Alguns comentaristas me impressionam. Eles escreveram para defender Lula depois que ele isse que a culpa pela crise “é dos brancos de pele branca e olho azul.”
Nem todo racismo se dirige aos negros. Muitos se dirigem a populações de pele branca, muitas vezes de olhos azuis — como sabe toda pessoa que estudou a Segunda Guerra Mundial.
É prova de desconhecimento da vida real dizer que não existe banqueiro negro nem índio. Se fosse assim, não haveriam bancos na África, nem na Bolivia ou no México, não é mesmo?
A foto acima mostra Stanley O’Neal, que foi presidente e executivo do Merril Linch, um dos grandes bancos de Wall Street, entre 2003 e 2007.
Um dos reis da especulação e dos derivativos, como tantos colegas de pele branca e alguns “de olhos zuis”, O’Neal aposentou-se com um premio de US$ 160 milhões depois de jogar o banco na lona. Ao lado de outros colegas de serviço, O’Neal foi um dos arquitetos do desastre irresponsável que jogou o mundo no despenhadeiro em que se encontra. Pelo volume, sua aposentadoria é considerada, até hoje, um símbolo dos premios pelo fracasso.
Numa reportagem sobre a atuação da turma, a revista Fortune chegou a insinuar de modo bem humorado que o pessoal tomava decisões depois de fumar maconha, chegando a perguntar: “O que é que eles estavam fumando?”
Qual a importancia da cor da pele de um banqueiro? Nenhuma.
O que importa são suas decisões, seus valores e sua visão de mundo.
Num país onde 50% da população considera-se branca, eu acho que o presidente Lula poderia pedir desculpas pelo que disse. Não é de seu estilo, e poucos políticos fazem isso quando tem 65% de popularidade. Mas faria bem ao país — e ajudaria a educar muitos de seus admiradores.
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