Ex-candidato à Presidência da República, ex-ministro e ex-deputado
federal, Ciro Gomes foi vaiado, nesta sexta-feira, ao chegar para o
Congresso Nacional do PSB, em Brasília.
Antes de ele entrar no plenário principal, militantes do partido também
mostraram uma faixa pedindo "a volta da democracia do PSB no Ceará",
Estado de Gomes.
Mesmo assim, o ex-candidato não descartou concorrer pela terceira vez ao
cargo. "Quem já foi duas vezes [candidato] não pode andar mentindo
dizendo que não quer ser", disse.
O racha no partido sobre a possibilidade de candidatura própria em 2014 também ficou evidenciado.
Apesar de falar que o desentendimento com o presidente nacional do PSB e
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, estava superado, Ciro
ironizou o fato de o colega querer ser candidato.
"Tem todos os dotes para isso, falta só a estrada que eu tenho", disse.
Campos, por sua vez, desconversou ao questionar sobre o assunto.
Em 2010, Ciro Gomes queria ser candidato, mas foi derrotado pelo grupo
de Eduardo Campos, que defendeu o apoio à presidente Dilma Rousseff.
Ciro também voltou a criticar hoje a aliança do PT com o PMDB. "Não é
contra o PT, é contra a média da sustentação, que reúne PT e PMDB, de
natureza fisiológica, e nós teremos sempre grande susto e dissabores por
este cimento, toda aliança é legítima, mas que é a aliança forma
transformadora que precisa dessa grade aliança?", questionou, para
continuar: "Qual é o cimento? O que é que nós coeziona? Fisiologia,
quando senão, roubalheira."
Nesta sexta-feira acontece em Brasília o Congresso Nacional do PSB.
Amanhã, a legenda deve reconduzir Eduardo Campos para a presidência.
A conselheira Marília Muricy negou nesta sexta-feira
considerar que a presidente Dilma Rousseff desafiou a Comissão de Ética
da Presidência da República ao pedir esclarecimentos sobre a
recomendação do colegiado de demissão do ministro do Trabalho, Carlos
Lupi. Marília foi a relatora do processo contra o ministro na Comissão
de Ética.
"Não vejo como um desafio, absolutamente. Em primeiro lugar, a
presidenta não está subordinada à Comissão de Ética. Ao contrário, a
Comissão de Ética é criada por um decreto presidencial, os membros são
nomeados pela presidenta da República, e a Comissão de Ética assessora a
Presidência", ressaltou a conselheira. Em seu relatório, além de
recomendar a exoneração do ministro, Marília defendeu a aplicação de
advertência a Lupi. O colegiado aprovou, por unanimidade, o relatório.
Essa punição é a maior que pode ser recomendada pela Comissão de
Ética. Lupi é suspeito de se beneficiar de um suposto esquema de propina
envolvendo organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com o
Ministério do Trabalho. Ele também terá que explicar à Presidência se
ocupou, simultaneamente, dois cargos públicos de assessor parlamentar.
Embora Dilma não tenha acatado a sugestão da comissão, mantendo Lupi
no cargo, a conselheira Marília Muricy se disse convencida de que as
punições recomendadas são as mais adequadas para o ministro. "Reafirmo,
palavra por palavra, vírgula por vírgula, ponto e vírgula por ponto e
vírgula (o relatório)."
Em reunião com Dilma na manhã de ontem, Lupi disse que pedirá
reconsideração da Comissão de Ética sobre o seu processo. Segundo
Marília, o ministro "tem todo direito de pedir reconsideração".
O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, evitou falar sobre o
pedido de Dilma antes de conversar com ela. Ontem à noite, após o pedido
de Dilma, Pertence autorizou a divulgação do relatório da conselheira
Marília Muricy, aprovado pela comissão. "Não darei declarações sobre o
tema antes de responder à presidenta da República, o que pretendo fazer
na segunda-feira", disse Pertence, que participou hoje de um seminário
sobre ética e gestão promovido pela comissão.
Sepúlveda foi irônico no discurso de encerramento do seminário,
dizendo que debates como aquele vêm "marcando, desde o início da
fundação, essa 'comissão de mentirinha', como já dizem uns". Depois,
explicou que se referia a uma fala do senador Pedro Simon (PMDB-RS). "É
uma referência do caríssimo amigo senador Pedro Simon, insatisfeito com
alguma omissão", explicou.
Quanto a um possível pedido de exoneração a ser apresentado pelo
ministro do Trabalho, Sepúlveda disse que aprovou as punições
recomendadas completamente convencido da culpa de Lupi, mas ressaltou
que a comissão não se negará a apreciar um pedido dele. "Eu votei
absolutamente convencido, mas é claro que um pedido de reconsideração é
para ser examinado e estudado."
Os empréstimos vinham sendo liberados sem a devida averbação junto à fonte pagadora pública
O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE)
ajuizou ação civil contra a Caixa Econômica Federal (CEF) em razão de
uma irregularidade no empréstimo consignado oferecido pelo banco. A
Caixa não vem solicitando uma etapa prévia essencial para a liberação
desse tipo específico de empréstimo.
O empréstimo consignado é
uma linha de empréstimo pessoal disponibilizado para funcionários e
servidores públicos em geral, em que o desconto é feito diretamente da
folha de pagamento. A garantia é feita nos limites da sua margem
consignável, ou seja, o valor máximo da sua remuneração mensal que pode
ser utilizada para o empréstimo.
No caso, a Caixa Econômica
Federal vem liberando o empréstimo consignado sem a devida averbação da
dívida no órgão convenente, somente o fazendo após o valor consignado já
estar à disposição do solicitante. Este procedimento traz, para a
Caixa, o risco de ter prejuízos que implicariam em danos ao patrimônio
público.
Dessa forma, o MPF/SE requereu a condenação da Caixa,
para que o banco passe a realizar a confirmação da margem consignável e a
solicitação da averbação da dívida junto ao empregador antes da
liberação dos empréstimos consignados.
Assessoria de Comunicação Ministério Público Federal em Sergipe (79) 3301-3874 / 3301-3837/ 8172-8299 / 9931-6732 ascom@prse.mpf.gov.br
Em atenção ao seu
e-mail, informamos que de acordo com a Resolução 488 da ANATEL (Agência
Nacional de Telecomunicações), o consumidor deve ser ressarcido sempre
que o sinal de sua TV por assinatura for interrompido por mais de 30
minutos. As regras estão previstas nos artigos 6º, 7º, 8º, 9º, 10º e
11º da mencionada Resolução:
As principais disposições são:
-
Após 30 minutos de interrupção a operadora deve compensar o consumidor,
por meio de abatimento ou ressarcimento. O valor deverá ser
proporcional ao da assinatura.
- Os
programas pagos individualmente deverão ser reembolsados pelo valor
integral, independente do tempo em que ocorreu a queda do sinal.
-
A duração da interrupção, o valor e a forma de compensação devem
constar no documento de cobrança do mês em que o fato ocorreu. Se a
fatura já havia sido emitida, deverá constar na do mês seguinte.
-
O ressarcimento deverá ocorrer quando não houver próximo documento de
cobrança. Porém, se o consumidor tiver débito em aberto, o rrembolso
será descontado desse valor.
- Os programas pagos
individualmente deverão ser reembolsados pelo valor integral,
independente do tempo em que ocorreu a queda do sinal.
-
As manutenções preventivas, ou outras alterações no sistema, que
provocarem queda do sinal ou da qualidade do serviço, deverão ser
realizadas, preferencialmente, em dias úteis. O consumidor deverá ser
informado com antecedência de 3 dias. Se a soma das interrupções se
prolongar por mais de 24 horas, o consumidor deverá ser compensado e a
operadora deverá comunicar o fato à Anatel.
- Caso a operadora alegue que a interrupção foi causada pelo consumidor, ela deverá demonstrar o fato.
-
A Prestadora deve manter registro, por um período mínimo de 24 meses,
com o histórico dos períodos de interrupção e providências tomadas;
-
Para calcular o valor a ser compensado, a Prestadora deve somar
todos os períodos de Interrupção (inclusive os gerados por reparos
técnicos ou manutenção), computando-se os períodos de cada canal.
-
A Prestadora deve manter registro, por um período mínimo de 24 (vinte e
quatro) meses, com histórico que demonstre os períodos de Interrupção
do Serviço e as medidas tomadas para a sua normalização.
Observando
irregularidade, caso não seja possível a solução do problema
diretamente com a empresa, sugerimos que registre reclamação no SAC da
prestadora, na ANATEL, no número 1331; e apresente os números dos
protocolos de atendimento e cópia simples das seis últimas faturas em
um dos nossos canais de atendimento, para melhor análise e providências
cabíveis. Os endereços poderão ser verificados em nosso site, no link
"Formas de Atendimento".
Os postos de atendimento
pessoal (Poupatempo Sé, Santo Amaro e Itaquera) trabalham com sistema de
agendamento de horário e distribuição de senhas. Se optar por um desses
canais, antes de dirigir-se ao local é conveniente contatar o
Poupatempo, através do telefone 0800 772 3633, a fim de informar-se
sobre as condições para distribuição de senhas e agendamento de horário.
Se
não residir em São Paulo recorra, preferencialmente, ao órgão de defesa
do consumidor de sua cidade. Se for um município do Estado de São
Paulo, é provável que o Procon local seja conveniado a esta Fundação.
Para verificar o endereço acesse em nosso site o link "Procons
Municipais".
TÂNIA MONTEIRO, RAFAEL MORAES MOURA, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Irritada com a "faca no pescoço", a presidente Dilma
Rousseff desmoralizou ontem a Comissão de Ética Pública da Presidência
ao não aceitar de pronto a recomendação de demissão do ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, feita pelo colegiado. Disposta ao confronto,
Dilma desafiou os integrantes da comissão a demonstrar as razões que
embasaram a decisão dos cinco conselheiros e abriu uma crise com o órgão
incumbido de vigiar os malfeitos dos ministros e demais integrantes do
governo.
Ao atropelar a comissão, Dilma deu uma sobrevida a Lupi e ganha tempo
político para, segundo assessores, restabelecer sua autoridade e
preparar a mudança no Trabalho, em poder do PDT, mas cobiçada pelo PT.
Lupi, que desde a manhã de ontem fez uma romaria aos gabinetes do
Planalto, incluindo o da presidente Dilma, não está, porém, livre de ser
demitido.
Na conversa com Dilma, Lupi fez questão de lhe dar explicações e
informar que estava pedindo "reconsideração" da punição à Comissão de
Ética.
"O ministro disse que também vai oficiar a Comissão de Ética pedindo
elementos da decisão. Acho que vai pedir inclusive a ata, com a
degravação da reunião, e todos os elementos do processo para pedir a
reconsideração", declarou a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação
Social, Helena Chagas. Lupi tem 10 dias para recorrer.
A ministra informou ainda que Dilma pediu à Casa Civil que enviasse
ofício à Comissão de Ética "requisitando que seja mandado para ela o
processo, ou seja, os elementos que subsidiaram, que embasaram a decisão
e a sugestão (de demissão) que ela recebeu por ofício".
Cobranças. Segundo assessores, a presidente Dilma exigiu explicações
convincentes do ministro em relação às novas denúncias de que exerceu
duplo emprego público, o que é proibido por lei, conforme revelado pela
Folha de S.Paulo ontem.
O caso, porém, só deverá voltar a ser examinado na segunda-feira, depois da volta da presidente de Caracas.
Ao tomar conhecimento da decisão dos conselheiros na noite de quarta,
Dilma se sentiu "afrontada" e considerou que os conselheiros agiram
"com o fígado" contra o ministro Lupi.
De acordo com auxiliares, a presidente Dilma se sentiu traída porque
não fora avisada da antecipação da reunião da Comissão de Ética,
inicialmente marcada para 05 de dezembro, para 30 de novembro.
A presidente considerou ainda "inconsistentes" as justificativas do
presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, de que Lupi deu explicações
"não satisfatórias" à comissão e deu respostas "inconvenientes à
comissão, ao Congresso e à imprensa".
Relatora. No Palácio, causaram surpresa as "declarações cheias de
subjetividades" da relatora do processo na comissão contra Lupi, Marília
Muricy. Houve quem concordasse até com as declarações do deputado
Paulinho da Força, de que a comissão estava "perseguindo" Lupi e se
vingando do ministro.
Em dezembro de 2007, a comissão, na época presidida por Marcílio Marques
Moreira, considerou aética a postura de Lupi de, ao mesmo tempo,
exercer o cargo de ministro e de presidente do PDT. Recomendou ao então
presidente Lula, na ocasião, que Lupi ou deixasse a presidência do
partido ou o ministério. Na época, Lula nada fez de imediato, a exemplo
de Dilma agora, e deu tempo a Lupi para que deixasse a presidência do
partido. Desta vez, o prazo dado a Lupi é para impulsionar seu pedido de
demissão. A comissão vinha sendo acusada de omissão por só tomar
decisões contra os ministros depois que eles já tinham deixado os
respectivos cargos.
Paulinho ataca PT e escancara mal-estar
Um dos principais líderes do PDT, deputado diz que seu
partido, aliado da presidente Dilma, pode virar as costas aos petistas
em SP
02 de dezembro de 2011 | 3h 05
VERA ROSA / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
As relações entre o PT e o PDT azedaram de vez. Um dia
depois de o presidente do PT, Rui Falcão, afirmar que há "aparelhamento"
do Ministério do Trabalho, comandado por Carlos Lupi, o deputado Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP) não escondeu o incômodo e partiu para o
contra-ataque. "O PT quer tirar o Lupi a fórceps", disse ele.
Presidente da Força Sindical, Paulinho, como é conhecido, lembrou que
o PDT foi o primeiro partido aliado a apoiar Dilma Rousseff na disputa
pela Presidência, no ano passado. Sugeriu, porém, que seu partido pode
virar as costas para o PT na eleição para a Prefeitura de São Paulo.
"Estamos a dez meses das próximas eleições. Será que Rui Falcão já
está desprezando o eventual apoio da central e do partido em São
Paulo?", provocou o deputado, que pode concorrer à sucessão do prefeito
Gilberto Kassab, numa referência à candidatura do ministro da Educação,
Fernando Haddad.
Na entrevista ao Estado, publicada ontem, Falcão disse que não
deveria haver representação das centrais sindicais nas delegacias
regionais do Trabalho. Foi mais longe: criticou a concessão de cartas
sindicais "sem critério" e defendeu o fim do imposto sindical. Nos
últimos dias, o ministério dirigido por Lupi - que é presidente
licenciado do PDT - foi alvo de denúncias envolvendo pagamento de
propina para obtenção de registros sindicais.
"O presidente do PT, ao primeiro sinal de água, está se curvando ao
denuncismo sem provas e deixando o ministro do Trabalho na chuva, e sem
guarda-chuva", insistiu Paulinho.
Pelas contas de Falcão, filiados ao PDT ocupam 20 das 27 delegacias
regionais do Trabalho. Disse, porém, não estar reivindicando cargo para
os petistas. "Mesmo que fosse o PT no ministério não deveria haver uma
ocupação partidarizada das delegacias do Trabalho, nem pelo partido nem
pela CUT, e muito menos essa política de proliferação de cartas
sindicais", argumentou Falcão.
Furioso, o presidente da Força Sindical afirmou que foi o PT quem montou
uma república de sindicalistas na Esplanada. "Nas gestões dos ministros
Jaques Wagner, Berzoini e Marinho todas as secretarias e diretorias do
Ministério do Trabalho eram ocupadas por sindicalistas e economistas da
CUT", insistiu Paulinho. Wagner ( governador da Bahia), Marinho
(prefeito de São Bernardo do Campo) e Berzoini, atualmente deputado,
foram ministros do Trabalho de Lula.
Dilma ignora Comissão de Ética e mantém Lupi
Presidenta não acata o pedido de exoneração, mas cobra do
ministro do Trabalho explicação sobre nova denúncia, de ele ocupar dois
cargos públicos ao mesmo tempo
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff resolveu manter o
ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), no cargo após
reunir-se com ele na manhã de ontem. Fora da agenda, o encontro foi para
cobrar explicações sobre nova denúncia: Lupi teria acumulado dois
cargos públicos, na Câmara dos Deputados e na Câmara Municipal do Rio,
de 2000 a 2005. Os dois também conversaram sobre a recomendação da
Comissão de Ética Pública da Presidência de exonerá-lo do cargo.
“Ele disse que apresentará essas explicações, e a presidenta vai
aguardar”, informou a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas.
Segundo a ministra, Dilma solicitou à Comissão os “elementos que
subsidiaram a decisão”.
Lupi, que disse se sentir perseguido pelo presidente da Comissão de
Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, pediu
acesso ao processo para recorrer da decisão colegiada.
De acordo com Pertence, o pedido de Lupi é “admissível” e, “em tese”, a
comissão pode voltar atrás, mas só poderá reavaliar o caso a partir de
janeiro. “A comissão tem um poder excepcional e relativo”, disse. Assim,
Dilma não é obrigada a acatar o pedido.
Relatora do caso, a conselheira Marília Muricy reafirmou convicção sobre
a responsabilidade do ministro. O documento elaborado por Muricy afirma
que o ministro agiu com “falta de zelo” e com “certa dose de
arrogância” em relação às denúncias das quais é alvo. Irregularidades
similares derrubaram Orlando Silva (Esporte). Na Venezuela, encontro com Chávez
No final do dia, já na Venezuela, a presidenta Dilma Rousseff se
encontrou com o colega venezuelano Hugo Chávez, em Caracas. Viagem é
para tratar de convênios nas áreas de habitação e tecnologia. Segundo
Chávez revelou à imprensa enquanto aguardava a presidenta — Dilma
atrasou duas horas por causa do trânsito do aeroporto ao Palácio
Miraflores — também tratariam da refinaria Abreu e Lima, cuja construção
deveria ser compartilhada pelos dois países. Até agora, a Venezuela não
pagou sua parte e pediu mais 60 dias.
Chávez também disse que virá ao Brasil este mês para retribuir visita do
ex-presidente Lula, que, como ele, luta contra um câncer.
Dilma segura ministro suspeito de corrupção
A demissão do
ministro brasileiro do Trabalho, Carlos Lupi, que ontem era dada como
certa, foi evitada no último momento pela presidente, Dilma Rousseff. A
líder decidiu manter Lupi no cargo até receber informações mais
detalhadas da Comissão de Ética Pública, que na quarta-feira recomendou
formalmente a exoneração do ministro, suspeito de corrupção.
1h00
Por:Domingos Grilo Serrinha, Correspondente Brasil
Antes
de viajar para uma visita oficial à Venezuela, a presidente enviou um
ofício à comissão pedindo mais detalhes sobre os motivos que levaram à
recomendação para exonerar Carlos Lupi, e qualquer decisão sobre o
futuro do ministro só será tomada após o regresso de Dilma ao Brasil, no
domingo. No relatório enviado a Dilma Rousseff na quarta-feira, os sete
membros da Comissão de Ética consideraram, por unanimidade, que os
esclarecimentos dados por Carlos Lupi sobre as denúncias de corrupção
foram insatisfatórias e pouco convincentes, razão pela qual aconselharam
Dilma a exonerá-lo.
Para os analistas políticos, a
demissão de Carlos Lupi é apenas uma questão de tempo e de Dilma
escolher a forma como agirá sem ferir susceptibilidades junto do Partido
Democrático Trabalhista (PDT), que faz parte da sua base de apoio no
Parlamento.
Em 2007, a comissão já tinha
aconselhado o então presidente Lula da Silva a demitir Lupi, por
acumulação de cargos públicos remunerados.
ACUMULOU CARGOS PÚBLICOS ILEGALMENTE
Antes
das actuais denúncias, Lupi já teve problemas por acumular cargos
públicos remunerados, o que é proibido por lei. Entre 2000 e 2006
acumulou nada menos do que três cargos diferentes, todos muito bem
pagos. Na altura, era assessor do grupo parlamentar do seu partido, o
PDT, no Congresso Nacional, em Brasília, onde ganhava 5000 euros por mês
mas raramente aparecia, e, paralelamente, era assessor de um vereador
do partido no Rio de Janeiro. Ocupou ainda, no mesmo período, a
vice-presidência e depois a presidência do PDT, cargos igualmente bem
remunerados e incompatíveis com a função de assessor.
Dilma atropela comissão de ética
Publicação: 02 de Dezembro de 2011 às 00:00
Brasília
(AE) - Irritada com a "faca no pescoço", a presidenta Dilma Rousseff
desmoralizou a Comissão de Ética Pública da Presidência ao não aceitar,
de pronto, a recomendação de demissão do ministro do Trabalho, Carlos
Lupi, feita pelo colegiado. Disposta ao confronto, Dilma desafiou os
integrantes da comissão a demonstrar as razões que embasaram a decisão
dos cinco conselheiros e abriu uma crise com o órgão do Planalto
incumbido de vigiar os malfeitos dos ministros e demais integrantes do
governo.
Ao atropelar a comissão, Dilma deu uma sobrevida a Lupi e
ganha tempo político para, segundo assessores, restabelecer sua
autoridade e preparar a mudança no Trabalho, em poder do PDT, mas
cobiçada pelo PT. Lupi, que baixou cedo no Planalto para uma romaria
pelos gabinetes intermediários e da própria Dilma, não está, porém,
livre de ser demitido.
Na conversa com Dilma, Lupi fez questão de
lhe dar explicações e informar que estava pedindo "reconsideração" de
punição à comissão de ética. "O ministro disse que também vai oficiar à
Comissão de Ética pedindo elementos da decisão. Acho que vai pedir
inclusive a ata, com a degravação da reunião, e todos os elementos do
processo para pedir a reconsideração", declarou a ministra-chefe da
Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, ao lembrar que ele tem
dez dias para isso.
A ministra informou ainda que Dilma pediu à
Casa Civil que enviasse ofício à Comissão de Ética "requisitando que
seja mandado para ela o processo, ou seja, os elementos que subsidiaram,
que embasaram a decisão e a sugestão (de demissão) que ela recebeu por
ofício". Helena acrescentou que Dilma "reagiu com naturalidade" diante
da decisão da comissão de pedir a demissão de Lupi, mas pediu ao
colegiado os elementos que serviram de base para tomar tal atitude.
Segundo
assessores, a presidenta Dilma exigiu explicações convincentes do
ministro em relação às novas denúncias contra ele, agora de exercer
duplo emprego público, o que é proibido por lei, conforme revelado pela
Folha de S.Paulo. O caso, porém, só deverá voltar a ser examinado na
segunda-feira, depois da volta da presidente de Caracas.
Ao tomar
conhecimento da decisão dos conselheiros na noite de quarta-feira,
Dilma se sentiu "afrontada" e considerou que os conselheiros agiram "com
o fígado" contra o ministro do Trabalho Carlos Lupi. De acordo com
auxiliares, a presidente se sentiu traída, porque não fora avisada da
realização desta reunião da comissão de ética, que estava marcada para o
dia cinco de dezembro e fora antecipada para 30 de novembro. Dilma
considerou ainda "inconsistentes" as justificativas apresentadas pelo
presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, de que Lupi deu explicações
"não satisfatórias" à comissão e se comportou e deu respostas
"inconvenientes à comissão, ao Congresso e à imprensa"
No
Palácio, causou surpresa até mesmo "declarações cheias de
subjetividades" da relatora do processo na comissão contra Lupi, Marília
Muricy. Houve quem concordasse até com as declarações do deputado
Paulinho da Força, de que a comissão estava "perseguindo" Lupi e se
vingando do ministro.
Em dezembro de 2007, a comissão, na época
presidida por Marcílio Marques Moreira, considerou aética a postura de
Lupi de, ao mesmo tempo, exercer o cargo de ministro e de presidente do
partido. Recomendou a Lula, então, que Lupi ou deixasse a presidência do
partido ou o Ministério. Na época, Lula nada fez de imediato, a exemplo
de Dilma agora, e deu tempo a Lupi para que deixasse a presidência do
partido. Desta vez, o prazo dado a Lupi é para impulsionar seu pedido de
demissão.
Pedetista admite nomeação de Lupi
Rio
(AE) - Fundador do PDT, presidente de honra do partido e chefe do
legislativo municipal do Rio por 11 anos, Sami Jorge admitiu ontem que
nomeou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em seu gabinete na Câmara
dos Vereadores carioca, atendendo a pedidos de aliados políticos.
Segundo ele, a prática é comum na cidade. Veterano da cena política
carioca, com seis mandatos de vereador e três de deputado, Jorge fez
questão de ressaltar, no entanto, que atualmente não voltaria a
requisitar Lupi como assessor. Na Câmara do Rio, o ministro chegou a
ocupar cargo de símbolo DAS-9, cuja remuneração atual é superior a R$
9,5 mil.
"Nesse momento, obviamente que não. Autoridades muito
superiores a minha estão ainda debatendo os assuntos pertinentes a esse
senhor. Eu não teria meios nem teria informes que pudessem fazer julgar,
favoravelmente ou não, a essa pergunta", disse o ex-vereador, que
atualmente tem um cargo na administração municipal do Rio como
articulador político do prefeito Eduardo Paes (PMDB). "É um caso que não
haveria como examinar. Seria melhor fingir que não recebeu (o pedido de
nomeação)".
Reportagem publicada no jornal "Folha de S. Paulo"
mostrou que Lupi teve dois cargos de assessor parlamentar em órgãos
públicos distintos durante cinco anos. Ele foi lotado no gabinete de
Jorge entre outubro de 2000 e novembro de 2005 e teve um cargo na
liderança do PDT na Câmara dos Deputados, em Brasília, entre dezembro de
2000 e novembro de 2005.
No fim de 2006, após ser derrotado na
eleição ao governo do Rio, Lupi voltou ao legislativo carioca, passou
pelo gabinete de Jorge e de Charbel Zaib, outro vereador pedetista, até
ser exonerado em fevereiro de 2007 - um mês antes de assumir o
Ministério do Trabalho. De acordo com o Diário Oficial do Poder
Legislativo do Município do Rio, Lupi foi contratado como consultor no
gabinete de Zaib, em cargo de símbolo DAS-9. Na época, a remuneração
para essa função era de R$ 7 mil. Atualmente, o valor é superior a R$
9,5 mil.
Líder tucano lamenta decisão
Brasília
(AE) - O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), defendeu ontem a extinção da
Comissão de Ética Pública da Presidência da República, no caso de a
presidenta Dilma Rousseff ignorar a recomendação do colegiado de demitir
o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Ele entende que não há motivos que
justifiquem a existência de uma comissão de ética sem autoridade diante
da presidenta da República. "A comissão existe para que as suas
conclusões sejam atendidas", alegou. "Se não houver providências da
presidenta, se não existir acolhimento a um pedido dessa natureza,
também não há razão que justifique a existência da comissão". Álvaro
Dias lembrou ter sido essa a primeira vez que a comissão agiu com rigor
com relação a um ministro alvo de denúncias. "E quando age com rigor é
desconsiderada".
No entender do líder tucano, a única coisa que
justificaria a manutenção de Lupi no cargo é a "cumplicidade do governo
com os fatos que lhe são imputados, como a cobrança de propina em troca
da certidão sindical, emitida pelo Ministério do Trabalho. "Há provas
materiais e documentais que autorizam punição rigorosa, como a demissão e
a adoção de ações judiciais", destacou.
Sobre a possibilidade de
a presidenta demitir Lupi apenas na reforma ministerial em janeiro,
Álvaro Dias disse que adotar esse procedimento "seria premiar a
irregularidade". "Se o governo agir dessa forma, estimula a prática da
corrupção, faz prevalecer a impunidade, está sendo omisso e prioriza a
cumplicidade". Ele entende que o procedimento "condena também o governo,
da mesma forma que o seu ministro".
Lupi teve 'inquestionáveis e graves falhas como gestor', diz Comissão 01 de dezembro de 2011 • 20h38
• atualizado às 20h48
Diogo Alcântara
Direto de Brasília
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República divulgou nesta
quinta-feira o relatório da conselheira Marília Muricy, que recomendou a
demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. As explicações do
ministro ao colegiado, ao Congresso Nacional e à imprensa foram
consideradas "insatisfatórias" e "inconvenientes". A presidente Dilma
Rousseff, no entanto, garantiu sobrevida ao ministro e preferiu não
demiti-lo - por meio da Casa Civil, ela solicitou o texto para saber o
que fundamentou o pedido de exoneração.
"É inequívoca a falta de zelo na conduta do denunciado que, mesmo
alertado por órgãos de controle, não tomou medidas hábeis para evitar as
ocorrências, que hoje culminam com uma enxurrada de denúncias que
abalam a Administração Pública Federal", disse o trecho do documento.
O Ministério do Trabalho foi alvo de denúncias que apontaram a
existência de um esquema de cobrança de propina em convênios com
organizações não governamentais. O ministro também foi acusado de mentir
em depoimento à Câmara, ao negar conhecer um diretor de ONG que
mantinha convênio com o ministério e fora acusada de irregularidades.
Depois da divulgação de fotos e declarações em contrário, ele voltou
atrás, admitindo conhecê-lo e ter viajado com ele.
Em sua defesa à comissão, Lupi disse que "não pode ser imputada
responsabilidade ao titular da pasta por desvio ético de conduta, ante a
inexistência de qualquer informação consistente sobre a prática de ação
passível de correr de fluxo de convênios". A justificativa não foi
acatada pela relatora.
Em um seminário sobre ética nesta quinta-feira, ela disse que há uma
"judicialização do processo ético" - isto é, que os deslizes éticos se
confundem com infração legal. Para ela, mesmo que o ministro não sofra
uma punição penal, o fato de ele estar envolvido em uma série de
denúncias, que compromete a imagem da pasta, já pode ser considerada uma
infração ética.
As declarações que desafiaram a autoridade da presidente Dilma Rousseff
feitas pelo ministro ao dizer que só deixaria o cargo "abatido" a bala
também pesaram na decisão da relatora. Para Marília, isso "soou como uma
afronta à hierarquia". Na época, Dilma não se pronunciou a respeito e
disse que "o que passou, passou".
O relatório critica o ministro ao dizer que ele "somente solicitou
apuração (das irregularidades) pelas instituições competentes após a
divulgação das denúncias pela imprensa".
Para a relatora, não foram comprovadas "vinculação direta (do ministro)
com pagamento e recebimento de propina". Marília destaca, no entanto,
que em um processo ético isso tem menor importância se forem levadas em
conta as responsabilidades de um ministro de Estado sobre as ações de
sua equipe. "É através de sua imagem pública que se projeta, sobre o
palco das relações democráticas, a imagem do ministério", diz.
Segundo Marília, as "inquestionáveis e graves falhas como gestor, seja
pela irreponsabilidade de seus pronunciamento públicos, não se coadunam
(não são compatíveis) com os preceitos éticos estabelecidos para a Alta
Administração Federal". Por esse motivo, ela chegou à conclusão de que a
comissão deveria recomendar a demissão do ministro Lupi.
O relatório foi aceito por unanimidade pelo colegiado. O ministro Lupi
vai pedir reconsideração. Dilma deverá ter acesso ao relatório da
comissão quando voltar da Venezuela. Ela deverá chegar à Brasília na
madrugada de domingo.
Ratinho participou do 'Agora É Tarde', na Band (foto de arquivo) Foto: AgNews
De acordo com a coluna Zapping, do jornal Agora São Paulo, a participação de Ratinho no Agora É Tarde, da Band, rendeu bons frutos à emissora.
O talk show de Danilo Gentili, que está prestes a se despedir do CQC, registrou 6 pontos de média no Ibope, seu recorde de audiência desde a estreia.
Um acidente causa interdição na pista local da marginal Pinheiros na
altura da ponte Ary Torres, no sentido Interlagos, desde às 5h30 desta
sexta-feira. Um carro ocupado por duas pessoas bateu em um poste, que
corre risco de cair.
Com o bloqueio, os motoristas que seguem pela pista local estão sendo
obrigados a entrar na ponte Ary Torres, pegar a rua Ribeiro do Vale,
retornar pela avenida dos Bandeirantes, entrar na marginal Pinheiros
sentido Castelo Branco até a ponte Eusébio Matoso para, então, fazer o
retorno no sentido Interlagos.
Ainda não há previsão de liberação da pista. A AES Eletropaulo foi
acionada e é aguardada no local para verificar a situação do poste.
Una imagen del vídeo picante distribuido por activistas de Rusia Unida. | Youtube
Las imágenes han revolucionado a los internautas rusos y a los opositores
Francisco Herranz (Enviado especial) | Moscú
Actualizado viernes 02/12/201104:43 horas
El vídeo casi no requiere comentarios. Es demasiado visual.
Una chica llega a su colegio electoral, recoge la papeleta de votación
pero de camino a la cabina se encuentra con un joven de pelo rizado que
se insinúa con descaro. Al final ella entra en la cabina para ejercer su
derecho constitucional, pero se lo lleva dentro "para hacerlo juntos" y salen con el pelo alborotado y la ropa arrugada.
El mensaje tan picante, distribuido por activistas de Rusia Unida, ha revolucionado a los internautas rusos y a los opositores al partido del Kremlin.
En primer lugar el voto es secreto en Rusia y en la cabina sólo debe
haber un votante. Para que no influya pero también para que no haga
otras cosas... Según el diario 'Komsomolskaya Pravda', uno de los más populares del país y que tiene colgado el vídeo en su página web, este 'acto de amor' podría ser considerado una alteración del orden público y penado con una multa de hasta un millón de rublos (24.000 euros).
Rusia Unida se apresuró a asegurar a la prensa que la película había
aparecido sin previo aviso y sin coordinación y que había sido obra del
equipo creativo del primer vicepresidente del Comité de la Duma para
Política de Información, Robert Schlegel. El grupo de Schlegel dijo que el vídeo era simplemente 'cool'.
Más rudo que el anterior es el 'sketch' que denigra a los líderes de los cuatro principales grupos opositores. Todos toman la 'pastilla de la verdad' y se transforman. Se pelean como locos por el micrófono (a propósito, las voces están muy bien imitadas). El primero en ser caricaturizado es Vladimir Zhirinovski, un ultranacionalista que sueña con ser la oposición 'eterna' y guardarse la bolsa del dinero para un 'oligarca desconocido'.
El siguiente en pasar por la quilla es Guenadi Ziuganov,
el dirigente comunista, que reconoce que llevan "20 años sin hacer
nada, sólo soltando proclamas" y que ellos "vendieron dos veces a Rusia:
una vez a los alemanes en 1917 y la segunda con la 'perestroika' a los
norteamericanos en 1991".
A continuación vienen el ex presidente de Senado Serguei Mironov, de Rusia Justa, y el oligarca Mijail Projorov, de Causa Justa. Todos terminan a tortazo limpio y con Zhirinovski lanzando una granada de mano. El mensaje final dice: "Ésta es nuestra verdadera oposición".
Cada uno de los cuatro personajes tiene el 'honor' de su propio
vídeo, pero el más accesible para el público occidental es el de
Ziuganov, que se regodea de que lleva al frente del partido comunista
más años que Leonidas Brezhnev (quien le trae incluso
una tarta de aniversario). Ziuganov asegura que están a favor de guardar
en Rusia los residuos radiactivos (muestra un trozo de uranio y le
salen ojos en la frente). Insiste en que el lema que más le gusta es "bla, bla, bla" y asegura que volverá a vender el país.
Su idea, continúa la parodia, es repartir cupones de alimentos entre
la población, prohibir los viajes al extranjero (aquí sale el Telón de Acero) y mandar a los campos de concentración a todos los que no les voten. "Y si a alguien no le gusta...", amenaza Ziuganov. Entonces agarra una pieza de artillería y la apunta a la cámara. Y entona una estrofa de 'La Internacional' mientras abre fuego a discreción...
Málaga ostentó un triste récord en noviembre pasado: fue la provincia española en la que más personas se fueron al paro.
En concreto, un total de 5.557 malagueños se quedaron en el desempleo,
lo que supone que nueve de cada cien nuevos parados en España son
malagueños.
Así se recoge en los datos hechos públicos este viernes por el
Ministerio de Trabajo, en los que se sitúa en 194.804 el número de
parados en la provincia, lo que supone un 2,94% más que en octubre y un
5,94% más que hace justo un año, en noviembre de 2011.
Por sectores, es servicios el que más parados registra en la
provincia, con más de 110.422, seguido por construcción, con 43.064.
Abusó de su hijastra desde los 9 a los 13 años y luego de la hija de ésta, de 6
En la provincia de Málaga se ha detenido a un hombre buscado por Suecia
ELMUNDO.es | Almería
Actualizado viernes 02/12/201110:21 horas
Agentes de la Policía Nacional han detenido en los últimos días a
tres fugitivos reclamados por las autoridades de Reino Unido, Suecia y
Holanda acusados de delitos de violación y abusos sexuales, delitos
fiscales y estafas.
Así, en Los Gallardos (Almería), ha sido arrestado un varón de 66 años y natural de Reino Unido acusado de cuatro delitos de violación y doce de abusos sexuales a su hijastra
cuando ésta tenía 9 años. Estos hechos se sucedieron hasta que la menor
cumplió los 13. Años después, el arrestado, L. Morris, abusó también de
la hija de ésta cuando sólo tenía 6 años.
La búsqueda del pederasta comenzó en julio de 2010, cuando la
descendiente de la hijastra de Morris informó a su madre de que había
sufrido abusos en dos ocasiones entre 1993 y 1995. Por este motivo se
dictó la orden de detención contra este individuo, que se había
trasladado a nuestro país.
Otros dos prófugos
Gracias a la investigación llevada a cabo por el Grupo de
Localización de Fugitivos se ha procedido a la detención de otros dos
reclamados en nuestro país en los últimos días. Uno de ellos fue arrestado en el domicilio en el que residía en Benalmádena (Málaga).
Tenía una Orden Europea de Detención y Entrega dictada por las
autoridades suecas por un delito fiscal. J.F Ask, de 56 años, no informó
sobre sus ingresos y no devolvió los impuestos debidos entre los años
2001 y 2005.
El otro de los fugitivos fue detenido a su llegada al Aeropuerto de Madrid-Barajas de un vuelo procedente de Caracas
(Venezuela) por agentes adscritos al Grupo de Policía Judicial de la
Comisaría del Aeropuerto de Barajas. Las autoridades holandesas habían
dictado una Orden de Detención por hechos que se remontan a los años
2006 y 2007. R. Vervliet, de 24 años de edad, estaba buscado por
ofertar, en más de 40 ocasiones diferentes, productos a través de
Internet que sus víctimas pagaron pero que nunca los recibieron.
Asimismo, se le imputan dos robos en enero de 2007 en la localidad
holandesa de Terneuzen.
Hace
exactamente dos años tuvimos conocimiento del anteproyecto de Ley
Sinde. Gran parte de la ciudadanía señaló de inmediato su rechazo en las
redes a través del #manifiesto por los derechos fundamentales en Internet.
En estos 24 meses el debate social sobre esta iniciativa ha sido
intenso y ha aglutinado a ciudadanos y organizaciones preocupados por la
merma de derechos y libertades. Ahora, pocos días después de haber
sido deslegitimado por las urnas, un gobierno moribundo pretende aprobar
el reglamento que desarrolla esta ley en abierta connivencia con el
gobierno entrante. La Ley Sinde tendrá
numerosos efectos indeseados: al introducir una fuerte inseguridad
jurídica en la regulación de Internet, se dificulta gravemente la
actividad de los emprendedores tecnológicos que el Partido Popular
pretende que contribuyan a reactivar la economía. La redacción de la Ley
Sinde señala claramente que se aplica a todos los servicios de la
sociedad de la información; no deben confundirnos los mensajes que
afirman que su única razón es la de cerrar webs de descargas. Nada es
peor para el crecimiento de un mercado que la inseguridad de no saber si
al día siguiente un negocio puede ser cerrado por la aplicación
arbitraria de una norma en manos del gobierno de turno. El
panorama de la propiedad intelectual en nuestro país es atroz: la
Embajada de los Estados Unidos ha impuesto la aprobación de la Ley
Sinde, el canon digital a empresas y administraciones fue declarado
ilegal por el Tribunal de Justicia de la Unión Europea pero tras año y
medio se sigue pagando, los antiguos dirigentes de la SGAE -siempre
defendida por el Ministerio de Cultura- se hallan imputados en la
Audiencia Nacional por el saqueo generalizado del dinero de los autores.
Este panorama cuadra con el general: una corrupción política extendida y
no censurada en las urnas, unida a la subordinación de la democracia a
los intereses de unos pocos con nombres y apellidos a los que sin
embargo se les llama “mercados”. Sólo con
inteligencia, diálogo y trabajo se pueden resolver los actuales retos de
la propiedad intelectual y comenzar a construir una salida a la
preocupante situación económica actual. Como el Tribunal Europeo de Justicia,
entendemos que la tensión entre la propiedad intelectual y la libertad
de empresa, el derecho a la privacidad y el derecho a recibir o emitir
información ha de resolverse en favor de estos tres últimos derechos.
Será la única manera de crear riqueza y de mantener las libertades que
tanto ha costado conseguir. Frente a la
arbitrariedad, la defensa histórica de la ciudadanía ha consistido en
asegurar la garantía de los derechos fundamentales sustrayéndolos de la
política, esto es, de los poderes de la mayoría y del mercado: se trata
de derechos inviolables, indisponibles e inalienables. Los gobiernos van y vienen. La red resiste.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse nesta quinta-feira (1º)
que "ficou uma coisa praticamente insustentável" a situação do ministro
do Trabalho, Carlos Lupi (PDT).
Wagner referiu-se à decisão unânime da Comissão de Ética Pública da
Presidência da República de recomendar a exoneração de Lupi. Dessa
forma, afirmou, "de repente o próprio ministro pode [dizer]:
`Presidenta, não sei se vai ficar uma coisa... Está ficando muito
desconfortável. Quem sabe é melhor eu lhe deixar à vontade'. Aí é uma
coisa unilateral dele".
Para Wagner, a presidente Dilma Rousseff deverá dizer à comissão se
aceita ou não o conselho de demitir Lupi. Segundo ele, Dilma pode fazer
isso na reforma ministerial prevista para o início de 2012 ou a qualquer
momento.
Se ficar claro que Lupi só ficará no Ministério do Trabalho até janeiro,
no entanto, o governador da Bahia defende que a melhor decisão é
tirá-lo já do cargo. "Aí é melhor sair logo e deixar nem que for o
secretário executivo [do ministério] assumir", afirmou.
Jaques Wagner falou sobre o assunto no programa "Poder e Política - Entrevista", conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues no estúdio do Grupo Folha em Brasília. O projeto é uma parceria do UOL e da Folha.
Wagner foi eleito governador da Bahia em 2006 e reeleito em 2010. Antes
disso foi três vezes deputado federal, ministro do Trabalho e ministro
de Relações Institucionais do governo Lula.
Questionado sobre possível racha na aliança entre PT e PSB, do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Wagner afirmou que o colega
tem direito de se candidatar ao que quiser, inclusive a presidente da
República. Mas ressalvou que a vice de Dilma, em 2014, pode ser uma
opção para Campos, apesar de ser natural manter o posto com o PMDB
--partido do atual vice, Michel Temer.
Wagner falou sobre visita que deve fazer a Lula nesta sexta-feira, em
tratamento contra um câncer na laringe. Disse que entregará "oferendas,
energias positivas" e uma imagem de Irmã Dulce ao amigo.
O governador falou ainda sobre obras em seu Estado, sobre a eleição para
prefeito de Salvador em 2012 e sobre sua participação na fundação do
PSD, partido de Gilberto Kassab, na Bahia.
Jaques Wagner - 1/12/2011 Narração de abertura: Jaques Wagner, governador da Bahia, nasceu no Rio de Janeiro. Tem 60 anos e exerce seu 2º mandato consecutivo.
Filiado ao PT, Wagner teve papel relevante no governo Lula. Foi ministro
do Trabalho e, depois, ministro de Relações Institucionais. Antes
disso, foi eleito 3 vezes deputado federal pelo PT.
Em 2006 foi eleito governador da Bahia pela 1ª vez. Em 2010 foi
reeleito. Em 2011, uma de suas atitudes políticas relevantes foi ajudar o
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a fundar seu partido, o PSD, na
Bahia.
Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo a mais um "Poder e Política
-Entrevista", um programa cuja realização é do jornal Folha de S.Paulo,
do portal UOL e da Folha.com.
A gravação é sempre aqui no estúdio do Grupo Folha em Brasília.
O entrevistado desta edição do "Poder e Política" é o governador da Bahia, Jaques Wagner.
Folha/UOL: Governador, muito obrigado por aceitar o convite. Eu
começo perguntando sobre essa pequena crise política aqui em Brasília, o
sr. que viveu tantos anos aqui. A Comissão de Ética Pública da
Presidência da República recomendou a exoneração do ministro do
Trabalho, Carlos Lupi [do PDT]. É uma situação inédita. O sr. que já
esteve no Palácio do Planalto, como deve reagir a presidente da
República numa situação dessas? Jaques Wagner: Primeiro, Fernando, quero cumprimentar você e
todos que nos acompanham no "Poder e Política". É um prazer, mais uma
vez, receber seu convite para esse bate papo.
Olha, eu acho que é uma situação que se agrava. É evidente. Porque
tinham denúncias que estão sendo investigadas. O ministro deu as
explicações dele. Evidente que, na hora da explicação, eu acho que fez
uma abordagem que acabou não sendo bem vista. Então ficou um clima ruim.
Mas, de qualquer forma, a presidenta tomou a decisão de que ia fazer
mudanças quando fosse fazer uma reforma, pelo que entendi, em janeiro e
fevereiro.
É claro que o conselho de ética é conselho, não é tribunal. Mas ele
existe para aconselhar. Se não puder aconselhar, não tem sentido
existir. Ele aconselhou, ela evidentemente não tem que fazer isso no dia
seguinte, mas, imagino eu que a opinião do conselho, pelas figuras que
têm assento no conselho, pesa. Porque, insisto, não é um tribunal, mas
carrega a legitimidade exatamente dada pela Presidência da República ao
instalá-lo. E, portanto, ele se manifesta por unanimidade. É óbvio que,
no registro da presidenta da República, existem algumas coisas
anteriores e existe mais essa agora. Então realmente eu acho que ficou
uma situação mais delicada.
Folha/UOL: O que seria mais prudente fazer? Jaques Wagner: Fernando, é complicado eu dizer porque óbvio que
ela tem uma programação de uma reforma. Então deve estar pensando nisso.
Mas ela também vai ter que dar uma resposta ao próprio conselho. Acolhe
ou não acolhe a sugestão?
Folha/UOL: E à sociedade, né? Jaques Wagner: É. Não quer dizer que é amanhã, entenda. Pode ser
ela dizer: "ok, isso aqui compõe o quadro. E eu estou terminando de
fazer a análise geral". Nós estamos agora, depois do dia 24, 25, nesse
período que o ano vai terminando e, portanto, acho que esse período
trabalha a favor dela se ela entender que é melhor fazer tudo em
conjunto dentro da chamada reforma administrativa. Ou pode fazer até a
qualquer momento. Aí é uma decisão muito dela. Ou dele. Porque é
evidente que o ministro pode achar que está causando um desconforto para
ela. E eu estou até muito à vontade porque o Lupi comigo, lá na Bahia,
teve uma postura muito correta, do PDT, no momento em que o PMDB rompeu
conosco. Eles [do PDT] realmente se mantiveram no governo e me ajudaram
muito. Mas é claro que a situação construída... De repente o próprio
ministro pode... [simula fala do ministro Lupi]"Presidenta, não sei se
vai ficar uma coisa... Está ficando muito desconfortável. Quem sabe é
melhor eu lhe deixar à vontade". Aí é uma coisa unilateral dele.
Folha/UOL: O sr. foi ministro de Relações Institucionais, conhece de
perto esse tipo de problema que acontece em qualquer governo. Não seria o
caso então de o ministro Lupi se antecipar e pedir demissão? Jaques Wagner: Olha, de uma certa forma eu disse isso. Agora,
repare: pedido de demissão ou demissão, cada um é um ato unilateral ou
do ministro ou da presidenta. Aí eu também não quero fazer sugestão
porque fica também desagradável. Mas é óbvio que se consolidou uma
situação em torno do ministro delicada. Mais delicada ainda com o
pronunciamento por unanimidade do conselho de ética.
Eu entendo que, com o conselho de ética se proclamando dessa forma [pela
exoneração do ministro Lupi], ficou uma situação muito de esquina para o
ministro [Carlos Lupi]. Ficou uma coisa praticamente insustentável.
Folha/UOL: Tem aqueles momentos na política em que se passa por um
portal assim: "agora a situação ficou realmente muito ruim". Agora seria
essa momento? Jaques Wagner: É... Por isso que eu digo. É uma coisa muito
íntima do ministro e dos conselheiros mais próximos a ele e da
presidenta. A presidenta parece que está em viagem né para a Venezuela.
Deve retornar e, seguramente, ela toma uma decisão. Só tem duas decisões
a tomar: [simula fala de Dilma] "vou fazer qualquer modificação em
janeiro". Daí seguramente ela vai avaliar todo o quadro.
Folha/UOL: Mas daí já indicaria que ele sairia. Jaques Wagner:É... Se bem que... Tirar antes.. Aí é melhor sair
logo e deixar nem que for o secretário executivo [do ministério]
assumir. Quer dizer... "vou sair lá em janeiro", [nesse caso] a pasta
deixa de funcionar.
Folha/UOL: Muita gente, analisando a parte política do primeiro ano
do governo Dilma, diz o seguinte: talvez, no governo Lula, esses
ministros que acabaram perdendo a cadeira, foram cinco acusados de
alguma forma de "mal feito", como diz a presidente, talvez não tivessem
perdido a cadeira no governo Lula. O que o sr. acha dessa avaliação? Jaques Wagner: Olha, ela tem um ponto que ela está correta. Mas
eu fico até com medo de falar desse tema para não ser mal interpretado.
Por quê? É óbvio que o presidente Lula pela sua história, a vida inteira
caminhando na política, sindicato, partido, deputado, presidente da
República, eu diria que ele é mais paciente com o gênero humano. [Ele]
sabe que nem todos que estão ao seu lado têm o seu padrão de
comportamento. Quando eu digo que falo isso com cautela é para não
parecer que ele é mais paciente com coisa errada. Vamos lembrar que no
governo dele muita gente da primeira linha em torno dele também saiu em
função de acusações. Eu não conheço nenhum processo de investigação que
tenha sido travado por qualquer tipo de interesse que não fosse a busca
da verdade. Agora, ele é um cabra, por sua história de vida, mais
paciente com o gênero humano do que ela. Ela é uma coisa muito...
[simula fala de Dilma] "Olha isso aqui não está exatamente como eu quero
a tchau". O que vale não só para denúncia de coisa errada, como vai
valer, tenho certeza, na avaliação dela, para a eficiência e competência
de todos que trabalham para ela. Se as coisas não estiverem
funcionando, não estou falando de coisa errada, se não estiverem andando
do jeito que ela quer, na velocidade que ela quer, não tenho dúvidas de
que ela, nesse aspecto é mais dura e ia trocar também...
Folha/UOL: Se esses episódios tivessem ocorrido no governo Lula, os ministros teriam ficado mais tempo? É isso então? Jaques Wagner: É uma suposição... É difícil fazer isso, Fernando.
Seguramente, o jeito de tocar coisas, cada um tem o seu jeito. Não
seria o jeito dela. Mas é difícil... Por isso que eu estou falando, que o
presidente exonerou muita gente ou porque era ineficiente ou porque
tinha problemas desse tipo, não explicáveis.
Você sempre dá um crédito de confiança a quem está lhe servindo. Se essa
pessoa dentro desse crédito de confiança não corresponde... Então
nesses casos colocados... O caso do Jobim [Nelson Jobim, ex-ministro da
Defesa] é diferente porque foi muito mais de trato entre colegas de
ministério do que esse tipo de problema [de suspeita de corrupção]. No
caso do Palocci [Antônio Palocci, ex-ministro-chefe da Casa Civil] foi
assim uma coisa mais pessoal que de governo. Na minha opinião a postura
do presidente teria sido a mesma. O Rossi [Wagner Rossi, ex-ministro da
agricultura] acabou ele pedindo para sair. E nos outros dois, dos
Transportes e do Turismo, eu crei que a posição dele teria sido a mesma.
Agora o "timing" eu não sei te dizer, se demoraria um pouco mais. Aí é
muito do jeito de cada um...
Folha/UOL: Todos esses casos de que a gente se recorda foram
levantados pela mídia, o caso foi crescendo, houve uma investigação
inicial da mídia e depois, enfim, houve a consequência com a saída do
ministro citado. Mas parece que agora mudou um pouco o padrão. Porque
tem dois ministros, no caso o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, e
Negromonte [Mário Negromonte], das Cidades, sobre os quais há
investigações até semelhantes aos que já saíram. Mas eles não saem da
cadeira. Por quê? Jaques Wagner: Olha, porque não dá para fazer uma linha de
produção de demissão de ministro. Então é uma decisão de foro íntimo
dela. Ela pode ter entendido que com numa resposta muito imediata à
denúncia estava acabando estimulando, aí minha cabeça não é
conspirativa, não estou falando de algo arquitetado, mas podia estar
estimulando que as pessoas buscassem mais assim prontamente... Porque...
Vou falar aqui, você é jornalista de alto coturno, e você sabe que
também quando uma matéria de um jornalista tem como consequência ou a
demissão ou algo... Me lembrando do Nixon [Richard Nixon, presidente dos
EUA que deixou o cargo após investigação de repórteres do jornal
"Washington Post" no caso conhecido como "Watergate"], do ponto de vista
profissional, não estou dizendo que ele tenha prazer pessoal de ver
demitido, mas é óbvio que do ponto de vista profissional, o cara cresce.
O cara fuçou o negócio, descobriu uma denúncia. Então eu acho que...
Primeiro que repito: sou contra a imolação. Eu acho que a presunção de
inocência tem que existir. Às vezes eu até acho que a gente vive uma
política da desconfiança... todo mundo que está na política é ladrão até
que se prove o contrário. Também não dá para funcionar assim.
No caso, por exemplo, vou falar do que eu conheço mais de perto, do
ministro Mário Negromonte [das Cidades, filiado ao PP]... Aquela coisa
da "festa do bode", me perdoe, é um negócio deste tamanhinho. Qualquer
[festa de] São João todo mundo pede patrocínio. Aí o cara bota lá o
cartaz e diz: "agradecimentos ao ministro Mário Negromonte e ao deputado
fulano de tal". Achar que isso foi engendrado é achar também que o cara
é muito pequeno. Então essa para mim é muito fraca.
Folha/UOL: Mas e esses convênios todos... Jaques Wagner: Não... quais?
Folha/UOL: No caso dele, do Ministério das Cidades, sobre os quais há dúvidas a respeito da boa execução dos projetos. Jaques Wagner: Não, aí eu acho que tem que investigar e se tiver
confirmado... Por isso que eu estou falando: há suspeita. Por exemplo,
há pouco eu estava no Ministério dos Transportes dizendo isso. Às vezes o
tribunal diz: "olha para uma obra porque eu tenho uma suspeita de
faturamento". Dois meses depois ele conclui que era uma suspeita que não
se confirma. Como é que fica? Então tem uma suspeita...
Depois, no episódio inclusive que citaram o metrô lá de Salvador, que
era BRT e passou a ser metrô. Quem pediu para ser metrô fui eu. Achava
que BRT era um meio de transporte que ia durar pouco tempo para o volume
de tráfego que a gente já tem em Salvador. Fui lá convenci as equipes,
consegui mais dinheiro com a presidenta, não teve licitação feita. Estou
falando do caso baiano. Não conheço o caso do Mato Grosso. Mas não teve
licitação feita, não teve empenho nenhum feito. Foi simplesmente
anunciado e aí já tem a suposição que saiu de BRT para metrô para poder
ter uma coisa escusa. Por quê? Metrô e BRT é empreiteira que constrói.
Metrô e BRT tem que comprar equipamento. Um compra ônibus próprio para
BRT, que é ônibus, outro vai comprar vagão de trem, que o metrô é vagão
de trem. Aí acharam que isso foi feito... Vieram até me perguntar. Eu
disse: "Olhe, se alguém tem culpa nesse caso, sou até eu. Porque eu que
pedi, porque eu quero um equipamento melhor para lá".
Folha/UOL: O sr. está no segundo mandato, cinco anos de governo. Seus
críticos dizem que, em algumas áreas o sr. tem sido um pouco tímido.
Muitos reclamam de segurança pública. Alguns falam das grandes obras de
investimento que estão ficando para 2014, que seria o seu último e
oitavo ano. E quem vai ao centro de Salvador e vê o Pelourinho nota uma
visível deterioração daquela área. O que o sr. tem a dizer sobre esses
aspectos todos? Jaques Wagner: Repare, Fernando, eu, primeiro, me orgulho muito,
sinceramente, dessa caminhada de cinco anos. A gente mudou radicalmente,
180 graus os hábitos políticos na Bahia. Isso é reconhecido por todo
mundo. Você respira muito mais democracia, a classe política tem muito
mais liberdade de contraditar. O empresariado diz isso. E o que tem
chegado de investimento na Bahia não é qualquer coisa. Eu estou com uma
obra de uma ferrovia, 1,1 mil quilômetros, com um porto na ponta.
Ferrovia Oeste-Leste. [Por] 60 anos esse projeto estava na gaveta. Nós
tiramos da gaveta, cinco trechos já estão sendo construídos. Eu estava
também no Ministério dos Transportes resolvendo problemas para poder
acelerar a obra. Fizemos uma obra viária dentro de Salvador que conclui
no final de 2012, que é a chamada Via Expressa, mas que a parte mais
importante dela foi resolvida, que é chama Rótula do Abacaxi, que é a
maior intervenção urbana de Salvador desde a construção da avenida
Paralela. Então fizemos concessão de via e estamos duplicando algumas
vias em torno do polo petroquímico, do complexo industrial de Camaçari
que está dando um dinamismo muito grande. Agora, obra dessa envergadura,
como não tinha projeto preparado, realmente você prepara projeto. A
ponte Salvador-Itaparica é sonho aprovado por 70% da população dos dois
lados. Aquilo não é uma ponte, é um sistema, que eu chamo sistema viário
Oeste, que vai representar um vetor de desenvolvimento incrível para
Itaparica e par ao baixo Sul. Agora, uma ponte de 12 quilômetros sobre a
Baía de Todos os Santos, alguém achar que dá para fazer da noite para o
dia... Não dá. Eu tive que, primeiro, fazer a escolha do projeto. Eu
fiz uma manifestação manifestação pública de interesse, uma obra de seis
a sete bilhões. Essa escolha já foi feita. Agora eu já estou com um
grupo de trabalho entre a Fazenda, principalmente para ver a modelagem
financeira, a Secretaria de Infraestrutura para fazer a obra. Vamos
preparar o edital, começar a preparar as licenças e eu acredito que, em
2014, a gente pode botar o edital. Isso vai ter concorrência
internacional. Uma obra de R$ 6 bilhões...
Folha/UOL: E o Pelourinho? Jaques Wagner: O Pelourinho. O Pelourinho... É que eu não gosto
de ficar falando para trás. Tinha uma maquiagem feita, tinha uma série
de financiamentos oferecidos a uma série de comerciantes que estavam,
muitos deles, inadimplentes. Então eu gosto de fazer as coisas direito,
fizemos uma renegociação. Eu posso lhe garantir que o comércio do
Pelourinho já começa a sentir a melhora. Estamos fazendo uma revisão
toda da estética do Pelourinho. Ele neste momento está num processo de
pintura, readequação, melhoria de piso. Vou fazer um Natal maravilhoso.
São João do Pelourinho tem mantido o Pelourinho aceso. E o Pelourinho é a
área da cidade, o metro quadrado mais policiado, com câmeras e
policiais. Agora, é evidente que eu tenho problemas de roubo de celular,
roubos de... sei lá... de usuários de crack [que] chega lá. Eu, no meu
governo eu não tenho como colocar catraca no Pelourinho. Catraca que eu
digo é impedir de os baianos circularem. Então tem que ser um misto de
trabalho social, que a gente está fazendo, com trabalho de policiamento.
Eu posso lhe garantir que a gente vai começar a colher fruto logo agora
dessa melhoria.
Folha/UOL: O sr. está já no quinto ano de mandato. Nesses cinco anos
não teve como fazer alguma coisa para impedir que se chegasse nesse
nível? Jaques Wagner: Não, repare... Foram feitas algumas coisas.
Evidente que você pode fazer a crítica de que poderia ser feito mais
rápido. Eu não estou isento à crítica porque... Repare, eu peguei um
Estado que estava pronto para funcionar para um dono. Tive que mudar uma
máquina e reeducar cabeças para dizer que o dono da Bahia não sou eu.
Eu sou o governador da Bahia. É mudar a cultura na Polícia Militar, na
Polícia Civil, nos empresários. Eu digo sempre que o prêmio que eu mais
me orgulho, entre alguns que eu ganhei, foi o prêmio que eu ganhei da
Associação Baiana de Imprensa que, por unanimidade. Um prêmio criado em
1985, portanto tem 26 anos, só tinha entregue seis ou sete prêmios
desses e eu recebi pela oxigenação, pela contribuição à liberdade de
imprensa. É claro que a oposição não tem que falar bem, então às vezes o
pessoal reclama assim: "ah, mas as obras grandes que têm é dinheiro
federal". Eu vou lhe dar um dado assim: a Bahia é o vigésimo quarto pior
per capita fiscal do país. Eu sou a sexta economia, sou o sexto ou
sétimo maior orçamento do país. Mas quando você divido por 14 milhões eu
caio para vigésima quarta posição em volume de dinheiro por cidadão
baiano para investir. Então minha capacidade de investimento é muito
baixa e eu dependo de convênio com o governo federal.
Folha/UOL: Aqui em Brasília a gente ouve as coisas. Outro dia na
Câmara dos Deputados, vários deputados da Bahia diziam assim: "Eu não
vou votar na deputada Ana Arraes para ser ministra do TCU [Tribunal de
Contas da União] porque ao votar em Ana Arraes eu estarei eventualmente
alimentando um futuro adversário do PT, o governador Eduardo Campos". E
mais: "Quem diz isso é o governador Jaques Wagner da Bahia". É verdade? Jaques Wagner: [risos] Não, não é verdade. As coisas são muito
claras. Primeiro que tinha um baiano concorrendo. Era o deputado federal
Sérgio Carneiro [do PT]. Então enquanto ele estava concorrente,
evidentemente que ele era o meu candidato, por ser um deputado federal
da Bahia e da minha base. A pedido do próprio PT que queria se
posicionar em torno de outro nome, ele acabou abrindo mão da
candidatura. Quando ele abriu mão da candidatura, o Aldo me procura e
diz: "Eu sou candidato". Eu disse ao Aldo: "Olha, tudo bem". Tenho uma
relação com o Aldo, substituí ele lá na articulação política [na
Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República]. O
Eduardo me liga e eu fui franco. Eu disse: "Olha, Eduardo, eu falei com o
Aldo, com todo o respeito, conheço sua mãe, a história dela, segunda
vez deputada federal..."
Folha/UOL: Mas o sr. orientou os seus aliados na Câmara a votarem como? Jaques Wagner: Não. A quem me perguntou, porque eu não fiz uma orientação, não é meu estilo...
Folha/UOL: A quem perguntou... Jaques Wagner: Eu falei que tinha uma preferencia pelo Aldo.
Falei isso. Isso ficou público. Falei isso para o Eduardo sem nenhum
problema. E fui à posse da mãe dele, a Ana Arraes para parabenizar.
Aliás, fez um belíssimo discurso. Acho que as pessoas não podem ver o
fato de você ter o direito da escolha que é porque você está contra.
Você está a favor de alguém e não contra a outra pessoa.
Folha/UOL: Mas o sr. acha que o governador Eduardo Campos, de
Pernambuco, do PSB, é um eventual adversário do PT no plano federal, ele
que tem pretensões de chegar à Presidência da República? Jaques Wagner: Adversário do PT insisto que não é, porque nos
ajudou a construir essa caminhada. Agora, eu não posso tirar o direito
dele de amanhã, amanhã pode ser 2014, 2018, de querer pleitear a vaga de
presidente. Não é cargo vitalício do Partido dos Trabalhadores até
porque de quatro em quatro anos existe uma eleição. Eu faço a seguinte
aposta: a aposta de que a Dilma vai para a reeleição. Nesse caso, vou
dar uma opinião, acho difícil que o Eduardo se coloque contra a
candidatura da Dilma. Mas a Dilma acaba o mandato dela, um segundo
mandato, eventual, em 2018. Aí, como se diz na brincadeira, fica todo
mundo japonês. Ou seja, tanto pode ter nomes do PT pretendendo, do PMDB,
e do PSB. Então eu reconheço nele uma pessoa que tem musculatura para
pleitear. Mas não olho como inimigo, como adversário. Acho que seria
precipitar. Ele também pode pretender, como hipótese, a Dilma sendo
candidata: [simula fala de Eduardo Campos] "Olha quero me credenciar
para ser o vice-presidente". Pode ser um pleito. Aí é uma discussão que
as pessoas podem fazer. Ou pode dizer: "Vou ser candidato a presidente
da República".
Folha/UOL: O sr. acha apropriado trocar essa composição da cabeça da
chapa PT-PMDB em 2014? Ou o normal é manter do jeito que está? Jaques Wagner: O normal é manter. Se ela for para a reeleição
acho que é até normal manter o próprio vice, eu estou falando de
possíveis pretensões porque nós não passamos nem por 2012, quem dirá por
2014.
Folha/UOL: O sr. mencionou que acredita que a presidente Dilma será a
candidata à reeleição em 2014. Então o sr. acredita que o ex-presidente
Lula não deve ser candidato a presidente em 2014 como às vezes se
especula? Jaques Wagner: Fernando, eu posso dizer aqui porque eu já disse
para o presidente pessoalmente. E ele já disse para mim. Quem sai da
Presidência da República depois de oito anos com 83%, 82%, 85% [de
aprovação], na minha opinião, aí eu estou falando como amigo, não como
analista político, não tem muito porque voltar. Vai subir para 90%? Não.
Então vai, na verdade, colocar um patrimônio político com praticamente
um caminho. O de manter, que seria excepcional, ou de perder, então não
vejo porquê. Segundo: ele sabe que as condições dos oito anos dele foram
condições boas, não quer dizer que essas condições vão se repetir. Eu
estou falando do ponto de vista da macroeconomia mundial. Estamos aí com
uma crise da Europa que perturba todo mundo. Quer dizer, perturba a
gente. Não adianta dizer: "a crise na Europa faz com que muito
investidor venha para o Brasil". Essa torcida não é uma boa torcida,
porque se a crise lá se estende por muito tempo, não adianta investir
aqui porque você não vai ter onde vender porque o mercado Europeu está
em baixa. Então, se me perguntarem, e ele me perguntou, eu digo: "Ó,
presidente, eu não voltaria". Mas é evidente que se ele quiser voltar,
se for essa a vontade política dele, pelo menos dentro do partido, ele
não terá nenhum dificuldade. E perante o povo e a opinião pública eu
também acho que ele terá facilidade. Mas eu tenho convicção que o
caminho dele, hoje, é construir a reeleição da Dilma. Esse é o caminho
natural das coisas.
Folha/UOL: Quem o sr. enxerga na oposição com músculos e força
suficiente para se contrapor a esse projeto hoje encabeçado pelo PT em
plano nacional? Jaques Wagner: Olha, não vou falar de nome. Vou falar da
situação. Nesse momento eu não vejo, com o andar da carruagem, com esse
processo que está acontecendo, da economia mesmo que vai crescer 3,2%
neste ano e no ano que vem pode crescer acima de 4,5% com a
macroeconomia controlada, com um processo de inclusão social que ela
continua trabalhando, eu não vejo muito projeto político que se
contrapõe. Eu não vou falar de nomes. Os nomes estão aí. É o Aécio, o
Serra. No DEM, sinceramente, eu não vejo nome. Então, repara Fernando,
não se trata só, é óbvio que a qualidade individual de cada um é
importante para conduzir um projeto, então não se trata só... O Lula é
um ótimo candidato, concorda? Perdeu em 1989, talvez por inexperiência
nossa. E pelo jogo que foi montado de demonizar o PT e o próprio Lula.
Em 1994, ele não perdeu pela demonização. Ele perdeu pelo encanto que o
povo tinha com um projeto que começou no governo Itamar com o Fernando
Henrique ministro da Fazenda, que foi do Real forte. Foi o Real que
ganhou aquela eleição. Óbvio que o Fernando Henrique tem o mérito de ser
ministro da Fazendo. Depois em 1998, era reeleição. Ou seja: mesmo o
bom candidato Lula, com o mesmo projeto político, mas sempre atualizado,
do PT, e óbvio com o amadurecimento do PT, perde em 1989 por uma
circunstância, perde em 1994 por outra e em 1998 pela reeleição, porque o
povo não queria mudar aquele projeto. E ganha em 2002 e em 2006. E o
povo gostando daquele projeto. Porque tem muito a ver: a economia vai
bem, o povo vai bem, se sente incluído, melhorando de vida. Meu caro,
vamos embora tocar aqui. Agora, é óbvio que qualquer projeto pode ter
fadiga de material. Quando é que isso pode acontecer? Eu não sei, mas na
minha opinião eu hoje não vejo, insisto, um projeto político. Pode até
ter bons candidatos, Aécio ser bom candidato, o Serra é um bom quadro
político. Outros que podem aparecer. Mas eu não vejo demanda, neste
momento, da sociedade brasileira de uma outra condução, de um outro
projeto político.
Folha/UOL: Nelson Pellegrino [deputado federal do PT da Bahia] vai ser candidato do PT a prefeito de Salvador? Jaques Wagner: É o candidato escolhido pelo PT a candidato em
Salvador e o processo está continuando, não existe só o nome dele dentro
da minha base. Existe o nome da deputada Alice Portugal, do PC do B.
Fala-se do nome do deputado federal João Leão, do PP, que é o partido do
atual prefeito João Henrique. Tem o deputado federal Bispo Marinho do
PRB, que também fala de ser candidato. E eu, meu estilo, eu deixo os
partidos irem se entendendo. E de oposição tem o nome de ACM Neto
[deputado federal do DEM], tem o nome de Imbassahy [Antonio Imbassahy,
deputado federal do PSDB], tem o nome do jornalista Mário Kerstész, que é
citado, está filiado ao PMDB. Eu acho que não está pronto o jogo
político da oposição como não está pronto o nosso jogo político. Eu não
vejo porque ter pressa. Isso é para ser afunilado em março, abril.
Nelson [Pellegrino] já tem um handicap bom. Já foi candidato, tem uma
presença na cidade, conhece a cidade e está no maior partido da base, o
PT, que lá não vai ter nem prévia nem nada, o PT já optou. O Valter
Pinheiro [senador pelo PT da Bahia] era outro nome cogitado e outros.
Bom, tem a senadora também Lídice da Mata, do PSB, mas que até agora não
tem colocado o nome. Ela prefere apostar na unidade da nossa base.
Folha/UOL: O sr. foi muito... Demonstrou simpatia, não sei se é o
termo correto, à formação desse novo partido, que foi comandado pelo
prefeito de São Paulo, o PSD, digo na Bahia. Por quê? Jaques Wagner: Porque eu não concordo com a fidelidade partidária
do jeito que ela está aí hoje. A fidelidade partidária do jeito que
está aí hoje, com todo o respeito, porque não se discute decisão da
Justiça, mas se pode opinar, e já disse isso para alguns ministros do
TSE [Tribunal Superior Eleitoral], ela é um interpretação da lei que não
atende o pré-requisito básico para você ter uma fidelidade partidária
de verdade, que é o funcionamento realmente democrático dos partidos.
A maioria dos partidos no Brasil, Fernando Rodrigues, todas as comissões
estaduais e municipais são provisórias. Que isso significa? Que o
comando centralizado pode decidir, quando quiser tira, "não lhe dou
legenda, tiro legenda". Bom, aí se cria uma fidelidade com esse
funcionamento partidária, onde um telefonema de alguém diz assim: "é
para votar contra, é para votar a favor, se não fizer, na próxima
eleição não lhe dou legenda". Isso para mim não é fidelidade, isso é
ditadura intrapartidária. Não tem necessariamente um programa... Por
exemplo, o PT: eu cobro fidelidade interna porque tem um debate na
bancada para decidir a bancada. Isso é um. Segundo: nós não podemos
eternizar a fidelidade partidária, você tem que ter uma janela em algum
momento o cidadão pode dizer: "Gente, tudo bem. Eu fui fiel nesses três
anos do meu mandato, mas agora eu estou me preparando para a outra
eleição, eu não estou satisfeito com o partido pelo seu ideário, pelo
seu funcionamento, pela falta de oportunidade que eu tenho dentro do
partido, e posso querer mudar". Não se criou isso.
O que aconteceu? Eu, por exemplo, você conhece a realidade que era a
baiana. A realidade de poder absolutamente centralizado e unipessoal.
Tinha um dono. Então a estrutura partidária baiana sempre foi assim. Aí
eu faço uma reviravolta. Ganho uma eleição inesperada, em 2006, quer
dizer eu acreditava, mas totalmente surpresa. É um susto na política
nacional, na política local, e as pessoas querem fazer o seu
realinhamento. Fizeram o realinhamento naquela época, no começo do meu
governo, ainda não tinha regra de fidelidade. Muita gente indo para o
PMDB, para outros partidos. Depois vem, está todo mundo prisioneiro de
seus partidos. O PMDB por exemplo vai para a oposição, então as pessoas
diziam: "Governador, eu fui para tal partido porque eu queria me
aproximar do governo. O partido agora foi para a oposição. Como é que eu
faço?". Aí aparece a ideia... Aliás eu já tinha discutido a ideia de
formar um novo partido inclusive com o Eduardo [Campos, presidente
nacional do PSB e governador de Pernambuco]. Chegamos a conversar.
Disse: "OIha, precisa criar um outro partido porque se não mudar a regra
de fidelidade, as pessoas viraram prisioneiras do chefe do partido, do
dono do partido, da direção do partido". Aí veio a ideia do PSD do
Kassab. Então para mim interessava, ajudei. Na legenda, deve estar entre
os três mais estruturados, tem 10, 11 deputados estaduais [na Bahia],
quatro ou cinco federais [pela Bahia], tem o vice-governador Otto
Alencar. Então realmente para mim foi um momento importante. Agora, eu
insisto: o PSD foi criado com o peso com que foi criado como
consequência de uma regra que virou uma prisão.
Folha/UOL: O sr. tem um relacionamento muito próximo do ex-presidente
Lula, falou com ele algumas vezes depois que foi anunciado o
diagnóstico de câncer na laringe, o que ele disse para o sr.? Jaques Wagner: Por acaso eu estive lá no dia anterior [ao
conhecimento do diagnóstico] que era o aniversário dele. Fui. Estava eu,
Déda [Marcelo Déda, governador de Sergipe, do PT], o Eduardo [Eduardo
Campos, do PSB], muita gente amiga. Eu até fiquei pouco porque eu tinha
que voltar num voo comercial para Salvador. E no dia seguinte sai a
notícia. Eu tomei até um susto porque eu estava com ele de noite. Até
oito, nove, dez da noite. Bom já falei com ele, já falei com a Marisa
[mulher de Lula], já falei com o Fábio [filho de Lula]. Falei nesta
semana inclusive com o Fábio, o filho dele, um dos filhos dele, porque
eu hoje estou indo para São Paulo. Porque amanhã casa uma sobrinha
minha. E eu quero ver se eu vou visitar com Fatinha [mulher de Jaques
Wagner] até porque tem uma porção de lembranças de Bahia, oferendas,
energias positivas que eu quero entregar para ele, mas eu não quero
também invadir a privacidade.
Folha/UOL: O que é? Alguma imagem, algum ícone? Jaques Wagner: Tem. O pessoal de Irmã Dulce mandou uma imagem de
Irmã Dulce. Fatinha que está colecionando isso. E, óbvio, eu queria ir
lá dar um abraço nele.
Folha/UOL: Ele se emocionou ao falar com o sr. ao telefone? Disse alguma coisa? Jaques Wagner: Não. Nas falas que eu tive com ele, eu diria assim
que ele estava bem. É óbvio que ele fez a segunda sessão de químio, vai
completar agora acho que 15 dias e cada sessão no pós sessão sempre tem
um momento pior, eu sei que ele está reclamando, que não tem paladar,
essas coisas todas. Mas o astral dele, de quem tem estado com ele, é um
astral muito... Eu acho que ele é um cara que tem muita energia interna e
eu acho que essa coisa é fundamental em recuperação principalmente de
doenças como essas. O que eu ouço dos médicos é que depois da terceira
sessão eles terão conseguido vencer a batalha contra as células de
câncer. Depois, eventualmente eles fazem uma rádio. Então eu creio que
ele volta com condições de estar no trabalho político que ele gosta de
fazer.
Folha/UOL: Deve coordenar bastante negociações para as eleições do ano que vem nas principais cidades do PT? Jaques Wagner: É, não tenho dúvidas. Porque ele ainda é um nome,
vamos dizer assim, é um símbolo do projeto da gente. Tem um peso de
interlocução com o povo, com a sociedade em geral muito grande. E ele
estando bem de saúde, eu espero que ele esteja, ele não fica trancado em
casa de jeito nenhum [risos].
Folha/UOL: Governador Jaques Wagner, da Bahia, muito obrigado por sua entrevista. Jaques Wagner: Obrigado a você, obrigado a todos os internautas
que nos acompanharam. E quando precisar, eu estou à disposição para
bater mais papo sobre Bahia, Brasil e sobre política. Obrigado.
GISELE TAMAMAR
O brasileiro vai precisar trabalhar de um a dois meses a mais para
não ter o valor de sua aposentadoria reduzido. Isso porque o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem um aumento
da expectativa de vida que influencia o cálculo dos benefícios pedidos
desde ontem até novembro do ano que vem. Na média, a mudança provocou um
achatamento de 0,42% no valor dos benefícios previdenciários se
comparados com o valor antes da nova tabela de cálculo.
A esperança de vida ao nascer no País era de 73 anos, 5 meses e 24
dias em 2010, um aumento de 3 meses e 22 dias em relação a 2009. Todos
os anos o IBGE recalcula a tábua de mortalidade de acordo com a idade,
que influencia o fator previdenciário usado no cálculo da aposentadoria
pela Previdência. O fator previdenciário é um mecanismo criado em 1999
com o intuito de inibir aposentadorias precoces. Quanto mais cedo o
trabalhador se aposenta e maior a expectativa de vida do brasileiro,
menor será o valor inicial do benefício por conta do fator.
Segundo cálculos da Conde Consultoria Atuarial, desde que o mecanismo
foi criado a aposentadoria de um homem de 55 anos com 35 anos de
contribuição já foi achatada em 15,1%. A expectativa é que essa variação
acumulada atinja 18% em 2015.
Porém, o diretor da Conde Consultoria e atuário especializado em
previdência, Newton Conde, afirma que o IBGE irá incorporar os
resultados do Censo 2010 no ano que vem, o que poderá trazer mudanças
significativas. No cálculo em 2002 foi levado em consideração o Censo
2000, o que provocou uma forte variação. Desde então, o instituto de
pesquisa tem feito apenas ajustes.
“Pode ser que tenha uma grande variação no fator previdenciário como
em 2002 ou também pode seguir uma média. Vai ser uma novidade de
qualquer forma”, comenta Conde, que também é professor da
Fipecafi-FEA/USP. A fórmula
Para ele, o conceito do fator previdenciário é interessante. O
especialista é favorável a uma fórmula de cálculo para quem se aposenta
mais cedo, mas o problema é que a pessoa não pode se programar para sair
da ativa daqui a 30 anos porque a expectativa de vida muda anualmente, o
que prejudica qualquer cálculo do valor inicial do benefício.
“Uma fórmula fixa (com uma espécie de fator previdenciário fixo)
seria mais interessante, além disso, a atual inclui muitos cálculos para
quem não é especialista no tema. Isso dificulta o planejamento e o
trabalhador não consegue sequer conferir o cálculo”, diz Conde.
Para o advogado Pedro Lessi, do escritório Lessi e Advogados
Associados, o fator é um entrave. “O cálculo tem que mudar e levar em
consideração uma estatística que tenha no mínimo 70% de pesquisa porta a
porta e não a maioria baseada em estimativas”, afirma Lessi sobre a
estatística do IBGE. “A aposentadoria, que deveria ser um merecimento,
acaba sendo um desmerecimento para o trabalhador”, completa.
Para o trabalhador, a orientação é se planejar e fazer as contas para saber o valor do benefício. No site da Previdência www.previdencia.gov.br) é possível calcular o valor da aposentadoria.