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domingo, 13 de junho de 2010

Aluguel de R$ 18 mil de QG do PT é pago com dinheiro vivo


Agências de comunicação contratadas para trabalhar na campanha de Dilma Rousseff pagavam aluguel de casa com depósitos em espécie. Especialista em direito eleitoral condena a prática
Marcelo Rocha e Murilo Ramos
Adriano Machado
ALUGUEL SUSPEITO
Entre março e junho, R$ 72 mil referentes à locação do imóvel acima foram depositados em dinheiro vivo em conta indicada pelo proprietário do imóvel

Em tempos de transações bancárias facilitadas pela internet e insegurança nas ruas, é cada vez mais raro que pessoas e empresas carreguem altos valores sem uma necessidade real. A Lanza Comunicação e a Pepper Comunicação Interativa, contratadas para trabalhar na campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), pensam diferente. Preferem a arriscada operação de transportar dinheiro vivo para quitar obrigações. Essa foi a alternativa utilizada para pagar o aluguel de uma casa localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, e que serve à campanha da petista. Entre março e junho deste ano, as duas empresas depositaram o equivalente a R$ 72 mil, em espécie, em uma conta indicada pelo proprietário do imóvel no banco Credindústria. A instituição financeira fica no setor de indústrias da capital.

Felipe Barra
DEPÓSITO
Banco em que dinheiro do aluguel era depositado

ÉPOCA teve acesso ao contrato de locação (confira na imagem abaixo) que foi firmado em janeiro e formalizado no Cartório do 4º ofício de Notas de Brasília no final de março. Assinam o documento Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, e Danielle Fonteles, dona da Pepper Comunicação Interativa. O aluguel expira em dezembro de 2010. As duas empresas pagam mensalmente R$ 18 mil. A reportagem procurou os proprietários das agências de comunicação para esclarecer o porquê do pagamento em espécie. Apenas a Pepper respondeu. Por meio de sua assessoria de imprensa, informou tratar-se de uma “opção das empresas” e que “não há ilegalidade na operação”. A Pepper afirmou ainda que o valor era dividido meio a meio com a Lanza, mas não detalhou quem se incumbia de recolher o dinheiro vivo e ir à boca do caixa realizar os depósitos. A empresa de Danielle Fonteles pretende deixar a casa e já está à procura de um novo lugar. Não revelou as razões para trocar de endereço. Existe uma cláusula contratual que prevê o pagamento de multa de 10% do valor total do aluguel, o equivalente a R$ 18 mil. Será que também vão pagar a multa em espécie?

O secretário-geral da OAB nacional e especialista em direito eleitoral, Marcus Vinícius Furtado, disse que, em tese, pagamento em espécie presume caixa 2. “É absolutamente irregular e injustificável que se tenha pagamentos em dinheiro vivo numa campanha eleitoral”, afirmou. Segundo Furtado, existem instrumentos na legislação que podem punir o uso de caixa 2 até com a impugnação de candidaturas.

Lanzetta, da Lanza Comunicação, recebeu aval para procurar uma mansão no Lago Sul, capaz de abrigar a estrutura de comunicação da campanha, no fim do ano passado. A casa teria de ser espaçosa e próxima ao local onde a coordenação da pré-campanha de Dilma Rousseff está instalada. Inicialmente a casa foi anunciada por R$ 22 mil, mas Lanzetta barganhou. Obteve desconto de R$ 4 mil e fechou o aluguel em R$ 18 mil. O jornalista conseguiu ainda uma carência de dois meses (janeiro e fevereiro). Lanzetta ficou em evidência nas últimas semanas por ter participado de reuniões com arapongas que seriam contratados para investigar vazamentos de informações dentro do comitê de Dilma Rousseff e para bisbilhotar a vida do adversário da petista, o tucano José Serra. Anunciou sua saída da campanha de Dilma Rousseff no dia 5 de junho.

Abaixo, o contrato de locação do imóvel:

   Reprodução


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