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terça-feira, 18 de março de 2008

Livro conta história dos figurinos na TV

Obra revela bastidores sob o olhar de profissionais que ajudam a dar vida a personagens.
Quarenta anos de teledramaturgia são contados em 400 páginas, ilustradas com 200 fotos.
Daniella Clark Do G1, no Rio


Foto: Reprodução
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O livro traz 40 anos de histórias dos figurinos que marcaram época na televisão. (Foto: Reprodução)

Difícil pensar na Bebel de Camila Pitanga sem lembrar do seu maiô engana-mamãe. Ou separar os “Dancin’Days” de Gilberto Braga das coloridas meias de lurex que enfeitavam as pernas de Sônia Braga na TV, na década de 70. Esses são apenas dois dos milhares de exemplos de figurinos que, assim como os personagens que caracterizam, têm marca registrada na memória do telespectador. Os melhores momentos dessa parceria de 40 anos – em que a TV é a vitrine e os modelos são heróis, vilões, mocinhas e galãs – podem agora ser revividos no livro “Entre tramas, rendas e fuxicos – O figurino da teledramaturgia da TV Globo”.

Veja a galeria com fotos do livro


A obra traz 400 páginas recheadas com depoimentos, histórias e 200 fotos de cenas e de personagens, além de croquis e projetos originais de figurinos. Fruto do trabalho desenvolvido pelo Memória Globo (centro de documentação histórica ligado à TV), essa viagem aos bastidores da teledramaturgia envolveu um esforço de pesquisa. Em 11 meses de produção, foram quase cem entrevistados, que resultaram em mais de 40 horas de entrevistas com atores e profissionais da televisão. Oito pesquisadores destacaram 166 novelas e 70 produções, entre minisséries, seriados e programas de dramaturgia.

Para resgatar quatro décadas de trabalho, 18 figurinistas da emissora participaram da construção do livro. A obra destaca mais de 40 anos de produções da TV Globo, numa linha do tempo que vai de “Sheik Agadir”, de 1965, a “Paraíso tropical”, de 2007.

Foto: Reprodução
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Fotos feitas com uma câmera Polaroid mostram como era feito o registro de roupas, calçados e acessórios. (Foto: Reprodução)

“O figurino dá uma forma ao personagem”, diz o figurinista Lessa de Lacerda, um dos que participou do projeto, que até hoje guarda em casa caixas com as polaróides que exibem registros de roupas, calçados e acessórios que os atores usaram em cena. “Os atores dizem que, quando acabam de pôr o figurino, sentem o personagem”.

Histórias e curiosidades

As reproduções das polaróides de Lacerda são algumas das muitas preciosidades do livro, assim como pedidos de calças xadrez para o Agostinho (Pedro Cardoso) de “A grande família” e um esboço do vestido de noiva da personagem Giuliana (Ana Paula Arósio), para a novela "Terra Nostra". Já a traiçoeira Perpétua (Joanna Fomm) teve apenas um único figurino na cor preta, enquanto a espevitada Babalu (Letícia Spiller) ganhou um guarda-roupas com peças garimpadas na Saara, centro de comércio popular do Rio.

Há espaço ainda para deliciosas histórias de bastidores, como quando a roupa da personagem de Carla Camuratti em “Pacto de sangue” (1989) tinha o mesmo tecido das cortinas do cenário.

“Quando fomos gravar no estúdio, percebemos que as cortinas eram exatamente do mesmo tecido que usei na personagem. Tiveram de ser trocadas na hora!”, conta o figurinista Paulo Lois num dos trechos do livro.

Departamento de costura produz 1.340 peças por mês

Um dos seis capítulos da obra apresenta o departamento de costura da TV Globo, onde são produzidas por mês uma média de 1.340 peças. Dessa fábrica à casa do telespectador o caminho é curto: capas de revistas e de suplementos de moda reproduzidas no livro ilustram o sucesso de cabelos, peças, acessórios e estilos que caem nas graças do público.

Foto: Reprodução
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As meias coloridas de lurex de “Dancin’Days” ficaram marcadas na memória do telespectador. (Foto: Reprodução)

Do cabelo de Tônia Carrero na novela "Pigmalião" (1970) ao corte de Priscila Fantin em "Sete Pecados" (2007), são muitos os personagens que ditaram a moda nas ruas. No livro, Marília Carneiro conta que se inspirou no visual de sua filha para criar o figurino da rebelde Bionda (Mariana Ximenes), em "Uga Uga" (2000):

“O tererê saía da cabeça, enrolava no braço, no pescoço, ficou com mil e uma utilidades. Daí para o camelô foi um passo.”

O livro é fechado com um dos termômetros do ibope dos personagens e seus figurinos entre os telespectadores: a Central de Atendimento ao Telespectador (CAT), que recebe 1,5 mil ligações e dez mil e-mails por dia. Nos textos, há de elogios a pedidos de fotos de vestidos a cores de esmalte e cabelo.

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