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quarta-feira, 18 de junho de 2008

Longa-metragem, ‘Singularidades de uma Rapariga Loira

DECANO DOS REALIZADORES PREPARA FILME

O mais velho realizador em actividade vai celebrar o 100º aniversário com a estreia de uma nova longa-metragem, ‘Singularidades de uma Rapariga Loira’, uma adaptação de Eça de Queiroz. Nascido a 11 de Dezembro de 1908, no seio de uma família abastada do Porto, Manoel de Oliveira estreou-se na realização com 23 anos, assinando o documentário ‘Douro, Faina Fluvial’. Em 1942 filmou ‘Aniki Bobó’, estando muitos anos afastado da Sétima Arte a que se dedicou já depois dos 60 anos


Presidente da República na comissão de honra a Manoel de OliveiraPresidente da República na comissão de honra a Manoel de Oliveira17 Junho 2008 - 00h30

Cinema: Realizador será homenageado até ao fim do ano

Cavaco preside ao centenário

A comissão de honra criada para celebrar o centésimo aniversário de Manoel de Oliveira vai ser liderada por Cavaco Silva. O Presidente da República aceitou ontem o convite feito pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, numa audiência onde também esteve presente o director da Cinemateca Portuguesa, João Bénard da Costa.

O programa das comemorações dos cem anos de vida do cineasta prevê uma exposição sobre a sua vida e obra, que vai abrir a 11 de Julho na Fundação de Serralves, no Porto. A mostra incluirá a exibição de vários filmes do cineasta portuense, mas será a Cinemateca a fazer uma retrospectiva quase integral, estando ainda por definir quando irá decorrer essa iniciativa.

Desconhece-se igualmente se o ponto mais alto das comemorações – delineadas por um conjunto de personalidade como o actor Luís Miguel Cintra (presença habitual nos filmes de Oliveira), a presidente do Instituto Camões, Simonetta Luz Afonso, e o director artístico da Fundação de Serralves, João Fernandes –, no dia 11 de Dezembro, quando fizer cem anos desde que o cineasta veio ao Mundo, irá decorrer em Lisboa ou no Porto.

Também no Festival de Veneza – onde Manoel de Oliveira já obteve dois Leões de Ouro – vai haver uma grande homenagem, agendada para 6 de Setembro. A primeira vezque o realizador foi a esse certame foi em 1956, apresentando o documentário ‘O Pintor e a Cidade’.

DECANO DOS REALIZADORES PREPARA FILME

O mais velho realizador em actividade vai celebrar o 100º aniversário com a estreia de uma nova longa-metragem, ‘Singularidades de uma Rapariga Loira’, uma adaptação de Eça de Queiroz. Nascido a 11 de Dezembro de 1908, no seio de uma família abastada do Porto, Manoel de Oliveira estreou-se na realização com 23 anos, assinando o documentário ‘Douro, Faina Fluvial’. Em 1942 filmou ‘Aniki Bobó’, estando muitos anos afastado da Sétima Arte a que se dedicou já depois dos 60 anos.

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26/10/2008 free counters

Trilha sonora de 'Ciranda de Pedra' resgata clássico com Elis Regina e músicas dos anos 50, 60 e 70 em novas leituras


Publicada em 17/06/2008 às 08h08m

Christina Fuscaldo - O Globo Online
Capa do CD que traz a trilha sonora de 'Ciranda de pedra' / Reprodução

RIO - Na voz de Elis Regina, a música "Redescobrir" é mesmo um sucesso. Doze anos depois de ser escolhida como tema de abertura da novela "Razão de viver", do SBT, a canção de Gonzaguinha volta com tudo em "Ciranda de pedra". De segunda a sábado, é possível cantarolar os versos ("Como se fora brincadeira de roda / Memória! / Jogo do trabalho na dança das mãos / Memória!") junto com Elis assim que começa a trama das 18h, que, por coincidência ou não, também é protagonizada por Ana Paula Arósio.

Ouça 'Redescobrir', com Elis Regina

Ouça 'Chovendo na roseira', com o grupo BR6

Ouça 'Com essa cor', com Monique Kessous

No CD que traz a trilha sonora da novela de Alcides Nogueira baseada na obra homônima de Lygia Fagundes Telles, Tom Jobim é outro que aparece vivíssimo. Com uma música no disco, "Chega de saudade", o ícone da bossa nova tem duas composições no repertório: o grupo vocal BR6 interpreta "Chovendo na roseira" e Milton Nascimento toca "Brigas nunca mais" acompanhado do Jobim Trio.

Divulgação / Leo Lemos / E mail - TV - Natércio ( Daniel Dantas ) , Laura ( Ana Paula Arósio ) e Daniel ( Marcello Antony ) em 'Ciranda de pedra'

O disco resgata a música brasileira dos anos 50, 60 e 70, mas muitas delas em novas versões. Diogo Nogueira, por exemplo, canta "Tiro ao Álvaro", um clássico consagrado por Adoniran Barbosa. Roberta Sá faz a sua leitura de "Amor blue", de Sueli Costa. Do álbum "Eu me transformo em outras", que Zélia Duncan lançou em 2004, veio para a trilha de "Ciranda de pedra" a música "Quando esse nego chega", de Haroldo Barbosa, compositor famoso nos anos 30 e 40. Ainda no disco, Fernanda Takai interpreta "Trevo de quatro folhas", música que em 1981 foi tema da primeira versão da novela na voz de Nara Leão.

O disco traz ainda artistas revelação. Herdeiro de Gonzaguinha, Daniel Gonzaga interpreta "Rapaz de bem", de Johnny Alf e a novata Monique Kessous apresenta uma composição própria, "Com essa cor". Da turma mais antiga, estão lá Gal Costa ("E daí?"), The Originals ("Uma história pra ficar") e Gilberto Gil, que divide o microfone com Marjorie Estiano em "Chiclete com banana".

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26/10/2008 free counters

Quem é Dan Stulbach

Dan Filip Stulbach é o primeiro brasileiro de uma pequena família de imigrantes poloneses. Nasceu em São Paulo, em 26 de setembro de 1969. Tem apenas uma irmã, que é nutricionista e mãe de seu único sobrinho, um bebê de pouco mais de um ano.

* Em casa, cresceu ouvindo a língua polonesa e as histórias que o avô lhe contava sobre a vida no país europeu, devastado durante a Segunda Guerra Mundial. Até hoje, emociona-se com a Polonaise, de Chopin, imortalizada como hino da Resistência ao nazismo.

* Seu talento artístico começou a aparecer ainda na infância, quando o avô lhe pedia para ler os jornais. Depois de algum tempo, cansado da tarefa, o menino aproveitava os personagens do noticiário para inventar suas próprias histórias. Só assim Delfim Netto pôde ser visto na praia, conversando com o jogador Sócrates...

* Aos 12 anos, devido a um problema de calcificação, teve de operar os dois pés. A recuperação levou cerca de seis meses e incluiu uma temporada em cadeira de rodas e outra de muletas, além da fisioterapia. "Naquela época, lembro de ficar triste por não poder jogar futebol", conta. A volta aos gramados se deu na função de goleiro.

* Embora discorde, na opinião dos amigos é fanático por futebol. "O Corinthians é uma das poucas coisas que o tira do sério. O Dan sofre quando o time dele perde", entrega Luiz Gustavo Medina, o Teco. Mas costumava jogar bem. "Era o homem dos gols impossíveis, capaz de fazer um gol no último minuto", conta José Godoy, o Zé.

* Indeciso a respeito da carreira que deveria seguir, prestou vestibular – e foi aprovado – em Medicina, Administração e Engenharia. Excelente em matemática, cursou um ano a faculdade de Engenharia, antes de descobrir que aquela não seria sua profissão. Formou-se em Comunicação Social na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Também freqüentou a Escola de Arte Dramática da USP.

* Três meses depois de ingressar na ESPM, criou o grupo de teatro Tangerina, que existe até hoje. Durante oito anos dirigiu espetáculos do grupo, que venceu inúmeros festivais de teatro amador.

* Viveu em San Diego, Califórnia, nos Estados Unidos, por quase um ano. Lá estudou inglês e trabalhou como pipoqueiro e bilheteiro de cinema. Com o dinheiro que ganhou, passou uma temporada em Nova York, onde pôde assistir dezenas de peças de teatro.

* No início da carreira, chegou a encenar espetáculos para duas, três ou cinco pessoas na platéia. "É horrível. E não é possível abstrair", diz. "Eu já tive crises de choro, quando era garoto, achando que... nossa, você não tem idéia. Achando que ninguém se interessava por teatro."

* Ele, Alexandre Edelstein e alguns outros amigos formaram, em meados dos anos 90, o Tela Viva. Espécie de precursor do programa Retrato Falado, comandado por Denise Fraga, na Globo, com o grupo de teatro, que segue atuando, apresentava-se em domicílio, narrando histórias engraçadas ou episódios marcantes da vida de pessoas comuns.

* Seu primeiro personagem no teatro amador foi em uma adaptação de “Sonhos de uma noite de verão”, de Shakespeare. Sua estréia profissional foi protagonizando “Peer Gynt”, de Ibsen. Deu vida também a criações de Klémnikov, Kleist, Molière, Jean Genet e Sófocles, entre outros. Fã de Paulo Autran, que conheceu ainda no início da carreira e de quem viria a se tornar amigo, fez com ele “Visitando o Sr. Green”. Além de representar, hoje também é diretor artístico do teatro Eva Herz, em São Paulo.

* Interpretar o violento Marcos, na novela “Mulheres Apaixonadas”, rendeu-lhe algumas jornaladas de velhinhas indignadas, o desprezo de passageiros da ponte aérea, que não queriam sentar-se ao seu lado, no avião, e vigilância redobrada no embarque – sempre havia alguém sugerindo revistá-lo ou procurando por uma raquete em sua bagagem. Por causa do papel, em um encontro com o presidente Lula, em Brasília, teve de ouvir, do próprio: “você bate muito na mulher, companheiro!”

* Na TV, fez também as novelas “O Amor está no Ar”, “Esperança” e “Senhora do Destino”, além das minisséries “Os Maias”, “JK”, “ Amazônia” e, mais recentemente, “Queridos Amigos”.

* Entre os prêmios que já ganhou estão o da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCA) e o Prêmio Shell de melhor ator, por sua interpretação de Clausewitz, em “Novas Diretrizes em Tempos de Paz”, peça de Bosco Brasil que agora deve virar filme, sob a direção de Daniel Filho.

* No cinema fez “Cronicamente Inviável”, “Matter Dei”, “Viva Voz” e “Mais Uma Vez Amor”. Fora do Brasil atuou em “Living the Dream”, dirigido por Alan Fiterman.

* Também trabalhou como assistente de direção de Elias Andreato, Marco Nanini e Naum Alves de Souza.

* Considera “fácil” livrar-se de um personagem, ao término de uma temporada de interpretação. "O que não é fácil é da sensação." Foi assim, por exemplo, com seu mais recente papel, como protagonista da minissérie “Queridos Amigos”. "Tem uma sensação do Leo, da despedida, que fica. Uma certa melancolia. Fica uma melancolia não dele, mas da emoção, daquele lugar que você visitou e que você tem de se despedir."

* Adora os momentos de solidão no teatro. "Quando acaba a festa e o público vai embora, você está sozinho no camarim ou também indo embora. Dá uma paz, uma coisa boa. O verdadeiro fim de expediente."

* Reconhecidamente um ator extraordinário, esconde vários outros talentos. "O Dan é excepcionalmente bom como empreendedor. Não me lembro de nada que ele tenha começado a fazer e que não tenha dado certo", conta Zé. "É muito convincente e tem intuição muito forte para onde ir com as coisas dele. Sempre foi muito independente e sabe lidar com gente."

* Possui senso estético apurado. "A casa dele sempre foi a mais legal dos amigos. Ele escolhe móveis legais e tem bom senso espacial; deve ter desenvolvido isso no teatro", diz Zé.

* A sorte costuma andar a seu lado. "Basicamente é o cara com mais estrela que conheço na vida. Tem muita intuição. E, para piorar, também tem muita capacidade, é bom em muita coisa. Sempre toma a decisão certa", resume Teco, que revela aquele que seria o maior defeito do ator: é o homem “menos pontual do planeta”. "Ele tem uma burocracia própria dele, é enrolado."

* À época desta entrevista, Dan Stulbach estava acabando de ler “Consolações da Filosofia”, de Alain de Botton, e “O Fotógrafo”, uma HQ ambientada no Afeganistão. Preparava-se para enfrentar as mais de 900 páginas de “As Benevolentes”, obra de Jonathan Littell que trata dos horrores da Segunda Guerra sob a perspectiva do carrasco. Recomenda a leitura de “A Elegância do Ouriço”, de Muriel Barbery. "É muito bonito. Muito feminino."

* Além dos livros, outra de suas paixões é a fotografia. Tem duas câmeras Leica e costuma presentear os amigos com fotos de sua autoria. Também gosta de postar algumas no blog do programa de rádio. Cultiva orquídeas.

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26/10/2008 free counters

Los Lores rechazan retrasar la ratificación del Tratado de Lisboa


Los conservadores querían que la Cámara Alta del parlamento británico esperase hasta octubre para votar sobre el texto. -La votación se producirá en las próximas horas

EFE - Londres - 18/06/2008


La Cámara de los Lores ha rechazado la enmienda de los conservadores para retrasar el último trámite parlamentario del proceso de ratificación del Tratado de Lisboa en el Reino Unido.

UE

(Unión Europea)

A FONDO

Enlace Ver cobertura completa

Reino Unido

Reino Unido

A FONDO

Capital:
Londres.
Gobierno:
Monarquía Constitucional.
Población:
60.094.648 (2003)

El promotor de la enmienda pretendía que la tercera y última lectura del Tratado en los Lores, prevista para hoy, no se celebrara al menos hasta el 20 de octubre, para permitir al Parlamento "considerar la respuesta más apropiada al cambio de circunstancias y a las incertidumbres creadas" tras el 'no' de Irlanda al Tratado.

La Cámara Alta del Parlamento británico no ha aceptado la propuesta presentada por el portavoz de Asuntos Exteriores del Partido Conservador, Lord Howell de Guilford, con 277 votos en contra y 184 a favor.

Tras el rechazo a la propuesta de los conservadores, los Lores deberán votar la ratificación del Tratado de Lisboa en las próximas

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26/10/2008 free counters

Bush pide que se exploten las reservas de Alaska para paliar la subida del petróleo

El presidente de EE UU ha pedido al Congreso que levante la prohibición de construir plataformas petroleras en aguas estadounidenses

AGENCIAS - Washington - 18/06/2008


El presidente de EE UU, George W. Bush, ha hallado su 'fórmula' particular para combatir el continuo aumento en los precios del petróleo. El inquilino de la Casa Blanca ha pedido hoy al Congreso que permita las extracciones de petróleo en alta mar en las costas estadounidenses, donde ha dicho que hay reservas de 18.000 millones de barriles, y ha reiterado su defensa de comenzar la prospección en la Reserva Nacional Ártica de Vida Animal de Alaska.

George w. Bush

George w. Bush

A FONDO

Nacimiento:
06-07-1946
Lugar:
(New Haven)

En una intervención en la rosaleda de la Casa Blanca, Bush ha achacado al Congreso, dominado por los demócratas, buena parte de la culpa de la escalada de precios de la gasolina en Estados Unidos y le ha instado a aprobar cuatro medidas para aumentar la producción.

La novedad, entre ellas, es el levantamiento de la prohibición de construir plataformas petroleras en aguas estadounidenses en alta mar, que está vigente desde hace más de 25 años. Esa restricción "está anticuada y es contraproducente", ha dicho Bush.


Após discurso de McCain, Bush pede mudança em lei de exploração de petróleo

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Colaboração para a Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pedirá nesta quarta-feira ao Congresso que suspenda a proibição de exploração de reservas de petróleo no litoral do país, informou a Casa Branca.

"Com a gasolina acima dos quatro dólares o galão (3,6 litros), amanhã vamos pedir ao Congresso que aprove uma lei suspendendo a proibição parlamentar à perfuração petrolífera litorânea segura e ambientalmente sustentável", disse, nesta terça-feira, a porta-voz da Casa Branca Dana Perino.

O anúncio veio apenas horas depois do provável candidato presidencial republicano, John McCain, pedir em discurso ao governo federal que abandone 27 anos da proibição da exploração destes recursos, como medida para conter a alta dos combustíveis e acabar com a dependência do petróleo estrangeiro.

McCain apresentou a proposta nesta terça-feira em Houston, Texas, reduto da indústria petroleira norte-americana.

"Com a gasolina custando mais de US$ 4 o galão, muitos não tem a luxúria de esperar em planos futuristas e políticos. Nós provamos que há reservas de petróleo de pelo menos 21 milhões de barris nos Estados Unidos. Mas uma proibição federal fica no caminho da exploração energética e produção e eu acredito que é hora do governo federal acabar com estas restrições e colocar nossas reservas para uso", afirmou McCain.

No discurso de Houston, McCain também planeja citar as firmas de investimento e empresários de petróleo que prevêem o preço do barril do petróleo chegando a US$ 200 --hoje está em US$ 133,25-- e o galão da gasolina chegando a US$ 7.

"De alguma forma, os Estados Unidos, em muitos jeitos a mais auto-confiante das nações, permitiu e algumas vezes até encorajou esta situação. Isso foi problemático há 35 anos. Foi alarmante há 20 e é uma situação perigosa hoje", disse ainda McCain.

O discurso pode ganhar a McCain o apoio do rico e influente setor petroleiro, que não perdoa sua oposição ferrenha às perfurações propostas pelo governo Bush em uma reserva natural do Alasca.

"Por anos, o presidente pressionou o Congresso para expandir nossa reserva doméstica de petróleo, mas os democratas no Congresso bloquearam essa ação", afirmou a porta-voz.

Mas sua nova posição foi considerada ainda muito tímida por Thomas Pyle, presidente de uma associação do setor, o Instituto para Pesquisa Energética.

McCain foi duramente criticado também pela organização ambientalista Sierra Club. "McCain disse que era a favor da luta contra o aquecimento global e de soluções para energias limpas (...). Mas perfurações ao longo da costa representam a antítese desse enfoque", ressaltou seu diretor executivo, Carl Pope.

McCain se defendeu dessas críticas afirmando que continuava fazendo "todo o possível para que os norte-americanos se dessem conta de que é preciso aprovar fontes de energia alternativa, de que é necessário reduzir as emissões de gases do efeito estufa, e reduzir a dependência do petróleo proveniente do exterior".

Com France Presse


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26/10/2008 free counters

CÓDIGO DE ÉTICA DO ADVOGADO

Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB

Título I - Da Ética do Advogado

Capítulo I - Das Regras Deontológicas Fundamentais
Capítulo II - Das Relações com o Cliente
Capítulo III - Do Sigilo Profissional

Capítulo IV - Da Publicidade
Capítulo V - Dos Honorários Profissionais
Capítulo VI - Do Dever de Urbanidade
Capítulo VII - Das Disposições Gerais

Título II - Do Processo Disciplinar

Capítulo I - Da Competência do Tribunal de Ética e Disciplina
Capítulo II - Dos Procedimentos
Capítulo III - Das Disposições Gerais e Transitórias

Título I - Da Ética do Advogado

Capítulo I - Das Regras Deontológicas Fundamentais

Art. 1º. O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional.

Art. 2º. O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.

Parágrafo único. São deveres do advogado:

I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;

II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;

III - velar por sua reputação pessoal e profissional;

IV - empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;

V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;

VI - estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios;

VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;

VIII - abster-se de:

a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue;

c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;

d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana;

e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste.

IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

Art. 3º. O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.

Art. 4º. O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência.

Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente.

Art. 5º. O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização.

Art. 6º. É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé.

Art. 7º. É vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela.

Início


Capítulo II - Das Relações com o Cliente

Art. 8º. O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da demanda.

Art. 9º. A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do mandato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e documentos recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de contas, não excluindo outras prestações solicitadas, pelo cliente, a qualquer momento.

Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o cumprimento e a cessação do mandato.

Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.

Art. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os feitos, sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.

Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e a continuidade da responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo estabelecido em lei; não exclui, todavia, a responsabilidade pelos danos causados dolosa ou culposamente aos clientes ou a terceiros.

Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do serviço efetivamente prestado.

Art. 15. O mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente aos advogados que integrem sociedade de que façam parte, e será exercido no interesse do cliente, respeitada a liberdade de defesa.

Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, desde que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono no interesse da causa.

Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar em juízo clientes com interesses opostos.

Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional.

Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.

Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.

Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado.

Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo.

Art. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente.

Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do advogado da causa.

§ 1o. O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente.

§ 2o. O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários com o substabelecente.

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Capítulo III - Do Sigilo Profissional

Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa.

Art. 26. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte.

Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo constituinte.

Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.

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Capítulo IV - Da Publicidade

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.

Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o número da inscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações profissionais, especialização técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços, horário do expediente e meios de comunicação, vedadas a sua veiculação pelo rádio e televisão e a denominação de fantasia.

§ 1º. Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas.

§ 2º. Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos doutrinadores ou legalmente reconhecidos.

§ 3º. Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes de escritório e especificação de especialidades profissionais, bem como boletins informativos e comentários sobre legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem ou os autorizem previamente.

§ 4º. O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente, qualquer cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido, passível de captar clientela.

§ 5º. O uso das expressões "escritório de advocacia" ou "sociedade de advogados" deve estar acompanhado da indicação de número de registro na OAB ou do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem.

§ 6º. O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português, e, quando em idioma estrangeiro, deve estar acompanhado da respectiva tradução.

Art. 30. O anúncio sob a forma de placas, na sede profissional ou na residência do advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo, forma e dimensões, sem qualquer aspecto mercantilista, vedada a utilização de "outdoor" ou equivalente.

Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos, logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 1º. São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir o público, informações de serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou indiretamente, captação de causa ou clientes, bem como menção ao tamanho, qualidade e estrutura da sede profissional.

§ 2º. Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante remessa de correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar a clientes e colegas a instalação ou mudança de endereço, a indicação expressa do seu nome e escritório em partes externas de veículo, ou a inserção de seu nome em anúncio relativo a outras atividades não advocatícias, faça delas parte ou não.

Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou de qualquer outro meio, para manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão.

Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado evitar insinuações a promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter sensacionalista.

Art. 33. O advogado deve abster-se de:

I - responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação social, com intuito de promover-se profissionalmente;

II - debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou patrocínio de colega;

III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o congrega;

IV - divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;

V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas.

Art. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou jurídicos de que tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado constituído, assessor jurídico ou parecerista, deve limitar-se a aspectos que não quebrem ou violem o segredo ou o sigilo profissional.

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Capítulo V - Dos Honorários Profissionais

Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessários, devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de acordo.

§ 1º. Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém devem ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que foi ajustado na aceitação da causa.

§ 2º. A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores que devam ser entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver prévia autorização ou previsão contratual.

§ 3º. A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e extrajudiciais, inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou não, para desempenho de serviço auxiliar ou complementar técnico e especializado, ou com incumbência pertinente fora da Comarca, devem integrar as condições gerais do contrato.

Art. 36. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os elementos seguintes:

I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;

II - o trabalho e o tempo necessários;

III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;

IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele resultante do serviço profissional;

V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou permanente;

VI - o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;

VII - a competência e o renome do profissional;

VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos.

Art. 37. Em face da imprevisibilidade do prazo de tramitação da demanda, devem ser delimitados os serviços profissionais a se prestarem nos procedimentos preliminares, judiciais ou conciliatórios, a fim de que outras medidas, solicitadas ou necessárias, incidentais ou não, diretas ou indiretas, decorrentes da causa, possam ter novos honorários estimados, e da mesma forma receber do constituinte ou cliente a concordância hábil.

Art. 38. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do constituinte ou do cliente.

Parágrafo único. A participação do advogado em bens particulares de cliente, comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em caráter excepcional, e desde que contratada por escrito.

Art. 39. A celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos com redução dos valores estabelecidos na Tabela de Honorários implica captação de clientes ou causa, salvo se as condições peculiares da necessidade e dos carentes puderem ser demonstradas com a devida antecedência ao respectivo Tribunal de Ética e Disciplina, que deve analisar a sua oportunidade.

Art. 40. Os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no regime da assistência judiciária não podem ser alterados no quantum estabelecido; mas a verba honorária decorrente da sucumbência pertence ao advogado.

Art. 41. O advogado deve evitar o aviltamento de valores dos serviços profissionais, não os fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo fixado pela Tabela de Honorários, salvo motivo plenamente justificável.

Art. 42. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto.

Art. 43. Havendo necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos honorários advocatícios, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa, fazendo-se representar por um colega.

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Capítulo VI - Do Dever de Urbanidade

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito.

Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços.

Art. 46. O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo, deve comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se sinta amparado e tenha a expectativa de regular desenvolvimento da demanda.

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Capítulo VII - Das Disposições Gerais

Art. 47. A falta ou inexistência, neste Código, de definição ou orientação sobre questão de ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou dele advenha, enseja consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal.

Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente do Conselho Seccional, da Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável para o dispositivo violado, sem prejuízo da instauração do competente procedimento para apuração das infrações e aplicação das penalidades cominadas.

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Título II - Do Processo Disciplinar

Capítulo I - Da Competência do Tribunal de Ética e Disciplina

Art. 49. O Tribunal de Ética e Disciplina é competente para orientar e aconselhar sobre ética profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os processos disciplinares.

Parágrafo único. O Tribunal reunir-se-á mensalmente ou em menor período, se necessário, e todas as sessões serão plenárias.

Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:


V. Provimento n. 83/96, que dispõe sobre o procedimento de conciliação, quando a representação disciplinar for promovida por advogado contra outro colega.

I - instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou norma de ética profissional;

II - organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à formação da consciência dos futuros profissionais para os problemas fundamentais da Ética;

III - expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos previstos nos regulamentos e costumes do foro;

IV - mediar e conciliar nas questões que envolvam:

a) dúvidas e pendências entre advogados;

b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante substabelecimento, ou decorrente de sucumbência;

c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.

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Capítulo II - Dos Procedimentos

Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação dos interessados, que não pode ser anônima.

§ 1º. Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus integrantes, para presidir a instrução processual.

§ 2º. O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção o arquivamento da representação, quando estiver desconstituída dos pressupostos de admissibilidade.

§ 3º. A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes dos Conselhos Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal.

Art. 52. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos interessados para esclarecimentos, ou do representado para a defesa prévia, em qualquer caso no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º. Se o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo.

§ 2º. Oferecidos a defesa prévia, que deve estar acompanhada de todos os documentos, e o rol de testemunhas, até o máximo de cinco, é proferido o despacho saneador e, ressalvada a hipótese do § 2o do art. 73 do Estatuto, designada a audiência para oitiva do interessado e do representado e das testemunhas, devendo o interessado, o representado ou seu defensor incumbir-se do comparecimento de suas testemunhas, na data e hora marcadas.

§ 3º. O relator pode determinar a realização de diligências que julgar convenientes.

§ 4º. Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze) dias para a apresentação de razões finais pelo interessado e pelo representado, após a juntada da última intimação.

§ 5º. Extinto o prazo das razões finais, o relator profere parecer preliminar, a ser submetido ao Tribunal.

Art. 53. O Presidente do Tribunal, após o recebimento do processo devidamente instruído, designa relator para proferir o voto.

§ 1o. O processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão de julgamento, após o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo Tribunal, salvo se o relator determinar diligências.

§ 2o. O representado é intimado pela Secretaria do Tribunal para a defesa oral na sessão, com 15 (quinze) dias de antecedência.

§ 3o. A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal, após o voto do relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado ou por seu advogado.

Art. 54. Ocorrendo a hipótese do art. 70, § 3o, do Estatuto, na sessão especial designada pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu defensor a apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à questão do cabimento, ou não, da suspensão preventiva.

Art. 55. O expediente submetido à apreciação do Tribunal é autuado pela Secretaria, registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas julgadoras, quando houver.

Art. 56. As consultas formuladas recebem autuação em apartado, e a esse processo são designados relator e revisor, pelo Presidente.

§ 1o. O relator e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cada um, para elaboração de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento.

§ 2o. Qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de uma sessão e desde que a matéria não seja urgente, caso em que o exame deve ser procedido durante a mesma sessão. Sendo vários os pedidos, a Secretaria providencia a distribuição do prazo, proporcionalmente, entre os interessados.

§ 3o. Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa ordem, têm preferência na manifestação.

§ 4o. O relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e arrazoados, respeitado o rito sumário atribuído por este Código.

§ 5o. Após o julgamento, os autos vão ao relator designado ou ao membro que tiver parecer vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a ser publicada no órgão oficial do Conselho Seccional.

Art. 57. Aplica-se ao funcionamento das sessões do Tribunal o procedimento adotado no Regimento Interno do Conselho Seccional.

Art. 58. Comprovado que os interessados no processo nele tenham intervindo de modo temerário, com sentido de emulação ou procrastinação, tal fato caracteriza falta de ética passível de punição.

Art. 59. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a freqüentar e conclua, comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade.

Art. 60. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, ao Conselho Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto, do Regulamento Geral e do Regimento Interno do Conselho Seccional.

Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgados.

Art. 61. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no art. 73,§ 5o, do Estatuto.

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Capítulo III - Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 62. O Conselho Seccional deve oferecer os meios e suporte imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades do Tribunal.

Art. 63. O Tribunal de Ética e Disciplina deve organizar seu Regimento Interno, a ser submetido ao Conselho Seccional e, após, ao Conselho Federal.

Art. 64. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada em órgão oficial e no quadro de avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com antecedência de 07 (sete) dias, devendo ser dada prioridade nos julgamentos para os interessados que estiverem presentes.

Art. 65. As regras deste Código obrigam igualmente as sociedades de advogados e os estagiários, no que lhes forem aplicáveis.

Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua publicação, cabendo aos Conselhos Federal e Seccionais e às Subseções da OAB promover a sua ampla divulgação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília-DF, 13 de fevereiro de 1995.

JOSÉ ROBERTO BATOCHIO- Presidente
MODESTO CARVALHOSA - Relator
Comissão Revisora: LINÍCIO LEAL BARBOSA,Presidente; ROBISON BARONI, Secretário e Sub-relator; NILZARDO CARNEIRO LEÃO, JOSÉ CID CAMPELO e SÉRGIO FERRAZ, Membros

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26/10/2008 free counters

Chineses sul-africanos querem ser classificados como 'negros'


Da BBC Brasil
A Associação de Chineses da África do Sul (Casa, em inglês) pediu a um tribunal na capital do país, Pretória, que seus associados sejam reclassificados como "negros".

A intenção é permitir que eles se beneficiem das políticas do governo para o fim da dominação branca no setor privado.

A Associação disse que foi forçada a recorrer à justiça porque com freqüência seus membros não conseguem se qualificar para contratos comerciais e promoções no trabalho porque são considerados brancos.

Estima-se que existam 200 mil chineses sul-africanos. Eles enfrentaram discriminação generalizada nos anos de apartheid, quando eram classificados como mestiços.

Mpo Lakaje, correspondente da BBC na África do Sul, disse que o Congresso Nacional Africano (CNA), que assumiu o governo com o fim do apartheid, em 1994, provavelmente não se oporá ao pedido chinês.

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26/10/2008 free counters

Terremoto faz China inspecionar Estádio Olímpico


O governo chinês finalizou a inspeção de vários prédios modernos de Pequim, entre eles o Estádio Olímpico, para confirmar se as construções são à prova de fortes tremores de terra, informou nesta quarta-feira a agência de notícias estatal Xinhua.

A decisão foi tomada depois que o sul do país foi atingido, em maio, pelo terremoto mais forte dos últimos 30 anos, que matou mais de 70 mil pessoas. O comitê encarregado das vistorias passou o mês de junho visitando um total de 6,2 milhões de metros quadrados, em 58 construções, entre arranha-céus e prédios com projetos arquitetônicos inusitados. Entre os prédios que passaram pela rigorosa vistoria estão o Estádio Nacional, também conhecido como "Ninho de Pássaro", e as famosas "Torres Inclinadas", que serão a nova sede do canal de TV estatal China Central Television, o CCTV. O resultado do levantamento ainda não foi divulgado. No entanto, a agência ressalta que muitos dos prédios modernos construídos recentemente em Pequim são obra de escritórios internacionais de arquitetura prestigiados no Ocidente, o que poderia, segundo o governo chinês, comprometer sua segurança durante eventuais tremores. Critérios O governo teme que, por conta das diferenças geográficas, os arquitetos estrangeiros não tenham experiência em projetar prédios que precisam ser resistentes aos tremores. "Muitos (prédios) foram projetados por arquitetos estrangeiros que vem de zonas onde não ocorrem terremotos e não tem experiência em projetar construções à prova de terremotos", disse à Xinhua um oficial do Comitê Municipal de Construções de Pequim, que não foi identificado.

"Alguns projetos arquitetônicos são um tanto anormais e vão além dos critérios de design existentes", disse o oficial à agência. Padrões Segundo o comitê, as construções que não passarem no teste serão convidadas a fazer reformas e mudar os padrões de segurança, para que o prédio se torne à prova de terremotos.

Desde 1976, quando um grande tremor causou a morte de mais de 240 mil pessoas em Tangshan, no norte do país, os padrões de construção da capital exigem que os prédios sejam construídos para suportar terremotos de até oito graus da escala Richter.

De acordo com o comitê, as autoridades passarão a fiscalizar com rigor redobrado a capacidade das construções em resistirem a tremores de terra. A Xinhua destaca ainda que o Comitê de Construções pretende ainda conduzir testes e fiscalizações em todos os prédios da capital, inclusive nas residências , mas não informou quando o governo irá começar estas inspeções.

Todas as construções erguidas na cidade precisarão passar pela aprovação do Comitê, informou a agência. Ninho de Pássaro O Estádio Nacional de Pequim foi construído especialmente para os Jogos Olímpicos e irá receber, em seus 91 mil assentos, os convidados das cerimônias de abertura e encerramento do evento.

O projeto do estádio é uma parceria do escritório suíço Jacques Herzog and Pierre de Meuron com o grupo China Architecture Design and Research.

Igualmente concebidas por estrangeiros, as torres interligadas, que serão a nova sede da TV estatal CCTV foram projetadas pelo holandês Rem Koolhaas.

As torres se interconectam numa passagem horizontal inclinada a seis graus, o que dá à obra a aparência de uma da torre "dobrada", cuja a ponta retorna ao chão. A torre maior tem 234 metros de altura e a menor, 194 metros. Juntas, elas totalizam 496 metros quadrados de área.

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26/10/2008 free counters

Ayrton Senna, "Memória Roda Viva"

Ayrton Senna

15/12/1986

Em 1986, ano em que chegou em segundo no Grande Prêmio Brasil, vencido por Piquet, Senna iniciava sua carreira






Paulo Markun: Boa noite! Há cinco anos na curva de Tamburelo, do circuito de Imola na Itália, terminava a carreira de uma grande esportista brasileiro. Mais do que isso, acabava ali a vida de um ídolo nacional, o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna da Silva. Você vai rever agora a histórica entrevista que Senna deu aqui no Roda Viva em 86, pouco depois de ter feito, pela primeira vez, o gesto que viraria sua marca registrada, carregando pela volta de comemoração a bandeira do Brasil. Mas antes vamos ver um depoimento da irmã dele, Viviane Senna.

Viviane Senna: A paixão pelas pistas, pela velocidade, pelas corridas, não resumia o homem Ayrton Senna. Ao lado disso, havia também uma enorme paixão pelo Brasil, que se manifestava de muitas formas e se manifestou dois meses antes do acidente através de um desejo que ele deixou e que permaneceu entre nós como uma semente, que era a vontade que ele tinha de ajudar as crianças e os jovens brasileiros a ter aquilo que ele teve, que você teve, que eu tive, mas que a maioria delas não têm, que é a oportunidade. A oportunidade de ter acesso à educação, de ter acesso ao trabalho, de ter acesso à saúde, de ter acesso à esperança, e que essa grande parte de crianças e adolescentes brasileiros não têm. Foi justamente dessa paixão, desse amor que ele tinha pelo país, que nasceu o Instituto Ayrton Senna, que deixou de ser uma semente. Hoje é uma realidade que está mudando a vida dessas crianças, desses jovens. Hoje atende mais de 180 mil crianças em todo o país e mostra que é possível, sim, mudar situações, é possível mudar o que está acontecendo e a gente não precisa mudar de profissão pra isso. O Ayrton como esportista pôde e está ajudando o país a mudar as condições de vida de muitas crianças. Todos nós podemos fazer alguma coisa e eu acho que o Ayrton não é uma exceção, ele é a regra que mostra isso. E eu acho que poder se constituir em parte de soluções para o Brasil, tranformar essas crianças em parte de soluções para o país, ao invés de deixá-las nas condições de problemas é uma tarefa linda, que o Ayrton deixou para nós, da qual todos nós podemos participar. Eu acho que, mesmo a despeito das condições que elas vivem lá, de subnutrição, de falta de acesso à educação, saindo lá nas últimas filas, quando elas recebem essa oportunidade, elas demonstram, elas nos provam que, como o Ayrton, tendo as condições necessárias, elas podem chegar à linha de chegada, cruzar essa linha de chegada como campeões, como cidadãos. É exatamente esse o objetivo que o instituto tem e que nasceu desse desejo do Ayrton, que hoje todos nós podemos partilhar e que é cada vez mais partilhado, não só por nós do Instituto, mas por outras organizações, outras fundações, grandes empresas que se somaram a isso e estão transformando essa oportunidade, para cada vez um número maior de crianças no Brasil. Nós esperamos que isso possa continuar cada vez mais.

Rodolfo Gamberini: Boa noite! Nós estamos começando neste momento mais um Roda Viva, o programa de entrevistas e debates da TV Cultura de São Paulo. E nosso entrevistado desta noite é Ayrton Senna, o piloto de Fórmula 1. Para participar deste Roda Viva estão conosco: Reginaldo Leme, jornalista da TV Globo de São Paulo; Marcelo Resende, jornalista da revista Placar, trabalha no Rio de Janeiro; Jorge Seadi, jornalista da TV Gaúcha; Alan Vinhé, jornalista da TV Globo do Rio de Janeiro; Galvão Bueno, jornalista da TV Globo, também do Rio de Janeiro; Élcio de São Thiago, diretor do Automóvel Clube do Estado de São Paulo; Castilho de Andrade, jornalista do Jornal da Tarde; Claudio Carsugui, editor técnico da revista Quatro Rodas; Fernando Calmon, jornalista da TV Manchete e revista Manchete. Ayrton, enquando a gente estava aqui esperando você chegar para começar o Roda Viva, houve uma certa preocupação de que você iria chegar atrasado no programa. Primeiro porque você tem fama de não cumprir muito o seu horário, mas o que é mais grave, você tem fama de dirgir muito mal na cidade. Diz-se que, uma certa vez, você, aqui em São Paulo, bateu um carro, que em uma semana você bateu o carro três vezes. É verdade?

Ayrton Senna: Pô, as más línguas correm mesmo, né? Não, eu costumo chegar na hora certa, não atrasado.

Rodolfo Gamberini: Mas é verdade essa história que você bate muito o carro quando você está dirigindo na cidade?

Ayrton Senna: Não, isso aí são as más línguas.

Rodolfo Gamberini: Mas você nunca bateu?

Ayrton Senna: Já perdi a conta, vai. Nunca presto atenção no trânsito.

Rodolfo Gamberini: Você não presta atenção?

Ayrton Senna: Ah, isso é um grande defeito. A gente, por estar sempre guiando um automóvel, acaba achando que sabe muito e no fundo não sabe nada, né? Vive dando trombada por aí. Mas nunca machuquei ninguém, não.

Rodolfo Gamberini: E como é que as pessoas reagem quando você dá uma batida, aí sai de dentro do carro, o Ayrton Senna, o sujeito se sente honrado ou enfurecido? [risos]

Ayrton Senna: Você tinha que perguntar para eles. Faz muito tempo que não bato num carro, pra dizer a verdade. E a última batida que eu dei, o pessoal acho que ainda não me conhecia. Então ficou por isso mesmo. O pessoal ficou bravo mesmo porque eu bati, acharam ruim, tive que pagar e, enfim! Mas ultimamente eu não bati, não.

Rodolfo Gamberini: Esse teste da popularidade, agora, você ainda não fez, pelo menos batendo de carro...

Ayrton Senna: Não. Batendo de carro, não. De outras formas sim. Na estrada, de vez em quando.

Rodolfo Gamberini: O Reginaldo Leme tem uma pergunta pra fazer pra você aí.

Reginaldo Leme: Eu começaria dizendo, sem dúvida nenhuma, como piloto, como Ayrton Senna na pista, você é indiscutível. Então eu queria perguntar a você se fora da pista, você já se sente na Fórmula 1, um sujeito apto a disputar um título mundial? Fora da pista. Pelo comportamento fora da pista.

Ayrton Senna: Ô, já foi direto, heim? Não deu nem folga, nem deu nem uma aquecida. Olha, eu acho que apenas iniciei na Fórmula 1. Tenho 3 anos, sou bastante jovem e tenho ainda dentro de mim todo aquele ímpeto, aquela vontade de chegar lá rápido. Mas, embora com esse ímpeto, nesse tempo que eu fiz de kart na minha vida, praticamente toda a minha vida, a gente adquiriu experiência, de uma forma natural e isso ajuda muito. Eu, particularmente, acredito, lógico, que tenho condições de lutar com qualquer outro piloto, por uma boa colocação e por um campeonato. Mas não é fácil, dentro ou fora da pista é muito difícil, Reginaldo, porque você muitas vezes encontra adversários que são bem mais difíceis do que o carro de corrida, ou um ou outro piloto. Enfim, você está bem dentro da Fórmula 1, você sabe o que é isso.

Rodolfo Gamberini: Ayrton, uma coisa! Na apresentação do programa esqueci de te apresentar o Paulo Caruso, o cartunista ali em cima. Ele está fazendo algumas charges suas, que a gente vai mostrar no programa e depois você vai ver.

Ayrton Senna: Cuidado com a aerodinâmica aqui [todos riem, pois Ayrton aponta para suas orelhas]. Vai devagar.

Rodolfo Gamberini: Ayrton, você estava falando da sua preparação para ser campeão, também fora das pistas. O que é que um piloto de Fórmula 1 precisa, como é que tem que ter a cabeça para ser campeão? O que é necessário, o que é que precisa?

Ayrton Senna: Bom, antes de tudo, você precisa ter muita calma, tranquilidade e assessoria. Precisa de gente que realmente está na retaguarda, te dando as dicas, te ensinando e procurando minimizar as mancadas, né? E ir com calma. Acho que a regra principal é saber se segurar, e é um grande problema, porque um jovem tem um ímpeto, tem a vontade de fazer tudo correndo. Eu sou muito assim por dentro, mas errando eu fui aprendendo e estou aprendendo ainda, que de vez em quando, tem que dar uma freada. Engatar uma reduzida, diminuir um pouco o ritmo, porque você acaba perdendo muito mais do que ganhando com muito ímpeto.

Rodolfo Gamberini: Galvão Bueno, seu amigo até, gostaria de fazer a próxima pergunta.

Galvão Bueno: Você! Como é que você vê hoje o Ayrton Senna, ídolo de muitos garotos, de muitos jovens e de torcidas? Como é que você vê, como é que você encara isso? Que é que você sente? Qual é a sua responsabilidade para com o brasilerio que gosta de você?

Ayrton Senna: Bom, a minha responsabilidade é, talvez, maior do que todas, principalmente, com a meninada, né? Com as crianças, porque a gente, realmente, sente nas crianças uma admiração e um carinho grande e isso motiva mais ainda você a procurar transmitir alguma coisa de especial para eles. E então eu sinto, sobretudo, uma responsabilidade com a infância, com as crianças que gostam de corrida, levantam cedo e pegam na calça do pai e na saia da mãe e querem que levem a um autódromo, a uma pista. Enfim, é para quem eu estou realmente aberto, para quem...quando eu encontro, me sinto bem.

Galvão Bueno: É uma obrigação? Você sente isso como uma obrigação? Chega a ser um prazer, chega a ser uma coisa natural? Como é que você encara, de repente, 80 crianças, mais os pais e mães e todo mundo: "Me dá autógrafo, me dá um beijo, me assina aqui, me leva ali, vem aqui"?

Ayrton Senna: Bom, para tudo tem hora, né? Em muitos momentos você não tem o tempo para dedicar a essa criançada, mas caindo na hora certa, é o maior prazer. No fundo é um prazer porque é uma coisa boa, traz uma energia boa, positiva e eu já tive experiência disso, várias vezes, e é realmente uma coisa agradável. Agora, lamentavelmente, a gente nem sempre está disponível e com cabeça para transmitir de volta para toda essa criançada essa energia positiva.

Galvão Bueno: Você deixa abusar? Aqui eu dei uma colher de chá, então agora deixa eu te dar um aperto. O que você sentiu quando chegou em segundo e o Nelson [Piquet] em primeiro no Grande Prêmio Brasil?

Ayrton Senna: Ah, eu não senti nada, eu estava ali querendo ganhar, não tenho dúvida disso, não deu para ganhar? Fazer o quê? Eu vou tentar no outro ano. E vou tentar tantas vezes, tantas vezes quantas eu correr, mas quando você corre, você depende de um carro e de uma equipe. Não é como tenista, que tem a raquete e a bolinha de tênis. Então, não depende só de você. Você tem que, realmente, trabalhar em equipe. Depende de um conjunto de pessoas e de uma máquina, né? Mas voltando ao assunto das crianças, eu acho que a maior motivação que qualquer esportista pode ter, é admiração e o afeto das pessoas, em especial das crianças, porque elas são puras, elas só transmitem coisas boas.

Rodolfo Gamberini: Ayrton, a gente estava agora mesmo falando do relacionamento, ainda na pergunta do Galvão com Piquet e essa questão do Grande Prêmio Brasil. Então, a pergunta do telespectador Antônio Tartaras, ele mora na Moóca, um bairro aqui de São Paulo: "Qual é a relação de amizade que você tem com Nigel Mansell"? [considerado um dos monstros sagrados do automobilismo] Se é boa ou se é ruim? Como é que é? [risos]

Galvão Bueno: Peraí, coloca o Keke Rosberg junto. Assim ele já responde os dois. [risos]

Rodolfo Gamberini: Então, vamos aceitar a sugestão do Galvão. Então com o Nigel Mansell e com o Keke Rosberg?

Ayrton Senna: Olha, com o Mansell eu tenho alguns episódios a citar e, infelizmente, em duas oportunidades a gente teve um "encontro", e ele foi quem saiu da pista [risos]. Por acaso, lógico, né? Ele não ficou nada contente e isso dificultou um pouco o relacionamento da gente, porque a gente está ali competindo, próximo e o objetivo de todos nós é vencer. Como ele saiu da pista, bateu e ficou fora da corrida, botou a culpa em mim, jogou a culpa em cima de mim. E eu não aceitei, é lógico. Você tem que lutar e não ajuda no relacionamento. Com o Keke, inclusive, um episódio com o próprio Mansell, ele [Keke] tentou uma ultrapassagem. Eu estava liderando uma corrida, no ano passado, no Grande Prêmio de Buenos Aires, o Keke em segundo e o Mansell em terceiro. Aí o Keke foi tentar me ultrapassar. Não conseguiu, rodou, voltou pro box, furou o pneu. Tirou o Piquet da jogada também e voltou para pista, exatamente uma volta atrás, bem na minha frente, mas uma volta atrás. Aí ele pegou e me segurou, trancou e eu fui obrigado a não ultrapassar, porque iria ter um acidente. O Mansel pegou e passou nessa. Aí ele deixou o Mansel passar. Quando eu fui me enfiar, ele trancou de novo. Então eu vi que ali, se eu entrasse, eu iria voar fora da pista. Eu ia ter alguma coisa a perder e ele não, porque estava uma volta atrás. Mas o relacionamento dentro da Fórmula 1, entre os pilotos, é difícil, porque a competição é tão grande e acirrada, que realmente dificulta o relacionamento de todos nós, como pilotos.

Rodolfo Gamberini: Tanto dentro, como fora da pista.

Ayrton Senna: O problema fora da pista é que você nunca se encontra. Cada um vive num país, tem hábitos diferentes, costumes diferentes, hobbys, né? E a gente se encontra, justamente, no final de semana, na competição, onde o clima não é propício a uma amizade.

Rodolfo Gamberini: É! Esse encontro no clima da competição, já deve ser uma coisa terrível, né?

Ayrton Senna: É... A pressão que a gente vive é muito grande. Nos finais de semana de corrida, não é só no domingo da corrida. Aquilo vem crescendo já na quarta-feira que antecede. Na quinta você já está no autódromo. Sexta e sábado têm treinos de classificação. E aquilo vai crescendo, né? É realmente difícil de você manter a calma, a tranquilidade, não cometer erros, para não prejudicar os outros e também acabar não se machucando, né?

Rodolfo Gamberini: Ayrton, agora há pouco você estava falando de crianças e nós temos uma pergunta gravada do Rubens Barrichelo, que é campeão de kart. Gostaria que você respondesse a pergunta. As perguntas entram por aqueles monitores ali. Por favor!

Rubens Barrichelo: Ô Ayrotn! É um prazer estar aqui com você, conversando e, primeiramente, eu quero te agradecer por todo o apoio que você está me dando lá na Itália, com a DAP. E quero dar os parabéns para você pelo seu grande ano na Fórmula 1. Quero dizer também que já sou um grande fã seu. E a minha pergunta é a seguinte: Quais foram as suas dificuldades depois do kart até a Fórmula 1, passando pela Fórmula 3 e tudo mais? E depois de tudo isso, eu quero te desejar boa sorte e que um dia a gente possa formar uma primeira fila aí numa Fórmula 1, até numa mesma equipe.

Ayrton Senna: Barrichelo, eu comecei no kart, como todo mundo sabe, por quem tenho um carinho enorme. É o esporte mais emocionante que existe. Mais que a Fórmula 1, inclusive, pois você faz com mais amor ainda. Eu diria que as dificuldades maiores que um piloto encontra no início da carreira é justamente porque você tem que provar primeiro para conseguir o apoio. E você precisa do apoio para chegar lá. Então eu tive a felicidade de ter o apoio da minha família. Sempre, desde o início, estiveram por de trás, me seguraram nas horas mais difíceis e me deram a oportunidade de poder desenvolver essa atividade desde pequeno.Tive, então, a possibilidade de correr em bons karts, com bons motores, em bons carros, em boas equipes e dali pude me dedicar totalmente a essa profissão. Então, o difícl é você conseguir o tal do patrocínio no início, porque depois que você cria uma imagem, um nome, os patrocindores vêm até você, e ali a necessidade já não é tão grande. Justamente no início, quando você não tem ainda a imagem, um nome, é que você precisa dos patrocinadores para chegar lá.

Galvão Bueno: Só para não perder o assunto. Você estava falando de patrocinador. Depois do patrocinador você escolhe tanto, que pode até escolher quem corre do seu lado, né? Quer dizer, o Nelson e o Mansell, que o Marcelo estava falando, deu problema: piloto ingês, equipe inglesa. Você não quis o [Derrick] Warrick do seu lado, na Lotus, piloto inglês, ia dar trabalho. E agora vem um japonês, numa hora que você vai correr com um motor japonês, não pode dar zebra, não?

Ayrton Senna: Eu acho positivo. Eu acho positivo porque a Honda tinha um desejo enorme de pôr um japonês na Fórmula 1. Conseguiram na Lotus. A gente conseguiu o motor da Honda e eles pediram para ter um companheiro de equipe meu, o Nakagima, a equipe concordou. E eu espero que com isso eles, inclusive, se sintam mais motivados em ajudar a equipe no fornecimento dos motores, na atenção. Enfim, vai melhorar no relacionamento, porque um japonês falando a língua vai melhorar.

Galvão Bueno: Você quer dizer o seguinte: vai trabalhar mais para a Lotus, que tem um japonês, do que para Willians, que tem um brasileiro e um inglês, é isso? [riso]

Ayrton Senna: Não. Eu acho que eles vão fornecer os motores iguais para as duas equipes, porque o objetivo deles é vencer. Esse ano eles erraram, eles se concentraram numa equipe e perderam o campeonato. Então, por isso eles vão investir em duas equipes, para jogar em dois times. Agora, eu tenho esperança que no relacionamento, que é muito importante, com os técnicos e tudo mais, onde se aprende mais sobre o equipamento é que vai ajudar, porque tendo o Nakagima lá, falando a língua deles e quem treina, inclusive, com motores Honda, já há três anos, com o carro no Japão. Mensalmente ele anda, dois, três dias. Ele desenvolveu o motor Honda. Então, ele conhece muito bem e isso vai ser muito positivo para a Lotus e mesmo porque a Honda está participando no projeto com a Lotus, na construção do carro, e os japoneses gostam demais disso. Eles gostam de participar, realmente, na parte técnica e na Lotus eles estão tendo essa oportunidade.

Claudio Carsughi: Então você não acredita que tenha um relacionamento tipo "Cross World Stwart Tilow"? Quer dizer, que ele tinha sempre o melhor motor, uma corrida antes dos outros?

Ayrton Senna: É. Mas ali naquela época existia, praticamente, um monópolio da Cross World. Quase todas as equipes usavam o motor Cross World. Então a Cross World podia jogar um pouco com essa posição. Hoje em dia, existem várias fábricas envolvidas ali e a competição é altíssima, Então eu acho que nenhuma fábrica pode jogar em risco, se concentrar em apenas uma equipe. Eles têm que jogar com todas as cartas, com todos os times. Principalmente porque esse ano eles tinham efetivamente o melhor motor da Fórmula 1, nem por isso eles venceram. Eles venceram o Campeonato Mundial de Construtores e o de piloto ficou com o [Alain] Prost.

Rodolfo Gamberini: Ayrton, a próxima pergunta é do senhor Élcio de São Thiago, diretor do Automóvel Clube do Estado de São Paulo.

Élcio de São Thiago: Ayrton, quando você começou no kart, menino ainda, novinho, você se metia em bastante brigas, inerentes da competição e era bastante nervoso. Gostaria que você me dissesse se você mudou ou se você hoje disfarça mais?

Ayrton Senna: Eu acho o seguinte: sempre fui muito competitivo, Élcio. E, para quem me conhece, acompanhou minha carreira, sabe bem disso. E, por ter tido a oportunidade, eu sempre estava com o equipamento competitivo, estava sempre lutando pelas primeiras posições. Então é normal que muitas vezes cria-se uma certa resistência, não é? Nunca dava o braço a torcer. Eu ia à luta. Eu ia à briga mesmo. Estava ali para dar tudo de mim. Era meu hobby, mas eu fazia praticamente como profissional, pelo tempo, pela maneira e pelo amor que eu dedicava àquilo. Então, é como eu falei, eu tenho como natureza muito ímpeto, mas através daqueles anos do kart, onde eu dei tanta pancada e me enfiei em tanta encrenca, perdi tanto campeonato por ser muito impetuoso, eu fui aprendendo. Eu acho que hoje, então, usando aquele conhecimento, aquela experiência que eu adquiri na época, eu hoje tento errar menos, ou cometer os mesmos erros. Em muitos momento dá vontade, eu estou atrás de alguém, dá vontade de passar naquela fenda mesmo. E dá! Mas é arriscado, então você é obrigado a segurar um pouco e isso é o que é o mais difícil. É ter o auto-controle, o domínio para esperar uma hora mais calma, mais segura ainda, mais tranquila ou não querer já largar e já sair botando uma volta em todo mundo, quando você tem o equipamento, tem condições de... Difícil é segurar as pontas, né?

Rodolfo Gamberini: Qual foi a prova mais forte, mais assustadora que você já teve, da sua falibilidade na direção de um Fórmula 1? Por que é uma coisa que deve surgir muito, né? Está dentro disso que você está falando.

Ayrton Senna: Na Fórmula 1...?

Rodolfo Gamberini: É! Quando você percebeu que tinha cometido alguma besteira, de ter se excedido?

Ayrton Senna: Olha, não foi nem no Fórmula 1. Foi no kart.

Rodolfo Gamberini: Como é que foi?

Ayrton Senna: Foi no kart. Foi na Itália, durante um treino extra-oficial. No finalzinho do treino extra-oficial, na penúltima volta que eu estava fazendo, o kart levantou em duas rodas numa curva lá que era em altíssima velocidade, e eu nem dei bola para a brincadeira. O kart sempre tinha uma tendência de levantar, falei: "Ah, tudo bem"! Na volta seguinte, vim de novo no mesmo ritmo e o kart levantou e saiu de faca e eu bati numa cerca e o kart me prensou contra a cerca. E, graças a Deus, não aconteceu nada de grave, mas eu me quebrei por dentro todinho. Aquilo foi uma prova para mim mesmo de que eu estava ali envolvido com o ímpeto de ir mais rápido e não estava pensando, não estava raciocinando. E aquilo me trouxe um acidente. Na Fórmula 1 já passei perto de muitos acidentes, mas é uma época diferente e onde a cabeça também muda um pouco, então eu não posso comparar. Então, realmente, de ímpeto, foi no kart, foi nesse dia, não na Fórmula 1.

Fernando Calmon: Você está há três anos na Fórmula 1. Em 83 você estava na Toleman. Desculpe, em 84! E depois você esteve na Lotus, onde você teve que conquistar o lugar de primeiro piloto até chegar a essa posição e finalmente, você não teve um carro competitivo. Esse ano todas as coisas estão convergindo para as pessoas te considerarem favorito. O fato do motor Honda, o fato de ter um japonês na equipe, isso está me lembrando um pouco a história do Alain Prost em 82, que todo mundo dizia: "Já é o campeão". Esse peso de favoritismo, não acha que vai te atrapalhar esse ano? A obrigação de ser campeão do mundo, no primeiro ano em que você vai ter tudo a seu favor?

Ayrton Senna: Bom, obrigação ninguém tem de ser campeão do mundo. Quem tem mais é o Prost, de vencer de novo, porque ele é o bicampeão. Ou o Piquet que é bicampeão do mundo, de vencer novamente, depois de tantos anos. A obrigação que eu tenho é de dar o máximo de mim. Realmente, procurar desenvolver o carro da melhor forma possível, me dedicar o máximo à equipe e ir realmente à luta, procurar ser campeão, mas obrigação ninguém tem.

Fernando Calmon: Sei, mas isso aí não vai pesar na sua atuação? Porque todo mundo vai te cobrar esse campeonato, esse ano. Você pode ter certeza, vai ter 135 milhões de brasileiros te cobrando.

Ayrton Senna: Mas já está me cobrando esse ano aqui, porra! Esse ano aqui com o negócio que eu era o único piloto realmente de peso na equipe e tudo mais, a equipe ia concentrar em mim e tudo mais...

Fernando Calmon: Mas a sua chance era pequena frente a uma Willians Honda, né?

Ayrton Senna: Pequena ou não, eu fiquei no último campeonato até mais da metade. Inclusive estava na liderança do campeonato...

Fernando Calmon: Mas, exclusivamente, por mérito seu...

Ayrton Senna: Não... Não existe mérito de uma pessoa na Fórmula 1. Mérito existe de uma equipe. São os mecânicos, os projetistas, os patrocinadores, que financiam o equipamento. Os fornecedores de motores, de pneus, enfim, é um conjunto de pessoas.

Fernando Calmon: Tinham outros correndo por Renault, mas só você apareceu, né?

Ayrton Senna: Eu tive, provavelmente, melhores condições do que os outros, de produzir mais do que os outros.

Fernando Calmon: Você não acha que vai ser mais cobrado esse ano?

Ayrton Senna: É lógico. Existe uma espectativa maior. De que agora a gente, a Lotus, vai ter um motor Honda, que consome menos combustível. Já me viu tantas vezes parar lá e "pá pá, pá" e acabar a gasolina e tudo mais. Agora, um Honda não acaba a gasolina. Não tem isso. Então agora vai dar... É lógico, e eu acredito que eu tenho muito mais condições. Mas, entre realmente ter as condições e efetivamente completar, existe uma distância grande, tem muito chão pela frente.

Galvão Bueno: Ayrton, ele estava falando de cobrança, você deve ter mais cobrança...do Brasil [palavra incompreensível]

Ayrton Senna: Não existe ninguém que cobra mais do campeonato do que eu mesmo.

Galvão Bueno: Exatamente, é a isso que eu ia chegar. Eu quero saber a sua cobrança. O que você está cobrando de você, Ayrton Senna, nesse momento? Além de, por exemplo, o seguinte: o que o Ayrton Senna já fez e o que ele tem que fazer? E eu quero lembrar uma conversa curtinha que nós tivemos um dia. Eu fui lhe dar os parabéns por mais uma pole position. Você olhou de cara feia pra mim e disse assim: "Eu trocava essas poles todas por mais uma vitória". São quatro vitórias só, até agora, numa carreira feita só de vitórias. Naquele dia você estava irritado...mas foi logo depois do Grande Prêmio de Portugal... Chegou perto e não ganhou... Estava trocando as poles todas do ano por mais uma vitória. Então, qual é o seu nível de cobrança para com você mesmo? O que você fez, que você tem que fazer, como é que você está cobrando essa ausência de vitórias?

Reginaldo Leme: Só completando a pergunta do Galvão. É a mesma linha e te conhecendo como eu te conheço, agora mesmo você falou de ímpeto e de exigência, de cobrança sobre você mesmo... Eu tenho certeza, quatro vitórias para você, completando o terceiro ano de Fórmula 1, quatro vitórias ao completar o terceiro ano, você esperava ter conseguido mais do que isso?

Galvão Bueno: É isso que eu estava dizendo.. O que ele está se cobrando?

Ayrton Senna: Quando eu entrei na Lotus, eu esperava conseguir minha pole position, né, e a minha vitória. E na segunda prova do campeonato, eu fui em Portugal, eu consegui a pole e a vitória, juntos. Então aquilo veio assim rápido, né? E numa hora boa. Era necessário para que eu me estabelecesse na equipe. Desde então, aí eu passei por um período ruim, não terminava uma corrida, depois venci em Spar, na Bélgica. Depois, esse ano aqui, venci duas provas no sufoco, que não foi fácil. Foi na Espanha que eu ganhei por alguns centímetros e depois em Detroit, que o Piquet deu no meio do muro lá e melhorou as coisas, né? Se não teria sido uma corrida daquelas!

Galvão Bueno: E, por coincidência, como no ano anterior, ganhou logo na segunda corrida também, que foi na Espanha, né?

Ayrton Senna: Exatamente. E a dedicação que eu tenho para o automobilsimo é tão grande, mas é com tanto prazer, é com tanta vontade, com tanto amor e isso vem desde pequeno, desde o tempo do kart que, realmente, eu acredito que a gente têm condições de lutar de igual para igual. E acreditando nisso é que eu procuro tirar o máximo de mim. Isso começa já na hora que você está se preparando psicologicamente, no início do ano, nessa época em que você tem que treinar bastante para se preparar fisicamente, para, na temporada, estar bem. Então, quando eu vou fazer 7 ou 8 km por dia, o que não é fácil, chega no meio dos 3 ou 4 km você já está pedindo água. Agora, a motivação é de saber que eu vou ter uma equipe, com 200, 300 pessoas trabalhando. Eles estão lá acreditando em mim, que eu vou estar lá na hora do "vamos ver" e que eu vou corresponder a expectativa deles. Então eu corro 7 km ou 8 km e vou em frente e essa vontade de vencer é o que me mantém. É a minha motivação maior. É a vontade de vencer é o que me mantém participando numa corrida, num campeonato de Fórmula 1. Não existe nada mais, assim... que me dê mais motivação
do que isso. Então eu acho que o amor que eu tenho pela minha atividade é o que me matém e é a maior força que eu tenho.

Rodolfo Gamberini: E quando acontece um caso de uma acidente fatal? De um piloto morrer na pista. O que acontece na cabeça dos outros pilotos? Tem a ver com o medo, com a coragem...

Ayrton Senna: Sim é claro! Não ajuda né, mas eu acho que aí é que está o domínio, o controle que você tem que ter. Saber analisar friamente o porquê daquele acidente e procurar eleminar a causa e sair fora do problema. Então aconteceu com um companheiro de equipe meu, no ano passado, ex-companheiro de equipe meu que foi o Hélio, que teve um acidente num treino, que teve a infelicidade de ser numa pista onde a segurança não era ideal. E não sobreviveu. E assim, como um ano antes, quando eu estava na Toleman, durante um treino para o Grande Prêmio da Inglaterra, um companheiro meu, logo no início do treino, saiu e deu uma batida de frente no guard rail, quebrou as pernas, quebrou o carro no meio e eu passei do lado dele. Ele parado no meio da pista, com as pernas enconstadas no chão, o carro tinha quebrado todo na frente e eu vi aquilo e voltei pro box, procurando saber o que eu estava fazendo ali. Então foi paralisado o treino durante muito tempo, até eles abrirem novamente e o meu chefe de equipe chegou e colocou pra mim, falou: "Olha se você não quiser andar mais, nesse final de semana que tiver o Prêmio da Inglaterra, uma equipe inglesa imagina, você não precisa andar". Então ele colocou nas minhas mãos, para eu decidir se eu queria ou não andar. E eu deveria andar, obrigatoriamente, porque eu tenho um contrato com a equipe. Então aquilo tudo confunde se você não estiver realmente muito certo daquilo que você está fazendo e porque você está ali, tudo aquilo confunde. E o medo é uma das piores coisas que pode acontecer com um piloto, porque você nunca pode perder a confiança. Tem que manter sempre uma confiança de estar fazendo a coisa certa e dentro dos limites.

Rodolfo Gamberini: Eu queria pedir a sua licença e a de todos que estão participando do Roda Viva para a gente fazer um intervalo e a gente volta daqui a pouquinho. Até já!

[Intervalo]

Rodolfo Gamberini: Nós voltamos, então, com o Roda Viva, esta noite, tendo como entrevistado o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna. Como é que você relaxa, como é que você se prepara, como é que é a tua noite de sono no dia que antecede uma prova decisiva para você?

Ayrton Senna: É muito relativo. Depende como é que está o carro. Se o carro estiver bom, se tiver numa posição boa... Então aquilo é uma pressão um pouco maior porque você sabe que tem condições, que depende de você. Mas ao mesmo tempo é uma motivação, e então é um parazer, de saber que você tem condição de, no dia seguinte, de lutar. Quando o carro está ruim, aí é uma droga. Você não dorme, fica pensado no que você vai fazer, o que você vai inventar para conseguir tirar aquela diferença. Então, aí não tem sono que resista.

Rodolfo Gamberini: E você já passou uma noite acordado antecedendo corrida?

Ayrton Senna: Já passei sim, mas geralmente eu gosto de dormir, posso dormir até 10 horas por dia, mas geralmente, noite anterior à prova, eu durmo 6 ou 7 horas só, dada a tensão.

Rodolfo Gamberini: E como é que você relaxa? O que você faz? Você joga tênis, nada, joga futebol, que você faz? Você tem um método de relaxamento?

Ayrton Senna: O que ajuda no medo, na segurança, para você ficar mais natural, no meu caso, é rezar. No que eu entro no carro de corrida, toda vez, eu rezo. E é uma forma que eu encontro de ficar normal, natural, tirar aquela tensão, aquele nervosismo, aquele ímpeto e aquilo faz com que eu fique bem tranquilo, e na hora que o carro sai se torna natural.

Galvão Bueno: Qual é o tipo de ajuda que você pede? [Gamberini fala ao mesmo tempo] Para não se machucar ou para ganhar?

Ayrton Senna: Os dois [mostra 2 dedos].

Rodolfo Gamberini: Para ganhar sem se machucar?

Ayrton Senna: Exato.

Claudio Carsughi: Você diz que sempre procura ter muito cuidado para não entrar em fria. Recentemente, e não muito tempo atrás, eu vi uma declaração do teu projetista, Gerard Ducarouge, em que ele dizia, em alto e bom som, que apostava em você como campeão mundial para o ano que vem.

Ayrton Senna: Bom, o Gerard é otimista pra burro, né? [risos]

Claudio Carsughi: Você acha que isso te põe numa fria, ou é apenas um ato de confiança dele em você?

Ayrton Senna: Ah, o Gerrad é um francês, à italiana, à inglesa, enfim, ele é uma pessoa extraordinária, tem um otimismo incrível, gosta demais do que ele faz, é motivado pela atividade dele que é o automobilismo, e a gente tem realmente um relacionamento extraordinário. E eu acho que a confiança ali é recíproca, tanto eu confio demais nele como ele em mim, e é importante isso né.

Claudio Carsughi: Quer dizer que você confia que ele vai fazer um excelente carro?

Ayrton Senna: Não tenho dúvida, eu acho que o ano que vem vai ser bom.

Rodolfo Gamberini: A próxima pergunta que eu gostaria que você respondesse é do Chico Land, corredor, que é o diretor do autódromo e agora entra por ali também pelos monitores. Por favor.

Chico Land: Ô Senna! Eu gostaria de saber o que você acharia da Fórmula 1 voltar para Interlagos, que sempre te homenageou aqui em São Paulo e que perdeu lugar por causa do Rio.

Ayrton Senna: É isso aí, Chico! Eu não tenho dúvida, eu acho que a melhor opção para o Brasil seria ter um ano Rio, um ano São Paulo. O Rio é um ótimo autódromo. O Rio de Janeiro, para Fórmula 1, também é um local bom, adequado, para o turismo, para imagem mundial, nas transmissões que são feitas mundialmente, que são do Rio, entendeu? Mas São Paulo é quem começou com o automobilismo e com a Fórmula 1. E tem um autódromo superior ao Rio. Tecnicamente, tem uma pista enorme, é uma pista que tem alta, média, baixa velocidade e para o público, inclusive, de vários pontos da pista pode ver quase toda a pista. Então eu acho que o ideal seria ter aqui em São Paulo e no Rio e alternar o Grande Prêmio.

Rodolfo Gamberini: Agora sim, Alain, por favor, você estava querendo entrar na Fórmula Indy...

Alain Vignais: Você acha que a Fórmula Indy, realmente, é um refugo de pilotos que não dá mais para Fórmula 1?

Ayrton Senna: A Fórmula Indy é uma categoria que está presa aos Estados Unidos. Então você tem praticamente só americanos correndo lá, com poucas exceções. Tem um mexicano, tem um colombiano, tem dois brasileiros, mas ela é muito americana, né, USA... Corre em pistas de ovais, agora é que eles tão diversificando um pouco, colocando em autódromos também, pistas de rua, correndo na chuva. Até pouco tempo não corriam na chuva. Então eles estão indo no caminho, digamos, da Fórmula 1, porque a Fórmula 1 compete um pouco com eles em termos mundiais. Nos Estados Unidos eles são absolutos. A Fórmula 1 praticamente não existe lá. Tem o Grande Prêmio de Detroit, que não tem repercussão nenhuma em termos de Fórmula Indy. Você não pode dizer que ela é uma categoria de refugo de pilotos. Você tem o Mário Andretti lá, entre outros, né? Emerson Fittipaldi. Você tem muitos pilotos lá, que foram competentes. Têm pilotos também que não foram muito bons, como na Fórmula 1. Pilotos de categoria e pilotos que nunca atingiram nenhuma expressão. Em qualquer categoria do mundo inteiro você vai encontrar...

[Vários entrevistadors falam ao mesmo tempo]

Ayrton Senna: Não, porque o risco é muito alto. O risco na Fórmula 1 é altíssimo. Então, já tem dor de cabeça suficente na Fórmula 1. Não dá nem para fazer mais nada.

Rodolfo Gamberini: É mais alto o risco na Fórmula Indy?

Ayrton Senna: É, porque naqueles ovais que eles correm com muita frequência, eles correm com o paredão em volta, e a uma velocidade altíssima e ao menor descontrole, já é uma pancada daquelas...

Galvão Bueno: Pra gente conferir depois, Gamberini, se ele nunca vai mudar de opinião, porque o Emerson ["o Emerson falava exatamente a mesma coisa", Gamberini fala ao mesmo tempo que Galvão] dizia o seguinte: "Isso não é corrida de automóvel, isso é um suicídio. Ninguém vai me fazer sentar num carro desses para andar nesse negócio aí...".

Rodolfo Gamberini: Ayrton, você não acha que um dia pode descobrir que a Fórmula Indy é muito mais "segura" (esfrega os dedos, indicando dinheiro] do que você imagina hoje?

Ayrton Senna: Aí eu vou entrar em fria se eu responder essa pergunta...

Jorge Seadi: A Fórmula Indy não pode, aos poucos, tirar o espaço da Fórmula 1?

Ayrton Senna: Como é?

Jorge Seadi: Ela não pode aos poucos, ir crescendo e tirando espaço da Fórmula 1. Você acha que a Fórmula 1 é absoluta?

Ayrton Senna: Não. Eu acho que a Fórmula 1, mundialmente, está muito acima da Fórmula Indy porque ela reúne pilotos do mundo inteiro, ao passo que a Fórmula Indy está concentrada com americanos e não tem a repercussão que tem a Fórmula 1.

Jorge Seadi: Mas expandindo como está, ela não pode chegar a isso?

Ayrton Senna: Ela vai aumentar, não tenho dúvida. Mas acho que ela nunca vai chegar em termos de repercussão mundial ao nível da Fórmula 1.

Rodolfo Gamberini: O Galvão lembrou bem essa coisa do Emerson que ele falava que aquilo...jamais correria. De de jeito nenhum! [Gamberini responde ao comentário incompreensível de Galvão]. Depois fez um contrato não sei de quantos milhões de dólares foi, quantos milhões de dólares ele está ganhando hoje e está correndo. Você admite a possibilidade de um dia vir a correr na Fórmula Indy? Você só viria a correr na Fórmula Indy por dinheiro?

Marcelo Resende: Deixa eu só acabar uma perguntinha que eu acho que tem o mesmo assunto, uma pergunta simples, que todo mundo tá fazendo pergunta simples. No tênis se divulga: "Fulano ganhou tanto na temporada..." Um piloto de Fórmula 1 [Ayrton comenta: "Sabia que essa pergunta terrível..."], um piloto de primeira linha, não é o seu caso, porque eu não estou querendo seu imposto de renda, até porque eu não tenho cara de leão [risos]. Agora, um piloto de Fórmula 1, em média, piloto de grande equipe, quanto ele ganha por mês, mais ou menos?

Ayrton Senna: Bom, vamos por partes, né. Eu acho que a Fórmula Indy, para quem tem possibilidade de correr na Fórmula 1, é uma categoria mais perigosa. E existe risco suficiente na Fórmula 1 pra escolher uma Fórmula Indy. Então, por essa razão, eu nunca escolheria a Fórmula Indy para correr...

Rodolfo Gamberini: Isso confere menos prestígio ao mesmo tempo?

Ayrton Senna: Mundialmente, eu não tenho dúvida. A Fórmula 1 tem muito mais prestígio. Atinge um número de pessoas dezenas de vezes maior. Depois o final da pergunta...

Rodolfo Gamberini: Se você admite a possibilidade de um dia vir a correr na Fórmula Indy? E se vier a correr, seria só por dinheiro?

Ayrton Senna: Ó eu não sei, isso eu posso responder hoje com convicção que não seria por dinheiro porque, graças a Deus, eu tive tudo que eu quis até hoje, minha família teve condições de me dar tudo o que eu quis. E faço automobilismo porque gosto, não por aquilo que eu posso tirar do automobilismo. Gastei muito até chegar a Fórmula 1, tudo que eu conseguia em patrocínio investia na minha própria carreira, para ter um carro melhor, tá. E só hoje, realmente, é que eu estou vivendo da Fórmula 1. Mas não corro pelo dinheiro, eu corro por aquilo que eu gosto, porque não preciso, essa é a principal razão. Então eu não vejo como eu voltaria a correr se eu tivesse parado ou tivesse na Fórmula 1 e tivesse a oportunidade de passar para Fórmula Indy pelo dinheiro, porque não é a minha motivação. A minha motivação é a vontade de vencer e é onde eu estou hoje que é a Fórmula 1...

Rodolfo Gamberini: Você disse que não precisa do dinheiro, mas quanto é que você ganha, em média, por ano? E o que você faz com o seu dinheiro, já que você não precisa dele?

Ayrton Senna: Bom, eu não ganho muito não, mas já deu para colocar a gasolina no meu aviãozinho, sabe... ele usa meio litro de combustível. Dá uns 10 minutos de autonomia, aqueles de rádio controle assim. É o Sytation...

[Vários entrevistadores falam ao mesmo tempo, parecendo indignados por Ayrton não responder à pergunta]

Galvão Bueno: Essa história do tênis... Pelo menos vamos tentar uma coisa: ele estava falando de jogador de tênis que ganha uma fortuna e piloto de Fórmula 1. [Marcelo faz algum comentário] Espera um pouquinho [falando com Marcelo]. O meu mestre, Janos Leiger, viu Marcelo? E o seu também, grande Janos, ele dizia o seguinte, o Janos Leiger dizia o seguinte: "É um absurdo o tenista ganhar esse dinheiro todo comparado com um corredor de Fórmula 1, porque o maior risco do tenista é engolir a bolinha".[risos]

Ayrton Senna: Não tem dúvida!

Galvão Bueno: O maior risco do tenista é engolir a bolinha... Então, você acha, pelo menos por aí, responde pelo menos essa: "O piloto de Fórmula 1 ganha o que devia ganhar"? Devia ganhar mais?

Ayrton Senna: De jeito nenhum, só por um fator.

Marcelo Resende: Devia ganhar mais!? [interrompendo a resposta de Ayrton]

Ayrton Senna: Não, espera aí. Deixa eu falar... O piloto de Fórmula 1 está arriscando a vida, queira ou não. Lógico que você não senta no carro achando que você vai dar uma pancada, que vai se quebrar... Mas você está arriscando a sua vida. Um tenista de jeito nenhum...

Galvão Bueno: E se ele engolir a bolinha?

Ayrton Senna: A tensão que você sofre pelo carro de Fórmula 1 é um absurdo. Você acaba uma corrida mentalmente e fisicamente acabado. E o que você ganha está extremamente ligado ao sucesso que você tem na Fórmula 1. Porque metade dos pilotos que estão ali, estão pagando para correr. Para quem não sabe ou para quem sabe muito pouco, metade dos profissionais da Fórmula 1 estão pagando para correr. Porque não conseguem se estabelecer e as equipes pedem para dar o carro.

Galvão Bueno: E paga para sentar em cadeira elétrica...

Ayrton Senna: É. E pra guiar carro ruim, né, exatamente. Pra se arriscar... Paga para se arriscar...

Rodolfo Gamberini: Queria pedir para você ver agora umas imagens que nós vamos mostrar e que você nos dissessse o que elas te lembram, o que você sente quando você vê essas imagens... São imagens de uma corrida que nós vamos ver... Por favor.

Ayrton Senna: É! Foi realmente um dia especial porque... [emocionado, com os olhos lacrimejando]

Rodolfo Gamberini: Você sabe o nome dessa música que estava tocando, Ayrton? "Boys don't cry".

Ayrton Senna: "Boys don't cry"... [risos]

Rodolfo Gamberini: Em inglês: Rapazes não choram. E você está com os olhos aí com lágrimas. O que você lembra dessas imagens?

Ayrton Senna: Eu lembro de um dia especial. Foi em Detroit onde no dia anterior eu acabei fazendo a pole position. Eram dez paras duas da tarde, e quando eu entrei no box devagarzinho, tinha acabado de obter a pole position, um mecânico meu segurando um quadro e dizendo: Brasil 1, França 0. Que o Brasil tinha acabado de fazer um gol contra a França. Eu sai do carro, fui direto para o meu apartamento no hotel para assistir o jogo. E tinha uma conferência de imprensa que eu tinha que ir. Me meteram o pau! Disseram que eu não dava bola para imprensa. Eu estava a fim de assistir o jogo do Brasil. Fui lá assisti o jogo do Brasil e o meu projetista é francês, os mecânicos da Renault eram todos franceses [risos]. Conclusão: depois do jogo eu nem fui à garagem onde o pessoal trabalha durante a tarde toda preparando o carro pro dia seguinte, porque eu sabia que eles iriam me alugar, né? E nem apareci na garagem, só apareci no domingo cedo na pista, porque o Brasil tomou pau, né? E, por uma grande felicidade, a gente venceu a corrida. E o interessante é que tinha muito brasileiro lá, sabe? Eu notei que tinha muito brasileiro. E quando eu passei na linha de chegada, que eu diminuí, eu estava esgotado, foi uma corrida dura fisicamente, eu vi um brasileiro do lado de lá da cerca, pra trás do bandeirinha, com uma bandeiranha do Brasil. E então foi instinto, eu parei e fazia sinal para o cara que estava do outro lado da cerca e ele não podia vir, o bandeirinha do meu lado e não entendia nada. E eu falava: [faz uma entonação com a voz para indicar que ele estava pedindo a bandeira de longe] "bandeira", né, mas ninguém entendia nada. Até que o bandeirinha olhou para mim, olhou pro cara e entendeu. Aí o bandeirinha foi lá, tomou a bandeira do torcedor que estava pendurado lá na cerca. Entendeu, isso é que é maravilhoso, né? O cara torcendo, né, e trouxe a bandeira para mim e eu dei a volta com a bandeira. Então foi um dia especial, né?

Reginaldo Leme: O torcedor te procurou depois da corrida?

Ayrton Senna: Se procurou, não conseguiu encontrar porque é uma locura, né?. Depois da corrida. Mas foi um momento que vai ficar sempre guardado aqui, né?

Galvão Bueno: Eu queria tentar pegar por esse aspecto dele...

Ayrton Senna: E por infelicidade, a Globo não transmitiu a corrida, né? Foi trasmitido o compacto lá, justo na corrida que a gente ganha, né? Estava trasmitindo Argentina e não sei quem lá...

Reginaldo Leme: E eu comentei esse a distância, mas sentindo o que você estava sentindo, mais ou menos eu descrevi esse momento. Eu imaginei que você tivesse visto essa bandeira até mesmo durante a corrida...

Rodolfo Gamberini: Dá para ver o que está na platéia?

Reginaldo Leme: Numa pista dessa dá.

Ayrton Senna: Numa pista dessa é difícil, porque tem um paredão de cada lado, guard rail... [risos, Reginaldo Leme faz algum comentário, ao que outro entrevistador responde: "Reginaldo estraga tudo..."] No ano passado, por tentar olhar para um outro lugar, esqueci que o freio estava meio baixo e dei com o nariz no guard-rail lá... Só depois da corrida que eu vi o guard-rail...

Rodolfo Gamberini: Vocês ficam dentro daquele carro, a temperatura alta dentro do carro, deve ser um barulho que deve dar sonolência. Você tem um preparo físico. Mas tem horas que a sua cabeça deve sair um pouquinho da Fórmula 1, deve sair um pouquinho do carro. Para onde vai a sua cabeça nessa horas?

Ayrton Senna: Ó, eu vou te citar um exemplo que foi no ano passado na Bélgica, onde eu venci também e, até a metade da prova, foi difícil. Aí eu consegui pegar uma distância, então com aquilo deu uma relaxada. E começou a ficar um pouco monótono até porque eu não tinha pressão de ninguém por trás e eu estava, então, até demais, relaxado. Então eu vinha numa fase onde eu não terminava uma corrida. Sempre quebrava uma coisinha, eu vinha sempre liderando e quebrava alguma coisa.

Rodolfo Gamberini: Você estava relaxado porque sabia que...

Ayrton Senna: Não, eu já comecei a pensar: "Agora o que vai quebrar?". Eu já vinha esperando. Como aquela coisa: "Que vai quebar, né? Não vai terminar, é normal quebrar, né?". E foi ..., e foi... Aí eu comecei a pensar assim... Eu tava programado de vir ao Brasil, inclusive no dia seguinte, eu ia sair da pista direto, ia para o aeroporto para pegar uma conexão. E aí eu comecei a pensar: "Pô, se eu ganhar essa corrida ia ser bom, né? A galera lá no Brasil ia gostar, né? Ia ser a maior força". Comecei a pensar isso, guiando o carro. Estava monótono e achei que iria quebrar. Eu não estava acreditando que ia acabar a corrida, né? Ia pensando: "Se chegar vai ser bom demais, vou chegar no Brasil no dia seguinte, vai ser bom chegar em casa, né? Ganhando uma corrida no dia anterior..." Então são coisas que passam pela cabeça, mas geralmente a pressão é tão grande, e o desgate físico e mental, que não dá para você pensar nessas coisas, não. É o carro de corrida...

Galvão Bueno: Eu queria pôr esse aspecto, agora há pouco ali, vendo ali aquela cena, chorando e essa história que ele estava contando...

Ayrton Senna: Que chorando o quê rapaz, homem não chora.

Galvão Bueno: Tava chorando, sim! Não tenha vergonha de chorar, não! É bonito! Logo depois dessa corrida da Bélgica, que ele está dizendo toda essa história, que vinha contando e o embarque foi naquele dia de noite, e nós viemos conversando no avião. Voltamos junto para o Brasil e vínhamos conversando no avião. E não precisava perguntar nada não, ele falava pelos cotovelos. E aí começou a falar do pai, no Miltão, que antes dele nascer viu um kart e disse: "Quando meu filho nascer, eu vou fazer um kart igual a esse para ele, para ele correr". E ele falava e chorava.

Ayrton Senna: Que falava e chorava! Isso aí é mentira. Isso não é verdade não [risos]. Isso é papo furado. Cascata de carioca, viu?

Galvão Bueno: Olha para cá! Você é um chorão. [risos] Você é um bobão nesse aspecto, ou você é uma pessoa realmente ligada demais? O que é a família para você, o que ela representa no seu trabalho, no seu sentimento, no seu dia-a-dia, principalmente, pelo fato de ela estar aqui e você morar sozinho lá na Inglaterra? Como é que são as suas noites lá na Inglaterra, pensando aqui no Brasil?

Ayrton Senna: Tudo que eu alcancei até hoje eu devo a minha família...

Galvão Bueno: Não vale chorar agora, heim!

Ayrton Senna: E aos meus pais. Foi meu pai que me colocou no kart, que me levou todos os domingos à tarde para brincar num lugar fechado, num kart de 1 HP, que andava 10 por hora, eu gostei da brincadeira e fui em frente. E ele sempre me apoiou e me ensinou tudo aquilo que eu aprendi eventualmente. E apliquei tudo isso, toda essa energia no automobilismo. Então se eu estou hoje na Fórmula 1, com 26 anos de idade, jovem, com muito tempo ainda pela frente e com a experiência toda que eu adquiri - porque eu comecei tão jovem, tão pequeno - eu devo aos meus pais. E era minha mãe que ficava no pé dele e mandava ele tirar o kart de mim, quando eu ia mal na escola, quando não tinha nota no semestre, tomava o kart de mim e eu ficava sem kart...

Rodolfo Gamberini: Sua mãe tinha excesso de zelo, dizia: esse brinquedo é perigoso para ele, isso ainda vai acabar, essa coisa ou não?

Ayrton Senna: Não, não. Eles sempre curtiram aquilo que eu fiz e só na hora que eu resolvi passar para profissional e ir para Inglaterra, e ir embora do Brasil, e essa história toda aí que o Galvão está falando, aí eles balançaram.

Rodolfo Gamberini: Ayrton, eu tenho uma pergunta de um telespectador, Ademir de Anastácio, de Santo André. Ele quer saber o que você faz, como é que você faz para dirigir tão bem na chuva?

Ayrton Senna: Eu tomei muita chuva, viu? [risos] No tempo do kart eu tomei muita chuva... Olha, foram várias as vezes que, durante a semana, eu ia para Interlagos, saía da escola, meu motorista ia me buscar lá ao meio-dia, com os karts atrás, na carreta, e me levava para pista em Interlagos. Terça, quarta ou quinta, passava a tarde inteira lá treinando. E se chovia, eu não parava e ficava no box, não, eu continuava treinando. Mexia no kart, aprendi a ajustar e andar no molhado. E uma coisa muito importante, eu tenho certeza que a maioria das pessoas não percebe, é que eu tenho ainda os 26 anos de um jovem que tem o ímpeto, aquela força, aquela vontade enorme, aquela garra. Mas tenho a experiência de um piloto de 35, 40 anos, por ter começado tão cedo no kart e por eu ter dedicado tanto tempo. Então, toda a experiência que eu adquiri no kart, que foi a minha maior escola no automobilismo, foi enorme. Eu estive15 anos de kart e 15 anos assim de profissional, era um hobby, mas eu me dedicava como profissional.

Rodolfo Gamberini: E você chega a ficar animado quando percebe que na prova vai chover?

Ayrton Senna: Não, o problema é um só! É que toda vez que chove o pessoal já fala: "Ah, o Ayrton já ganhou. Vai ser moleza, barbada". E não é assim porque é duro, que na chuva, você não pode cometer nenhum erro. Um pequeno deslize e o carro não para mais. Você põe uma roda fora da pista...

Paulo Markun: Um pequeno deslize e ele sai deslizando...

Ayrton Senna: Não, na chuva quando você põe uma roda fora da pista, na grama, parece que você aumenta a velocidade em vez de diminuir. Então você não pode errar. Inclusive, a minha primeira vitória, que foi em Portugal, foi sob uma chuva tremenda. A televisão não pegou, mas eu dei duas escapadas que eu passei ralando no guard rail. Eu não bati porque me "seguraram" [juntando as mãos e apontando para cima] e ganhei a corrida.

Galvão Bueno: Ayrton, o Stewart uma vez tinha uma frase na Fórmula 1, Jack Stewart [piloto de Fórmula 1], "o primeiro é o primeiro e o segundo não é ninguém", mas eu acho que isso é muito mais a cabeça do brasileiro do que a própria cabeça do Stewart. Você dizia quem foi que não teve sucesso nenhum? O Ingo [Hoffmann], o Chico [Serra], quer dizer, o [Maurício] Gugelmin agora... Ele sai daqui, vai para lá, é campeão inglês de Fórmula 3. Vai à terra dos outros, é campeão no campeonato dos outros, corre de Fórmula 1, e a gente considera como se eles não tenham tido sucesso nenhum...

Ayrton Senna: Não, mas veja bem...

Galvão Bueno: O cara saiu daqui, foi para lá, foi campeão inglês de Fórmula 3. Os dois correram na Fórmula 1... O Maurício [Gugelmin] é campeão... Eu acho que isso é muito da cabeça do brasileiro isso. Não, não estou dizendo a sua, não. Eu quero é que você coloque até que ponto isso te preocupa, até que ponto te pressiona?

Ayrton Senna: Não, veja bem! Se você prestar atenção na minha resposta, eu disse que é difícil você manter o nível de performance [Galvão fala algo incompreensível ao mesmo tempo que Senna] a cada ano que passa. Então eu citei muito bem que o ponto mais crítico do piloto, que está querendo chegar na Fórmula 1, é exatamente o ano que antecede uma possível ida à Fórmula 1. Foi o que aconteceu com o Chico e com o Ingo. Quando eles estavam para ter um ano de sucesso, aí teriam uma chance de ir para Fórmula 1, eles foram mal. E aí não conseguiram uma nova chance para se refazer. O Maurício é um exemplo disso, só que ele teve essa chance e vai ter essa chance...

Galvão Bueno: Não... Os dois foram na Fórmula 1, né?

Ayrton Senna: Mas foram para uma equipe ruim... Num carro que não tinha condições de...

Galvão Bueno: Não eu não estou discutindo a performance deles, não. Eu estou colocando a coisa nesse nível. O brasileiro sai daqui, é campeão na terra do outro...

Ayrton Senna: Brasileiro ganha tudo quanto é campeonato lá. Todo ano brasileiro ganha campeonato de Fórmula Ford e Fórmula 3. É raro o ano que não aconteça...

Galvão Bueno: Cada vez que chega um brasileiro na Inglaterra, um inglês bota a mão na cabeça e diz assim: "Não, mais um eu não aguento, veio mais um para ganhar". E a gente fica cobrando de cada brasileiro um campeão mundial de Fórmula 1...

Ayrton Senna: Não, o problema do brasileiro é esse. Que o brasileiro está acostumado, em termos de automobilismo e futebol, a só ganhar...

Galvão Bueno: Agora você vai responder...

Ayrton Senna: Então o Brasil é várias vezes campeão do mundo de futebol, várias vezes campeão do mundo de automibilismo. Então o brasileiro se acostumou que é campeão...

Marcelo Resende: Você tem time de futebol?

Ayrton Senna: Sou corinthiano, mas não sou roxo. [risos] Então brasileiro só vê primeiro lugar, porque está acostumado, pô! Quem está acostumado a comer caviar, não acostuma a comer arroz e feijão, não é verdade?

Rodolfo Gamberini: Ayrton... Você terminou essa resposta? Porque eu estou aqui cercado de perguntas de telespectador. Tem uma porção. E eu percebi que a maioria das pessoas que telefonam para cá, é de moças. Você disse no começo do programa que não fazia muito sucesso... Mas a maioria esmagadora...

Ayrton Senna: Só tem que avisar pra elas para ligar lá pra assessoria para marcar...

[vários entrevistadores falam junto]

Ayrton Senna: Olha, é o Armando Botelho que cuida dessa área...

Rodolfo Gamberini: A maioria é de mulheres. E tem uma pergunta da Eliana, não deu o sobrenome, mora no Tatuapé. E ela te faz a seguinte pergunta: "Se uma mulher tivesse poder econômico e habilidade para pilotar um carro de Fórmula 1, ela conseguiria? Ou a Fórmula 1 - opinião dela - é um clube do Bolinha, onde Luluzinhas não são aceitas?".

Ayrton Senna: Ah, teve inclusive a Dela Lombardi, que correu de Fórmula 1...

[entrevistador não identificado]: Teve a Divina Galica...

Ayrton Senna: Teve! O problema é que tiveram duas, três. Então, em questão numérica, os homens estão dando de 10 a 0. Existe a barreira que é natural. O automobilismo é tido como um esporte para macho, cabra macho e tal. E a mulher encontra muitas barreiras.

Rodolfo Gamberini: Então eu vou aproveitar e te fazer uma outra pergunta de telespectador para gente encerrar o programa. É uma pergunta boa para gente encerrar. O Sérgio Silva que mora no Tremenbé. Ele pergunta: "Qual é o piloto pior para se ter pela frente quando se precisa fazer uma ultrapassagem e quais são os três melhores pilotos que você conhece na Fórmula 1?". O pior, quando você está atrás e tem de ultrapassá-lo. E os três melhores pilotos, aí você pode, se quiser, lembrar de todas as épocas da Fórmula 1.

Ayrton Senna: Eu diria que o pior de todos é aquele que não olha no espelhino. Na hora que você vai passar, você está crente que o cara te viu, e ele não viu e... [Bate palma, imitando uma batida].

Rodolfo Gamberini: Mas não tem um que seja mais mau caráter...

Marcelo Resende: Quem é que não olha no espelhinho normalmente?

Ayrton Senna: Tem alguns que nem têm espelhindo. [risos] Eu não vou citar nomes, não vou citar nomes de jeito nenhum, mas tem...

Rodolfo Gamberini: Pode falar, eles não entendem português...

Ayrton Senna: Não, de forma alguma, mas tem. É normal.

Galvão Bueno: Vai que tem e é por isso que ele não quer dizer. [risos]

Ayrton Senna: Pilotos melhores... Aí tem uma infinidade. Mas que eu vi na televisão, que eu estava lá todo domingo cedo, levantava ligava a televisão para assistir, como muito da meninada faz... Então é o Jack Stewart, é o Emerson [Fittipaldi] e eu tinha uma admiração muito grande pelo [Gilles] Villeneuve, pelo arrojo dele e pelo profissionalismo do Nick Lauda. Então, eu acho que se fosse possível combinar as grandes qualidades de cada um deles e juntar num piloto só, seria imbatível...

Rodolfo Gamberini: No Nick Lauda, qual é a qualidade que você vê maior?

Ayrton Senna: É altamente profissional, frio, tem um auto-controle incrível.

Rodolfo Gamberini: E no Gilles Villeneuve?

Ayrton Senna: O arrojo, o ímpeto. Mas sem o controle.

Marcelo Resende: É, gostaria de saber quem é o mais completo hoje? O mais completo de preferência... Ficar só o primeirão lá...

Ayrton Senna: Você continua bostinha heim... Eu vou responder essa pergunta por você, tá? Eu acho que estaria entre o Prost, entre o Piquet e ainda o Lauda. Ele parou de correr, mas eu acho que o Lauda é um piloto completo.

Rodolfo Gamberini: E você se colocaria em que lugar nessa lista?

Ayrton Senna: Estou chegando lá, eu estou no vácuo.

Rodolfo Gamberini: Está no vácuo do Lauda, que foi o terceiro que [palavra incompreensível]?

Ayrton Senna: Estou no vácuo de todos eles. No ano que vem a gente vai tentar passar.

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26/10/2008 free counters