[Valid Atom 1.0]

sábado, 28 de março de 2009

Osama socorre Obama


Sex, 27/03/09
por gmfiuza |
categoria Geral

Essa gente branca de olhos azuis que está levando o mundo à falência será socorrida por essa gente árabe de barba longa que veio salvar a humanidade do capitalismo.

Lula é bacana porque é paraíba, Obama é legal porque é preto, árabes são bons porque não são israelenses. O problema é que Bush saiu de cena, e o papel do vilão planetário está fazendo falta. Bonzinhos profissionais como Paul Krugman já não sabem a quem dirigir seus ataques de pelanca.

Obama, o santo milagreiro, já está arriscando seu pescoço ao dialogar com o mercado financeiro. Os bonzinhos, como Krugman, querem que essa gente branca de olhos azuis seja jogada na masmorra.

Daqui a pouco Michael Moore reaparece chamando Obama de branco azedo.

A esquerda também ficou zangada com Lula quando ele assumiu a presidência e não empastelou o Banco Central. Os mitos do pobre is beautiful têm que parar com a mania de lidar com a realidade, essa entidade neoliberal.

Mas eis que a fantasia vem de novo trazer a redenção. Obama espremeu a CIA e arranjou uma ameaça de ataque da al-Qaeda. Alívio geral. Nada como uma guerrinha no Afeganistão para amainar a saia justa da crise.

É bonito ver o mito de Osama socorrendo o mito de Obama.

Se possível, que mandem só soldados brancos de olhos azuis para morrer nas cavernas do Oriente Médio. Aí não tem problema.



  • Guilherme Fiuza

    Guilherme FiuzaJornalista, é autor de Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme. Escreveu também os livros 3.000 Dias no Bunker, reportagem sobre a equipe que combateu a inflação no Brasil, e Amazônia, 20º Andar, a aventura real de uma mulher urbana na floresta tropical. Em política, foi editor de O Globo e assinou em NoMínimo um dos dez blogs mais lidos nessa área. Este espaço é uma janela para os grandes temas da atualidade, com alguma informação e muita opinião.

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

O’Neal e seu bonus de US$ 160 milhões


Sex, 27/03/09
por Paulo Moreira Leite |

stanleyo.jpg
Alguns comentaristas me impressionam. Eles escreveram para defender Lula depois que ele isse que a culpa pela crise “é dos brancos de pele branca e olho azul.”

Nem todo racismo se dirige aos negros. Muitos se dirigem a populações de pele branca, muitas vezes de olhos azuis — como sabe toda pessoa que estudou a Segunda Guerra Mundial.

É prova de desconhecimento da vida real dizer que não existe banqueiro negro nem índio. Se fosse assim, não haveriam bancos na África, nem na Bolivia ou no México, não é mesmo?

A foto acima mostra Stanley O’Neal, que foi presidente e executivo do Merril Linch, um dos grandes bancos de Wall Street, entre 2003 e 2007.

Um dos reis da especulação e dos derivativos, como tantos colegas de pele branca e alguns “de olhos zuis”, O’Neal aposentou-se com um premio de US$ 160 milhões depois de jogar o banco na lona. Ao lado de outros colegas de serviço, O’Neal foi um dos arquitetos do desastre irresponsável que jogou o mundo no despenhadeiro em que se encontra. Pelo volume, sua aposentadoria é considerada, até hoje, um símbolo dos premios pelo fracasso.

Numa reportagem sobre a atuação da turma, a revista Fortune chegou a insinuar de modo bem humorado que o pessoal tomava decisões depois de fumar maconha, chegando a perguntar: “O que é que eles estavam fumando?”

Qual a importancia da cor da pele de um banqueiro? Nenhuma.
O que importa são suas decisões, seus valores e sua visão de mundo.

Num país onde 50% da população considera-se branca, eu acho que o presidente Lula poderia pedir desculpas pelo que disse. Não é de seu estilo, e poucos políticos fazem isso quando tem 65% de popularidade. Mas faria bem ao país — e ajudaria a educar muitos de seus admiradores.

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Camargo deu R$ 3 mi a Lula e R$ 400 000 a Alckmin


Qui, 26/03/09
por Paulo Moreira Leite |
categoria Geral

A idéia de que os recursos da Camargo Correa tem preferência pelos partidos de oposição não corresponde aos números. Conforme os registros do TSE, os dados da campanha presidencial de 2006 mostram o seguinte: a empreiteira fez quatro remessas para o Comitê de Lula. Duas de R$ 1 milhão; duas de R$ 500 000,00; e uma remessa de R$ 4.000,00 Total: R$ 3.004.000,00. Geraldo Alkcmin recebeu duas remessas de R$ 200.000,00. Total: R$ 400.000,00.

Cada um pode concluir o que quiser desses números. Eu acho que, como acontece nas boas e más familias, a empreiteira queria ficar de bem com o provável vencedor. As contribuições de campanha, como se sabe, cumprem duas finalidades universais. Garantir o candidato hoje — e evitar retaliações amanhã.

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

O papelão de Lula


Sex, 27/03/09
por Paulo Moreira Leite |

Lula perdeu uma boa oportunidade de ficar calado em seu discurso diante do primeiro ministro britânico Gordon Brown. O presidente disse que vivemos uma crise “causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada.”

Questionado por um jornalista inglês, o presidente continuou, acrescentando que não conhece “nenhum banqueiro negro ou índio.”

É absurdo e vergonhoso. Todo esforço para associar cor da pele, tipo de cabelo, cor dos olhos e outros traços genéticos a realizações econômicas e sociais é uma forma de preconceito. Equivale a comportar-se como aquele cidadão que diz: “índio é preguiçoso e por isso vive no mato” ou aquela dona-de-casa que sentencia: “nunca vi um negro tirar nota boa na escola”. Não custa recordar que, para muitos escravocratas, o cativeiro servia para educar e civilizar os negros africanos.

Cesare Lombroso, um psiquiatra italiano do seculo XIX que fez trabalhos sobre a loucura, a mediunidade e a criminalidade, chegou a formular a teoria de que era possivel adivinhar o comportamento de um criminoso pelo formato do rosto — e assegurava ter descoberto traços que indicavam vocação para o roubo, o homicídio e o estupro.

Eu até entendo que um governo que defende o sistema de cotas nas universidades dê muita importância à cor da pele em sua forma de explicar as dores e mazelas do mundo. Mas, ao assumir um viés racial para o debate sobre a crise economica mundial, Lula chegou ao limite do grotesco.

Perdeu a oportunidade de cobrar a responsabilidade de quem deve — para criar uma ambiente pouco proveitoso de agressividade e constrangimento. Não há dúvida de que a crise teve início nos países ricos e desenvolvidos. Mas a discussão é de política econômica.

Aliado do Brasil, país que seu governo considera um parceiro prioritário na reunião do G-20, Gordon Brown não conseguiu disfarçar o constrangimento diante das palavras de Lula.
Os banqueiros não quebraram o mundo porque são brancos nem porque tem olhos azuis. Também não tem o monopólio do comportamento irracional — característica que faz parte do sistema econômico em que vivemo

  • Paulo Moreira Leite

    Paulo Moreira Leite É Diretor da Sucursal de Brasília da revista ÉPOCA. Jornalista desde os 17 anos, foi correspondente em Paris e em Washington, diretor de redação da ÉPOCA, redator-chefe da Veja e diretor de redação do Diário de São Paulo. Entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2008, foi vice-presidente da Imprensa Oficial do Estado de S. Paulo. Iniciou a carreira no Jornal da Tarde e foi repórter especial do Estado de S. Paulo. No início de 2008, cobriu o início das primárias americanas como enviado especial do IG aos Estados Unidos.

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters