Nos últimos anos, o Rio de Janeiro conquistou importantes vitórias nos campos político, econômico e cultural. Aos poucos a cidade começa a retomar para si o papel de um dos principais protagonistas de uma nova fase de desenvolvimento pela qual passa o Brasil. Este novo Rio que emerge agora atrai investimentos bilionários, fascina visitantes dos quatro cantos do globo e desponta para, uma vez mais, ser o símbolo de um Brasil que marcha rumo à potência mundial. Com todas essas conquistas, não há mais espaço para bandos de marginais financiados pelo tráfico de drogas, que precisam ser definitivamente extirpados dos morros cariocas. No sábado 17, a ousadia das facções criminosas voltou a se manifestar. Com tiros de metralhadoras antiaéreas .30, os bandidos do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte, abateram um helicóptero da Polícia Militar durante uma operação que tentava acabar com uma guerra entre facções rivais pelo controle de bocas de fumo. Após cair, o helicóptero explodiu e matou três PMs que estavam a bordo. Ato contínuo, os traficantes, ligados ao Comando Vermelho, telefonaram para comparsas em outras favelas ordenando ataques em série em vários pontos da cidade, queimando ônibus e fechando o comércio. A guerra persistiu durante toda a semana e o número de mortos, até a sexta-feira 23, chegava a 33. O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, afirmou que o fatídico sábado tinha sido "o nosso 11 de setembro" - numa referência aos atentados terroristas de 2001, em Nova York - e que a Polícia daria uma resposta à altura. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a compra de uma aeronave blindada e a liberação de R$ 100 milhões para o governo do Rio aplicar em segurança. Várias autoridades se manifestaram, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que cobrou uma atuação mais consistente do governo federal no combate ao crime organizado. O jornal inglês "The Daily Telegraph" disse que foi o pior ato de violência praticado pelo crime organizado no Rio e o "The New York Times" cravou como título de sua reportagem de duas páginas a pergunta: "O Rio consegue resolver o problema até a Olimpíada?" A resposta veio do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge. "Estamos confiantes de que os brasileiros encontrarão boas maneiras de aplicar medidas para resolver isso", disse ele, em Vancouver, no Canadá. De modo geral, todos cobram a mesma coisa: uma solução imediata para a violência. Segundo o cientista social Antonio Rangel Bandeira, coordenador do controle de armas da ONG Viva Rio, os morros cariocas vivem uma escalada armamentista. "Nos últimos dois anos, a Polícia do Rio apreendeu mais de 40 metralhadoras .30. Essa arma derruba até avião", disse. Um estudo da ONG mostra que, dos 17 milhões de armas que existem no Brasil, seis milhões estão nas mãos de criminosos. Para o sociólogo Gláucio Soares, "a presença da Polícia tem que ser permanente, como no Dona Marta". Máquin a pesada 89,4% O secretário Beltrame, delegado federal, mandou um recado: "Tráfico de drogas é com a PF." E o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que não faltarão verbas para o combate aos bandidos. Durante a semana o conflito iniciado no sábado envolveu 11 comunidades e o próximo campo de batalha deverá ser o Alemão, um complexo de favelas onde estariam escondidos os cabeças do tráfico que deflagraram os conflitos. Eles precisam ser banidos da sociedade.
As quadrilhas de drogas são o mal que precisa ser extirpado de um Rio que entrou em uma nova era
Wilson Aquino
R$ 4,2 bilhões
é o orçamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro para 2009
desses recursos são usados com despesas correntes e pessoal
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