- 1 de dezembro de 2011 |
- 23h15 |
Categoria: Aposentadoria, Trabalho
GISELE TAMAMARO brasileiro vai precisar trabalhar de um a dois meses a mais para não ter o valor de sua aposentadoria reduzido. Isso porque o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem um aumento da expectativa de vida que influencia o cálculo dos benefícios pedidos desde ontem até novembro do ano que vem. Na média, a mudança provocou um achatamento de 0,42% no valor dos benefícios previdenciários se comparados com o valor antes da nova tabela de cálculo.
A esperança de vida ao nascer no País era de 73 anos, 5 meses e 24 dias em 2010, um aumento de 3 meses e 22 dias em relação a 2009. Todos os anos o IBGE recalcula a tábua de mortalidade de acordo com a idade, que influencia o fator previdenciário usado no cálculo da aposentadoria pela Previdência. O fator previdenciário é um mecanismo criado em 1999 com o intuito de inibir aposentadorias precoces. Quanto mais cedo o trabalhador se aposenta e maior a expectativa de vida do brasileiro, menor será o valor inicial do benefício por conta do fator.
Segundo cálculos da Conde Consultoria Atuarial, desde que o mecanismo foi criado a aposentadoria de um homem de 55 anos com 35 anos de contribuição já foi achatada em 15,1%. A expectativa é que essa variação acumulada atinja 18% em 2015.
Porém, o diretor da Conde Consultoria e atuário especializado em previdência, Newton Conde, afirma que o IBGE irá incorporar os resultados do Censo 2010 no ano que vem, o que poderá trazer mudanças significativas. No cálculo em 2002 foi levado em consideração o Censo 2000, o que provocou uma forte variação. Desde então, o instituto de pesquisa tem feito apenas ajustes.
“Pode ser que tenha uma grande variação no fator previdenciário como em 2002 ou também pode seguir uma média. Vai ser uma novidade de qualquer forma”, comenta Conde, que também é professor da Fipecafi-FEA/USP.
A fórmula
Para ele, o conceito do fator previdenciário é interessante. O especialista é favorável a uma fórmula de cálculo para quem se aposenta mais cedo, mas o problema é que a pessoa não pode se programar para sair da ativa daqui a 30 anos porque a expectativa de vida muda anualmente, o que prejudica qualquer cálculo do valor inicial do benefício.
“Uma fórmula fixa (com uma espécie de fator previdenciário fixo) seria mais interessante, além disso, a atual inclui muitos cálculos para quem não é especialista no tema. Isso dificulta o planejamento e o trabalhador não consegue sequer conferir o cálculo”, diz Conde.
Para o advogado Pedro Lessi, do escritório Lessi e Advogados Associados, o fator é um entrave. “O cálculo tem que mudar e levar em consideração uma estatística que tenha no mínimo 70% de pesquisa porta a porta e não a maioria baseada em estimativas”, afirma Lessi sobre a estatística do IBGE. “A aposentadoria, que deveria ser um merecimento, acaba sendo um desmerecimento para o trabalhador”, completa.
Para o trabalhador, a orientação é se planejar e fazer as contas para saber o valor do benefício. No site da Previdência www.previdencia.gov.br) é possível calcular o valor da aposentadoria.
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