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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ao lado do presidente de Israel, Lula justifica reunião com Ahmadinejad


11/11 - 15:27 - Redação

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira, ao lado do chefe de Estado de Israel, Shimon Peres, a reunião que terá no fim do mês com o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Segundo Lula, é preciso "falar com todos para construir a paz".


AFP
Lula e Peres se encontram em Brasília

Lula e Peres se encontram em Brasília

"Não se constrói a paz sem conversar com todas as forças políticas e religiosas (do Oriente Médio) porque senão o processo de negociação se transforma em um clube de amigos e a paz não seria possível nunca", afirmou Lula em coletiva de imprensa, após se reunir com Peres em Brasília. Para o presidente brasileiro, qualquer diálogo é válido "caso se possa extrair uma palavra (...) que sirva para construir a paz".
Lula lembrou que em 1993 esteve em Israel como presidente do PT e se encontrou com o atual presidente do País, Shimon Peres. E em 1994, reuniu-se com Yasser Arafat, então líder da Organização para Libertação da Palestina (OLP).
Ele completou que depois desses encontros chegou à convicção de que, para se alcançar um acordo de paz na região, era preciso contar com a respeitabilidade de Peres e de Arafat.
"Hoje temos só 50% das possibilidades da junção dos dois", afirmou, referindo-se à morte de Arafat. "Precisamos conversar mais. Não temos veto para conversar com quer que seja", completou.

No discurso, após assinatura de atos, e com cautela para não se referir ao Irã, Lula disse que o Brasil repudia todo ato de terrorismo, sob qualquer pretexto, por quem quer que seja. Segundo ele, a paz no Oriente Médio é a esperança de todos. E as soluções para as dificuldades "só serão alcançadas com diálogo e negociação".
Lula afirmou que tanto Israel como a comunidade palestina "podem contar com o Brasil para construir a paz" e considerou que "existem soluções". O presidente destacou, porém, que os dois povos "não devem temer fazer sacrifícios" para chegar ao fim do conflito.
Durante a coletiva de imprensa, Shimon Peres fez um agradecimento a Lula. "Temos prazer em receber a contribuição do Brasil pela paz no Oriente Médio", afirmou Peres, acrescentando que o País tem uma postura "contrária ao terrorismo e às ameaças de outros países".

Segundo Peres, Israel "está preparado" para conseguir um acordo com os palestinos e as iniciativas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para limitar os assentamentos judaicos são positivas.

Reuters
Peres e Lula se abraçam durante reunião em Brasília

Peres e Lula se abraçam durante reunião em Brasília

Lula e Peres se reuniram em Brasília para discutir temas relacionados à defesa e assinar vários acordos nas áreas de turismo, cinema e cooperação técnica.

No próximo dia 23, Lula receberá o presidente iraniano, em uma visita que gerou duras críticas da comunidade judaica no Brasil pelos ataques verbais de Ahmadinejad ao Estado de Israel e pela reiterada negação que faz do Holocausto.

O chefe de Estado israelense chegou à sede do Ministério das Relações Exteriores pela entrada de trás, já que a principal tinha sido bloqueada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo cálculos da polícia, para reivindicar a redução da jornada de trabalho para 40 horas.

Após a chegada de Peres, ele e Lula se aproximaram da porta principal para uma foto protocolar. Só então teve início a reunião.

Peres chegou ao Brasil na terça-feira, quando discursou no Congresso brasileiro. Além de pedir à Autoridade Nacional Palestina (ANP) e à Síria que trabalhem pela paz no Oriente Médio, ele condenou o Irã por preparar "bombas nucleares para destruir Israel".

Na quinta-feira, o presidente israelense participará de um seminário em São Paulo que reunirá empresários de ambos os países. Na sexta-feira, se reunirá no Rio de Janeiro com autoridades locais e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Já no domingo, após a pausa sabática, Peres partirá para Buenos Aires, onde concluirá sua visita de 12 dias à América do Sul.

Com EFE, AFP e Agência Estado


A visita de Ahmadinejad ao Brasil

11/11 - 13:40 - Régis Bonvicino, especial para o Último Segundo

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chega em breve ao Brasil, a convite, para uma visita oficial. País asiático, do Oriente Médio, que tem como líder supremo o Aitolá Ali Khamenei, faz explosiva fronteira com o Afeganistão, o Paquistão, o Iraque (com o qual esteve em guerra) e a Turquia, entre outros. Até 1935, chamava-se Pérsia.


Ahmadinejad é sequência da Revolução Iraniana de 1979, que pôs fim ao regime monárquico do Xá Mohamed Reza Pahlevi, acusado de corrupto e violador de direitos humanos, tanto quanto os seus sucessores revolucionários. Durante a Segunda Guerra, o país foi invadido pelo Reino Unido e pela União Soviética, que visavam a controlar seu petróleo.

Reza Pahlevi ascendeu ao poder, apoiado pelos britânicos e americanos, em 1953, e se tornou algoz dos xiitas (futuros revolucionários de 1979) e dos democratas e socialistas de todos os viéses.

Em 1979, o Xá – como já mencionado – cai, com a chegada ao país, depois de longo exílio parisiense, do Aiatolá Khomeini, que fundou um Estado islâmico, teocrático, conservador, baseado na Lei do Talião.

As relações entre Irã e Estados Unidos se deterioram com a própria Revolução, uma vez que este último apoiava o Xá, e, logo em seguida, se agravaram, ainda mais em 1979, quando estudantes fizeram funcionários da Embaixada americana em Teerã reféns.

A primeira eleição de Ahmadinejad, em 2005, por si só, sem qualquer acusação de fraude na contagem dos votos como na de 2009, exacerbou as relações entre estes países em virtude da aceleração do programa nuclear iraniano. O ministro Celso Amorim, em visita a Teerã, há um ano, afirmava que o programa de Ahmadinejad se revestia de fins pacíficos – o que caiu por terra com a descoberta, agora, de uma segunda usina para produção de armamentos atômicos.

O Irã possui cerca de 70 milhões de habitantes. Integra a OPEP (Organização dos Países Exportadores do Petróleo), criada em 1960. Seus membros, entre eles a Venezuela, controlam 75% das reservas do mundo. Tendem, historicamente, a perder força com as energias limpas.

O ministro Amorim defende equidistância e pragmatismo nas relações internacionais e, por isso, o Brasil recebe Ahmadinejad – o que de plano provocará aumento de tensões nas relações com os Estados Unidos e com Israel. Ahmadinejad adiou sua vinda: ela deveria ter ocorrido em maio deste ano.

À visita do presidente iraniano seguir-se-á, em dezembro, a de uma delegação comercial, para tratar do aumento do comércio entre os dois países, especificamente do comércio petroquímico, que domina as exportações do Irã ao Brasil; por seu turno, os empresários brasileiros pretendem exportar etanol, aviões e crédito (dinheiro), ante as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao país dos Aiatolás. No momento, as empresas brasileiras vendem alimentos e máquinas ao Irã. As negociações entre os dois países oscilam em torno de dois bilhões de reais por ano, numa balança que favorece o Brasil.

Resta agora avaliar os custos e benefícios dessa visita para a imagem e as relações comerciais do Brasil no mundo. Há aqueles que veem na Doutrina Bush – centrada na Guerra contra o terror – um afastamento inevitável dos Estados Unidos da Doutrina Monroe, de 1823, formulada um ano após a independência brasileira, que pregava que "as Américas são dos americanos" e implicava alinhamento automático, espontâneo e/ou mediante intervenção militar aos Estados Unidos, que destituíram cerca de 40 governos na América Latina no século 20. As relações entre Irã e Cuba são antigas e sólidas. A relação entre Venezuela e Irã é inerente, haja vista a OPEP.

A ação externa iraniana deu uma guinada com Ahmadinejad em 2005: ele intenta se aproximar de toda a América Latina, para atenuar o isolamento político e econômico imposto ao seu país pelos americanos e europeus e pelo cerco que lhe impõe Israel. Hugo Chávez abriu as portas para Ahamadinejad na Bolívia, Equador, Paraguai e Nicarágua. Mesmo "independente" a ação do governo brasileiro tende a ser lida, do ponto de vista internacional, nesse contexto chavista.

Venezuela, de Chávez, e Irã, de Ahamadinejad, são países antissemitas e antiamericanos. Na verdade, existe relativamente pouco comércio entre os países latino-americanos com a antiga Pérsia, na casa 35 bilhões de reais. O que há é uma articulação política por meio da economia – com base ainda em estilemas da Guerra Fria e marcada, sobretudo, pela Guerra contra o terror. O Hezbollah é milícia paramilitar libanesa islâmica. Aflorou com a invasão israelense ao Líbano em 1982.

Ele – considerado terrorista pela ONU – atua livremente no Paraguai de Fernando Lugo e de seu ministro Alrejandro Hamed Franco, um de seus captadores de recursos. A Argentina se exclui desse panorama "bolivariano" em razão dos atentados terroristas antissemitas em Buenos Aires em 1994 no centro judaico AMIA; as investigações apontaram a presença de agentes iranianos nele.

Com a eleição de Barack Obama (apoiado, de modo aberto, ainda em campanha por Luiz Inácio Lula da Silva) faz ainda menos sentido a presença de Ahmadinejad oficialmente em Brasília. O comércio entre os países dar-se-ia sem a presença desse presidente, que – segundo a comunidade internacional – fraudou sua reeleição e se valeu de todos os mecanismos de repressão para calar os seguidores de Hossein Mousavi – o candidato "derrotado".

O Irã é um país de jovens de menos de 30 anos. É improvável que – com a internet – a Revolução de 1979 permaceça por mais muito tempo no poder. O Hezbollah – apoiado pelo Irã – possui bases na Venezuela. O Brasil protesta contra as bases americanas na Colômbia, com razão, mas, sem qualquer coerência, cala-se ante as bases do Hezbollah. Haja pragmatismo.

Em novembro de 2008, o Brasil solicitou ao Conselho de Segurança da ONU o arquivamento do dossiê sobre armas nucleares do Irã, pleiteando igualmente que ele permitisse o enriquecimento de urânio por Teerã. Imagino que queira garantir a bomba atômica para Hugo Chávez (que se encontrou sete vezes com Ahamadinejad em 2008) e, assim, criar pânico generalizado. O Palácio do Planalto apoia o programa nuclear iraniano, em termos oficiais. De acordo com a imprensa mundial, os membros do Hezbollah são poderosos comerciantes de DVDs e CDs piratas em toda a América do Sul – são contrabandistas mormente baseados na Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina.

A visita de Ahmadinejad acentua a linha de trabalho Sul-Sul – teoricamente correta – adotada pelo Brasil. Mas Ahmadinejad negou a existência do Holocausto, asseverando que ele foi utilizado como pretexto para "constranger a Alemanha". Ele ataca o Holocausto em virtude da existência do Estado de Israel, concluindo: "os judeus do mundo inteiro foram encorajados a emigrar para os territórios palestinos". Quer o fim do Estado de Israel e retroalimenta os judeus ortodoxos – bastante equivocados também, perpetuando o conflito israelo-palestino.

A Queda do Muro de Berlim foi inspirada na paz perpétua de Emmanuel Kant. Ahmadinejad executa homosexuais, frauda eleições, tortura opositores políticos, sustenta economicamente países falidos como Cuba e Nicarágua, para transformá-los em massa de manobra geopolítica. Com a retirada do projeto de escudo antimísseis da Polônia por parte dos Estados Unidos, a Rússia deixou de ser aliada automática de Ahmadinejad. Condenou à época oficialmente sua negação do Holocausto. A China é a maior credora dos Estados Unidos em profunda depressão econômica – as duas maiores economias do mundo estão interligadas umbilicalmente.

Por isso, não se compreende bem a insistência do governo brasileiro em receber um ditador, o que, inclusive, viola o compromisso do país com a Carta de Direitos Humanos da ONU e degrada sua positiva intervenção em Honduras. A única hipótese que legitima essa visita é a de o Brasil tentar engajar o Irã em negociações internacionais que, por um lado, interrompam seu programa de armas nucleares, seu antissemitismo, sua tirania, e que por outro – concomitantemente – façam suspender as sanções norte-americanas e impeça Israel de "produzir" mais colônias e ódios. Caso contrário, vai parecer aos olhos da comunidade internacional que, neste ponto, o Brasil tornou-se massa de manobra de Chávez.

Prefiro Omar Kaiyyam (1048-1131) – o grande poeta persa – que escreveu o seu transmilenar Rubaiyat em farsi: “Que vale mais? / Exame de consciência / sentado na taverna?,/ ou prostrar-se submisso numa mesquita? / Pouco me importa / O Senhor / e o destino que me reserva”.



Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica








Lula acumula: -Aposentadoria por invalidez,aposentadoria de Aposentadoria por invalidez,Pensão Vitalícia de "perseguido político" isenta de IR,salário de presidente de honra do PT,salário de Presidente da República.Você sabia???

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