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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ministra da Casa Civil volta à berlinda Oposição quer convocar Dilma para depor sobre negociação suspeita de fraude, da Varig e da VarigLog

Dilma volta ao olho do furacão

Márcio Falcão

Brasília

A oposição começa, hoje, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, novas tentativas para incomodar a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) deve apresentar requerimento de convocação da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu. O motivo da nova ofensiva é a suposta interferência do governo na venda da Varig e da VarigLog.

Em entrevista publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo, a ex-diretora da Anac disse que a ministra interferiu no processo de venda em favor do fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros. A estratégia oposicionista é ouvir as explicações de Denise sobre o caso para depois fechar o cerco contra a Dilma e a secretaria-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, também citada na reportagem.

A ministra teria, segundo Denise, desencorajado a cobranças de documentos que comprovassem a capacidade financeira dos três sócios (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para adquirir a empresa, já que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas. Também deverão ser convocados os demais envolvidos no caso: o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o empresário Marco Antônio Audi, sócio da VarigLog.

– É um escândalo que envolve diretamente a senhora Dilma Rousseff, sua assessora e braço direito, Erenice Guerra, chegando supostamente à prática de suborno, à configuração de empresas fantasmas, à troca de um procurador-geral da Fazenda Nacional e à utilização de um compadre do presidente da República, que é advogado – disse o senador. – Tudo teria sido feito para montar um esquema fraudulento para comprar uma parte boa da Varig, deixando a parte podre para ser ressarcida em esquema bilionário de indenizações que a União deveria fazer.

Medidas judiciais

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), acionou ontem o departamento jurídico do partido para que analise medidas judiciais para a apuração completa da venda da companhia aérea ao fundo americano.

– As declarações feitas por Denise Abreu são gravíssimas – afirmou. – Vamos atrás de todos os detalhes desta história.

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), as ações da oposição são, mais uma vez, políticas.

– Isso é uma questão política e nós vamos responder com um ato político – advertiu o governista, sem explicar quais medidas serão adotadas para a blindagem da ministra.

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), evitou polemizar o assunto e ponderou que o Congresso não pode viver de denúncias.

– Temos que trabalhar – argumentou. – Não podemos viver atrás de factóides que não nos levam a lugar algum. Se houver provas, podemos avaliar quais as melhores providencias a serem tomadas.

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