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domingo, 25 de outubro de 2009

Ameaça de bomba atrasa votação no Uruguai


Miguel Rojo/AFP Zoom O ex-guerrilheiro José Mujica, da esquerdista Frente Ampla, é considerado um dos favoritos na disputa

O ex-guerrilheiro José Mujica, da esquerdista Frente Ampla, é considerado um dos favoritos na disputa

Da Redação, com informações da BandNews

mundo@eband.com.br

Uma ameaça de bomba suspendeu, por alguns momentos, a votação em duas mesas receptoras de Montevidéu, no Uruguai. O local é perto de uma escola no centro da capital uruguaia.

Policiais revistaram a área, mas nada foi encontrado. A Corte Eleitoral e o Ministério do Interior investigam o caso. Mas, segundo autoridades, trata-se de um alerta falso.

Cerca de 2,5 milhões de eleitores devem comparecer neste domingo aos locais de votação para para as eleições presidenciais e legislativas, que têm como principais candidatos o ex guerrilheiro José ´Pepe´ Mujica e o ex-presidente liberal Luis Lacalle (1990-1995).

A votação começou às 8h e prossegue até as 19h, mas o horário pode ser prorrogado em caso de filas. Se os 2.563.397 eleitores registrados não concederem mais de 50% dos votos a um candidato, o país terá um segundo turno no dia 29 de novembro.

Além de Mujica, candidato da coalizão de governo de esquerda Frente Ampla, e de Lacalle, do Partido Nacional (centro-direita), estão na disputa Pedro Bordaberry, filho do ex-ditador Juan Bordaberry (1973-1976), pelo Partido Colorado (centro-direita); Pablo Mieres pelo Partido Independente (centroesquerda) e Raúl Rodríguez pela Assembleia Popular (esquerda).

Os eleitores também votarão em dois plebiscitos: um para anular a Lei de Caducidade, que evitou processos por violações aos direitos humanos durante a ditadura (1973-1985), e outro sobre o direito de voto dos uruguaios que vivem no exterior.









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Lula, Cristo e Judas


Altino Machado às 11:27 am

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE

“Se Jesus Cristo nascesse no Brasil e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”. (Lula, em entrevista a Folha de S. Paulo, 22/10/2009).

Vamos ver se isso é verdade. Supunhetamos que Jesus nasceu em Belém. Podemos imaginar as circunstâncias. Foi assim: estamos na periferia de Belém do Pará, em 1980. Uma caboca bonita, do pé roxo e de olhar triste, chamada Maria, e seu marido Zé, trabalhador de uma serraria, visitam a prima Isabel. É de noite. Faz um calor amazônico. Eles sintonizam a Rádio Aurora, emissora concedida à cunhada do senador Gilvan Borges (PMDB/AP–vixe!). Eis que de repente o programa “Alô Alô Amazônia”, entre tantos avisos para os ouvintes do interior, coloca no ar um anúncio surpreendente:

- Alô, alô, Dona Maria! Alô, alô, Dona Maria, no bairro do Jurunas, Rua Mundurucus, esquina com a Travessa dos Apinagés! Gabriel, o Anjo do Senhor, anuncia que a senhora vai conceber e dar à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e reinará eternamente na casa de Jacó e seu reino não terá fim.

O último que soube da notícia foi seu Zé, coitado, ali, num cantinho, fumando um Continental sem filtro. Tentando disfarçar, Maria disse pra prima:

- Erraste, maninha! Eu, hein! A buchuda aqui és tu!

Acontece que uma buchuda sempre reconhece a outra. Bebel, grávida de seis meses de Zacarias, ex-jogador do Paissandu, avaliou com um olho clínico a barriga da prima e saudou:

- Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre.

A caboca Maria confessou, então, a recente gravidez e cantou o mais belo carimbó já gravado pelo Pinduca - o Magnificat:

- Dona Maria chegou, chegou, com a mandioca / Glorificando ao Senhor, Senhor, com a tapioca”.

E completou:

- O Senhor fez em mim maravilhas / Santo é seu nome. Saciou com tapioca os famintos / deixou os ricos sem nada. Derrubou do trono os poderosos / e exaltou os humildes.

Esse era o programa de vida da criança que ia nascer.

Entre os doutores

Pronto! Acabamos de parir o Cristo brasileiro do Lula. Ele nasceu num casebre, perto do Forte do Presépio, no dia 25 de dezembro de 1980, no segundo ano da presidência do general Figueiredo, sendo governador do Pará o coronel Alacid Nunes. O tetrarca de Ananindeua era Jader Barbalho, conde de Abacatal. Naquele mesmo ano, nasceu o PT, comandado por Lula, líder das greves históricas de quase 200 mil trabalhadores do ABC paulista, com piquetes e assembléias gigantescas em estádios de futebol.

Os pais de Jesus iam todos os anos, em outubro, para as festas do Círio de Nazaré. Numa dessas, o menino, que tinha apenas doze anos, se perdeu no meio de dois milhões de romeiros que seguiam à procissão. Maria e José registraram o desaparecimento na Delegacia do Jurunas, na av. Roberto Camelier. Três dias depois o acharam num auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), no Campus Universitário do Guamá, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.

Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com a sabedoria dele. E sua mãe lhe disse:

- Meu filho, que nos fizeste? Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.

Ele respondeu, conjugando o verbo saber como nenhum brasileiro o faz:

- Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu País? Estava conversando com doutores formados na França - Rosa Acevedo, Edna Castro, Raul Navegantes – mostrando pra eles meu compromisso com os famintos, os humildes, os cativos.

O menino cresceu em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. Fez tudo o que tinha de fazer. Foi batizado no bosteiro do rio Guamá, viajou pelo Marajó e baixo Amazonas, operou milagres – o maior deles foi sobreviver em condições de extrema miséria. Falou em comício, um deles com o palanque armado em cima de uma montanha:

- Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!

Eram promessas carregadas de esperanças, sonhos, utopias. Esse era seu programa! Para difundi-lo, arregimentou doze militantes, entre eles alguns pescadores e feirantes do Ver-o-Peso.

Foi aí que o conde de Abacatal resolveu tentá-lo, levando-o para a Jaderlândia, em Castanhal. Mostrou-lhe, o viveiro de rãs, os bois no pasto, as terras e as fazendas Rio Branco e Campo Maior, os cofres cheios de grana desviada do Banpará, e disse-lhe, com mesóclise e tudo:

- Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos e todos os projetos financiados com dinheiro da Sudam, que agora são meus. Tudo isso será teu, se renunciares a teu programa, te prostares diante de mim e beijares minha mão.

Beijo de Judas

Jesus Paraense respondeu, então, ao conde de Abacatal:

- Saca fora, capiroto! O meu reino não é o deste imundo. Está escrito: o Espírito do Senhor paira sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para anunciar aos cativos a libertação e a redenção.

Com essa atitude, Jesus Paraense recusou a coligação, mostrando que Lula se equivocou, não sobre a necessidade de fazer aliança, sem a qual não existe vida política, mas com a escolha dos parceiros.

Coligar é saudável. Mas com quem? Para que? O próprio Jesus Nazareno fez isso. Ele não precisou vir ao Brasil para atrair Judas, com quem de fato se aliou. Judas Iscariotes se tornou militante de seu partido, era o apóstolo responsável pelas finanças. Afinal, custa dinheiro fazer campanha pela Galiléia, Cafarnaum, Nazaré, etc. Judas, o cara que arrecadava fundos para as viagens, era uma espécie de delúbio sem mensalão. Mas quando Judas contrariou o programa traçado no Sermão da Montanha, Cristo rejeitou a aliança com ele e preferiu ser crucificado entre dois ladrões.

O erro de Lula, portanto, foi não definir os limites das alianças. Quando ele afirma que, aqui no Brasil, Cristo se aliaria a Judas, está tentando justificar seu pacto com Renan Calheiros, Sarney, Collor, Jader Barbalho, não em torno de princípios, mas do mais abominável fisiologismo, do toma-lá-dá-cá, trocando apoio por cargos, prebendas e favores, exatamente como fez o FHC.

Lula –eu acho– foi o melhor presidente do Brasil. Quem não concordar, que me indique outro: Deodoro ou Floriano? Prudente de Moraes? Sarney, Collor, Itamar? No entanto, Lula foi só isso: um presidente um pouco melhor que os seus antecessores. Mas ele não inovou, não avançou, não reformou, não revolucionou nada, como a gente esperava de um metalúrgico nordestino, sofrido e inteligente, num país sempre governado por doutores. Ao contrário, manteve e fortaleceu as forças políticas retrógradas, não tocou nas estruturas corrompidas, podres e arcaicas do Brasil.

Lula governou, renunciando a muitos itens do programa do PT, numa aliança na qual quem tem a hegemonia em diversas áreas é o Judas, que matou a utopia e impôs suas práticas políticas, sua metodologia, sua falta de princípios. O dano que isso causa à juventude não tem tamanho. Sinceramente, Lula poderia fazer muito mais na oposição, cobrando, exigindo, fiscalizando.

Se Cristo, imitando o Lula, aceitasse beijar a mão de Judas, a Última Ceia seria a primeira de tantos rega-bofes e acordos políticos. Através de decretos secretos, Pilatos nomearia tia Isabel para a Direção Geral de Creches, o primo João Batista para a Superintendência dos Cemitérios e até o Anjo Gabriel para o Conselho da ANAC, ganhando uma baba. Com o pacto, a governabilidade estaria garantida e Cristo não seria crucificado - é verdade - mas também não mudaria o mundo. Com essa base governista, sua gestão seria medíocre e seu reino teria fim, como o de Lula terá.

O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti .

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Passageira morre ao desembarcar no Galeão


Sandra Williams, filha da vítima no IML. Foto: Felipe O'Neill / Ag O Dia

Rio - A passageira Petrucia Williams, que viajava no voo da TAM JJ 8079 (trecho Nova Iorque - Rio), morreu ao desembarcar neste sábado no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador. Segundo laudo do IML, a passageira, de 68 anos, sofreu uma trombose venosa profunda, conhecida como síndrome do viajante.

A família da vítima alegou que ela estaria com oito mil dólares na cintura e cartões de crédito, que sumiram após o desembarque do corpo, que foi levado ao ambulatório do aeroporto e depois para o Instituto Médico Legal (IML) na Leopoldina.

A assessoria de imprensa da TAM só se pronunciou neste domingo: "Ela começou a se sentir mal quando a aeronave se aproximava da cidade, e o comandante acionou o pessoal de terra da TAM para que pedisse o socorro médico da Infraero, o que foi feito em seguida, às 5h05. O avião pousou e, às 5h28, abriu as portas. O atendimento de emergência não se encontrava no finger, e a passageira desembarcou acompanhada por um funcionário da companhia aérea, que a conduziria ao ambulatório ao aeroporto. Ainda no finger, porém, ela desmaiou. O serviço médico da Infraero foi acionado pela segunda vez e chegou ao local às 5h53, levando a passageira em uma ambulância. A TAM se solidariza com seus familiares e amigos"








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MARIA EDUARDA E CASTRO GOMES

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OS MAIAS, MARIA EDUARDA CHEGA AO HOTEL CENTRALcenter> Todo o conteúdo desse blog é originalmente do Blog do Planalto e está licenciado sob a CC-by-sa-2.5:
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SIMONE SPOLADORE , MARIA MONFORTE
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OS MAIAS










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Amigo Judas




sáb, 24/10/09
por gmfiuza |
categoria Geral

Lula não fez por mal. Ele é amigo de todo mundo. Já deu tapinha nas costas de Marmoud Ahmadinejad. E Judas nunca disparou um míssil nuclear clandestino. Não pode ser tão mau assim.

Um dia, Lula acordou invocado e ligou pro Bush. Questões de Estado se resolvem assim, com um telefonema e três piadas. Por isso o general Muammar Kadafi também é amigo do presidente brasileiro. E os terroristas das Farc ganharam acesso direto ao Palácio do Planalto.

Não pensem que se trata de uma grande conspiração de forças obscuras. Nada disso. Tudo é festa na DisneyLula.

Ele é o filho do Brasil. É o homem que sobreviveu ao companheiro Delúbio, ao companheiro Valério, ao companheiro Silvinho, ao companheiro Dirceu, aos companheiros Bargas, Lorenzetti, Valdebran e Gedimar. Quem Judas pensa que é?

Lula, o filho do Brasil, erradicou o mal. Sarney, Calheiros, Collor e companhia circulam alegres na sua aba, beneficiados pela imunidade moral do presidente. Estar com Lula é estar com Deus. Se bem que este último já já sai de moda.

Historiadores e teólogos se debruçam neste exato momento sobre os alfarrábios para ver se Judas alguma vez travou a restituição do imposto de renda, para gastar em campanha eleitoral fora de hora. Os estudiosos não querem retocar a biografia do traidor de Jesus. Só querem verificar se na Roma antiga uma trapaça dessas também ficava por isso mesmo.

O Brasil sairá da era Lula um pouco mais bagunçado. Um pouco mais unido também. Talvez nenhum outro líder nacional tenha sido tão representativo, e isso é um fato positivo. Também é fato que se trata de um presidente desestimulador de crises, com seu jeito de governar como se estivesse tomando uma cerveja depois da pelada.

Se vier por aí a filha do filho do Brasil, talvez os brasileiros tenham saudade da camaradagem entre Lula e Judas. A mulher-dossiê, alma gêmea do Iscariotes, não dá samba, nem filme-exaltação. No máximo, um roteiro de suspense.



  • Guilherme Fiuza

    Guilherme FiuzaJornalista, é autor de Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme. Escreveu também os livros 3.000 Dias no Bunker, reportagem sobre a equipe que combateu a inflação no Brasil, e Amazônia, 20º Andar, a aventura real de uma mulher urbana na floresta tropical. Em política, foi editor de O Globo e assinou em NoMínimo um dos dez blogs mais lidos nessa área. Este espaço é uma janela para os grandes temas da atualidade, com alguma informação e muita opinião.





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O Rio em guerra (trecho)



O ataque de traficantes a um helicóptero da PM e o flagrante de policiais roubando mancham a imagem da cidade e impõem uma questão: por que o Brasil não vence a violência?
Nelito Fernandes, Rafael Pereira e Ruth de Aquino
Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 24/outubro/2009.

Assinantes têm acesso à íntegra no Saiba mais no final da página.

André Mourão
Depois de ter sido escolhido sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro viu desabar seu discurso de paz. A cidade do futuro, das oportunidades, da Copa do Mundo, aquela que sonha com a grande virada, virou manchete de guerra, no Brasil e no exterior. Pela primeira vez na história dos conflitos em favelas, traficantes derrubaram um helicóptero da PM: três policiais morreram carbonizados. Quase 40 pessoas foram mortas nas ruas. Ônibus foram queimados.

Na mesma semana, a PM, ocupada em vingar seus heróis, viu a cara podre de policiais corruptos. “Marginais, criminosos e vagabundos”, nas palavras duras do governador do Rio, Sérgio Cabral (leia a entrevista). Um capitão e um sargento foram flagrados por câmeras roubando um par de tênis e uma jaqueta vermelha, furtados por assaltantes. A vítima, o coordenador da ONG carioca AfroReggae, ainda agonizava dentro de um banco quando a patrulha passou. Os policiais liberaram os assaltantes e confiscaram o furto para uso próprio. As imagens da vergonha foram gravadas e exibidas.

O Brasil avança na área social, tem uma economia estável e ganha respeito internacional. Por que não tem o mesmo sucesso no combate à violência? O que se pode fazer já para pacificar o Rio? ÉPOCA fez um diagnóstico dos principais desafios, ouviu especialistas. Um artigo exclusivo de Hugo Acero, um dos responsáveis pela pacificação na Colômbia, alinhava soluções já conhecidas pelos governos federal e estadual.

 Reprodução







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Isso tem que acabar





As quadrilhas de drogas são o mal que precisa ser extirpado de um Rio que entrou em uma nova era

Wilson Aquino

Foto: Eduardo Naddar/ap
CAÇA E CAÇADOR Polícia carioca luta com bandidos equipados com armas de guerra

Nos últimos anos, o Rio de Janeiro conquistou importantes vitórias nos campos político, econômico e cultural. Aos poucos a cidade começa a retomar para si o papel de um dos principais protagonistas de uma nova fase de desenvolvimento pela qual passa o Brasil. Este novo Rio que emerge agora atrai investimentos bilionários, fascina visitantes dos quatro cantos do globo e desponta para, uma vez mais, ser o símbolo de um Brasil que marcha rumo à potência mundial. Com todas essas conquistas, não há mais espaço para bandos de marginais financiados pelo tráfico de drogas, que precisam ser definitivamente extirpados dos morros cariocas. No sábado 17, a ousadia das facções criminosas voltou a se manifestar.

Com tiros de metralhadoras antiaéreas .30, os bandidos do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte, abateram um helicóptero da Polícia Militar durante uma operação que tentava acabar com uma guerra entre facções rivais pelo controle de bocas de fumo. Após cair, o helicóptero explodiu e matou três PMs que estavam a bordo. Ato contínuo, os traficantes, ligados ao Comando Vermelho, telefonaram para comparsas em outras favelas ordenando ataques em série em vários pontos da cidade, queimando ônibus e fechando o comércio. A guerra persistiu durante toda a semana e o número de mortos, até a sexta-feira 23, chegava a 33.

O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, afirmou que o fatídico sábado tinha sido "o nosso 11 de setembro" - numa referência aos atentados terroristas de 2001, em Nova York - e que a Polícia daria uma resposta à altura. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a compra de uma aeronave blindada e a liberação de R$ 100 milhões para o governo do Rio aplicar em segurança. Várias autoridades se manifestaram, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que cobrou uma atuação mais consistente do governo federal no combate ao crime organizado. O jornal inglês "The Daily Telegraph" disse que foi o pior ato de violência praticado pelo crime organizado no Rio e o "The New York Times" cravou como título de sua reportagem de duas páginas a pergunta: "O Rio consegue resolver o problema até a Olimpíada?" A resposta veio do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge. "Estamos confiantes de que os brasileiros encontrarão boas maneiras de aplicar medidas para resolver isso", disse ele, em Vancouver, no Canadá.

Foto: Eduardo Naddar/ap
Foto: Eduardo Naddar/ap

De modo geral, todos cobram a mesma coisa: uma solução imediata para a violência. Segundo o cientista social Antonio Rangel Bandeira, coordenador do controle de armas da ONG Viva Rio, os morros cariocas vivem uma escalada armamentista. "Nos últimos dois anos, a Polícia do Rio apreendeu mais de 40 metralhadoras .30. Essa arma derruba até avião", disse. Um estudo da ONG mostra que, dos 17 milhões de armas que existem no Brasil, seis milhões estão nas mãos de criminosos. Para o sociólogo Gláucio Soares, "a presença da Polícia tem que ser permanente, como no Dona Marta".

Máquin a pesada
R$ 4,2 bilhões
é o orçamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro para 2009

89,4%
desses recursos são usados com despesas correntes e pessoal

O secretário Beltrame, delegado federal, mandou um recado: "Tráfico de drogas é com a PF." E o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que não faltarão verbas para o combate aos bandidos. Durante a semana o conflito iniciado no sábado envolveu 11 comunidades e o próximo campo de batalha deverá ser o Alemão, um complexo de favelas onde estariam escondidos os cabeças do tráfico que deflagraram os conflitos. Eles precisam ser banidos da sociedade.








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Polícia corrupta,omissa e desumana

A ação criminosa de cabo e capitão choca o País, o Estado reage com firmeza e abre guerra à banda podre da PM do Rio

Eliane Lobato e Wilson Aquino

Contra-ataque Comando da PM agiu de forma rápida e exemplar

O País todo assistiu estarrecido aos vídeos de quatro câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais de uma rua do Rio de Janeiro nos quais se veem dois bandidos assaltando e matando um homem e, ato contínuo, dois PMs roubando os ladrões - que, ao final, seguem calmamente e em liberdade.

A vítima é o coordenador do AfroReggae, Evandro João Silva, 42 anos, e a tragédia aconteceu na madrugada do domingo 18, na rua do Carmo, no centro. Se isso não fosse suficiente para atingir em cheio a alma de qualquer cidadão, duas novas informações, dadas posteriormente, completariam o trabalho.

A primeira: Silva talvez pudesse ter sido salvo, já que ainda se movimentava quando a viatura policial passou e não prestou socorro. A segunda: um dos policiais é capitão e sua função era justamente fiscalizar os PMs que trabalhavam naquela região naquela madrugada. A reação do governo e do comando da PM foi firme e imediata. Os policiais envolvidos são o capitão Dennys Leonard Nogueira Bizarro e o cabo Marcos de Oliveira Salles, e ambos já estão presos administrativamente.

Os assassinos continuavam foragidos até o fechamento desta edição, na sexta-feira 23. O cadáver de Silva foi sepultado no cemitério do Caju. Agora, são só lágrimas: a família dele chora, os integrantes do AfroReggae choram, e até outros bandidos em presídios manifestaram tristeza e comoção. Silva desenvolvia o projeto Rebelião Cultural para os carcerários em Bangu II, III e IV.

A sociedade, de modo geral, também está de luto e se indigna. A reação do governador Sérgio Cabral não foi diferente de qualquer outro cidadão. "Vagabundos! Safados!" foram alguns dos termos usados por ele para extravasar sua revolta. Partiu do governador a decisão de demitir o relações-públicas da Polícia Militar do Rio, o major Oderlei Santos, que classificou o episódio de mero "desvio de conduta". Cabral disse que "ele se comportou como um advogado de defesa de policiais" e reagiu com veemência: "Isso eu não admito.

Há registros contundentes de um mau comportamento de um capitão e policiais militares, mas temos a grande maioria combatendo o crime, dando as suas vidas." Sobre os PMs criminosos, o governador disse o que todos esperavam ouvir: "Têm que ser banidos da corporação e responder criminalmente pelo que fizeram."

PAPEL TROCADO Cabo Marcos Salles é detido após imagens irem ao ar

O horror gerado pelo fato registrado nas câmeras, segundo a psiquiatra Vera Lemgruber, provoca apatia, sensação de desânimo, inutilidade, desamparo, incapacidade de reação - os sentimentos são individuais, mas o fenômeno é coletivo.

"Essas sensações podem levar à depressão e se alastrar para outras áreas da vida, como a profissional e a pessoal", diz ela. A longo prazo, o efeito catastrófico se pulveriza na "certeza" de que "nada adianta" e de que ninguém presta.

Ação e habilidade para lidar com o caso é o que pede o coordenador-executivo do grupo AfroReggae, José Júnior. À ISTOÉ, ele disse que tudo o que vimos até agora pode ser apenas a ponta do iceberg. "Um capitão não iria se sujar por uma jaqueta e um par de tênis. Quando os policiais achacaram os bandidos, só um criminoso é liberado.

Cadê o outro? Isso deu a entender que os PMs soltaram um deles para arrumar dinheiro. Seria uma espécie de pagamento de resgate", raciocina ele. O chefe do Ministério Público do Rio, procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes, pede pena de latrocínio para todos os envolvidos, tanto os policiais militares quanto os bandidos. "Merecem uma condenação por latrocínio, como dispõe o Código Penal." O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Luiz Zveiter, fala sobre a possibilidade de uma parceria imoral entre os policiais e os bandidos.



LUTO Integrantes do AfroReggae pedem que justiça seja feita

"Parece que foi coisa de encomenda. A impressão é de que os policiais sabiam que o fato ia acontecer e foram coniventes." A conivência, para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Margarida Pressburger, é um conceito que tem de ser repensado por todos.

"A sociedade é conivente quando dá um dinheirinho para o policial que a flagrou num delito de trânsito, por exemplo, para escapar de uma multa. Conheço gente que faz isso", diz. Margarida lembra que não se pode culpar todos os policiais pelos atos criminosos de alguns.

"Recebo denúncias de PMs que invadem barracos em favela para roubar e recebo, também, elogios para outros policiais que protegem esses mesmos cidadãos." Em depoimento na delegacia, o capitão Bizarro negou a omissão de socorro. Cínico, alegou que não percebeu o corpo da vítima estirado na calçada. Quem viu as imagens dezenas de vezes, como o líder do Afro- Reggae, José Junior, não aceita a tese.

"A câmera mostrou os bandidos fugindo tranquilamente com as coisas do Evandro e 17 segundos depois chegou a viatura. Evandro foi baleado e ficou caído numa calçada pequena. Ali é apertadinho não tinha como os PMs não vê-lo. Ele estava vivo ainda, se mexendo", disse José Junior. Para o antropólogo Gilberto Velho, o horror exibido pelas câmeras não é novo - "vem de décadas" -, a novidade é a prova do crime gravada.

E aponta o que defende como solução: "Reforma da polícia, ouvidoria externa e independente, acabar com a fusão entre polícias civil e militar, melhorar os salários e oferecer treinamento regular." É uma pena que nada, entretanto, poderá aliviar a dor de Inácio João da Silva, 75 anos, pai de Silva.

"Se eu estivesse cara a cara com o chefão da polícia, queria pedir para ele pôr os culpados na cadeia, para eles mofarem lá. Não em prisão administrativa. Policial que faz isso é mais bandido do que os bandidos. Disseram que não viram o Evandro, mas a jaqueta e o tênis eles enxergaram bem. Agora, só nos resta pedir justiça", diz

Um obcecado por tirar jovens do crime

O professor de informática Evandro João da Silva, 42 anos (foto), trabalhava há nove no AfroReggae. Ele entrou para o grupo como instrutor de jovens da favela de Parada de Lucas, onde nasceu. Para muitos, ele apresentou o complexo mundo dos computadores e abriu portas profissionais. Mas sua obsessão era mesmo afastar garotos pobres do mundo do crime.

"Quando estava estudando, meu filho queria ser analista de sistemas. Mas fez pedagogia para cuidar das crianças e ia se formar no fim do ano. Ele era muito querido por todo mundo" disse o pai dele, o cozinheiro Inácio João da Silva, 75 anos. Alegre, inteligente e sempre solícito para prestar ajuda, Silva logo foi alçado ao cargo de coordenador do núcleo de Parada de Lucas, gerenciando todos os projetos do AfroReggae na comunidade.

Depois, foi promovido a coordenador da equipe técnica do grupo, tornando-se responsável por projetos culturais e pelo atendimento psicológico e pedagógico dos núcleos do AfroReggae. "Evandro era um cara do bem, é uma perda irreparável que se torna mais dolorosa pela maneira como tudo aconteceu", afirmou o coordenador-executivo do AfroReggae, José Júnior.

Ultimamente, Silva atuava em projetos para ressocializar presos. "Ele trabalhava nas áreas mais explosivas do Rio e nunca teve problemas", lembrou José Júnior. Há três anos, Silva conseguiu realizar o sonho da maioria dos moradores de morros: mudou-se para um pequeno apartamento no centro do Rio, local onde acabou sendo assassinado.

Colaborou Renata Cabral







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Igor Ferreira da Silva :"Agora acabou tudo"

Em oito anos e meio de fuga, o ex-promotor Igor Ferreira da Silva, condenado pela morte da mulher grávida, chegou a morar em condomínio de luxo e agora foi preso sem dinheiro no bolso

Solange Azevedo e Luiza Villaméa

fotos: JOS E PATRICIO/AE; hei tor hui/ae ; ar te:
CÁRCERE Igor, ao ser preso, em São Paulo: em 2012, ele poderá pedir o semiaberto

"Parece que é filme, não parece real. Agora acabou tudo, não é verdade?" O desabafo foi feito pelo ex-promotor de Justiça Igor Ferreira da Silva, 42 anos, a uma investigadora numa ampla sala da 5ª Seccional, na zona leste da capital paulista. A policial teve vontade de responder que a tarde daquela segunda-feira 19 não era o fim. Era, na verdade, o início do acerto de contas dele com a Justiça.

Mas se manteve calada. Em 2001, Igor foi condenado à perda do cargo de promotor e a 16 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato da mulher, Patrícia Aggio Longo, em 1998, e pelo aborto do bebê que ela carregava no ventre. Passou oito anos e meio foragido, na maior parte do tempo, usando óculos escuros e boné para esconder a calvície. Circulou pelo interior de São Paulo e pelo Sul do País. Policiais acreditam que ele também tenha passado pela Argentina e pelo Chile.

A imagem daquele homem com dentes estragados, atordoado e franzino - 50 quilos distribuídos em 1,68m -, sentado diante de um delegado, sepultou o que Igor fora no passado. Durante uma década, ele trabalhou para botar bandidos atrás das grades. Primeiro como delegado, depois como promotor. No Ministério Público, se especializou justamente em acusar homicidas. Igor permaneceu cerca de duas horas na 5ª Seccional, sempre cordato e falando baixo. Assustou-se quando a cadeira de rodinhas em que estava se reclinou demais. Aceitou um copo d'água, dispensou o café. Contou que não suportava mais a vida de fugitivo. "Ele disse que aquilo era um carma", afirma o delegado Nelson Guimarães. "E que tinha esperança de provar sua inocência. Mas que, se isso não acontecesse, cumpriria a pena se fosse a vontade de Deus."

fotos: JOS E PATRICIO/AE; hei tor hui/ae ; ar te:

A prisão de Igor causou mal-estar na Secretaria da Segurança Pública. Na versão da polícia, o ex-promotor foi capturado graças a uma denúncia anônima. "Ele não foi preso, se apresentou. Quem telefonou para a polícia e avisou o local onde ele estaria foi um dos irmãos", diz o advogado Henrique Ferreira da Silva Filho, pai de Igor. Silva Filho afirma que o aconselhava a se entregar havia muito tempo. "Em menos de três anos, ele terá direito de pedir o semiaberto (regime em que os presos dormem na cadeia, mas saem durante o dia para trabalhar). Se ele tivesse feito isso antes, já poderia estar reconstruindo a vida. A questão da culpa, questionaríamos depois." Nessa temporada de fuga, o crime de aborto não consentido prescreveu. A pena de 14 anos pela morte de Patrícia seria somada apenas aos três anos da condenação por porte ilegal de armas.

A defesa de Igor insiste que ele é inocente e que a polícia, por motivos não revelados, ignorou outras possíveis linhas de investigação.

fotos: JOS E PATRICIO/AE; hei tor hui/ae ; ar te:

"O processo tem uma coleção de provas extremamente contundentes", afirma a procuradora de Justiça Valderez Abbud, que atuou no caso. Segundo ela, da lista de provas consta que a família de Igor teria tentado pagar para que um presidiário assumisse o assassinato de Patrícia.





O paletó entregue para a verificação de supostos resíduos de pólvora não foi o que Igor usou no dia do crime. "O exame de balística mostrou que os tiros que mataram Patrícia partiram da mesma arma que disparou 43 cápsulas apreendidas pela polícia na casa de Igor." O ex-promotor costumava recarregar cápsulas usadas para a prática de tiro ao alvo.

fotos: JOS E PATRICIO/AE; hei tor hui/ae ; ar te:
"O meu filho não teve direito a ampla defesa. Vou pedir a nulidade do julgamento
Henrique Ferreira da Silva Filho, pai de Igor

O pai de Igor afirma que o filho não teve direito a ampla defesa. Por ter foro privilegiado, foi julgado por um grupo de desembargadores - e não por cidadãos comuns, no Tribunal do Júri. "Antes de definir se o meu filho era culpado, os desembargadores já discutiam a pena", diz Silva Filho. "Eles fizeram pré-julgamento. Não foram imparciais." Apesar de atender num escritório modesto na zona norte de São Paulo, Silva Filho é um advogado experiente e requisitado. Um de seus clientes, o colombiano Jorge Enrique Rincón Ordoñez, encarcerado no interior do Estado, é considerado um dos maiores traficantes de cocaína do mundo. Ordoñez foi preso no Brasil, no início deste ano, quando comprava dois jatos avaliados em US$ 1 milhão cada um. Os aviões seriam usados para transportar toneladas de drogas ao Exterior.

A defesa de Igor estuda pedir a nulidade do julgamento. E se apoia em testes de DNA para lançar dúvidas sobre as provas colhidas durante as investigações. Meses depois do homicídio, o então advogado de Igor - o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos - pediu a exumação dos corpos de Patrícia e do bebê. A intenção era ratificar que Igor não teria motivos para matar a mulher e o próprio filho e desmentir rumores de que uma suposta traição teria motivado o crime. De acordo com o exame, conduzido por um perito indicado pela Justiça, Igor não seria o pai da criança. "Isso pegou todo mundo de surpresa", afirma a procuradora Valderez. "Até porque seria estranho alguém saber que não é o pai e pedir um exame. Mas há tantos filhos que matam pais e pais que matam filhos que isso não teria importância naquele momento."

Apesar de o teste que excluiu a paternidade não ter sido usado contra Igor no julgamento, tanto a defesa dele quanto a família de Patrícia têm sido contundentes nas críticas ao laudo judicial. Citam resultados de três laboratórios particulares, contratados pela defesa. "O nome da minha irmã foi jogado na lama. Não estou aqui para contestar as provas do processo, porque esse papel é dos advogados do Igor. O que quero é defender a Patrícia", diz o empresário Eduardo Aggio Longo, 33 anos. "Acredito que não foi o Igor que puxou o gatilho da arma que a matou porque não tinha motivos para isso, mas a minha irmã morreu por causa dele. Não sei em que Igor está metido." O pai de Igor afirma que o filho tinha inimigos na polícia e no Ministério Público. Segundo Eduardo, o então cunhado relatara já ter sido ameaçado por homicidas que ajudara a condenar. Mas que nunca havia levado essas ameaças a sério.

A pedido de ISTOÉ, dois geneticistas avaliaram o laudo produzido pelo perito indicado pela Justiça e pelos três laboratórios contratados pela defesa de Igor. "Embora o laudo do perito oficial esteja fora dos padrões atuais e existam inconsistências, provavelmente, se o exame fosse repetido hoje, a exclusão da paternidade seria confirmada", afirma Martin Whittle, médico geneticista pela Universidade de Londres. "Faltou rigor científico-acadêmico ao perito oficial. Não é possível garantir que o resultado apontado por ele está certo nem que está errado. Para termos certeza, é necessário repetir o exame", diz Rodrigo Soares de Moura Neto, professor de genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Patrícia era a mais velha de três filhos. Eduardo conta que a irmã, então com 27 anos, andava feliz com o casamento e a chegada do primeiro bebê. Patrícia e Igor se conheceram na universidade. Ela era aluna de direito, ele professor. Entre namoro e casamento, o casal conviveu durante três anos. Depois do crime, Igor continuou frequentando a casa dos Aggio Longo. Costumava visitá-los às quartas-feiras, depois das reuniões da maçonaria, como fazia enquanto esteve casado com Patrícia. Como fez na noite da quarta-feira fria em que Patrícia e o filho perderam a vida.

FUGA DE ALTO PADRÃO

Quando recebeu voz de prisão, o ex-promotor Igor Ferreira da Silva estava com uma aparência deplorável, sem documentos e sem dinheiro. Essa, no entanto, não foi a realidade do período em que esteve foragido. Pelo menos os primeiros tempos Igor passou na casa número 14 de um condomínio de alto padrão, próximo da Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC). A casa havia sido alugada por um de seus irmãos, o advogado Iudi Ferreira da Silva, de um professor da Universidade Federal de Santa Catarina que viajara para a França. "Esse irmão, aparentemente, estava na cobertura", diz o delegado Renato Hendges, da Divisão Anti-Sequestro da polícia catarinense

Em Florianópolis, Igor andava sempre de boné e óculos escuros. À época, exibia um cavanhaque, mas não vivia escondido. Voava de asa-delta e chegou até a comparecer a uma festa de aniversário na casa de uma família que conhecera ainda na cidade de Atibaia (SP), durante a prática do esporte. Tanto a família quanto o presidente de um clube de asa-delta confirmaram a informação na polícia, que obteve autorização judicial para interceptar duas linhas de telefone usadas por Iudi. Delas, partiram muitas ligações para São Paulo, Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e para o Chile. De um café em frente ao condomínio, o delegado paulista Aldo Galeano Junior, que desembarcou em Florianópolis atrás de Igor, acompanhou o movimento da casa.

"Durante quatro dias, observamos o condomínio e seguimos o irmão do Igor", conta Galeano Junior. "Ele namorava uma moça que trabalhava numa loja de grife do Shopping Beira-Mar." O trabalho, porém, não resultou em prisão. "Quando fizemos a investigação, o Igor já havia decolado", lembra Hendges. Os policiais tampouco conseguiram confirmar que, após sofrer um pequeno acidente de asa-delta, ele teria passado por uma cirurgia no pé no Rio, usando a carteira de convênio do irmão. Assim como ocorreu em Florianópolis e no Rio, em diferentes ocasiões policiais tentaram localizar Igor em outras cidades. "Quando a polícia chegava, ele já havia partido", lembra Marco Antônio Desgualdo, então delegado-geral de São Paulo, o primeiro a receber a informação de que Igor fora visto em Florianópolis. "Ele tinha uma rede de apoio que dificultou sua localização."





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