Privacidade no Facebook: seis momentos importantes
O Facebook concordou em obter um opt-in
(concessão) explícito dos usuários antes de alterar a maneira pela qual
suas informações pessoais são coletadas, armazenadas ou compartilhadas.
Segundo noticiou o
Wall Street Journal, fontes que
acompanham os acertos entre o Facebook e o Federal Trade Commission
(FTC) disseram que a gigante de rede social irá garantir ter
“consentimento afirmativo expresso” antes de fazer “mudanças
retroativas” na política de privacidade do usuário.
Tais mudanças retroativas foram usadas para justificar uma política
de privacidade de retorno, na qual o Facebook implementou novas regras o
que fez com que muitas informações dos usuários, antes designadas como
privadas – incluindo suas fotos, lista de amigos, páginas curtidas,
gênero e redes geográficas – se tornassem acessíveis ao público em
geral. Na época, o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg descreveu
as mudanças como o “cumprimento de um pedido feito por muitos de vocês
para tornar a página de configuração de privacidade mais simples”.
Mas as mudanças geraram muitos protestos de usuários, apesar dos
avisos feitos pelo Facebook de que as pessoas deveriam revisitar suas
configurações de política de privacidade devido às mudanças.
Pouco depois, a Electronic Privacy Information Center (EPIC), um
grupo de pesquisas sem fins lucrativos, registrou uma queixa juntamente
ao FTC em benefício dos usuários, alegando que o Facebook havia
realizado “práticas comerciais desleais e enganosas”. Curiosamente, a
definição “enganosa” pelo FTC não significa, necessariamente, que a ação
foi proposital, mas sim observa se o resultado dessa ação terminaria
enganando o cliente.
Segundo a queixa da EPIC, “as mudanças no Facebook nas configurações
de privacidade do usuário revelou informações pessoais para o público
que antes eram restritas. Essas mudanças também revelaram informações a
terceiros que anteriormente eram indisponíveis”. Além disso, as mudanças
simplesmente confundiram muitos usuários. Curiosamente, o próprio
Zuckerberg também “reverteu as mudanças em suas configurações pessoais
de privacidade após a transição, após suas fotos e outras informações
terem sido tornadas públicas”.
Questionado sobre o acordo do Facebook com o FTC, um porta-voz do gigante de mídia social preferiu não comentar.
Segundo notícias, o FTC ainda não assinou o acordo proposto, que
seria o Facebook criar uma política de privacidade mais abrangente e se
submeter a auditorias independentes de privacidade durante os próximos
20 anos. A proposta relatada do Facebook, entretanto, seria parecida com
o acordo feito entre o FTC e o Google no começo desse ano, sobre as
acusações de que a rede social Buzz violava a privacidade do usuário.
A proposta de acordo de privacidade do Facebook chega notavelmente
apenas quatro meses antes do prazo final para a empresa tornar os seus
resultados financeiros públicos, que deve se seguir a uma oferta pública
inicial.
Seis momentos importantes de privacidade no Facebook:
Novembro de 2009: de novembro a dezembro de 2009, o
Facebook iniciou a atualização de suas políticas de privacidade e mudou
as configurações de privacidade dos usuários de acordo com elas.
Dezembro de 2009: quatro dias antes das mudanças serem impostas, havia mais de 500 grupos devotados ao assunto das configurações de privacidade.
Maio de 2010: O Facebook lança opções de privacidade mais “simplistas” para os usuários.
Dezembro de 2010: O FTC propõe a capacidade “não
rastrear” (“do not track”) de publicidade online para os consumidores, e
sinaliza uma ofensiva sobre as políticas de privacidades dos sites,
afirmando que a indústria falhou na auto-regulamentação.
Novembro de 2011: o Facebook afirma estar pronto
para assinar um acordo com o FTC que exigirá que obtenha ordem explícita
do usuário antes que mude a maneira de configuração de suas
informações pessoais.
Abril de 2012: Prazo final para o Facebook se tornar
publico, o que os especialistas estimam elevará o valor da companhia em
até US$100 bilhões.
Tradução: Alba Milena, especial para o IT Web | Revisão: Thaís Sabatini
TERRA TECNOLOGIA
19/11/2011 00h00
A maior rede social do mundo liga mais de meio bilhão de pessoas. Isso
permite comunicações e compartilhamentos em vários níveis, que vão desde
pequenos arquivos até grandes obras, vídeos e outros materiais de
interesse comum. Você já deve saber que essa rede é o Facebook, mas você
acha que ele é tão seguro quanto imaginamos?
Nas últimas semanas, várias denúncias surgiram, todas afirmando que os
dados pessoais armazenados nos servidores do Facebook vão muito além do
que pode ser considerado respeitoso à privacidade dos usuários. Há
informações, inclusive, que afirmam que mesmo depois de deletar a conta,
os ex-cadastrados continuam tendo os movimentos registrados. Mas como o
Facebook faz esse rastreio?
Assim como grande parte dos sites da internet, o Facebook instala
cookies no seu computador. Eles são responsáveis pelo armazenamento de
uma série de informações de navegação e, o principal, são utilizados
para enviar estes mesmos dados até servidores remotos.
E é com base nesses cookies que as denúncias de que o Facebook estaria
rastreando seus usuários surgiram. Segundo o USA Today, a rede social
estaria quebrando as regras de privacidade em três níveis:
Conectado: assim que você se loga nos servidores, um cookie de sessão e
um cookie de navegação são instalados no navegador. Eles são
responsáveis pela medição de tempo de permanência na página, além de
localizar IP, resolução e várias outras informações técnicas. Além
disso, todas as vezes que você clicar em "Curtir", preferências de
usuário serão salvas.
Desconectado: quando você está navegando em outras páginas ou se está
visitando o Facebook, sem estar logado na rede social, apenas o cookie
de navegação é instalado. Porém, todos os itens citados anteriormente
continuam sendo informados ao servidor, incluindo seu IP e seu tempo de
permanência.
Após encerrar as atividades do Facebook: denúncias de um grupo alemão
apontam para o fato de que, até mesmo após deletar a conta na rede
social, os usuários continuam sendo rastreados. Isso significa que dados
de navegação continuam sendo recebidos pelos servidores de Zuckerberg.
De onde vêm as denúncias?
A fonte principal das acusações é a ACLU (União pela Liberdade Civil
Americana, uma organização independente dos EUA), que afirma
categoricamente: "A rede social está seguindo você". Foi ela que entrou
em contato com o órgão governamental FTC (Comissão Federal do Comércio,
também dos EUA), com as denúncias de que o Facebook estava roubando
informações.
O que a ACLU pede é que uma ferramenta chamada Do not track (Não
rastreie) seja instalada no Facebook. Com ela, os usuários poderiam
decidir se desejam ter suas informações de navegação rastreadas e
enviadas para a rede social e seus parceiros. O próximo passo, caso a
FTC endosse as denúncias, será levar os pedidos até o congresso
norte-americano.
O que isso significa?
O Facebook está passando pelas mesmas denúncias que a Google passou
algum tempo atrás. Provavelmente, o rastreamento de dados de navegação
deve ser utilizado para personalização de oferta de conteúdo,
segmentando com mais eficiência os anúncios exibidos.
Encarar esses fatos como invasão de privacidade depende de cada leitor.
Mas é fato que, nem todos os usuários gostam de saber que estão tendo
todos os passos vigiados. Ainda mais quando não se sabe quais são as
reais intenções por trás da atitude.
Como o Facebook rastreia seus 800 milhões de usuários
18 de novembro de 2011 | 12h59
Nayara Fraga
Depois da notícia de que o Facebook está próximo de estabelecer acordo com o governo americano para ter sua
política de privacidade fiscalizada durante 20 anos, a rede social está se mostrando mais aberta para comentar como rastreia seus cerca de 800 milhões de usuários.
O diretor de engenharia do Facebook, Arturo Bejar, e outros funcionários da empresa revelaram ao
USA Today,
em uma série de e-mails e conversas por telefone, que a rede social
registra páginas da internet que cada usuário visitou nos últimos 90
dias. Ela também consegue obter informações de milhões de não-usuários
que visitam alguma página do Facebook por algum motivo.
Para fazer isso, a empresa se baseia na tecnologia de rastreamento de
cookies, recursos existentes nos navegadores capazes de guardar
informações como login e senha (para que o usuário não tenha de
digitá-los toda vez que acessa o site). Como eles permitem memorizar as
preferências do usuário, muitas vezes dados confidencias, esse é um
método questionável no mercado de internet — mas largamente usado por
Google, Adobe, Microsoft, Yahoo e muitos outros na indústria da
publicidade online, lembra Bejar ao USA Today.
O diário americano explica que a empresa coleta dados de diferentes
maneiras para cada tipo de usuário (o que acessa a rede social e está
usando sua conta; os que estão desconectados da rede; e o que não têm
conta no Facebook).
Entenda:
- O processo de rastreamento começa quando o usuário visita um perfil
no Facebook. Se ele escolhe criar uma conta, a rede social insere um
“browser cookie” e um “session cookie” no navegador usado, como
Explorer, Firefox ou Google Chrome. Este último cookie memoriza: nome,
e-mail, lista de amigos e preferências do usuário reveladas pelos botões
“curtir”, além de IP, sistema operacional, versão do navegador e data e
hora em que cada site com plug-in do Facebook foi acessado.
- Se o usuário navega em páginas do Facebook, mas não está conectado à
rede ou não tem conta, apenas um “cookie” do navegador é ativado.
Informações pessoais não são coletadas. É possível saber do usuário o
IP, a resolução da tela, o sistema operacional, a versão do navegador,
data e hora em que cada site com plug-in do Facebook foi acessado.
- Isso ajuda o Facebook a:
manter a segurança, já que fica mais fácil identificar e bloquear contas falsas, ataques virtuais e links maliciosos;
aprimorar a experiência do usuário, pois vê-se como estão sendo usados os plug-ins do Facebook em páginas de terceiros, como sites de notícias; e
gerar receita,
uma vez que os links patrocinados aparecem para os usuários de acordo
com as informações que ele revela em seu perfil e com as preferências
deduzidas pelos botões “curtir” clicados.
O diretor de engenharia do Facebook disse ao USA Today que,
tecnicamente, seria possível saber por onde andam os usuários da rede
pela web quando não estão conectados ao Facebook. Mas não é o que a
empresa faz. “Nós dissemos que não fazemos isso. E nós não poderíamos
fazer isso sem algum tipo de consentimento e divulgação”.
Veja a matéria do USA Today aqui.
Política de privacidade do Facebook pode ser fiscalizada por 20 anos
11 de novembro de 2011 | 18h07
Nayara Fraga
O Facebook está próximo de estabelecer um acordo com o governo
americano sobre acusações de que a rede social teria enganado usuários
quanto à privacidade de informações pessoais, informou o “The Wall
Street Journal” em matéria de capa desta sexta-feira, 11 (
veja acima).
Pessoas próximas ao assunto disseram ao jornal que o pacto submeteria
o Facebook a uma auditoria externa por 20 anos, no intuito de verificar
se a empresa de Zuckerberg preserva a privacidade dos usuários. Para
ter validade, o acordo espera apenas a aprovação final da Comissão de
Comércio Federal dos Estados Unidos (FTC, em inglês) e tem potencial
para repercutir amplamente, diz o “WSJ”.
O Facebook ficaria proibido, depois do pacto, de abrir as informações
presentes nos perfis a uma audiência maior do que a pretendida
anteriormente sem o consentimento expresso dos usuários. De 2009 até
hoje, o site mudou as configurações de privacidade várias vezes.
O “Journal” conta que esse acordo com o Facebook é parte de uma série
de esforços do governo dos Estados Unidos que pretende alertar as
companhias para a importância de cuidar das informações pessoais
coletadas de usuários.
Em pacto com o FTC, o Google se submeteu, em março, a auditoria
externa a cada dois anos por 20 anos. E o Twitter concordou em ser
auditado a cada dois anos por 10 anos, depois da invasão a vários
perfis, como o do presidente americano, Barack Obama.