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sábado, 20 de fevereiro de 2010

A irretocável Lilia Cabral


Com a vontade de acertar sempre, atriz dá show como a Tereza, de ‘Viver a Vida’, é assediada nas ruas, mas não perde a noção jamais

POR GABRIELA GERMANO
Rio - A arte de atuar parece coisa simples nas mãos de Lilia Cabral. Uma grande vilã como Marta de ‘Páginas da Vida’; a sofrida dona de casa Catarina, de ‘A Favorita’; ou uma mulher cheia de amargura como Tereza, de ‘Viver a Vida’. É como se cada personagem que ela tocasse, virasse ouro.
Lilia Cabral surpreende como a Tereza de 'Viver a Vida' | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Mesmo assim, prestes a completar 30 anos de carreira só na televisão, a atriz confessa que a cada novo papel que surge à sua frente, sente um medinho. “Foi assim depois da Marta, depois da Catarina e, quando a Tereza acabar, vou me perguntar o que virá depois. Nunca penso que vou tirar de letra. Posso até ter uma intuição positiva. Mas a certeza se vai ser sucesso ou fracasso a gente nunca tem. E é isso que dá a adrenalina. Quero buscar coisas que não fiz, que não conheço e que não entendo. Mas não quero errar, quero acertar sempre. Ainda tenho muito o que aprender”, minimiza a veterana.



Como a elegante ex-modelo da novela de Manoel Carlos, de quebra Lilia tem mostrado outros atributos também. Aos 52 anos, está em plena forma física. O que aumentou até o assédio do público masculino. “Mas eu não dou bola. Ouço e passo reto. Não deixo nem chegarem perto. Imponho respeito”, garante ela, com um sorriso de canto de boca.

Mas todo o glamour do universo da moda não mexeu com sua vaidade? Está mais preocupada com a aparência? “É engraçado porque outras personagens que fiz não demandavam esse lado sofisticado. Então as pessoas sempre me paravam nas ruas e diziam: ‘Como você é bonita! Na TV não parece’. Agora eu tenho medo de ouvir o contrário: ‘Você é tão bonita na TV, já pessoalmente...’”, dá uma gargalhada.

É muita modéstia. Lilia está bem, mas garante seguir o lema menos é mais. “Tenho um jeito muito simples. Gosto de elegância, mas na simplicidade. Você nunca vai me ver cheia de coisas, ostentando algo. Desde a época da faculdade, em que eu era hippie, eu tinha estilo. Meu vestido era bonito e minha sandália era o máximo. Era uma hippie chic, nunca fui largada”, frisa. Para viver Tereza, a atriz teve que emagrecer três quilos. “O que para mim já faz muita diferença. Com a Catarina, em ‘A Favorita’, pude dar uma relaxada”, compara.

Suas performances em cena não precisam de correção e sua aparência, pelo menos por enquanto, também não. “Não condeno plásticas. Mas não faço. Tenho medo, cagaço mesmo. Não gosto nem de pensar. E não tenho aquele tipo de preocupação de mostrar uma coisa que não sou. Tenho 52 anos. Se pareço mais jovem na TV, ponto para mim. Mas não quero parecer uma menininha e usar vestidinho curto para fingir menos idade”, garante. “Se um dia alguma coisa cair, vamos lá. Mas acho que sempre fui ganhando papéis de acordo com a minha idade. E com 60 ou 70 anos, espero que isso continue acontecendo. O que não pode é o exagero, que transforma as pessoas. Porque a TV e o cinema são cruéis. Nicole Kidman era linda. Por que colocou aquele monte de coisa na cara? Ela mudou e agora não consigo mais achar que ela é linda. Com a Meg Ryan é a mesma história. Esse negócio de plástica pode virar um vício”, critica.

Lilia não é de meias palavras. Quem decide o futuro dos personagens da novela é o autor. Mas ela dá seus palpites. Diziam que Tereza teria um envolvimento com Felipe (Rodrigo Hilbert). Ela opina: “Não consigo ver a Tereza com um rapaz muito mais jovem. Pelo perfil dela, tudo o que questiona. E ela não esconde que ainda ama o Marcos. Se aparecer alguém, teria que ser um homem com mais bagagem. E acho que essa pessoa vai aparecer em algum momento, nem que seja para ela perceber que só quer mesmo é ficar com o ex-marido”, torce.

O encontro em cena com o bonitão pode não acontecer. Mas Lilia não deixa de dar seu parecer sobre o moço. “Eu adoraria contracenar com o Rodrigo. Ele é a coisa mais linda que tem no mundo. Depois de ‘Divã’ ainda pegar o Felipe? Imagina!”, brinca ela, que no longa-metragem que protagonizou fez cenas românticas com José Mayer, Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond. Algum constrangimento por gravar ou filmar com homens mais jovens? “Nenhum. Achei o máximo”.

Casada há 15 anos com o economista Iwan Figueiredo, Lilia não poupa elogios à compreensão do marido. “É lógico que ele fica com ciúme. E não nega isso. Mas respeita muito meu trabalho e nós temos confiança e cumplicidade muito grandes. Jamais iria desrespeitá-lo. Ainda mais usar o meu trabalho para isso. Ser atriz para mim é uma vocação e tenho que ser íntegra realizando essa atividade. Se fosse o contrário, ele um ator e eu, uma profissional de outra área, eu também ia sentir. Mas só faço o que faço porque tenho a segurança de que tenho em casa meu marido e minha filha, Giulia, me esperando”.

Mesmo com toda a sofisticação, os dramas de Tereza na novela aproximam a personagem e a atriz do público. “Ela é uma mulher conhecida por todos nós. É mãe, tem ciúme, tem amargura, foi passada para trás pelo marido. É cheia de arrogância, inveja, mas também sabe ser generosa e carinhosa. Não é complicado você encontrar uma Tereza por aí. Quantas mulheres bonitas, inteligentes e bem educadas estão sem marido? Isso é um prato cheio para quem gosta de atuar”, diz.

O perfil de Tereza ainda tem feito de Lilia uma ouvinte de algumas mulheres nas ruas. Há quem chegue até ela para desabafar. “A maioria diz que tem uma amiga que já passou por isso (ser largada pelo companheiro). Mas na verdade eu acho que essa amiga não existe, é a própria pessoa que não tem coragem de falar”, acredita.


Sulamérica Trânsito












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