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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Como a polícia de Arruda reprime manifestação pacífica


Fotos de Ana Carolina Vincentin

A Polícia Militar do Distrito Federal entrou em confronto nesta quarta-feira com estudantes que fazem manifestação pró-impeachment do governador José Roberto Arruda (DEM) , acusado de comandar esquema de corrupção no DF.

Os policiais usaram bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e gás de pimenta contra um grupo de cerca de 300 estudantes que protestava em frente ao Tribunal de Justiça (TJ-DF).

Manifestantes foram presos e, segundo o comando do movimento, cinco feridos foram levados para hospitais. Os cavalos da PM passaram por cima de alguns deles.

Leia mais em Manifestantes pró-impeachment do governador Arruda entram em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal

(Comentário de Gabriela Cunha, moradora de Brasília, chocada com o que viu: "Que horror! Precisava mesmo de uma cavalaria pra cima de manifestantes desarmados? Havendo mulheres, crianças e idosos? Só com a justificativa de que "pararam o trânsito"? Ora, até motoristas os estavam apoiando... O governo Arruda perdeu mesmo qualquer moral e que levar na força".)

Atualização das 19h18 - Depoimento de Jaciane Milanezi, estudante da UnB:

"Eu e uma colega da UNB seguimos às 10h para a manifestação contra a corrupção em frente ao Buriti. Vale sublinhar que foi uma manifestação organizada por todos e para todos: partidos, sindicatos, estudantes e cidadãos. Para todos que não toleram corrupção, que não toleram "quem rouba, mas faz"; para quem sabe que política é a discussão e a ação ao que é relacionado à sociedade e não ao interesse próprio.

Até às 11h30 estávamos todos na Praça do Buriti ouvindo discursos. Depois, com o objetivo de mostrar mesmo à população que é necessário se manifestar de alguma forma contra a corrupção, paramos o trânsito no sentido Buriti-JK.

Nesse momento, cartazes eram levantados, apitos eram ouvidos, coros eram feitos. Ou seja: o que se entende por uma manifestação política. A polícia, que cercava todo o Palácio do Buriti [sede do governo local], começou a redirecionar o trânsito. Até então, tudo tranquilo: cidadãos se manifestando e o trânsito sendo reorganizado. Vale mencionar, que os carros passavam buzinando e se manifestando contra a corrupção também.

Pouquíssimo tempo depois, tive a impressão de que a manifestão política foi confundida com banditismo, pois logo a Cavalaria da polícia se posicionou em torno da gente. Pergunta: pra quê isso contra uma manifestão política? Será que nosso governador corrupto deu ordem para dispersar a manifestão contra ele? O que fizemos? Apenas sentamos no chão e continuamos com nossos coros e cartazes.

Seguimos para o outro lado, sentido TJDFT-Parque. O que fizemos ao parar ao trânsito: coros, cartazes, apitasso. E os carros parados? Começaram a buzinar em protesto também. Logo a polícia redirecionou o trânsito e os carros puderam seguir. Só que a Cavalaria seguiu para o outro lado também e começou a amedrontar os manifestantes. Correram duas vezes com seus cavalos e seus cacetetes para quê?

Dispersar uma manifestação política que àquela altura não atrapalhava nem mais o trânsito?

Mas não bastava a Cavalaria. Precisava do BOPE. Alguns estudantes foram conversar com os policiais e esses solicitaram que deixássemos a pista em 10 minutos. Em que época se manifestar politicamente tem hora marcada pela Polícia? Decidimos sair e seguir em direção à Rodoviária pelo gramado. E o que fez o BOPE? Continuou cercando a todos, evitando que seguíssemos para a Rodoviária.

Não houve opção a não ser irmos para a pista, novamente no sentido Buriti-JK. Não chegamos a parar os carros. Ficamos circulando entre eles com os cartazes e os coros. Muitos carros diminuíram a velocidade, buzinaram, pegaram adesivos, etc.

Foi nesse momento que BOPE e a Cavalaria pararam o trânsito e, acho eu, acreditando estarem lidando com bandidos, começaram a vir para cima dos manifestantes com bombas e todo o arsenal. Um manifestante foi pego, machucado, levado para o gramado.

Alguns cinegrafistas da imprensa estavam bem próximos filmando toda essa cena e os policiais do BOPE começaram a bater neles e lançar bombas para que não conseguissem mais filmar. Eu estava atônita: o Estado, com o uso da força, impedindo a imprensa de narrar os fatos ao resto da sociedade! Que democracia é esta?

A relação entre a quantidade de policiais e a quantidade de manifestantes era tão desproporcional que eu me indagava o tempo todo: que instituições democráticas são essas que se utilizam da força em uma manifestação política? Por que não optaram em redirecionar o trânsito e assegurar a manifestação? Por que inibir a manifestação?

Meus queridos, não achem que apenas discutindo no elevador, no cafezinho, ao telefone, a corrupção irá acabar. Percebemos que o Arruda está se utilizando de toda a máquina pública, mesmo após os escândalos, a seu favor.

Ontem, muitas Administrações Regionais bancaram a ida de apoiadores à Câmara Legislativa. Hoje, todo o aparato policial contra um grupo de cidadãos. Ao mesmo tempo, os parlamentares corruptos abafam os pedidos de impeachment. O DEM, prefere aguardar. E vocês, vão aguardar o Natal para terem o que conversar na ceia: "Poxa! Você viu? E o Arruda, hein? Nada aconteceu de novo! Esse país! Não tem jeito mesmo!"

Não se esqueçam que um país é feito de pessoas, é construído na base das atitudes individuais e coletivas. Não aguardem apenas o momento das eleições para agir politicamente. A política é muito mais que isso: é o exercício diário em relação à tudo que é comum à sociedade!

Por isso, peço, mais uma vez. Na verdade, imploro: se manifestem! Coloquem um adesivo no carro, uma blusa, uma faixa na janela, saiam de branco amanhã, acompanhem não apenas pela mídia o que está acontecendo. Nenhuma dessas atitudes nos tirará da rotina e nem demandará tempo. Contudo, demonstrará que não somos um povo apático politicamente".











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