O Google Street View trouxe uma nova dimensão para os programas de mapa neste ano, oferecendo imagens reais ao nível do solo.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Google Maps Street View (software de mapas; gratuito)
Brasil: Lula da Silva rejeita ingerências externas na Amazónia
Brasília, 05 Jun (Lusa) - O Presidente Lula da Silva voltou a defender a soberania brasileira sobre a Amazónia, ao assinar hoje o decreto de criação de três novas reservas na região, em cerimónia que assinalou o Dia Mundial do Meio Ambiente no Brasil. "De vez em quando, eu fico a pensar que a Amazónia é como a água benta na igreja. Toda a gente acha que lá pode meter a mão", disse o Presidente Lula, rejeitando ingerências externas em relação à floresta brasileira. "É muita gente a dar palpites. Não é que nós não queiramos ajuda, que nós não queiramos partilhar os conhecimentos que precisamos ter da Amazónia mas nós não podemos permitir que as pessoas tentem ditar as regras sobre o que temos de fazer na Amazónia", acrescentou. Lula da Silva criticou os países que destruíram as suas florestas, que são grandes poluidores e querem opinar sobre a Amazónia, e deixou um recado claro aos estrangeiros: "É importante que quando as pessoas entram na nossa casa, peçam licença para abrir o nosso frigorífico. Eles que não vão abrindo e pegando no que lá há para beber, porque aquilo tem dono". Os ambientalistas em todo o mundo estão preocupados com a desflorestação da Amazónia, que voltou a crescer desde 2007, após três anos consecutivos de redução. Apenas em Abril, foi desflorestada uma área da Amazónia de 1.123 quilómetros quadrados, o equivalente à cidade do Rio de Janeiro, segundo dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os decretos assinados hoje pelo Presidente Lula criam um parque nacional e duas reservas extractivistas na Amazónia, num total de 2,6 milhões de hectares.
10 Junho: Velha geração de emigrantes portugueses prepara "última grande doação" ao Brasil
** Marco Antinossi, da Agência Lusa ** Rio de Janeiro, Brasil, 05 Jun (Lusa) - A mais velha geração de emigrantes portugueses prepara o seu último grande presente ao Brasil, com a construção de um centro cultural, no Rio de Janeiro. O centro será construído ao lado do Real Gabinete de Leitura, um dos maiores símbolos da emigração portuguesa no estrangeiro, afirmou à agência Lusa o presidente da instituição António Gomes da Costa. "Será o último desafio, a última grande doação da velha geração de emigrantes portugueses que, há muitas décadas, cruzou o Atlântico para aqui criar raízes, realizar os seus sonhos e morrer", disse. "Uma geração que marcou a sua imagem no Brasil pela capacidade de doação ao país, pela construção de um forte movimento associativo, além dos empreendimentos comerciais", salientou. A velha geração de emigrantes, que chegou ao Brasil até meados da segunda metade do século passado, criou uma extensa rede de associações, com 180 instituições em todo o país. Essa rede incluiu desde instituição culturais, económicas, como as câmaras de comércio, de assistência médica e hospitalar, até associações dedicadas ao cuidado de idosos carenciados. O centro cultural vai acolher o crescente número de livros do Real Gabinete Português de Leitura e será dotado de toda a moderna tecnologia, como forma de atrair novas gerações de leitores. "Os jovens não sentem atracção pelo livro, é preciso ter computadores e Internet", salientou Gomes da Costa, ao avançar que o projecto está em fase final e que a construção deverá ser iniciada ainda este ano. O centro cultural vai funcionar num edifício anexo ao Real Gabinete de Leitura, na parte antiga da cidade do Rio de Janeiro, adquirido com o auxílio da Fundação Calouste Gulbenkian. Os detalhes da construção do centro cultural, como dimensões e custos de adaptação do edifício e de instalação de novas tecnologias, ainda não estão definidos. "O centro cultural está na fase inicial de projecto, num segundo momento vamos buscar fontes de financiamento e esperamos contar com a ajuda de Portugal", afirmou Gomes da Costa. Criado em 1837, por um grupo de comerciantes e intelectuais, o Real Gabinete Português é considerado um símbolo da emigração portuguesa pela beleza arquitectónica e pelo raro acervo. Com o objectivo de proporcionar aos emigrantes pobres acesso à leitura e inspirados pela comemoração, em 1880, dos 300 anos da morte de Camões a colónia portuguesa do Rio de Janeiro financiou a construção do prédio. Em estilo neo-manuelino, grande parte dos materiais para construção do prédio, cenário de vários filmes, foi importada da Europa, como as pedras de lioz da fachada e dos vitrais do salão. Desde 1936, o Real Gabinete recebe um exemplar de todos os livros editados em Portugal, como única instituição no estrangeiro com o estatuto de "depósito legal". Com mais de 350.000 livros, o acervo do Real Gabinete só é comparado ao da Biblioteca Nacional, também no Rio de Janeiro, oriunda da Biblioteca Real, legado de D. João VI ao filho e primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I. Uma raridade do acervo é a primeira edição de "Os Lusíadas", do século XVI, que pertencia à Companhia de Jesus, da cidade de Setúbal, e que hoje é guardada no cofre da biblioteca, ao lado de obras de Eça de Queiroz. Gomes da Costa salientou que os novos emigrantes portugueses que desembarcam no Brasil, ao contrário da velha geração, permanecem apenas um determinado período. "Os portugueses que vêm actualmente são ligados a um contrato de trabalho dos grandes grupos empresariais, quando terminam vão embora, não têm aquele mesmo espírito aventureiro das gerações passadas", afirmou. "Trata-se de um outro tipo de emigração, de pessoas com preparo intelectual e com a responsabilidade de administrar os investimentos portugueses", disse.
Senel Paz agradece Prémio Casa da América Latina
Em vez de um discurso, o escritor cubano Senel Paz agradeceu hoje com uma bem-humorada história envolvendo Eça de Queiroz o Prémio de Criação Literária Casa da América Latina 2008, atribuído ao seu romance «No Céu com Diamantes».
«Imaginemos que Eça de Queiroz, inolvidável cônsul de Portugal em Havana em princípios do século XX, por travessuras do tempo, é quem recebe o pedido de visto para que este servidor viaje até Lisboa», começou por dizer Senel Paz, na sessão de entrega do prémio, realizada na Casa da América Latina.
Em seguida, descreveu como Eça, instalado no seu escritório, na Avenida de las Misiones, numa cadeira giratória, resolve folhear o livro do autor premiado, que acaba de lhe ser entregue por um criado, para decidir se aquele merece ou não o visto.Inquietam-no as primeiras páginas, com a história inicial, «um tanto absurda», de um rapaz e do seu amigo, da cabrita Canela e de personagens «que falam como o Quixote ou como Sherazade», mas interrompe a leitura por considerar o desenvolvimento da história «incompreensível», com «vozes que discutem», «uma avó que adivinha o futuro, uma mãe envolvida numa Revolução tão caótica como o próprio romance (...) e mistérios acompanhados por um quarteto inglês, oriundo de Liverpool».
Em consequência, escreve uma carta ao secretário-geral da Casa da América Latina, Mário Quartin Graça, defendendo que é sua convicção que o «escritor Senel Paz está doido varrido».«Não lhe vejo mérito para conceder-lhe o visto, mas mais louco está o júri que o premiou e a Casa que você dirige, por acolher semelhante prémio para uma região de escritores alucinados, mas considerando que o autor não tem a culpa e que certamente vive ansioso por conhecer Lisboa, dar-lhe-ei o visto«, escreve o cônsul português.
Fazendo acompanhar a carta de uns »buenos habanos« - que se perderam pelo caminho, acrescentou Paz - Eça terminava enviando saudações a Fernando Pessoa e a José Saramago, que esteve presente na sessão.
O prémio, composto por um troféu, um diploma e a quantia de 10 mil euros, foi atribuído a Senel Paz por unanimidade de um júri constituído por Maria Fernanda Abreu (presidente), Fernando Pinto do Amaral, José Manuel de Vasconcelos e Quartin Graça (sem direito a voto).O autor terminou a sua intervenção agradecendo »a todos«: »A Eça de Queiroz pela sua amabilidade, a sua obra e os seus dias 'habaneros', ao júri pela sua generosidade e a esta Casa por patrocinar um prémio que é, ao mesmo tempo, um abraço à literatura do meu continente«.
Senel Paz estará sábado na Feira do Livro de Lisboa, a partir das 17:00, a autografar o seu romance, no pavilhão 151, da Sextante, sua editora.
05-06-2008 Sphere: Related ContentSenel Paz agradece Prémio Casa da América Latina com história envolvendo Eça de Queiroz
Lisboa, 04 Jun (Lusa) - Em vez de um discurso, o escritor cubano Senel Paz agradeceu hoje com uma bem-humorada história envolvendo Eça de Queiroz o Prémio de Criação Literária Casa da América Latina 2008, atribuído ao seu romance "No Céu com Diamantes".
"Imaginemos que Eça de Queiroz, inolvidável cônsul de Portugal em Havana em princípios do século XX, por travessuras do tempo, é quem recebe o pedido de visto para que este servidor viaje até Lisboa", começou por dizer Senel Paz, na sessão de entrega do prémio, realizada na Casa da América Latina.
Em seguida, descreveu como Eça, instalado no seu escritório, na Avenida de las Misiones, numa cadeira giratória, resolve folhear o livro do autor premiado, que acaba de lhe ser entregue por um criado, para decidir se aquele merece ou não o visto.
Inquietam-no as primeiras páginas, com a história inicial, "um tanto absurda", de um rapaz e do seu amigo, da cabrita Canela e de personagens "que falam como o Quixote ou como Sherazade", mas interrompe a leitura por considerar o desenvolvimento da história "incompreensível", com "vozes que discutem", "uma avó que adivinha o futuro, uma mãe envolvida numa Revolução tão caótica como o próprio romance (...) e mistérios acompanhados por um quarteto inglês, oriundo de Liverpool".
Em consequência, escreve uma carta ao secretário-geral da Casa da América Latina, Mário Quartin Graça, defendendo que é sua convicção que o "escritor Senel Paz está doido varrido".
"Não lhe vejo mérito para conceder-lhe o visto, mas mais louco está o júri que o premiou e a Casa que você dirige, por acolher semelhante prémio para uma região de escritores alucinados, mas considerando que o autor não tem a culpa e que certamente vive ansioso por conhecer Lisboa, dar-lhe-ei o visto", escreve o cônsul português.
Fazendo acompanhar a carta de uns "buenos habanos" - que se perderam pelo caminho, acrescentou Paz - Eça terminava enviando saudações a Fernando Pessoa e a José Saramago, que esteve presente na sessão.
O prémio, composto por um troféu, um diploma e a quantia de 10 mil euros, foi atribuído a Senel Paz por unanimidade de um júri constituído por Maria Fernanda Abreu (presidente), Fernando Pinto do Amaral, José Manuel de Vasconcelos e Quartin Graça (sem direito a voto).
O autor terminou a sua intervenção agradecendo "a todos": "A Eça de Queiroz pela sua amabilidade, a sua obra e os seus dias 'habaneros', ao júri pela sua generosidade e a esta Casa por patrocinar um prémio que é, ao mesmo tempo, um abraço à literatura do meu continente".
Senel Paz estará sábado na Feira do Livro de Lisboa, a partir das 17:00, a autografar o seu romance, no pavilhão 151, da Sextante, sua editora.
ANC
Sphere: Related ContentDilma, as Farc e as drogas
Diogo Mainardi
Uma reportagem do jornal Gazeta do Povo mostrou que a mulher de Olivério Medina, o representante das Farc no Brasil, foi cedida pelo governo do Paraná a pedido de Dilma Rousseff (...) O governo Lula considera perfeitamente legítimo contratar, para um cargo de confiança, a mulher de um criminoso internacional preso por pertencer a um grupo que pratica o terrorismo e o tráfico de drogas.
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Em minha última coluna, informei que a mulher de Olivério Medina, o representante das Farc no Brasil, foi contratada pelo governo Lula. Isso aconteceu em dezembro de 2006, quando o marido dela ainda estava preso em Brasília, à espera do julgamento no STF. Uma reportagem do jornal Gazeta do Povo mostrou que a mulher de Olivério Medina foi cedida pelo governo do Paraná a pedido de Dilma Rousseff. Epa, epa, epa! Pode repetir? Posso sim. Com prazer. De acordo com um documento reproduzido pela Gazeta do Povo, e que pode ser acessado aqui, Dilma Rousseff requisitou pessoalmente ao governador do Paraná a transferência da mulher do preso das Farc. Uma dúvida: a ministra da Casa Civil demonstra esse mesmo interesse por todos os servidores de terceiro escalão?
O deputado Rodrigo Maia pediu esclarecimentos sobre o caso. O senador Arthur Virgílio, por sua vez, encaminhou um requerimento ao Ministério da Pesca. Até agora, o governo Lula só emitiu uma nota sobre o assunto, prometendo me processar. É a escala de valores dessa gente: Olivério Medina - "el Pancho" - solto, e Diogo Mainardi - "o Pança" - condenado. Em sua nota, a assessoria de imprensa do Ministério da Pesca confirmou todos os dados relatados em minha coluna. Negou apenas que pudesse haver um elo entre o governo e as Farc. Eu ficaria muito surpreso se alguém admitisse o contrário.
O Brasil tem 50.000 assassinatos por ano. Isso é o que importa quando se trata das Farc. Ignore a retórica esquerdista. Ignore a mística guerrilheira. Concentre-se no essencial. E o essencial é o tráfico de drogas. O Brasil é um grande mercado consumidor das drogas produzidas nos territórios dominados pelas Farc. O Brasil é também um grande entreposto para o seu comércio internacional. O lulismo tenta passar a idéia de que as Farc dizem respeito apenas à Colômbia. E, marginalmente, à Venezuela e ao Equador. Mentira. O Brasil entra na guerra com sua monumental cota de assassinatos relacionados com o consumo e com o tráfico de drogas, e com todos os crimes que podem ser associados a eles: assaltos, contrabando de armas, jogo ilegal, lavagem de dinheiro. Cada um de nós, indiretamente, já foi assaltado pelas Farc. Cada um de nós conhece alguém que foi assassinado pelas Farc.
Minha pergunta é a seguinte: um governo que contrata a mulher de um membro das Farc, com a ajuda direta da ministra da Casa Civil, em documento assinado por ela, demonstra estar solidamente empenhado no combate ao tráfico de drogas? Aguardo a resposta. O crime organizado contamina a política. Há uma série de sinais nesse sentido, do caso do ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, que acaba de ser preso, aos atentados do PCC na última campanha presidencial, que afundaram a candidatura de Geraldo Alckmin; dos inquéritos sobre os perueiros, na campanha à prefeitura paulistana, ao pedido de propina de Waldomiro Diniz ao dono de um bingo. O governo Lula considera perfeitamente legítimo contratar, para um cargo de confiança, a mulher de um criminoso internacional preso por pertencer a um grupo que pratica o terrorismo e o tráfico de drogas. Eu respondo lembrando os 50.000 assassinatos por ano. Sabe como é: na guerra entre os traficantes de drogas e a lei, os mortos escolheram o lado errado.
Sphere: Related ContentDilma Rousseff, a fascinante!
Vá lá ao Houaiss: “Fascínio: qualidade ou poder de fascinar, de exercer forte atração; sensação de deslumbramento, de encanto”. Agora vamos ao Dicionário Latim-Português, de Francisco Torrinha: “Fascinum; fascinus — malefício, sortilégio, quebranto, olhado”. Há mais coisas no verbete, mas preferi ignorar porque remete a certas obsessões que os romanos adoravam desenhar em porte avantajado pelos muros da cidade. Acreditavam ainda que andar com a estrovenga no pescoço, na forma de amuleto, afastava a má-sorte... Olhem que bacana o estudo do sentido das palavras: foi a partir do “quebranto” e do “(mau) olhado”, que deixaria as pessoas meios abobadas, que se chegou ao sentido que conhecemos de “fascinante” — de certo modo, contrário ao original.
Sim, vejo Dilma e penso em fascínios... Mas a propósito de que isso tudo?
Fiquei um tanto abobado quando a ministra, num terninho azul-bebê (Dona Reinalda me disse que aquilo é “azul-bebê” (eu sei qual é o rosa-bebê, nesta casa de mulheres...), disparou a seguinte frase sobre Denise Abreu: “NÓS TÍNHAMOS UMA CONSIDERAÇÃO RAZOÁVEL PELA DOUTORA DENISE”.
Deus me defenda dos sortilégios de Dilma Rousseff. Se tiver de escolher, prefiro que ela me odeie. Que diabo quer dizer “CONSIDERAÇÃO RAZOÁVEL”? Quem é esse “nós”? Ah, Dilma me fascina, mas não me deixa abestado. Reparem que ela usa muito esse pronome. E não é plural majestático, em que o sujeito, humildemente, trata a si mesmo como multidão. Não! O “nós” de Dilma pretende designar, sei lá, algo como “o sistema”, “o coletivo”, “o partido”.
Tenho absoluta certeza de que, quando ela era a companheira Estella na organização terrorista VAR-Palmares, já dizia esse “nós” como quem evoca determinações celestiais — ou do outro extremo do céu, tanto faz, né?, que não quero aqui ser acusado de fazer proselitismo cristão, hehe...
Vou confessar. Senti até uma pontinha de medo por Denise. A companheira Estella tem todo jeitão de que gostava de ler o mala do Pablo Neruda, com aquele ar de Buda dos Andes, e não ganhou seu tempo lendo Borges... Mas eu leio por ela. E se a gente lesse a frase de Dilma ao contrário? Quem diz “NÓS TÍNHAMOS UMA CONSIDERAÇÃO RAZOÁVEL PELA DOUTORA DENISE” está dizendo: “NÓS NÃO TEMOS MAIS UMA CONSIDERAÇÃO RAZOÁVEL PELA DOUTORA DENISE”. Ter sido um deles, como foi Denise, e não ser mais objeto de “consideração razoável” talvez seja um pouco assustador. É como se dissesse: “O sistema não gosta mais de você”.
“Fascinus” puro! Sortilégio!
Entendo também que o “sistema” distribui “considerações” em graus, talvez de acordo com os serviços prestados.
Prestar atenção
Acredito haver aspectos nas entrevistas de Denise Abreu e de Marco Antonio Audi ao Estadão que não podem se perder em meio à voragem e aos detalhes:
1 - A ex-diretora da Anac afirma ter sido vítima de um dossiê. Ela não diz, mas acho que todos entendemos a sugestão de que pode ter sido coisa da Casa Civil. Ela é explícita em dizer que Dilma teria usado contra ela informações que, descobriu depois, estavam no tal dossiê;
2 – Marco Antonio Audi deixa claro que o chinês Lap Chan ameaçou não dar mais um tostão ao negócio e que praticamente impôs a venda da Varig à Gol. Audi ainda teria tentado a TAM, mas não houve tempo. É preciso saber:
a) a TAM estava disposta a dar mais pela Varig?;
b) se a TAM aceitava dar mais, por que o governo só autorizaria a venda para quem aceitava dar menos?;
c) digamos que alguém estivesse escrevendo um roteiro de ficção:
1 – Hipotéticas empresas G e T estão interessadas na também hipotética empresa V;
2 - a empresa V, que não é boba, prefere a empresa T, que paga mais;
3 - mas o negócio depende de autorização do governo, que só aceita vender para a empresa G, que paga menos;
4 – o roteirista já tem um mistério, um enigma, e precisa tirar o leitor ou telespectador da sinuca. O que se passa?
5 – o roteirista, cheio de caraminholas, inclui em sua história o pagamento de um complemento, "por fora" (vocês sabem: "recursos não-contabilizados", como diria Schopenhauer) não ao dono da empresa V, mas aos agentes oficiais que forçaram a venda para a empresa G.
Ah, para que não nos esqueçamos: Dilma, que cuida de coisas tão elevadas, ainda encontra tempo para pedir, pessoalmente, a transferência para Brasília da mulher de um terrorista. Eis um exemplo de consideração bem acima do "razoável".
Histórias verdadeiramente fascinantes, cheias de sortilégios.
Os últimos subversivos
ISTOÉ revela manobras que impedem indenizações a militares Criada pelo Ministério da Justiça para julgar os pedidos de reparação às arbitrariedades cometidas pela ditadura militar, a Comissão de Anistia, em sete anos, já concedeu R$ 2,5 bilhões a milhares de jornalistas, sindicalistas, petroleiros e outros perseguidos políticos. Apenas uma categoria não recuperou integralmente os direitos usurpados: os militares contrários ao golpe de 1964. Alguns recebem proventos mensais, mas muitos não conseguiram as devidas promoções e benefícios. É o caso do brigadeiro da reserva Ruy Moreira Lima, 88 anos, um dos três últimos heróis da FAB na Segunda Guerra ainda vivos. Quando o golpe militar ocorreu, ele foi exonerado do comando da Base Aérea de Santa Cruz e preso. “Fiquei tanto tempo na prisão que não me lembro exatamente quanto”, diz. Posteriormente, os militares o impediram de trabalhar como piloto na aviação civil. Agora, a Comissão de Anistia indeferiu seu pedido de indenização por essa injustiça. “É como se tivessem nos carimbado para sempre como subversivos”, diz o capitão-demar- e-guerra da reserva Fernando de Santa Rosa, que, em 1964, era assessor do governo João Goulart. Julgamentos que deveriam ser técnicos muitas vezes são influenciados por injunções políticas. O caso mais grave talvez seja o dos 3.612 cabos da Aeronáutica cujos pleitos seriam deferidos em 2003. Uma gravação e documentos a que ISTOÉ teve acesso comprovam que Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça, mudou o veredicto favorável da comissão por pressão do Comando da Aeronáutica. Os processos estão sem solução até hoje. Esses cabos foram expulsos da FAB com base na portaria 1.104, de novembro de 1964. Desquitado e pai de quatro filhos, Océlio Ferreira, 58 anos, de análise da comissão, explica que, em 2002, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, a orientação era conceder a anistia em todos aqueles processos, mas que o posicionamento mudou em 2003, depois da posse de Márcio Thomaz Bastos no Ministério da Justiça. Janaína relata que 495 processos antes deferidos tiveram a decisão suspensa e outros 3.117 que seriam deferidos foram negados. Na gravação obtida por ISTOÉ, ela afirma que a anulação foi feita dentro do gabinete de Bastos. Ela diz que a decisão não foi publicada para evitar repercussão negativa na opinião pública. “Falaram o seguinte: vamos indeferir e não vamos publicar (...) Estamos no primeiro semestre dessa gestão e não podemos, como Comissão de Anistia, apresentar três mil indeferimentos.” A estranha intervenção de Bastos para mudar a decisão favorável aos cabos pode ser explicada por um ofício que ele recebeu do então comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, datado de 31 de janeiro de 2003. No documento, Bueno fala da “necessidade” de anulação dessa decisão e relata a “preocupação” do comando caso a anistia seja mantida: “Tal circunstância, a par de carretar prejuízos ao erário público, provocará a instabilidade das relações jurídicas já consolidadas na pacífica jurisprudência de nossos tribunais e na legislação militar.” Oito meses depois, Bastos enviou ofício ao então ministro da Defesa, José Viegas: “Informo, por oportuno, que os referidos requerimentos poderão ter seus atos administrativos anulados.” Foi o que realmente aconteceu. “É como se nós estivéssemos sendo perseguidos novamente”, diz o cabo Ferreira. Abrão Júnior disse à ISTOÉ que a decisão sobre o processo dos cabos foi modificada após consulta à Advocacia- Geral da União. Mas os documentos aos quais a reportagem teve acesso comprovam que essa mudança foi arquitetada em 2003, data do ofício do comandante Bueno. Abrão Junior diz que uma decisão final depende do Tribunal de Contas da União. Procurado por ISTOÉ, Thomaz Bastos respondeu, através de sua assessoria, que “não se lembra da questão específica” e que não se recorda de ter feito qualquer intervenção à época. Colaborou Hugo Marques
FRANCISCO ALVES FILHO
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Céu de brasileiro
Volta ao país, depois de mais de 20 anos, o acervo de 300 fotos que registram a ação dos pilotos da FAB nos campos de batalha italianos
Ignorado pela imensa maioria dos brasileiros, um importante momento da História começa, mais de meio século depois, a sair da penumbra. Na semana passada chegaram ao acervo do Museu Aero-Espacial, no Rio de Janeiro, 300 fotos que mostram a participação de pilotos da Força Aérea Brasileira em combates contra o Exército nazista na Itália - entre 8 de outubro de 1944 e 26 de junho de 1945. São imagens de aviões com brasileiros no comando em pleno bombardeio, depósitos nazistas de armas e munições indo pelos ares atingidos pela mira de nossos aviadores e ainda cenas corriqueiras do dia-a-dia dos pilotos da FAB no front europeu.
O tesouro foi doado à Aeronáutica pelo major John Buyers, à época oficial de ligação entre a FAB e as tropas aliadas. Buyers, cidadão americano nascido no Brasil, é casado com uma alagoana e hoje, aos 79 anos de idade, vive em Maceió. "Tirei essas fotos justamente para a posteridade. Quando voltei da guerra, levei ao Museu do Rio, mas elas se estragaram", conta Buyers. A Força Aérea Americana chegou a restaurar o material, que novamente se deteriorou. Só agora, após 20 anos e um novo trabalho de restauração, feito pelo Museu do Rio, essa história volta a ter registro.
A recuperação do acervo atingiu a emoção de quem participou da campanha ou conhece o valor dos que participaram. "O único país sul-americano que mandou homens para as áreas de bombardeio chama-se Brasil", diz, sem disfarçar o orgulho, o brigadeiro Araguaryno Cabrero dos Reis, 70 anos, diretor do Museu Aero-Espacial. Sob o comando da Força Aérea Americana, que havia sofrido muitas baixas e carecia de novos pilotos treinados para seus aviões P-47, os quase 500 homens da FAB que integravam o 1st Brazilian Fighter Squadron representavam apenas 5% de toda a Força Aérea aliada na Itália. Mesmo assim, foram eles que, proporcionalmente, alcançaram o melhor desempenho durante a campanha.
"Apesar de estarmos em menor número, fomos nós que bombardeamos 15% do total de veículos terrestres destruídos, inclusive tanques, 28% das pontes, 36% dos depósitos de combustível e 85% dos depósitos de munição. Foi um número fantástico", recorda o brigadeiro Rui Moreira Lima, de 80 anos, um dos pilotos que participaram da campanha e voltaram ao Brasil cobertos de glórias - uma delas, aliás, a mais importante comenda oferecida pelas Forças Armadas Americanas: a Medalha Presidencial do Governo dos Estados Unidos, criada para homenagear os oficiais que estiveram em Pearl Harbour durante o bombardeio japonês que pôs os EUAna guerra, em 1942. Além dos americanos, só os homens da FAB e dois esquadrões australianos receberam a comenda.
No Brasil não há nenhum monumento a seus heróis do ar, que se instalaram em duas bases na Itália - Pisa e Tarqüínia. Mas há homenagens no exterior. A gratidão dos aliados está expressa em Dayton, Ohio, nos EUA, na forma de um monumento de mármore negro que enfeita um salão do museu aeroespacial americano.
"Eu me ufano do meu país", suspira o brigadeiro Moreira Lima. O efetivo brasileiro era de 199 praças, 168 sargentos, nove suboficiais, seis enfermeiras e 75 oficiais, entre eles 41 pilotos, todos exibindo no brasão da FAB a inscrição "Senta a púa" - assim mesmo, com acento -, pintada nos aviões americanos e até hoje lema da aviação de caça nacional.
A maioria dos aviadores que foram à Itália não está mais viva para relembrar os feitos de suas 445 missões, 2.456 decolagens ofensivas e 5.465 horas de vôo em combate. Dos céus italianos os pilotos brasileiros lançaram 4.442 bombas, 850 foguetes e dispararam 1.180.200 cartuchos de metralhadora calibre 50. Destruíram completamente ou danificaram 1.990 jipes e caminhões inimigos, 1.085 tanques, 21 carros blindados e 105 locomotivas. Explodiram ainda 412 estradas de ferro e de rodagem, mandaram pelos ares 144 edifícios ocupados por nazistas, danificaram outros 94, puseram no chão os prédios de seis indústrias, atingiram outras cinco e aniquilaram três refinarias e 31 depósitos de combustível e munição. Voando sobre o mar, afundaram 19 embarcações alemãs e deixaram em chamas, à deriva, mais 52. O objetivo era destruir alvos na superfície, mas eles ainda abateram dois aviões inimigos e danificaram outros nove. Algumas fotos mostram os pilotos brasileiros posando ao lado das aeronaves alemãs.
Dos 41 pilotos que colecionaram essas façanhas na Itália - reforçados ou substituídos no fim por outros 23 voluntários -, nove morreram, cinco foram abatidos, feitos prisioneiros pelos nazistas e libertados depois da rendição dos alemães, e seis derrubados, mas conseguiram escapar.
Os brasileiros não eram tão experientes como seu desempenho pode sugerir. A FAB só havia nascido três anos antes, criada por decreto assinado pelo então presidente, Getúlio Vargas, em 20 de janeiro de 1941. No dia 22 de agosto de 1942 o Brasil declarou guerra ao eixo e em 1944 os aviadores já estavam em combate. A experiência era pouca, mas ainda assim os brasileiros tinham mais horas de vôo do que a média dos pilotos americanos. Como precisavam de um contingente grande no front, os americanos treinavam 250 horas e já entravam na guerra. Daí surgiu a necessidade de ajuda.
Os primeiros 32 voluntários da FAB que embarcaram seguiram para Orlando, na Flórida, onde inicialmente aprenderam a usar os aviões P-40, precursores dos P-47. Não tinham sequer uniformes para o frio. "O fardamento usado foi o americano", conta o brigadeiro Araguaryno. De Orlando, os pilotos brasileiros foram para a Base Aérea de Aguadulce, no Panamá, e, depois de uma sucessão de paradas em bases americanas para treinamento nos P-47, top de linha da aviação de caça da época que voavam a 700 quilômetros por hora, desembarcaram em Livorno. "Acreditando que a guerra fosse acabar mais cedo, só no fim mandaram substitutos. Muitas vezes tomamos remédio para não dormir", diz o brigadeiro Moreira Lima. A lembrança do desembarque no Brasil ainda é fresca na memória de quem sobreviveu. "Nunca vou esquecer", emociona-se Moreira Lima. Agora, com as fotos, espera-se que o Brasil também não.
VÔO ALTO
Um ano e sete meses para combater os alemães
Treinamento
Os primeiros pilotos brasileiros vão para os Estados Unidos aprender a usar os P-47 em janeiro de 1944.
Guerra
Em setembro de 1944, embarcam no navio US Colombie com destino à Itália, aonde chegam em outubro.
Volta
Em julho de 1945 metade da tropa desembarca no Rio. A outra metade chegara de avião pouco antes.
ENTREVISTA
Sem tempo para o medo
Brigadeiro participou de 94 missões na Itália
Época: O senhor se considera um herói nacional?
Brigadeiro Rui Moreira Lima: Acho que fui um cumpridor das minhas obrigações. Os colegas costumam eleger como herói aquele que vai à guerra e volta com a missão cumprida. Mas não me considero herói.
Época: Qual foi a missão mais perigosa que realizou?
Moreira Lima: Participei de 94 ataques contra os nazistas. Em todos voei bem perto da morte. Ainda me recordo especialmente de um. Havia três tanques nazistas atrapalhando o avanço de uma coluna aliada. Dei um rasante e disse aos colegas pelo rádio: "Não me sigam, não desçam porque vão atrapalhar". Não fiz isso porque era o melhor, mas por ser o mais bem colocado e ter visto o inimigo primeiro. Na guerra é assim. Meu avião foi atingido por 57 tiros, mas consegui destruir os três e aterrissar.
Época: O senhor teve medo?
Moreira Lima: O medo é inerente ao homem. Todos os dias eu pensava: "Ganhei mais um dia de vida". A morte estava ali, sempre. Mas não há tempo para medo num rasante.
Época: Houve momentos de muita tristeza, de depressão?
Moreira Lima: De tristeza, sim. Lembro-me do dia 26 de abril de 1945, quando perdemos um colega em sua 89a missão. E também do dia 13 daquele mês, quando perdemos um jovem de 20 anos.
Época: Vocês estavam mais bem preparados do que os alemães?
Moreira Lima: Os alemães também eram muito bem preparados. Quando mergulhávamos, eles continuavam atirando. Muitas vezes vi o traçante das balas no céu e, nessas horas, sentia um frio na coluna. Mas estávamos concentrados em acertar.
Época: O senhor foi atingido muitas vezes? Chegou a cair?
Moreira Lima: Em 94 missões, fui atingido nove vezes. Três foram graves. Vi a morte de perto. As balas não acertaram em mim, só no avião. Numa, pousei sem uma roda porque não enxergava nada. Um colega atrás de mim, em outro avião, ia dizendo o que eu devia fazer: "Reduza agora porque tem uma pista na sua frente". Jorravam óleo e fumaça do avião. Tive queimadura nos olhos. Mas sobrevivi para continuar na guerra.
Época: Em algum momento o senhor teve vontade de desistir?
Moreira Lima: Nunca, embora soubesse que podia não retornar com vida. Quando saí, deixei minha mulher grávida e, quando voltei, minha filha já estava com 7 meses. Foi uma emoção muito grande. Entre treinamento e combate, passei ao todo um ano e quatro meses fora de casa sem saber se voltaria.
No governo não tem caos aéreo
Documentos mostram que ministros usam jatos da FAB para ir e voltar de suas casas e ainda dão carona para parentes e assessores A companhia aérea preferida por parte dos ministros do governo Lula tem três letras, melhorou recentemente a frota e seus pilotos são muito bem treinados. Mas esses ministros não viajam nem de TAM nem de Gol. Usam e abusam das viagens a bordo de aeronaves do Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea Brasileira (FAB). É isso o que revelam documentos confidenciais obtidos por ISTOÉ sobre a movimentação de autoridades do primeiro escalão nos anos de 2006 e 2007. Os relatórios mostram que, no mesmo período em que a população enfrentava o caos aéreo e testava a paciência em intermináveis filas nos aeroportos brasileiros, ministros de Estado se valeram da mordomia não apenas a serviço ou em missões especiais, mas para ir e voltar de casa durante os fins de semana. Na linguagem empregada nos papéis da Aeronáutica, são os chamados “deslocamentos para residência permanente”, que deviam se constituir numa exceção, não numa regra, como se constata no levantamento. Os planos de vôos dos seis tipos de avião da FAB disponíveis para as autoridades – Learjet, Learjet Vip, Brasília, Legacy, Embraer 145 e Xingu – também contemplaram viagens em feriados e datas comemorativas, dias em que não costuma haver expediente em Brasília. Isso ocorreu durante as celebrações do Natal, Ano- Novo e Carnaval. Há ainda registros de verdadeiros vôos charters, com assessores, parentes, amigos e parlamentares do mesmo Estado do ministro pegando carona na sexta-feira para voltar para casa, retornando a Brasília no início da semana. Um dos exemplos do uso indiscriminado dos aviões da FAB pelo primeiro escalão do governo, cujos trajetos, ao custo médio de R$ 25 mil, dependendo do modelo do jato, são pagos com o dinheiro do contribuinte, foi a ida dos ministros para a posse presidencial em 1º de janeiro de 2007 em Brasília. O escrutínio das urnas já apontava, em outubro de 2006, a renovação por mais quatro anos do mandato de Lula. Todos os ministros e candidatos a integrantes da futura equipe de governo já tinham conhecimento da data da posse pelo menos com dois meses de antecedência. Mesmo assim, ministros como Tarso Genro, então das Relações Institucionais, Dilma Rousseff, da Casa Civil, Paulo Bernardo, do Planejamento, Orlando Silva, do Esporte, Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, e Hélio Costa, das Comunicações, preferiram se deslocar para Brasília desfrutando do conforto e da comodidade dos jatos da FAB a reservar com antecedência seus respectivos assentos nos aviões de carreira. Os ministros Thomaz Bastos e Orlando Silva foram de São Paulo a Brasília no mesmo avião, um Learjet VIP que também acomodou numa de suas aconchegantes poltronas o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta. A aeronave saiu da base aérea paulista às 9h25. A bordo de outro jatinho, Tarso Genro embarcou de Porto Alegre para Brasília às 8h50. Hélio Costa saiu de Barbacena, sua terra natal. Enquanto Dilma e Paulo Bernardo partiram de Salvador, onde passaram o Réveillon, com destino à capital federal a bordo do Legacy da FAB. Em todos os casos, o motivo alegado para o uso dos jatinhos da FAB foi o de que os ministros estavam “a serviço”. Gilberto Gil, ministro da Cultura, deu a mesma justificativa quando se valeu da mordomia dos jatos Learjet, Brasília e Embraer 145 para voar sem preocupação com filas e atrasos pelo circuito Rio de Janeiro e Salvador entre os dias 15 e 19 de fevereiro do ano passado. Ou seja, Gil recorreu aos serviços da FAB em pleno Carnaval, festa da qual é notório protagonista ao subir em seu trio elétrico – o chamado Expresso 2222 – e inflamar a multidão pelas ruas de Salvador. Ele fez o trecho Brasília–Salvador em 15 de fevereiro e, três dias depois, seguiu para o Rio, levando de carona o então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, e o governador da Bahia, Jaques Wagner, e suas respectivas mulheres, Sheila dos Mares Guia e Fátima Mendonça. Procurado por ISTOÉ, ele disse que faz uso desse transporte apenas em viagens oficiais, em geral, em três tipos de situação: 1) quando viaja para locais de difícil acesso; 2) quando é convocado para reuniões pela Presidência ou Casa Civil; 3) quando sua agenda exige deslocamentos mais ágeis e emergenciais que não se ajustem aos vôos das companhias áreas. Transportar no mesmo avião autoridades, assessores, parentes e até amigos é comum entre os usuários das aeronaves da Força Aérea Brasileira. É a união do útil ao agradável. Em suas viagens para Porto Alegre, no fim de semana, a bordo dos jatos da Aeronáutica, a ministra Dilma já transportou o deputado gaúcho e dileto amigo, hoje líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). Gil, por exemplo, levou para o Rio, no dia 2 de janeiro de 2007, o compositor Jorge Mautner, que também trabalha no programa Pontos de Cultura do governo federal. No dia 8 de março de 2007, o então ministro Walfrido fez uma viagem pluripartidária a Minas Gerais, ao dar carona para os conterrâneos, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) e o peemedebista Hélio Costa. O ministro da Educação, Fernando Haddad, por sua vez, preferiu transportar a família – a esposa, Ana Estela, e a filha, Carolina – num Learjet VIP para São Paulo, no dia 10 de dezembro de 2006. O maior caronaço, no entanto, ocorreu no dia 5 de abril de 2007. Um dos mais antigos aviões da frota da Força Aérea Brasileira, o “Brasília”, partiu da capital da República com destino a Belo Horizonte levando os ministros Walfrido, Nelson Jobim, da Defesa, os governadores do Piauí, Wellington Dias, e de Sergipe, Marcelo Deda, e esposas, e os três filhos de Wellington. A julgar pelo plano de vôo, os passageiros passaram o fim de semana na capital mineira. O avião retornou para Brasília num domingo, dia 8 de abril, com as mesmas autoridades e seus parentes.
Por SÉRGIO PARDELLAS
VÔOS DA ALEGRIA Hélio Costa, Dilma, Tarso, Orlando Silva, Marta e Patrus estão entre os que voltam para casa nos jatos da Força Aérea Brasileira
O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, não esteve nesse vôo rumo à terra do pão de queijo, mas é o recordista em viagens para casa ou “deslocamento para residência permanente” em 2006 e 2007. Durante os 13 meses analisados pelos relatórios oficiais, Patrus utilizou os aviões da FAB em 42 fins de semana para ir e voltar para Belo Horizonte, o que corresponde a uma média de mais de três fins de semana por mês. Na maioria das vezes, voou acompanhado da mulher, Vera Ananias, como no dia 12 de janeiro de 2007, quando partiu de Brasília para Belo Horizonte às 15h20 a bordo de um Learjet VIP. O ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia, por pouco não igualou a marca. Utilizou os aviões da FAB para ir e voltar para Belo Horizonte em 40 fins de semana dos 52 analisados. A ministra do Turismo, Marta Suplicy, que, no apogeu da crise, cunhou a infeliz frase do “relaxa e goza”, também chegou perto do índice do colega de Ministério. Registrou uma média de exatos três fins de semana por mês. Em três meses, chegou a ir e voltar para São Paulo nove vezes, sempre na sexta- feira, com retorno no domingo ou na segunda. Uma das idas de Marta para São Paulo ocorreu no dia 4 de maio de 2007, uma sexta-feira, às 13h40. A assessoria da ministra diz que ela cumpre suas agendas voando em aeronaves da FAB e em aviões comerciais, dependendo do compromisso a ser cumprido e da disponibilidade de aeronaves. E que Marta está amparada pelo decreto que disciplinou a utilização dos jatos em 2002. Já Tarso Genro foi mais econômico: utilizou o avião da FAB em 17 fins de semana para ir e voltar para Porto Alegre em um ano, o equivalente a uma média de 1,3 vôo por mês.
A ministra Dilma, nos 13 meses pesquisados, escolheu os jatos oficiais, em detrimento dos aviões comerciais, em 37 ocasiões. Na maioria das vezes, voou a serviço. Mas, em quatro fins de semana, lançou mão da mordomia para ir e voltar para Porto Alegre. Segundo sua assessoria, um dos vôos de Dilma para sua cidade natal a bordo da aeronave da FAB, o do dia 25 de maio de 2007, foi necessário por “incompatibilidade de agenda”, uma vez que a ministra, nesse dia, teve de despachar até as 20h no Palácio do Planalto. Outra viagem – a do dia 28 de julho de 2006 – teve como finalidade, segundo a assessoria da Casa Civil, o cumprimento de uma agenda na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
No total, as viagens de ministros com os jatos da FAB cresceram entre 2006 e 2007. De janeiro a dezembro de 2006, as aeronaves disponíveis para os ministros percorreram 1.351 trechos (idas e voltas). No mesmo período de 2007, os jatos fizeram 1.618 viagens. O uso dos jatinhos oficiais por ministros de Estado não é uma prática irregular. Baixado em 22 de maio de 2002, o Decreto nº 4.244 estabelece uma ordem de prioridades para a utilização de aeronaves da FAB. Segundo o documento, editado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a primeira situação a ser atendida se refere a “motivo de segurança e emergência médica”. A segunda prioridade são “as viagens a serviço”. Por último, podem ser atendidos deslocamentos para o local de residência permanente. Driblase o espírito do decreto de uma maneira simples: transforma-se em viagem de serviço o que é, na verdade, um deslocamento para casa. É óbvio que, se essa não fosse a última prioridade, a frota da FAB não teria como atender a volta para casa em todos os fins de semana de todos os 34 ministros. O que espanta é o abuso. Trata-se de uma exceção que virou rotina. “Se os ministros invertem a prioridade, é uma linha a ser analisada pela Comissão de Ética Pública”, afirma um dos membros do colegiado, que preserva seu anonimato, pois pode julgar o caso no futuro. Apesar disso, a assessoria do ministro Patrus Ananias não vê nada demais. “O ministro tem residência permanente em Belo Horizonte e se desloca em aviões da FAB”, confirma a assessoria.
Quando viajam a serviço, os ministros têm duas possibilidades: ou voam de avião de carreira ou utilizam uma das seis aeronaves da FAB. Na primeira opção, a passagem também é custeada pelo governo, mas os ministros se obrigam a conviver com os brasileiros que fazem check-in. A preferência pela segunda opção, em boa parte dos casos, pode ser facilmente explicada pelo fato de que, ao viajarem em aviões da FAB, os ministros não se submetem ao desconforto do caos aéreo. Não têm que perder horas em terminais de aeroporto ou a bordo de aviões aguardando a ordem para levantar vôo. As aeronaves da FAB têm a prerrogativa de pedir prioridade em pousos e decolagens. Se a mordomia existe, por que não marcar um compromisso na sexta-feira, de preferência longe de Brasília e perto de casa? Quem, neste País, abre mão de prerrogativas?
TODOS A BORDO DOS AVIÕES DA FAB DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2006, AS AERONAVES DISPONÍVEIS PARA OS MINISTROS PERCORRERAM 1.351 TRECHOS (IDAS E VOLTAS) |
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A FARRA DA ANAC MAIS DE 20 MIL PASSAGENS DE GRAÇA
Ao longo de 2007, enquanto milhões de passageiros do transporte aéreo enfrentaram filas e atrasos nos aeroportos, não se via um único dirigente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nos aeroportos. Onde estavam eles? Com freqüência espantosa, viajavam de graça, com passagens cedidas pelas empresas que deveriam fiscalizar. Entre 20 de março de 2006 e 15 de agosto, no pior período do apagão aéreo, o pessoal da Anac utilizou 19.071 “requisições de transporte aéreo não remunerado”, segundo levantamento da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. A antiga diretoria da Anac fez a festa com passagens gratuitas para fins particulares, de preferência nos fins de semana.
O então diretor-presidente da Anac, Milton Zuanazzi, realizou 64 viagens, 17 delas em fins de semana, sendo 15 para sua cidade de origem, Porto Alegre. Nenhuma das 64 viagens foi para cumprir fiscalização do setor aéreo. Zuanazzi apresentou 51 memorandos de requisição de transporte à comissão para justificar suas andanças, mas em 21 não há código da missão. Ele feriu portaria do Comando da Aeronáutica sobre missões de fiscalização do setor aéreo. A Comissão de Ética Pública aprovou o parecer do relator por unanimidade e aplicou “censura ética” a Zuanazzi, por violação do Código de Conduta da Alta Administração Pública. Procurado por ISTOÉ, Zuanazzi não retornou dois telefonemas. O ex-diretor da Anac Leur Lomanto percorreu 62 trechos de viagem no período investigado, oito em fins de semana e 15 para Salvador, onde reside. Dos 26 memorandos de requisição de viagens encaminhados, 11 não tinham informação sobre o código da missão. Nenhuma das viagens foi utilizada para missões de fiscalização. Também foi aplicada censura ética a Lomanto, que não quis falar sobre a punição da Comissão.
Outro ex-diretor da Anac, Josef Barat, usou passagens gratuitas em 37 trechos de viagens, alguns em fins de semana e pelo menos 19 para São Paulo, cidade onde mora. Ele apresentou 17 memorandos, mas em cinco não consta o preenchimento do código da suposta missão. Nenhum trecho de viagem foi utilizado para fiscalização do setor aéreo. A comissão se debruça agora sobre dezenas de viagens da ex-diretora Denise Abreu. Segundo integrantes da Comissão, foram encontradas também viagens suspeitas de não estarem relacionadas com as funções da Anac, como bilhetes para São Paulo, local de sua residência.
HUGO MARQUES
Sphere: Related ContentDesastre anunciado
Projeto de lei pode significar, no prazo de algumas décadas, o fim da Floresta Amazônica Os ecologistas o chamam de “Projeto Floresta Zero”: se for implantado, poderá simplesmente, no giro de algumas décadas, acabar com o verde da Amazônia. Trata-se de um projeto de lei (PL) que já passou no Senado e está em tramitação na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. Esse projeto muda substancialmente a porcentagem de autorização para derrubada de vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. De autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e modificado na Comissão de Agricultura pelo relator, deputado Homero Pereira (PR-MT), o PL 6424/2005 permite que até 50% da vegetação nativa seja colocada abaixo, em vez dos 20% atuais. O prejuízo ambiental não se limita a isso: pelo projeto, ficam legalizados todos os desmatamentos que, nos últimos 40 anos, destruíram as matas originais de cerca de 700 mil quilômetros quadrados (área equivalente à de quase três Estados de São Paulo) da região. E, como brinde, os responsáveis pelas derrubadas ficam desobrigados de recuperar dentro do próprio ecossistema o que abateram. Isso permite, por exemplo, que um desmatamento feito no Amazonas seja compensado com o plantio de árvores em São Paulo ou no Paraná, localizados em biomas bem diferentes. “O PL 6424 se tornou conhecido como ‘Projeto Floresta Zero’, pois estudos demonstram que, caso derrubemos mais de 50% da mata nativa, esta inicia um processo de autodegradação, o que significa que em pouco tempo a Amazônia será uma grande savana”, ressalta Joanna Guinle, militante do Greenpeace, que coordena uma campanha em defesa da Floresta Amazônica e do código florestal brasileiro. Os ruralistas defendem a proposta, alegando que a lei, se aprovada, vai incentivar a adesão dos fazendeiros à legislação ambiental e, dessa forma, garantir a sobrevivência de metade da biodiversidade amazônica. A verdade, porém, é que, num ecossistema frágil como o amazônico, ninguém sabe quanto de biodiversidade resistiria se 50% dela fosse destruída. A seca de 2005, na qual leitos de lagos amazônicos ficaram à mostra, e ausências localizadas de chuvas, como a ocorrida em Mato Grosso em 2007, já dão pistas do que pode vir após o desmatamento. Conforme a floresta encolhe, diminuem o volume de chuvas e a capacidade de a vegetação reter água. Com isso, a mata fica cada vez mais seca e vulnerável à ação do calor e do fogo. Um estudo publicado em 2003 por Carlos Nobre e Marcos Oyama, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), considera que, a partir das taxas anuais de derrubada da floresta, em duas décadas 31% da mata estará destruída e 24%, degradada. Com isso, o cenário estará preparado para a transformação da maior parte da Amazônia num imenso cerrado até o final deste século. A aprovação do PL 6424 poderá legalizar essa situação. As conseqüências desse descalabro ambiental são catastróficas. Uma Amazônia com menos florestas e mais seca representa perdas sérias da biodiversidade local (ainda muito pouco conhecida pela ciência) e impactos danosos sobre índios e outras populações da região. Mas o prejuízo se espalha por muitos outros lugares. As chuvas originárias da Amazônia influenciam na geração de energia, na agricultura e no abastecimento de água nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Por fim, o mundo terá comprometido seu principal “pulmão” no combate ao aquecimento global. O projeto levou o Greenpeace Brasil, com apoio de outras organizações, entidades e empresas, como o Instituto Socioambiental, a CUT e a UNE, a criar uma campanha em defesa das florestas da região amazônica, intitulada Meia Amazônia Não! No site da campanha (www.meiaamazonianao.org.br), é possível entrar em contato com os deputados da Comissão de Meio Ambiente e assinar uma petição a ser enviada a eles. “A idéia é atribuirmos ao projeto de lei um custo político tão alto que ele seja rejeitado ou entre numa espécie de limbo”, afirma Joanna. Ainda sem uma mobilização nas proporções desejadas, a campanha já reuniu quatro mil assinaturas e a expectativa é de mais 26 mil adesões em breve. Mas o tempo urge: a previsão é que o PL seja votado na Comissão de Meio Ambiente em meados de junho e, se for aprovado, deve passar sem problemas pelas etapas seguintes – inclusive pela sanção presidencial. “Aí, é sentar e chorar, porque vai ser o fim da floresta”, lamenta Joanna.
Por EDUARDO ARAIA
MAPAS DA DESTRUIÇÃO A seqüência de mapas elaborados pelo Greenpeace retrata o fim da Floresta Amazônica
Spray contra o medo
Criado líquido para dar mais confiança aos indivíduos portadores de fobia social Falar em público, fazer prova na faculdade, enfrentar fila de banco, pisar um shopping lotado ou viajar. Essas são situações angustiosas e torturantes que demandam esforço psíquico e sacrifício físico para uma considerável parcela da população mundial – aquela que sofre de ansiedade e de fobia social e tende a abastecer cada vez mais o organismo com antidepressivos e tranqüilizantes. Agora, imagine: diante dessa insegurança que gera suor nas mãos, taquicardia, sensação de “perda” do corpo e de possuir na garganta uma “bola que sobe e desce”, o portador dessa doença tira um spray do bolso e, depois de duas borrifadas nas narinas, tem plenamente recuperada a autoconfiança. Pois bem, neurocientistas suíços da Universidade de Zurique anunciaram na semana passada a descoberta desse spray, à base da substância ocitocina, hormônio natural responsável por diversas funções, entre elas a de regulador do afeto. A ocitocina age diretamente na amígdala, uma porção pequena mas poderosa do cérebro que se relaciona ao medo e às fobias. Para perceber a exata atuação desse hormônio, pesquisadores testaram- no em um grupo de voluntários, dando o spray a alguns deles e a outros um placebo. O teste era um jogo de confiança: eles teriam de dar dinheiro a uma pessoa para ser aplicado no mercado financeiro e ela retornaria ou não os seus lucros. Os participantes que tomaram ocitocina continuaram investindo, mesmo ao saberem que os outros arcaram com prejuízos. O cérebro dos voluntários foi monitorado. Quem inalou ocitocina apresentou menor atividade da amígdala, ou seja, o medicamento funcionou inibindo a hiperatividade dos neurônios. “A ocitocina diminui as funções do sistema de medo, que é ativado durante uma situação de interação social”, disse de Zurique à ISTOÉ Thomas Baumgartner, coordenador da pesquisa. “Uma das causas que disparam o medo em pessoas com fobia social é o mau funcionamento e a hiperatividade da amígdala.” Com essa parte do cérebro trabalhando sem parar, os portadores da enfermidade têm medo excessivo diante da interação social. “O hormônio age para diminuir o medo ou a timidez que as pessoas têm em uma situação social que envolve um certo risco”, disse à ISTOÉ Maurício Delgado, neurocientista e professor da Rutgers University, nos EUA.
TATIANA DE MELLO
INSS deve suspender descontos de empréstimo consignado fraudulento
A Justiça Federal concedeu liminar para obrigar o INSS a suspender os descontos feitos nos benefícios dos segurados quando for alegado que o empréstimo consignado é decorrente de fraude. A decisão, que atende à ação civil pública ajuizada pela Procuradoria da República em Tupã (interior de SP), determina que a suspensão seja feita na própria agência e vigorará enquanto durar o procedimento administrativo que apurará se houve ou não a fraude.
Segundo a decisão judicial, se ao final do procedimento ficar constatado que o empréstimo era de fato indevido, a suspensão se torna definitiva e a autorização para o desconto é cancelada. Em seguida, o banco responsável deverá devolver os valores descontados indevidamente do segurado.
Atualmente, de acordo com informações da Procuradoria da República de São Paulo, a rotina adotada pelo INSS não permite a suspensão imediata do desconto. A reclamação é encaminhada à Ouvidoria do INSS, que a encaminha para a Divisão de Benefícios. Esta área do INSS solicita à instituição financeira informações sobre o empréstimo no prazo de 10 dias. Esse procedimento pode levar meses, durante os quais o desconto no benefício continua sendo feito.
Da forma como pedido pelo MPF na ação, segundo a procuradora da República Heloísa Maria Fontes Barreto Preturlan, só poderá ocorrer, no máximo, mais um desconto depois da comunicação do segurado na Agência do INSS em decorrência do próprio sistema de pagamento de benefícios. “Assim se credita maior valor à palavra do segurado e o ônus de provar a regularidade do empréstimo passa para a instituição financeira”, afirma a procuradora.
Além de propor a ação, o MPF requereu à Polícia Federal em Marília a instauração de inquérito policial para apurar se houve a participação de servidores federais nas fraudes dos empréstimos consignados, uma vez que parte das fraudes ocorreram mediante a alteração de dados dos segurados lesados nos sistemas informatizados da Previdência.
A liminar foi concedida para cumprimento pelas agências do INSS que processam os benefícios de segurados domiciliados nos municípios que integram a Subseção Federal de Tupã: Adamantina, Arco-Irís, Bastos, Flórida Paulista, Herculândia, Iacri, Inúbia Paulista, Lucélia, Mariapólis, Osvaldo Cruz, Pacaembu, Parapuã, Pracinha, Queiroz, Rinopólis, Sagres, Salmorão, Tupã.
Relatório do Senado indica que Bush manipulou dados sobre Iraque
O relatório bipartidário indica que o Governo Bush ocultou as divergências entre especialistas da comunidade de inteligência sobre o suposto programa nuclear do Iraque, e que algumas das acusações sobre seus vínculos com a Al Qaeda não tinham fundamento suficiente.
Desta forma, as declarações de que o Iraque possuía armas de destruição em massa, antes da invasão de março de 2003, se apóiam basicamente em dados fornecidos pela comunidade de inteligência americana, mas estes não refletiram a divergência interna sobre a situação no país árabe.
"O presidente (Bush) e seus assessores fizeram uma incessante campanha pública por causa dos atentados (de 2001) para utilizar a guerra contra a Al Qaeda como justificativa para derrubar Saddam Hussein", disse o presidente do Comitê, o democrata John Rockefeller.
Ele acrescentou que os argumentos do Governo perante a opinião pública de que Saddam tinha vínculos operacionais com a Al Qaeda "e que representava, em seu conjunto, uma ameaça única e inseparável foram fundamentalmente enganosos".
Esses argumentos, no final, "conduziram a nação a uma guerra com falsos pretextos", prosseguiu Rockefeller, cujo comitê aprovou o extenso relatório por dez votos favor e cinco contra.
A oposição democrata imediatamente aproveitou a divulgação do relatório para insistir em que é hora de uma mudança na liderança do país.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse em comunicado que o relatório "confirma a campanha de propaganda enganosa para apressar o país a ir à guerra".
Essa suposta campanha propagandística, segundo Reid, "é parte de uma série de erros de julgamento graves" do Governo Bush e de seus partidários republicanos que, "com sua má administração, fez um dano grave à segurança nacional".
O país precisa de "um rumo estratégico novo e uma política pública internacional nova que fortaleça os Estados Unidos, em vez de enganar os americanos", ressaltou Reid.
Os republicanos, por sua parte, denunciaram as conclusões do estudo, ao qual qualificaram como "exercício partidário".
A porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, disse que o uso dos dados de inteligência já foi discutido antes.
"Tivemos a inteligência que tivemos, completamente apurada, mas estava errada. Certamente que lamentamos e adotamos medidas para corrigir" esse erro, ressaltou Perino.
O relatório do Comitê, em essência, corrobora outras análises anteriores de que o motivo de disputa usado pelo Governo Bush para ir à guerra - o das supostas armas de destruição em massa - tinha profundas fraquezas.
Por exemplo, o relatório cita declarações -não corroboradas pelos dados de inteligência - do então secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, de que Iraque possuía e operava instalações secretas para fabricar armas proibidas. Sphere: Related Content
Shopping de Curitiba barra jovens da periferia
Especial para o UOL
Em Curitiba
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No final da tarde de ontem, o auxiliar de montagem E.S., 17 anos, acusou seguranças do Palladium de barrá-lo quando tentava entrar no shopping. Segundo E.S., ele estava sozinho.
"Fui barrado por causa da minha cara e das minhas roupas (no estilo hip-hop). Eu me visto assim, qual o problema de ir ao shopping? Fui com R$ 150 para comprar roupa e não pude entrar. Em todos os outros shoppings entro sem problemas".
A direção do shopping não quis se pronunciar sobre o caso.
A direção do shopping alega que a proibição tem por objetivo evitar o constrangimento de clientes, uma vez que alguns desses rapazes "acuam as pessoas", e que o acesso seria proibido a grupos de mais de quatro jovens.
"O Palladium não faz nenhum tipo de discriminação. As restrições são em relação ao comportamento e às atitudes", afirma a gerente de marketing do Palladium, Maria Aparecida de Oliveira. Segundo ela, o uso de palavreado ofensivo ou mesmo o porte do "tubão" (refrigerante misturado com bebida alcoólica) já são considerados uma questão de segurança pela direção.
A orientação dos seguranças, segundo a reportagem apurou, é barrar grupos de jovens identificados com a periferia, para evitar transtornos com a clientela e possíveis "arrastões".
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Fachada do shopping Palladium
"Por mais que seja um local público, o shopping é também uma propriedade particular. Está no direito do empresário decidir quem freqüenta o estabelecimento, desde que haja bom senso", afirmou.
O veto a grupos de jovens "suspeitos" não é uma exclusividade do shopping Palladium. Há casos registrados também nos demais shoppings da cidade, principalmente naqueles localizados nas regiões centrais. "Eles mexem com a gente, dizem palavrões em voz alta, bebem, não respeitam nada", diz uma estudante de Direito que prefere não se identificar. Sphere: Related Content
Protesto contra reforma trabalhista reúne 200 mil em Lisboa
JAIR RATTNER
da BBC Brasil, em Lisboa
Cerca de 200 mil pessoas tomaram nesta quinta-feira as ruas de Lisboa para participar de um protesto contra uma proposta de reforma do Código de Trabalho defendida pelo governo do primeiro-ministro José Sócrates.
A manifestação foi a maior convocada pela central sindical CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal) nos últimos anos.
Caso seja aprovado pelo Parlamento, o novo código trabalhista, além de facilitar a demissão de trabalhadores, abre a possibilidade de que os empregados trabalhem mais horas sem receber hora extra, formando um banco de horas.
Também está prevista a demissão por inadaptação ao lugar, o que pode acontecer pela introdução de novas tecnologias.
Com as mudanças na lei, o governo pretende atrair mais investimentos para o setor produtivo.
Censura
"Há um crescimento na participação dos trabalhadores nos atos contra o governo, porque cada vez mais os trabalhadores sentem que as injustiças e as desigualdades estão aumentando", disse o presidente da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, no comício que encerrou a manifestação.
Em resposta, o premiê José Sócrates disse que não se impressionou com o número de pessoas na manifestação. "O que me impressionam são os argumentos. Estamos empenhados na negociação para chegarmos a um acordo sobre as mudanças nas leis laborais."
Também nesta quinta-feira, o Partido Socialista, de Sócrates, conseguiu derrubar no Parlamento uma moção de censura apresentada pelo partido de direita CDS.
Paulo Portas, líder do CDS, justificou a proposta de derrubada do governo: "Queremos mais economia e menos impostos, mais liberdade de escolha e mais severidade no combate ao crime, mais atenção ao que se produz e não tanto ao que se especula, mais respeito pelos cidadãos e menos intervencionismo cego".
Nos últimos seis meses, essa foi a terceira moção de censura apresentada contra o governo - que vive seu momento mais difícil desde que José Sócrates assumiu o poder, em 2005.
O país vive dificuldades econômicas, com a inflação chegando perto de 3% --refletindo a alta nos preços dos alimentos e do petróleo.
Dentro do próprio Partido Socialista já começaram a surgir críticas à atual administração.
No último fim de semana, o ex-presidente Mário Soares escreveu um artigo num jornal criticando as políticas do governo.
Nesta semana, o vice-presidente do parlamento, Manuel Alegre --que teve mais de um milhão de votos nas últimas eleições presidenciais--, uniu-se ao Bloco de Esquerda (ex-trotsquistas e ex-maoístas) e políticos dissidentes do Partido Comunista num comício em Lisboa para pedir mudanças na condução da economia a fim de diminuir a pobreza.
Sphere: Related ContentLa FAO anuncia donaciones por cuatro millones de euros
La inyección de dinero intentará mitigar la crisis de los alimentos
AGENCIAS - Roma - 05/06/2008
Los delegados de los países presentes en la cumbre de la FAO se han comprometido a aumentar sus esfuerzos para lugar contra el hambre el desarrollo de la agricultura. Para ello algunos de los participantes presentes han prometido destinar algo más de cuatro millones de euros –6.300 millones de dólares– "a los países más golpeados por la actual crisis alimentaria, para que puedan aumentar su producción de comida en la próxima temporada de siembra", han informado en una nota de la FAO.
Finaliza la cumbre de la FAO sin un compromiso claro
VIDEO - - 05-06-2008
La cumbre mundial de los alimentos llega a su fin después de varios días de muchas intenciones declaradas por parte de distintos países, pero pocas soluciones. -
El presidente del Gobierno español, José Luis Rodríguez Zapatero, ha informado que España participará en esa donación con unos 500 millones de euros – 773 millones de dólares – en un periodo de cuatro años. Por su parte, Francia contribuirá con casi mil millones de euros - 1.500 millones de dólares - durante cinco años.
Proyecto de declaración final
El proyecto de declaración final de la cumbre sobre seguridad alimentaria de la FAO, que se celebra en Roma, ha sido aprobado hoy por el Plenario, después de horas de discusiones que hacían temer que no se llegaría a un acuerdo. La declaración cuenta con la objeción de Argentina y las duras críticas de Venezuela y Cuba, que consideran que el documento no incluye medidas reales para acabar con el hambre en el mundo.
Los delegados de 183 países que participan del encuentro de la FAO han publicado la declaración que busca "erradicar el hambre y garantizar los alimentos para todos". Pero las discrepancias sobre las barreras comerciales y asuntos geopolíticos habían generado dudas de que se alcanzara un consenso.
A las críticas de las delegaciones cubanas y venezolanas se han unido las de Ecuador, Nicaragua y Bolivia, después de lo cual el presidente del Plenario cortó la palabra a las delegaciones. La representante ecuatoriana ha dicho que "son muchos los países que no están de acuerdo" con el proyecto de declaración, pese a lo cual ninguno impidió que el documento fuera aprobado por todos los participantes, con la excepción de Argentina que ha hecho objeción al texto completo.
En la declaración, los líderes de los países que participan en la cumbre se comprometen nuevamente a eliminar el hambre del mundo y a no utilizar los alimentos como un instrumento político y económico.
La cumbre fue convocada por la FAO para buscar maneras de garantizar los suministros de alimentos en medio de la fuerte demanda -especialmente en los países de rápido crecimiento de Asia-, las pobres cosechas y la escalada de los precios de los combustibles.
Esos factores han contribuido a que los precios de las materias primas se dupliquen en el último par de años, lo que según el Banco Mundial amenaza con sumar 100 millones de personas a los 850 millones que ya sufren hambre.
La Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE) prevé que los precios del arroz, del maíz y del trigo retrocedan desde sus actuales niveles, pero que mantengan un alza de hasta un 50% en la próxima década. La FAO estimó que la producción de alimentos debe aumentar en un 50% para el 2050 para poder abastecer la demanda.
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Sphere: Related ContentPresidente Chávez aprueba Ley de Bosques "para sincerar" su preservación
Caracas.- En el marco de la celebración del Día Mundial del Medio Ambiente el presidente Hugo Chávez aprobó hoy la Ley de Bosques, que permitirá "sincerar" su preservación, informó hoy la ministra del Ambiente, Yubirí Ortega. "Con esta aprobación por fin se está sincerando lo que se debe hacer en torno a la preservación del medio ambiente en Venezuela dentro del marco legal", declaró Ortega a la emisora Radio Nacional de Venezuela de la red estatal de prensa. La nueva ley define "los castigos y las presiones" que sufrirán quienes atenten contra el medioambiente, añadió Ortega sin más precisiones sobre la norma, que aún no se promulga formalmente en la Gaceta Oficial, reseñó Efe. La ministra reveló que Chávez también aprobó unos planes para preservar la reserva forestal nacional con la ayuda directa de la ciudadanía, lo que, asimismo, dijo que será detallado una vez promulgada la nueva norma. El Ministerio del Ambiente anunció el pasado abril que durante los dos últimos años se reforestaron 14.000 hectáreas con más de 12 millones de especies, lo que supuso casi un árbol por cada dos habitantes, considerando una población nacional de unos 27 millones de personas. Si esa reforestación hubiese llegado a 20.000 hectáreas o 200 kilómetros cuadrados igual sería una cifra "insignificante", dijo a Efe Antonio De Lisio, fundador del Movimiento Ecológico, que se presentó el miércoles como una nueva agrupación política partidista, la primera de ese signo en Venezuela. El país perderá su masa forestal de unos 500.000 kilómetros cuadrados de bosques si sigue el actual ritmo de deforestación de 50.000 kilómetros cuadrados al año, lo que refleja que "Venezuela tiene una de las tasas 'per cápita' más altas de deforestación del mundo", agregó. "No se está controlando la tala y la quema de bosques", añadió el también director del Centro de Estudios Integrales del Ambiente (Cenamb) y profesor de la Universidad Central de Venezuela (UCV) al detallar esos y otros "datos de la FAO reconocidos por el Ministerio del Ambiente", destacó. "Lo único que hace Venezuela es producir petróleo (...); es uno de los países del mundo con una mayor biodiversidad y riqueza natural, pero eso no se aprovecha", insistió. De Lisio admitió, no obstante, que el país cuenta con una de "las más avanzadas" normas ambientales de América Latina y fue el primer país del continente en crear un Ministerio del Ambiente, pero repitió que "no se respeta la naturaleza porque el Gobierno no hace cumplir las leyes" existentes.
Esclavas del sexo
BBC Mundo
Eva y Fabiola tienen la misma edad, 26 años.
Aunque nacieron en Rusia y Brasil siguieron caminos paralelos hasta acabar en el mismo lugar: forzadas a ejercer la prostitución en España.
Eran jóvenes y vulnerables. Dejaron sus países con la ilusión de un trabajo y una vida mejor, pero fueron engañadas.
El dinero que generaban se lo llevaban sus proxenetas y durante un tiempo vivieron amenazadas y encerradas en prostíbulos.
Son mujeres sin identidad, víctimas de la trata internacional con fines de explotación sexual.
Protagonistas invisibles
La mayoría de la gente ni siquiera se imagina las condiciones reales en las que viven personas como Eva, Fabiola o las figuras borrosas de la foto que ven a continuación.
Son personas como usted y como yo, y sin embargo ellas son imperceptibles para las sociedades que las explotan: viven en una especie de ilegalidad consentida, forzadas a la servidumbre sexual.
Por si eso no fuera suficiente, pertenecen a ese desafortunado club de víctimas que no importan a nadie, entre otras razones porque son mujeres, pobres y extranjeras.
A los ojos de un desconocido, no son más que prostitutas.
Y la combinación de estos ingredientes resulta en la fórmula perfecta para un negocio redondo: seres humanos que no importan a nadie y que dan mucho dinero a muy bajo riesgo.
La "nueva" esclavitud
Por la naturaleza misma del negocio no existen estadísticas precisas.
No obstante el departamento de Estado estadounidense calcula que cada año en el mundo unas 800.000 personas caen víctimas de la trata internacional con fines de explotación, que incluye diferentes tipos de abuso, como la explotación laboral y sexual y el tráfico de órganos.
En cuanto a explotación sexual se refiere, Europa Occidental es uno de los grandes destinos de la trata internacional.
Según Naciones Unidas, España está entre los 10 países de la región con una incidencia más alta de este delito.
Pero el mismo tipo de explotación sexual que hay en España se está dando también las 24 horas del día en países como Estados Unidos y Japón.
En efecto, esta forma de esclavitud moderna afecta virtualmente a todas las naciones del mundo, que se clasifican como países de origen, tránsito o destino de las víctimas.
Se estima que este gran negocio global, controlado por las mafias del crimen organizado, mueve unos US$10.000 millones al año.
Los enormes beneficios que genera sitúan a la trata de personas en el tercer puesto dentro del escalafón global del crimen, justo después del tráfico de drogas y de armas.
En estas páginas, BBC Mundo recoge las experiencias de las mujeres olvidadas que caen víctimas de estas redes.
Sphere: Related ContentLos delitos del hambre en Egipto
Matías Zibell BBC Mundo, Egipto |
El aumento en el precio de los alimentos básicos ha degenerado en actividades ilícitas en Egipto. |
Mientras en Roma, Italia, 44 jefes de Estado y de gobierno tratan de encontrar soluciones a la crisis de abastecimiento de alimentos a nivel mundial, en El Cairo, Egipto, las autoridades persiguen a sospechosos de hallar otro tipo de soluciones a la falta de comida entre los más pobres.
En los últimos días, los diarios locales en El Cairo han informado sobre el arresto de cinco personas en barrios marginales de la capital egipcia por vender carne de animales muertos encontrados en la calle.
Algunos de los detenidos son carniceros acusados de sazonar cadáveres de burros y perros con fuertes especias o de colorearlos para dar la impresión de que se trataba de carne fresca.
Otros han sido arrestados por vender carne de burro y de cerdo como si fuera de cordero (en el Islam, el cerdo está prohibido para el consumo humano por lo que sólo el 10% de cristianos coptos y los extranjeros que viven o visitan Egipto lo comen en este país).
Funcionarios del poder judicial como Farid Nasr han solicitado condenas más duras para aquéllos que cometan estas faltas.
Actualmente el castigo no pasa de los 10 años pero Nasr se ha manifestado a favor de la pena de muerte, ya que para él se trata de un delito similar al intento de asesinato.
El desvío del pan
Ésta no es la primera vez que el reciente aumento en el precio de los alimentos básicos ha degenerado en actividades ilícitas en Egipto.
Miles de personas participaron este fin de semana en la "Marcha contra el hambre" en El Cairo. |
En marzo de este año, el gobierno del presidente Hosni Mubarak responsabilizó a un grupo de panaderos por la escasez de pan subsidiado, un producto básico para el tercio de la población que vive debajo o apenas por encima de la línea de la pobreza (US$2 para gastar por día).
Según las autoridades y representantes de la Organización de Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO), muchas panaderías que accedieron a trigo subsidiado decidieron venderlo en el mercado privado debido a la alta cotización del grano.
Cuando comenzaron a repetirse los incidentes en las colas del pan subsidiado que incluyeron tiros y apuñalamientos, el gobierno decidió que las fuerzas armadas colaboraran en la producción y distribución de este alimento.
Al igual que ocurrió en marzo con la crisis del pan, legisladores opositores acusan ahora a las agencias gubernamentales de no hacer lo suficiente para evitar que se venda carne adulterada en las zonas más pobres de la capital egipcia.
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