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domingo, 16 de janeiro de 2011

#rio : Número de mortos após chuva chega a 631 na região serrana do Rio


DE SÃO PAULO

O número de mortos em consequência das chuvas em cinco municípios da região serrana do Rio chegou a 631 na tarde deste domingo, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil. Equipes e moradores ainda buscam vítimas.

Moradores ainda buscam corpos em Teresópolis
Cabral decreta calamidade pública em 7 municípios
Veja lista parcial com as vítimas
Leia relatos sobre os estragos
Saiba como fazer doações para as vítimas das chuvas
Veja como ficaram os pontos turísticos
Veja imagens dos estragos no Rio
Veja cobertura sobre chuvas na região serrana do Rio

As mortes ocorreram em Nova Friburgo (285), Teresópolis (269), Petrópolis (56), Sumidouro (19) e São José do Vale do Rio Preto (2). Inicialmente, a Prefeitura de São José do Vale do Rio Preto havia informado que quatro pessoas haviam morrido na cidade, mas a informação foi corrigida no sábado.

POLICIAMENTO

O Comando Geral da PM do Rio determinou na manhã deste domingo a prisão de comerciantes que estiverem cobrando preços abusivos na região serrana. A medida é válida para as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis e tenta coibir a prática de crimes contra o consumidor.

Segundo o porta-voz da Polícia Militar, coronel Lima Castro, 400 homens da corporação ajudam nos trabalhos de socorro e segurança das vítimas. Em meio a tragédia, tentativas de saque foram relatas por comerciantes.

Depois da tragédia, a população de Nova Friburgo começou a sofrer com o racionamento de comida. Assustados com a dimensão dos estragos causados pelas chuvas, os moradores passaram a tentar estocar comida, apesar da grande quantidade de donativos enviada para a região. Isso provocou uma disparada nos preços.

As chuvas também ilharam produtores rurais e destruíram plantações principalmente de verduras e hortaliças. Como consequência, os produtos já começam a sumir dos supermercados da capital fluminense e, quando encontradas, os preços mais do que dobraram em relação à semana passada.


Hudson Corrêa/Folhapress
Entre escombros, moradores de Teresópolis ainda buscam corpos soterrados no bairro Campo Grande; veja imagens
Entre escombros, moradores de Teresópolis ainda buscam corpos no bairro Campo Grande; veja imagens

CALAMIDADE

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), decretou neste domingo estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal.

No sábado (15), foi decretado luto oficial de sete dias no Estado e de três dias no Brasil.


Felipe Dana/AP
Luis dos Santos, 67, é resgatado neste domingo após ficar vários dias isolado; veja mais imagens
Luis dos Santos, 67, é resgatado neste domingo após ficar vários dias isolado; veja mais imagens

SUSTO

O governador Cabral sentiu ontem na pele o efeito das chuvas na região serrana. Com visita programada a Nova Friburgo para as 11h, ele não conseguiu pousar na cidade de helicóptero e teve que descer em Cachoeiras de Macacu, a 40 km.

No meio do caminho, na rodovia estadual RJ-116, caiu uma chuva forte e houve um deslizamento abaixo do nível do asfalto, que começou a se desfazer. "É assustador. De repente a água vem e a estrada que estava semibloqueada começa a ruir", disse Cabral.

Anteontem (14), Cabral afirmou hoje que haverá o momento de se fazer "autocrítica" e "avaliação" sobre a tragédia na região serrana, mas que ainda não era hora.


Tarja para tema de chuvas
16/01/2011 - 18:31


Chuvas

O estado partido: queda de pontes em Bom Jardim isola cidades ao norte de Friburgo

Governo pede ajuda às Forças Armadas para reconstruir ligação na RJ116. Recomendação é para que motoristas evitem transitar pela serra

João Marcello Erthal e Cecília Rito, do Rio de Janeiro
A ponte da RJ-116 sobre o Rio Grande, na altura do bairro Bem-te-vi: estrada é a ligação do norte da região serrana com Nova Friburgo e a capital

A ponte da RJ-116 sobre o Rio Grande, na altura do bairro Bem-te-vi: estrada é a ligação do norte da região serrana com Nova Friburgo e a capital (Ana Amélia Erthal/Divulgação)

A força da enxurrada que devastou Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis tem impacto em uma região muito mais ampla que os bairros que registraram mortes e casas destruídas. Os danos à infraestrutura dos municípios ao norte desta parte do estado ainda são incalculáveis e, com a destruição de pontes nas principais rodovias de acesso à capital, ainda não há sequer previsão de normalização do abastecimento e dos transportes.

Na manhã deste domingo, o governador Sérgio Cabral decretou estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal. A decisão, informa uma nota oficial do Palácio Guanabara, visa a dar agilidade para a contratação de serviços, aquisição de materiais e execução de obras. O decreto de estado de calamidade pública permite dispensa de licitação para reabilitação das cidades mencionadas e destruídas. As medidas entram em vigor na segunda-feira, 17.

A queda de três pontes deixou os municípios a partir de Bom Jardim, a 25 quilômetros de Nova Friburgo, separados do sul do estado. Na manhã da quarta-feira, 12, a força da correnteza do Rio Grande, que recebe toda a água do Rio Bengalas, de Nova Friburgo, varreu casas, derrubou barreiras e praticamente dobrou a calha do curso d’água que se conhecia há mais de 50 anos.

Como explicou ao site de VEJA o prefeito Affonso Monnerat, de Bom Jardim, a cidade ficou partida em quatro. “A ponte da RJ 116 sobre o Rio Grande separou o Centro do bairro Bem-te-vi e da comunicação com Nova Friburgo. As barreiras impedem acesso à zona rural, Barra Alegre. A queda de outra ponte impede a passagem para o distrito de Banquete”, disse. O próprio prefeito só conseguiu chegar ao centro da cidade na quinta-feira, depois de ficar isolado na zona rural do município. A Polícia Militar trabalha para a recuperar as pontes da cidade. “O maior problema de Bom Jardim é o isolamento. Lá está péssimo. Estamos dando prioridade para o município também”, afirma o porta-voz da PM do Rio, Coronel Lima Castro.

A partir de Bom Jardim, pela RJ116, chega-se aos municípios de Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo e Macuco, pólo produtor de cinema do estado do Rio. “A produção de cimento, assim como as pequenas indústrias locais e os produtor da lavoura dessas cidades precisa, agora, dar uma volta de 300 quilômetros para chegar ao Rio”, detalhou o secretário de governo de Bom Jardim, Descio Frerie. A Ampla conseguiu religar cerca de 80% da energia elétrica em Bom Jardim. Mas a cidade ainda não tem nenhum telefone – fixo ou celular – em operação. A promessa das operadoras é de que a situação começasse a se normalizar neste domingo.

Ismar Ingber

Cratera aberta na RJ-116, em Nova Friburgo: risco permanente de novos deslizamentos

Cratera aberta na RJ-116, em Nova Friburgo: risco permanente

A RJ-116, no trecho que está sob administração da concessionária Rota 116, está com tráfego interrompido preventivamente quilômetros 75 e 78. O procedimento de “Pare e Siga” está sendo adotado no km 92, na localidade do Vale do Tainá. Já o km 102, em Bom Jardim, continua sem passagem após a queda das pontes. Os postos de pedágios da Rota 116 em Itaboraí e Cachoeiras de Macacu estão recebendo as doações para Nova Friburgo.

Segundo informou a Secretaria Estadual de Obras, o departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) conseguiu liberar em meia-pista parte da RJ-142, retirando 25 barreiras no trecho que liga os distritos de Muri à Lumiar, que também é uma opção de tráfego até Nova Friburgo. O tráfego está liberado no trecho da RJ-142 que liga Lumiar até Casimiro de Abreu. O DER conseguiu liberar a RJ-130 (via que liga Teresópolis à Nova Friburgo) e a RJ-150 (entre as cidades de Friburgo e Amparo), mas alguns trechos permanecem em meia-pista.

Saiba a situação das demais estradas na região serrana:


RJ-172 – A estrada que liga Macuco e Manuel de Moraes está liberada para trafego de veículos leves, com limitador de altura no local, para controlar o acesso à ponte na localidade de Manoel de Moraes.

RJ-146 Ainda está interditada devido às pontes que cederam no trecho entre o município de Bom Jardim e o distrito de Barra Alegre. Estudos estão sendo feitos para solucionar a questão.

RJ-163 Está liberada somente para veículos leves, entre Capelinha e Visconde de Mauá.

RJ-155 – A rodovia que liga Barra Mansa a Angra dos Reis está com tráfego liberado, com equipes de monitoramento no local.

RJ-162 – Está funcionando apenas meia pista do Km 73 ao Km 74. Um bueiro estourou arrebentando parte do asfalto da estrada. Equipes estão no local trabalhando para liberar o trânsito. Essa rodovia liga o município de Rio das Ostras ao município de Trajano de Moraes, passando por Casimiro de Abreu e pela região serrana de Macaé.

RJ-194 – Está interrompida. O Rio Paraíba do Sul está aproximadamente 10 metros acima do nível e invadiu a rodovia numa distancia de 4 km de Gargaú.

RJ-134 Interdição na entrada do município de São José do Vale do Rio Preto até a BR-116 devido a várias quedas de barreiras, além da queda de duas cabeceiras da ponte logo no início da cidade. Funcionários e máquinas trabalham na limpeza e retirada de barreira, tendo que avaliar as medidas a serem tomadas com relação à ponte e erosões de pista.

RJ-176
Em São Sebastião do Alto, a RJ-176 também está interditada devido ao transbordamento do Rio Grande. Medidas de reparo emergenciais já começaram na localidade.

RJ-192 – A ligação entre São Fidelis e Itaocara está com trafego normalizado, após uma pequena erosão na cabeceira da ponte, ocasionada pela elevação do Rio Grande na localidade conhecida como Cambiasca.



LAST

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26/10/2008 free counters

#dilma #pt #lula Brasil recusa ajuda da ONU no resgate e auxílio a vítimas da chuva


inacreditável!!!!!!!!!!!!

Aceitar o envolvimento das Nações Unidas se transformou, na visão de vários governos, em certificado de incapacidade desses políticos de lidar com problemas domésticos.


Valter Campanato/ABr

Enchentes em Nova Friburgo

Áreas atingidas pelas chuvas, no município de Nova Friburgo, região serrana fluminense

São Paulo - O serviço humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) ofereceu ajuda ao Brasil e se colocou à disposição para auxiliar no resgate e atendimento à população após um dos piores desastres naturais da história do País. Mas, apesar de contatos diplomáticos, o governo brasileiro optou por não aceitar a participação da ONU nos trabalhos. Nos últimos anos, aceitar o envolvimento das Nações Unidas se transformou, na visão de vários governos, em certificado de incapacidade desses políticos de lidar com problemas domésticos.



Telegrama interno da ONU, obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo entre a sede da entidade em Nova York e Genebra revelou que o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (conhecido pela sigla Ocha) passou os últimos dias em operações para se colocar apto para atuar na região serrana do Rio. O telegrama da sede da ONU ainda apontou como o representante da entidade no Rio de Janeiro havia sido contatado e indicava a mobilização da ONU para uma eventual intervenção.

Contatos diplomáticos também foram realizados entre a ONU e o governo brasileiro. A organização, porém, somente pode intervir se o país vítima de uma calamidade faz o pedido.

“Estamos prontos para ajudar, se o pedido pelo Brasil for feito” afirmou a porta-voz da ONU, Elisabeth Byrs. Ela confirmou que o pedido de ajuda “não foi transmitido” pelo governo brasileiro, uma maneira diplomática para dizer que a oferta de participação da ONU não foi aceita pelo governo brasileiro.

Em telegramas internos da entidade lidos pelo Estado, a ONU admite que “dificilmente” o Brasil faria um pedido de ajuda internacional. De acordo com a avaliação feita pela própria ONU, crises semelhantes no passado, ainda que com um número inferior de mortos, foram tratadas pelo governo brasileiro “com seus próprios recursos”.

Em 2008, Mianmar rejeitou ajuda externa após o ciclone que arrasou o país, temendo que a cooperação ajudasse a acabar com um dos governos mais fechados do planeta.

Ajuda externa. A Embaixada dos Estados Unidos anunciou que o governo americano ofereceu US$ 100 mil em recursos para as vítimas das enchentes em São Paulo e no Rio. O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, anunciou que a verba será repassada à Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais e destina-se à aquisição de produtos de higiene, limpeza e roupas, já que os governos brasileiro e dos Estados já organizam o envio de alimentos e água. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Brasil recusa auxílio da ONU

15 de janeiro de 2011 | 9h 09

AE - Agência Estado

O serviço humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) ofereceu ajuda ao Brasil e se colocou à disposição para auxiliar no resgate e atendimento à população após um dos piores desastres naturais da história do País. Mas, apesar de contatos diplomáticos, o governo brasileiro optou por não aceitar a participação da ONU nos trabalhos. Nos últimos anos, aceitar o envolvimento das Nações Unidas se transformou, na visão de vários governos, em certificado de incapacidade desses políticos de lidar com problemas domésticos.

Telegrama interno da ONU, obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo, entre a sede da entidade em Nova York e Genebra revelou que o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (conhecido pela sigla Ocha) passou os últimos dias em operações para se colocar apto para atuar na região serrana do Rio. O telegrama da sede da ONU ainda apontou como o representante da entidade no Rio de Janeiro havia sido contatado e indicava a mobilização da ONU para uma eventual intervenção.

Contatos diplomáticos também foram realizados entre a ONU e o governo brasileiro. A organização, porém, somente pode intervir se o país vítima de uma calamidade faz o pedido.

"Estamos prontos para ajudar, se o pedido pelo Brasil for feito", afirmou a porta-voz da ONU, Elisabeth Byrs. Ela confirmou que o pedido de ajuda "não foi transmitido" pelo governo brasileiro, uma maneira diplomática para dizer que a oferta de participação da ONU não foi aceita pelo governo brasileiro.

Em telegramas internos da entidade lidos pelo Estado, a ONU admite que "dificilmente" o Brasil faria um pedido de ajuda internacional. De acordo com a avaliação feita pela própria ONU, crises semelhantes no passado, ainda que com um número inferior de mortos, foram tratadas pelo governo brasileiro "com seus próprios recursos".

Em 2008, Mianmar rejeitou ajuda externa após o ciclone que arrasou o país, temendo que a cooperação ajudasse a acabar com um dos governos mais fechados do planeta.

Ajuda externa. A Embaixada dos Estados Unidos anunciou que o governo americano ofereceu US$ 100 mil em recursos para as vítimas das enchentes em São Paulo e no Rio. O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, anunciou que a verba será repassada à Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais e destina-se à aquisição de produtos de higiene, limpeza e roupas, já que os governos brasileiro e dos Estados já organizam o envio de alimentos e água. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Enquanto isso olha o que acontece com o apoio do PT
:

"Estado' flagra invasão do MST no Pontal

Em 16 veículos, sem-terra invadem fazenda Guarani, em Presidente Bernardes; no total, 34 propriedades foram ocupadas só em janeiro

16 de janeiro de 2011 | 14h 57

José Maria Tomazela, enviado especial a Presidente Bernardes (SP)

Epitacio Pessoa/AE
Epitacio Pessoa/AE
Sem-terra iniciam montagem de acampamento na fazenda Guarani, no Pontal

O capataz Carlos Eduardo dos Santos, de 30 anos, estava no curral ordenhando uma vaca girolanda quando avistou o comboio de carros, motos e kombis avançando pasto adentro, às 7h50 deste domingo,, em Presidente Bernardes, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo. Ao ver as bandeiras vermelhas içadas sobre os carros, interrompeu o serviço, pegou o balde de leite e gritou para a esposa: "Bem, ligue para o patrão e avise que o MST está aí de novo."

A fazenda Guarani, é uma das 31 propriedades rurais invadidas ou bloqueadas por acampamentos na região durante o final de semana pelo grupo do Movimento dos Sem-Terra (MST) liderado por José Rainha Júnior. Em todo o "janeiro quente", a jornada do movimento para cobrar a reforma agrária invadiu 34 áreas e três repartições públicas.

A reportagem flagrou a invasão da Guarani. O comboio com 16 veículos - carros, motos e peruas - e 50 pessoas partiu do acampamento Zé Maria, pegou a SP-563 e se deslocou até a porteira da propriedade. Os sem-terra arrebentaram o cadeado para abrir o portão. Dois quilômetros à frente, sob algumas árvores, o comboio parou e tudo o que havia dentro e sobre os carros - bambus, arames, lonas, colchões, panelas, garrafas PET e até barracas de montar - foi posto sobre o capim. Um grupo muniu-se de enxadões e cavadeiras e começou a montar os barracos. Outro improvisou um fogão para preparar a comida. O gado, assustado, correu para o outro lado do pasto.

O coordenador Cícero Bezerra de Lima começou a distribuir tarefas. Ele disse que a fazenda tem cerca de 500 hectares e já foi considerada devoluta pela Justiça. "Está em processo de desapropriação, mas a demora é grande. Dá para assentar umas 30 famílias aqui." O sem-terra Hélio de Souza, de 60 anos, e sua mulher Maurize, de 58, erguiam o seu barraco de lona preta sobre uma estrutura de bambus. Ele contou que o casal vive em acampamentos desde março de 2003. "A gente não conseguia mais pagar aluguel."

As irmãs Elisângela Júlio dos Santos, de 27 anos, e Juliana, de 21, foram incumbidas de vigiar a porteira. Uma inovação, já que a tarefa é usualmente confiada a homens de aparência truculenta. "É a vez das mulheres, não vê a Dilma presidente?", justificou Juliana, sem-terra que já fez curso de modelo.

Elisângela conta que os pais são assentados ali perto, no assentamento São Jorge, há 14 anos. Na mesma casa, além do casal, moram seis filhos adultos e oito crianças. "Quatro são meus filhos e agora estamos lutando para termos o nosso cantinho."

Duas viaturas da Polícia Militar chegaram uma hora depois da invasão. Os policiais anotaram as placas dos veículos e pediram os documentos dos invasores, mas ninguém entregou, alegando que não os portavam. Os nomes que forneceram foram anotados.

O capataz disse que, para o dono da fazenda, Nilson Rigas Vitalle, já tinha virado rotina registrar boletim de ocorrência e entrar na Justiça com pedido de reintegração de posse. "Estou aqui há 11 anos e perdi a conta de quantas invasões foram, sei que mais de dez." Mesmo assim, fazenda continua produtiva, segundo ele. "São 800 bois em engorda." Santos disse que, em algumas ocasiões, os sem-terra foram violentos e fizeram estrago, mas não quis dar detalhes. "À noite, quem fica aqui com eles sou eu e minha família."

Rainha disse ter mobilizado mais de 5.000 pessoas para a onda de invasões. Pela sua contabilidade, em oito das 31 áreas, os sem-terra acamparam do lado de fora, sem consumar a invasão. Foi o que ocorreu na vicinal de acesso à usina Alcídia, do grupo ETH, em Teodoro Sampaio.

Era ali que as amigas Rosineide do Espírito Santo, de 40 anos, e Cláudia Rodrigues Oliveira, de 35, iniciavam sua vida de sem-terra. As duas trabalham como faxineiras na cidade e diaristas no campo e querem um lote para melhorar de vida. "Depois que foi assentada, minha irmã passou a ter tanta fartura que até tem condições de hospedar um parente que chega", disse Rosineide, exibindo uma camisa com o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu votei na (Dilma) Rousseff", disse, sobre a nova presidente.

Para o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, os números divulgados pelo MST estão superfaturados. "Tem fazenda que eles disseram ter invadido, mas o dono me disse que ninguém entrou, nem está acampado." Para Rainha, há casos em que o proprietário demora a ficar sabendo da invasão. "Muitos estão na praia, de férias."

A Polícia Militar não tinha, até a tarde deste domingo, 16, dados sobre todas as ações. No Pontal e na Alta Paulista, os comandos regionais contabilizavam 12 invasões, mas o levantamento na região de Araçatuba deve ser divulgado hoje. As primeiras reintegrações de posse para a retirada dos invasores foram dadas ontem para donos de fazendas em Monte Castelo, Rinópolis, Iacri e Tupã, na Alta Paulista. Rainha disse que os sem-terra vão cumprir as ordens judiciais.





















LAST

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