Ela está sempre correndo. São 120 laudas semanais de Donatela, de A Favorita, para decorar. Mas Claudia Raia ri. E brinca com a mudança de sua personagem, um dos assuntos mais falados da semana. Vamos no ritmo de Claudia... Ela adora sua boca. É controladora. É dona-de-casa, sim, e faz rondas. Está casada há 15 anos com Edson Celulari, 50 anos, algo raríssimo no meio artístico. Adora fazer cócegas no filho, Enzo, 11, até que implore pelo ''amor dos céus'' para que a mãe pare - e ele e Sophia, 5, podem pular para a cama dos pais pra dormirem juntos a hora que quiserem. Claudia é linda, mais do que na TV, e diz não fazer a menor idéia de como chegou assim aos 41. Tem horror a acordar cedo, mas acorda. Sai de cara lavada na rua, até com grampos, como o fez quando chegou para a entrevista com Contigo!, em uma tarde de sábado, em São Paulo. Faz terapia há oito anos. Atualmente, não vai ao cinema, não vai ao teatro, não sai para jantar com Edson e não lê nada. Ah, mas ouve o rap romântico Dilemma, de Kelly Rowland, em seu iPod. Calça 38 e diz que não tem base para seu 1,80 metro, por isso vive caindo. É uma pessoa família e completamente devotada a Edson, pode acreditar. O que mais você quer saber sobre Claudia? Ela mesma responde...
Aos 41 anos, você é uma mulher linda, tem uma carreira de sucesso, uma família perfeita. Falta alguma coisa?
Falta todo o resto da vida pra ser vivido, com saúde. Mas não tenho mais nada a pedir, só a agradecer. A vida me deu muito. Oportunidades, a chance de ter construído a família que eu construí, de ter encontrado Edson. Quando eu tinha 13 anos, o meu mentor, Lennie Dale (coreógrafo americano que viveu no Brasil a partir da década de 60), me disse: ''Você nasceu com duas coisas: sorte e talento. Se você não for uma estrela, eu a mato''. Isso foi uma ameaça quase de morte (risos)!
Mas não tem nenhum sonho por realizar?
Ah, tenho vários. Um deles é ter outro filho. Mas não sei se conseguiria. Teria de mudar toda a logística da minha vida. Eu trabalho muito e ter mais um bebê agora seria complicado. Enzo não quer, acha que vai ficar puxado para mim. Já Sophia, quer. Edson também quer. Mas ele acha que isso é uma decisão minha: se dou conta, se quero fazer isso com meu corpo, com minha carreira.
Como é a rotina da família quando vocês estão gravando?
Edson está no fim de Beleza Pura, está mais tranqüilo. Eu estou em um ritmo intenso. Ele fica com nossos filhos no fim de semana, e eu estou aqui (em São Paulo).
Você e o Edson têm uma história atípica na Globo, estão casados há 15 anos, com filhos, estáveis num meio em que há muito relacionamento começando e acabando...
Não é na Globo, é na vida. Quantos casais você conhece que estão juntos há muito tempo? Poucos, né! Na Globo ficamos expostos. As pessoas admiram, curtem. Somos mesmo uma dupla e somos queridos assim.
Depois de 15 anos casada, que recursos você usa para apimentar a relação?
Meus truques, não conto, mas que o sexo continua apimentado, continua! E Edson também participa, não dá pra fazer nada sozinha (risos). Vamos mudando de pimenta, uma hora é a dedo-de-moça, outra é o tabasco (risos).
Deve ter algo que você usa quando quer se sentir mais sexy...
Ah, esses são meus truques de mulher, e não vou lhe falar o que eu uso pra seduzir o Edson, né?
É mais no sentido de se sentir bonita e sensual...
Acho que nada deixa você sensual. É um estado de espírito, é um desejo que vem de dentro. Agora tem mil coisas: tem a calcinha especial, o vestido bacana. Ou tem um programa diferente, uma noite em que você rapta o marido e vai dormir em outro lugar...
O que faria você terminar seu casamento?
Edson é a minha outra metade, desde que o conheci, nunca me passou algo assim pela cabeça. Pensar em me separar seria o mesmo que pensar em morrer. Detestamos ficar separados. É um grude. Se a cama pudesse ser menor, seria ótimo. Mas vamos aumentando o tamanho da cama porque os filhos vêm dormir com a gente, pra caber todo mundo. Quando estão com muita saudade, as crianças se aconchegam com a gente.
Na rotina doméstica, vocês dividem, por exemplo, banheiro?
Eu e Edson temos banheiros separados. Acho fundamental para não perder a magia, o encantamento. É um momento muito particular. E não tem de ser dividido com a pessoa que é apaixonada por você.
Naquele início de relacionamento, quais foram as características do Edson que chamaram sua atenção?
Inteligência... Mas ouvi da minha terapeuta o seguinte... Um dos fetiches do homem é humilhar a mulher, ele tem uma tendência natural a diminuir a mulher. E o que enaltece a mulher é um homem que está livre desse monstro do machismo, dessa insegurança. O Edson é uma dessas exceções. Ele está o tempo todo disponível, opinando, sendo sincero. Ele sabe colocar uma mulher pra cima. Ele sabe impulsionar uma mulher. Eu acho, sim, que atrás de uma grande mulher, há um grande homem.
Você sente ciúme dele?
Ciúme eu tenho. Ele é adorável! Mas não tem nada que eu possa fazer, não tem como eu ficar cuidando dele, sabendo o que ele faz a cada minuto do dia.
Que parte de seu corpo você odeia?
Meus pés! E eu sou louca por pé! Já terminei relacionamento depois que vi o pé da pessoa (risos). Até passo a ter menos admiração por um amigo quando eu vejo que ele tem pé feio. Quando eu comecei a me interessar pelo Edson, um figurinista que trabalhou com a gente em Deus Nos Acuda colocava o personagem dele de sandália pra eu poder ver o pé. Era um golpe baixíssimo (risos)! Não tem uma parte do corpo do Edson que eu não goste. Talvez o pescoço, acho que podia ser um pouquinho mais longo. Ah, o pé do Edson é maravilhoso!
Gosta de usar salto alto, o Edson não fica baixinho?
Eu amo usar salto alto! O Edson tem 1,87 metro e eu tenho 1,80, ele não fica baixinho. Às vezes, dependendo do meu salto, eu fico um pouquinho acima dele, mas pouco, porque ele é muito alto.
Você é controladora? Gosta de tudo do seu jeito?
Eu sou controladora, sim. A casa é minha, gosto de dizer como tudo tem de ser feito. Estou numa novela, delego e tudo bem, mas eu quero saber como anda a minha casa, ter controle sobre aquilo que é meu, sobre meus filhos.
No início de A Favorita, se falou muito na personagem de Patrícia Pillar. E agora os holofotes viraram para você...
A novela tem duas protagonistas, são dois papéis importantes. Minha personagem assustou um pouco. Donatela é rústica, é pesada, tem uma coisa da pobreza, do peso. As pessoas estranharam.
De onde veio o jeito interiorano e angustiado de Donatela?
Eu me preparei com o Cacá Carvalho (55), que fez o Jamanta (em Torre de Babel, de 1998). Ele é um coach (treinador de elenco) maravilhoso. Tiramos totalmente a Claudia Raia. O andar, o glamour, a elegância. Ficou uma coisa dramática, trágica. Acho que está dando certo.
Você e a Patrícia são amigas?
Muito! A gente se adora. Ontem nós passamos o dia inteiro juntas. Acho que ela está fazendo um lindo trabalho. Ela faz uma personagem que não dá nenhuma dica, é uma coisa introspectiva, pequena no sentido maior da palavra. A Mariana Ximenes (27) também está muito bem. Não tem esse momento ''roubar a cena'' nessa novela.
Uma tarde com Claudia...
SALA BRANCA
São 14h30 em São Paulo. Elevador, porta e uma enorme e moderna sala branca. Claudia ainda não chegou. Livro de Marilyn Monroe num canto, livro do pintor brasileiro Carlos Araújo em outro. No ambiente da TV, um projetor e uma tela na parede. Retratos de Enzo e Sophia. Um pequeno forno a lenha redondo na varanda - será que Edson faz pizza ali?
ORGANIZADA
Um bilhete na copa exibe a letra redondíssima e fluida de Claudia, quase como as próprias curvas de seu primeiro nome. Pede para a empregada acordála. A organização de Claudia vai até o ponto de ter etiquetas compradas em Londres para grudar nas páginas de seus textos de novela. Uma fissura divertida nessa organização: a atriz vive perdendo a tal pasta de textos...
ELA ENGANA
Claudia chega! Cabelo preso de improviso por grampos, vestido cor-de-rosa leve, uma capa, salto alto e carrega sacolas - em uma delas, sapatos que comprou de presente para Mariana Ximenes. Óculos gigantes de diva, que ficam muito bem. Ela engana. Ao vivo, é alta, mas com jeito e graça de uma mignon. Acreditem...
ELÉTRICA
Na varanda, com luz natural, ela já está sendo entrevistada enquanto faz a maquiagem. E responde até quando o maquiador está passando o dedo e um lápis em sua boca, ou quando está com o curvex perto dos olhos. Ela vai falando, falando...
QUEM É ELA?
''Eu não sou essa pessoa que vocês acham que sou'', diz enigmática. A resposta era sobre não se importar com grifes de roupas, mas algo sugere que é mais do que isso. Claudia soa como uma pessoa muito ligada à família e não como uma mulher célebre e independente, que poderia estar, ''por acaso'', em uma família. Ela brinca e diz que vai colocar Enzo e Sophia em Malhação, para toda a família ocupar a faixa de horário noturna da Globo.
LOGO MAIS, AVÓ
Claudia é mais bonita pessoalmente. Plástica? Diz que talvez faça nos olhos mais para a frente. Botox? Diz que é complicado e não quer ficar com ''cara de meia esticada''. Agora, ela é mãe de Mariana Ximenes... ''Não me apego às coisas da idade, mas isso do envelhecimento precoce dos papéis é muito verdade. Uma hora você é filha, na seguinte, mãe, e, logo em seguida, avó da Henriqueta Brieba (risos)!''
FONTES, NÉ?
Enquanto come algumas azeitonas, pois precisava de algo salgado, ela vê um pequeno ventilador hi-tech ligado no laptop do fotógrafo. Diz: ''Me dá?'', num tom ''já deu!''. Thomas, velho conhecido dela, lhe dá, claro. ''Vou chegar em casa como quem não quer nada com ele. Meus filhos e Edson acham que eu não sei nada de acessórios. Vão ficar espantados e perguntar: 'Onde você comprou?' Vou dizer: 'Tenho minhas fontes...'''