Lula decidiu dar à classe média um presente de Natal. O governo deve anunciar nesta quinta (11) um pacote de redução de impostos.

As medidas recebiam os retoques finais na noite desta quarta (10). Visam aquecer o consumo, para atenuar os efeitos da crise.

O governo tenta evitar que a economia decresça demasiadamente no ano de 2009. Eis algumas das providências que devem ser anunciadas:

- Imposto de Renda das Pessoas Físicas: Hoje, vigoram duas alíquotas de IR: 27,5% e 15%. Devem ser criadas mais duas faixas.

Na manhã desta quinta, Lula baterá o matelo em relação aos percentuais. Pelas informações disponíveis, uma das novas alíquotas será de algo como 10%.

A outra deve ser fixada num percentual entre 22% e 25,5%. Essas novas faixas figorariam a partir do exercício fiscal de 2009.

- IPI de automóveis: O valor do Imposto sobre Produtos Industrializados varia conforme o modelo do carro. Hoje, as alíquotas vão de 7% (veículos populares) a 25% (de luxo).

O governo deve reduzir essas alíquotas. Coisa temporária, concebida para socorrer um dos setores mais afetados pela crise.

Em novembro, a venda de automóveis despencou 26%. Queda atribuída sobretudo à escassez de crédito ao consumidor.

Nesta quarta (10), em reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda), representantes das principais centrais sindicais fizeram um pedido.

Quem que o governo exija das empresas socorridas a contrapartida da preservação do emprego.

A Fazenda analisava na noite passada a hipótese de condicionar o benefício proporcionado pela redução de IPI de carros à manutenção da folha de salários.

- IOF: O Imposto sobre Operações Financeiras foi um dos que o governo aumentou em janeiro de 2008, para compensar as perdas que teve com a derrubada da CPMF.

A alíquota foi a 3,38%. Agora, submetido à nova realidade imposta pela crise global, o governo deve reduzir esse percentual nas operações de crédito ao consumidor.

O objetivo não é senão o de estimular o brasileiro a contrair dívidas para satisfazer as suas pulsões consumistas.

Antes de ser divulgadas ao público, as medidas serão expostas por Lula em reunião com a nata do empresariado nacional.

Conforme já noticiado aqui, o presidente recebe em Brasília, nesta quinta (11), duas dezenas de pesos pesados do PIB.

Lula dirá aos convidados que o governo está fazendo a parte dele. E pedirá aos empresários que abandonem o catrastrofismo, retomando os investimentos.

As novas providências constituem uma parte do "armamento pesado" que Guido Mantega diz estar à disposição do governo para enfrentar a crise.

Se confirmado, o refresco tributário deve render, noves fora o pretendido tônico do consumo, um subproduto político: Lula afagará a classe média, um pedaço da sociedade que se julga preterido pelo governo.

A generosidade terá um preço. Vai custar uma redução na coleta de tributos de 2009. O valor não foi, por ora, divulgado.