Laudo sobre a causa da morte de Mércia Nakashima sairá em até 30 dias.
Sumida desde 23 de maio foi achada sexta (11) em represa; ex é suspeito.
Exames preliminares feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) no corpo de Mércia Nakashima indicam que ela sofreu uma fratura no maxilar, segundo informaram fontes médicas e policiais ao G1. A advogada foi enterrada no sábado (12) num cemitério em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Depois de ficar desaparecida desde o dia 23 de maio, a mulher foi encontrada boiando sem vida numa represa em Nazaré Paulista, no interior de SP, na sexta-feira (11). Um dia antes, o veículo dela, um Honda Fit prata, foi achado submerso no mesmo local. Para a Polícia Civil, a jovem de 28 anos teria sido assassinada. Seu ex-namorado, o também advogado Mizael Bispo, de 40 anos, é considerado o principal suspeito pelo desaparecimento e pela morte dela. Uma outra pessoa não identificada teria ajudado a cometer o crime. Bispo se diz inocente.
Hipótese 1
Peritos do IML ainda não sabem o que teria causado a lesão no osso da face de Mércia. A investigação policial trabalha com algumas hipóteses para explicar a fissura no maxilar. Uma delas é a de que ela foi agredida, ficou desacordada e alguém empurrou o automóvel com ela dentro em direção a água. Em tese, a vítima teria saído pela janela do motorista e pisado no teto –que está amassado.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já identificou a testemunha que afirmou ter visto o carro de Mércia ser empurrado na represa. Foi ela quem ligou para a família da advogada para fazer a denúncia que resultou no resgate do corpo da mulher e do veículo. Antes, o homem que disse ter presenciado a cena chegou a ligar para polícia. Ele mora na região de Nazaré Paulista e poderá entrar no plano de proteção à testemunha para prestar um depoimento formal à polícia. Esta testemunha e outra teriam opiniões divergentes sobre a data em que o carro teria caído na represa. A polícia investiga a suspeita de Mércia não ter morrido no mesmo dia em que desapareceu.
Hipótese 2
Outra possibilidade investigada pela polícia é a de que Mércia tenha batido a cabeça no volante do carro ao tentar fugir de alguém. Em seguida, teria entrado com o veículo na água. Nas duas hipóteses, a única certeza é a de que a advogada não sabia nadar, de acordo com os familiares. Policiais não descartam a probabilidade de ela ter sido morta em decorrência de um afogamento.
De qualquer modo, qualquer conclusão ainda é prematura. Até porque a causa da morte da advogada não foi esclarecida oficialmente pelo IML.
O atestado de óbito encaminhado à família da advogada para que ela pudesse ser sepultada neste sábado consta como “causa da morte a apurar ou indeterminada”. Nesse caso, apesar de a investigação suspeitar de que a mulher foi assassinada e que Bispo está envolvido no crime, ainda é preciso aguardar o resultado do laudo do instituto, que deverá ficar pronto em até 30 dias, para se ter alguma convicção. Tecnicamente, só o resultado dos exames dará elementos para a polícia saber se o caso é mesmo de homicídio ou não.
De acordo com os legistas ouvidos pela reportagem, inicialmente não foram encontrados ferimentos a faca ou projéteis de arma de fogo no corpo de Mércia, que vestia suéter roxo, calça jeans e tênis branco. As mesmas roupas de quando deixou a casa da avó em Guarulhos e sumiu por 19 dias.
Quatro exames do IML começaram a ser feitos em relação a análise feita no corpo de Mércia. Dentre os quais, um toxicológico e outro para se constatar se ela sofreu violência sexual. Na segunda-feira (14), a perícia técnica do DHPP pretende iniciar o trabalho para tentar recolher possíveis impressões digitais no Honda Fit de Mércia.
Busca e apreensão
De acordo com o DHPP, o GPS do carro de Bispo mostra que ele estava perto do local no mesmo dia onde Mércia foi vista pela última vez antes de sumir. O ex-namorado alega que estava com uma outra mulher em seu carro num estacionamento de um hospital próximo a casa da avó da advogada. Essa testemunha ainda não foi encontrada.
Além disso, as quebras do sigilo telefônico da vítima e do suspeito mostram que Bispo ligou para o telefone da ex no mesmo dia em que ela desapareceu.
Ainda na sexta, a equipe do delegado Antônio Olim, do DHPP, cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência e escritório do advogado. Foram apreendidos camisa rasgada nas costas e dois pares de calçados para serem periciados. A lama encontrada nos sapatos e tênis de Bispo será comparada com a terra da represa onde Mércia foi achada para saber se o suspeito estava lá.
Só em posse do conjunto de todos esses indícios é que a investigação poderá afirmar se a advogada foi mesmo assassinada e se possui elementos para apontar Bispo como o responsável pelo crime.
Polícia investiga se advogada achada morta foi levada para cativeiro
Márcia Nakashima foi sepultada neste sábado (12) em Guarulhos.
Para delegado que cuida do caso, ela foi assassinada há menos de 15 dias.
Policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investigam a possibilidade de a advogada Mércia Nakashima ter sido levada para um cativeiro antes de ser morta. Eles ouviram neste sábado (12) pessoas que afirmam ter visto a vítima ao lado de seu ex-namorado Mizael Bispo dos Santos, principal suspeito pela morte de Mércia, perto de uma favela, na periferia de Guarulhos.
Segundo o delegado que cuida do caso, Antônio Olim, Mércia deve ter ficado uma semana escondida em algum lugar antes de ser morta. "Ela ficou em algum lugar com mais gente envolvida e ela foi morta em outro domingo. Foi jogada naquele local como foi visto por um pescador", disse Olim.
Na sexta-feira (11) investigadores apreenderam dois pares de sapato e uma camisa rasgada na casa de Mizael. A perícia vai analisar amostras de terra encontradas no tapete do carro dele e nos sapatos apreendidos. Essas amostras serão comparadas com outras recolhidas na represa onde o corpo de Mércia foi encontrado. A polícia espera descobrir se Misael esteve lá.
Mércia Nakashima, de 28 anos foi encontrada morta na sexta-feira dentro de uma represa em Nazaré Paulista. Ela estava desaparecida desde 23 de maio, mas a polícia acredita que não tenha sido assassinada uma semana depois. Pelo estado em que o corpo foi encontrado, os legistas suspeitam que a morte ocorreu no máximo há 15 dias.
Corpo de Márcia Nakashima foi sepultado neste sábado (Foto: Roney Domingos/ G1)
O corpo de Mércia foi enterrado durante a manhã no Cemitério São João Batista, no centro de Guarulhos. O pai da advogada, que não conseguiu participar do velório, apareceu no último momento para se despedir da filha.
A represa onde o carro e o corpo da advogada foram encontrados é de difícil acesso. Por isso a polícia investiga a participação de mais de uma pessoa no assassinato. Segundo a família de Mércia, testemunhas viram ela sendo morta e chegaram a pedir ajuda.
O irmão de Mércia, Márcio Nakashima, afirma que houve falha do serviço 190. "Um pescador quando estava lá, ligou para o disque-denúncia, ligou para o 181 e a resposta que ele teve lá era que a polícia já estava cuidando do caso e ele deveria procurar o DHPP na segunda-feira de manhã, sendo que ele escutou a minha irmã gritando, ligou no 190 e ninguém pôde fazer nada." A PM informou que só durante as investigações vai ser possível saber se houve falha no serviço.
O ex-namorado de Mércia é apontado como principal suspeito. Mizael Bispo dos Santos foi soldado e cabo da Polícia Militar, mas se aposentou por invalidez depois de ser atingido por uma descarga elétrica. Afastado da PM, se formou em direito e se tornou sócio de Mércia num escritório de advocacia. Em entrevista ao programa Fantástico na semana passada, ele disse que estava sofrendo com o desaparecimento da ex-namorada.
"Eu estou sentindo o que a família está sentindo. Eu gostaria de ter desaparecido junto com ela porque não está sendo fácil para mim", disse Mizael.
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