é demitido da OSESP
22/1/2009 2:02
Foram 12 anos de gestão, trabalho duro e muita briga. Mas hoje a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tem uma sede magnífica, um bom elenco, várias turnês internacionais bem sucedidas, uma coleção de prêmios onde brilham 5 Diapason D'Or e um Grammy, concertos semanais lotados e 12 mil assinantes. A lista de conquistas inclui um desfile de solistas e regentes dos melhores do mundo, dezenas de primeiras audições e encomendas a autores brasileiros. Não havia nada disso antes de John Neschling chegar e a orquestra era um amontoado melancólico e decadente. O que há por fazer não apenas é muito, mas o melhor. Encontrar uma sonoridade própria e equilibrada, aprofundar a internacionalidade da orquestra, o que vem sendo feito com muita competência.
As acusações feitas ao maestro são inconsistentes e provincianas. A primeira é que ele ganha muito, algo em torno de 100 mil reais mensais; as autoridades deveriam ter sido avisadas que não encontrarão ninguém com os mesmos padrões de competência e dedicação de Neschling por menos do que isso. Além disso reclamam que ele só viaja em primeira classe, enquanto a orquestra voa de econômica. Esse é um padrão internacional, estabelecido pelas exigências de trabalho dos regentes, jornadas exaustivas de ensaios e concertos, reuniões técnicas, mas também de atendimento a compromissos com a imprensa, empresários, patrocinadores.
Neschling tem razão sobre a falta de conhecimento técnico das autoridades do governo de SP na questão - não faz o menor sentido convidar "consultores estrangeiros" para a condução do processo de sucessão do maestro. Como é amadora a proposta de escolher o novo regente de uma orquestra como a Osesp por concurso público. A sugestão de um membro do Conselho de que os executivos do seu banco se aposentam aos 60 anos é patética - maestros atingem a maturidade de sua técnica, a consistência de seu repertório depois dessa idade.
A demissão foi feita por carta assinada pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação Osesp, Fernando Henrique Cardoso.
Na despedida, a segunda parte do Choro N. 10, "Rasga Coração", de Heitor Villa-Lobos, carioca como John Neschling.
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