Do UOL Notícias*
Em São Paulo
Atualizado às 16h14Ao menos 150 pessoas morreram em decorrência do terremoto de 6,3 graus na escala Richter que atingiu a região de Abruzzo, no centro da Itália, segundo informaram fontes médicas citadas pela agência Ansa. Outras 1.500 pessoas teriam ficado feridas, informou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. Segundo Massimo Cialente, prefeito de L'Aquila, cerca de 100 mil pessoas estão desabrigadas.
O epicentro do tremor, que ocorreu às 3h32 desta segunda (horário local), 22h32 de domingo (horário de Brasília), foi localizado a 10 quilômetro de L'Aquila, 68 quilômetros a oeste da cidade de Pescara e 95 km ao nordeste de Roma. O Instituto de Geofísica dos EUA afirma que a magnitude do tremor foi de 6,3 graus, no entanto, o Instituto Nacional de Geofísica da Itália diz que foi de 5,8 graus.
Segundo o Consulado do Brasil em Roma, ainda não há informações sobre brasileiros feridos. Nenhum brasileiro entrou em contato com o serviço consular para alegar problemas causado pelo terremoto. O Consulado não soube precisar o número de brasileiros que vive na região de Abruzzo.
Alguns moradores da cidade de L'Aquila, a leste de Roma, na região montanhosa de Abruzzo, fugiram para as ruas na hora do tremor. A região foi a mais atingida pelo terremoto. De acordo com a imprensa local, diversos edifícios do centro histórico foram danificados e algumas residências desmoronaram, deixando dezenas de feridos e milhares de desabrigados.
"A situação é muito grave, porque o abalo afetou edifícios", disse Luca Spoletini, porta-voz do Departamento de Proteção Civil Nacional. Imagens de televisão mostraram as equipes de resgate socorrendo vítimas entre os escombros, muitas delas sangrando, que aguardavam para serem transferidas para os pronto-socorros da região. Parte do principal hospital da cidade teve que ser interditada porque havia risco de desmoronamento. Segundo a agência de notícias Ansa, entre as vítimas na cidade de L'Aquila, estariam quatro crianças. A cúpula de uma igreja na cidade desmoronou, além de sérios danos na catedral.
Moradores de diversas regiões da Itália, incluindo a capital Roma, que raramente é atingida por terremotos, sentiram o tremor.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, cancelou viagem que faria a Moscou por causa do terremoto em L'Aquila para ir até a região atingida. Berlusconi decretou estado de emergência, para liberar recursos para reconstrução da região.
Berlusconi anunciou que o governo irá instalar cerca de duas mil tendas de campanha para alojar entre 8 a 10 pessoas por barraca.
"Parecia uma bomba""Eu acordei ao ouvir um barulho que parecia uma bomba", disse Angela Palumbo, 87, quando caminhava em uma rua de L'Aquila. "Nós conseguimos escapar enquanto as coisas caiam em torno da gente. Não me lembro nunca de ter visto nada assim na minha vida", disse.
Escombros espalhados por toda a cidade e nos municípios vizinhos, bloqueam estradas e impedindo equipes de salvamento. Muitos moradores tentam levantar escombros com suas próprias mãos, em uma busca por sobreviventes.
De acordo com a BBC Brasil, um especialista em física que mora em l´Áquila, na Itália, revelou hoje que havia alertado as autoridades locais, há algumas semanas, sobre a possibilidade de um terremoto "desastroso" na região. "Há três dias estávamos vendo sinais fortes de terremoto", disse a jornais italianos Giampaolo Giuliani, técnico do Laboratório Nacional de Física e Astrofísica Gran Sasso. Segundo ele, o Instituto Italiano de Geofísica registrou cerca de 200 abalos sísmicos em L'Aquila nos últimos dois meses. No final de março, Giuliani disse às autoridades que a série de tremores registrados poderia ser o anúncio de um evento mais forte.
Mas o técnico conta que foi acusado de "brincar com assuntos sérios" e que foi denunciado à polícia pela Prefeitura de Áquila por alarmar a população.
L'Aquila é uma cidade medieval, situada num vale rodeado pelos montes Apeninos, e tem cerca de 70.000 habitantes. O último grande terremoto que atingiu a região central da Itália foi um de 5,4 graus, que atingiu a região de Molise em outubro de 2002, matando 28 pessoas, sendo 27 crianças que estavam em uma escola que desabou.
"Meu pai certamente está morto""Quando ocorreu o terremoto, corri para a casa do meu pai, abri a porta principal e tudo tinha desabado. Meu pai certamente está morto. Eu gritei por socorro, mas não havia ninguém em volta", afirmou Camillo Berardi, em L'Aquila.
Mais relatos de quem viveu o terremoto
Escombros estavam espalhados pela cidade e municípios próximos, bloqueando estradas e atrapalhando o resgate de vítimas. Anciãs choravam e moradores sem nada ajudavam bombeiros e equipes de resgate a retirarem o entulho.
"Milhares de edifícios desabaram ou foram danificados", afirmou Agostino Miozzo, uma autoridade da Defesa Civil.
Uma moradora de L'Aquila, observando um conjunto de apartamentos que foi reduzido à altura de uma pessoa adulta, afirmou: "O prédio tinha quatro andares". Alguns carros ficaram sob os escombros.
Em outra região da cidade, moradores tentaram calar os gritos das pessoas para identificar de onde vinha o choro de uma criança.
Houve inúmeros relatos de desabamentos de igrejas do estilo renascentista. Uma parte de uma residência universitária e de um hotel desabaram em L'Aquila, deixando dezenas de feridos e soterrados.
O terremoto levou ao chão a torre do sino de uma igreja no centro de L'Aquila. Pontes e rodovias na área montanhosa foram fechadas por precaução.
*Com informações das agências Reuters, AFP, AP, EFE e ANSA
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