmou à Justiça que, embora ele tivesse nascido em fevereiro de 1971, no documento constava o ano de 1970.



Para embasar o pleito, apresentou registros de seu batismo em uma escola rural e os depoimentos de duas testemunhas, entre eles um xará do ex-presidente Lula.



O lavrador Luiz Inácio da Silva, hoje com 74 anos, declarou em cartório que Moura era um bebê recém-nascido em 1971, mas admite não saber qual era exatamente a finalidade do depoimento.



"Pediram pra eu falar que conhecia o Luizinho [hoje deputado] daquele tempo. Fui lá com o advogado e falei que conhecia. Me pagaram só uma pinga depois", disse o lavrador, que afirma conhecer "Luizinho" desde bebê.



A retificação dessa certidão foi fundamental para que Moura se livrasse da prisão. Com a "nova" data de nascimento, alegou que era menor de 21 anos quando roubou os supermercados, o que reduziu de 12 para 6

anos o prazo de prescrição dos crimes.



Mesmo tendo fugido da prisão, conseguiu extinguir a pena e obteve, em 2005, a chamada reabilitação judicial.



"Foi uma manobra bem articulada", disse à Folha
o juiz aposentado João Ricardo Cunha de Almeida, que condenou Moura em 1992.


Em Umuarama, os detalhes do crime de 22 anos atrás são tratados com discrição, especialmente após o recente noticiário que ligou Moura à uma facção criminosa.



O antigo encarregado do açougue do mercado, testemunha do processo, só aceitou falar sobre o caso ao lado de um advogado. Também pediu para não ser identificado. "Ele é mesmo do PCC?", perguntou o defensor.



Também cauteloso, o hoje comerciante Reinaldo Aparecido Pugin, 49, responsável pelos caixas dos quais Moura recolheu dinheiro e cheques e um dos que reconheceram os autores do crime, agora diz: "Nem vi eles".



Um policial que participou da prisão da dupla foi procurado pela reportagem, mas não quis falar. Disse ter medo "dessa gente do PT".



Em declarações recentes, o deputado estadual Luiz Moura negou ter qualquer tipo de envolvimento com o crime organizado e disse estar sendo vítima de uma perseguição política e da mídia.






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