A indústria da fofoca na Inglaterra adora a cabeça quente de Amy Winehouse. Um flagra da cantora, seja saindo de casa drogada seja socando em um fã num show, sempre ajudou a vender jornal. Quando não têm um escândalo para mostrar, os tabloides recorrem a informações pouco confiáveis. E as publicam do mesmo jeito.
Foi assim que personalidade inflamável da cantora apareceu na capa do Daily Mirror, em março: “O drama do fogo no cabelo de Amy Winehouse”. Segundo a reportagem, a cantora recebia amigos em casa quando a faísca de uma caixa de força incendiou sua longa cabeleira. A história correu o mundo. Mas era mentira.
O “informante” do jornal era Chris Atkins, um documentarista inglês que havia dedicado seus dois últimos anos a estudar os bastidores dos tabloides, oferecer histórias falsas de famosos para jornalistas - e gravar tudo com câmera escondida. O drama incendiário de Winehouse era uma armadilha. Chris Atkins provara a falta de credibilidade da imprensa sensacionalista. “Fiz isso para as pessoas rirem das notícias ridículas e lamentarem a falta de responsabilidade dos tabloides”, diz.
Atkins reuniu todos os trotes no documentário Starsuckers, que acaba de estrear na Inglaterra. Sua estratégia era criar histórias com um mínimo de credibilidade e vendê-las aos jornais. Quatro tabloides cairam no golpe: The Sun, Daily Mirror, Daily Star e Daily Express. Nenhum deles exigiu alguma prova concreta ou foto dos relatos. “Nem telefonaram para os agentes dos artistas”, diz Atkins. As histórias que ele inventou e vendeu envolvem o cineasta Guy Ritchie, ex-marido de Madonna, a cantora Sarah Harding e outras celebridades de quem os ingleses gostam de ler a respeito.
Atkins também fingiu ser ex-namorado de uma funcionária de uma clínica estética disposta a compartilhar segredos em troca de dinheiro. Ele marcava encontros com jornalistas e gravava tudo com câmera escondida. Na clínica, que nunca existiu, o ator Hugh Grant teria feito uma lipoaspiração e a atriz Gemma Arterton planejado uma redução de estômago. Uma jornalista do News of the World disse que seu jornal pagaria até 80 mil libras (cerca de R$ 228 mil) caso aquilo rendesse uma polêmica duradoura. Um repórter do Sunday Mirror pediu que Atkins conseguisse documentos para provar a veracidade das cirurgias e consultas. O órgão regulador da imprensa britânica proíbe o comércio e a publicação de informações como o prontuário médico.
Depois da revelação da farsa de Atkins (que afirma não ter aceitado o dinheiro oferecido pelos jornais), o Ministério da Justiça britânico sugeriu uma nova legislação contra a invasão de privacidade. Processos contra tabloides são comuns na Inglaterra, mas a multa máxima de 5 mil libras estipulada pela lei atual contra o crime de tráfico de informação é ineficiente - o valor é irrisório comparado ao lucro dos jornais. O governo propôs uma pena de dois anos de prisão. Apesar da oposição dos meios de comunicação, haverá um debate sobre a mudança da lei.
Na Inglaterra, escândalos valem ouro. “O povo inglês gosta muito dos tabloides porque vê neles o retrato completo de sua sociedade, ainda que sem críticas”, diz Martin Conboy, autor do livro Tabloid Britain. O jornalismo popular é um sucesso na Inglaterra desde a década de 1860, quando o país já contava com 1.100 jornais. Para boa parte dessas publicações, a matéria-prima era e continua sendo a vida privada de pessoas famosas. A mania de bisbilhotar e especular virou um filão rentável da mídia - e não só na Inglaterra.
Recentemente, o apresentador de TV norte-americano David Letterman virou notícia por ter sido vítima de uma tentativa de extorsão. Sob a ameaça de revelar provas das relações sexuais de Letterman com mulheres que trabalharam em seu programa, o chantagista Robert Halderman teria exigido US$ 2 milhões. Letterman chamou a polícia. Halderman foi detido e pode pegar até 15 anos de prisão. Mas o apresentador foi obrigado a admitir que teve relações com funcionárias. Os fofoqueiros de celebridades que costumam mentir, neste caso, diziam a verdade.
Para provar que a veracidade de uma notícia se torna um mero detalhe quando sua audiência está garantida, o jornalista e cineasta brasileiro Ricardo Kauffman inventou um personagem para caçoar da mídia brasileira. Seu documentário O Abraço Corporativo, exibido durante a última Mostra de Cinema Internacional de São Paulo, narra a história de um suposto consultor de recursos humanos que procurava jornalistas para vender uma invenção: a terapia do abraço corporativo. O “consultor” Ary Itnem (o nome, lido ao contrário, parece a palavra mentira) dizia que abraçar colegas de trabalho podia resolver problemas de relacionamento dentro das corporações. Com a mentira, Ary participou até programas de televisão, deu entrevistas na rádio e teve matérias publicadas em diversos jornais e revistas brasileiros.
Lula acumula: -Aposentadoria por invalidez,aposentadoria de Aposentadoria por invalidez,Pensão Vitalícia de "perseguido político" isenta de IR,salário de presidente de honra do PT,salário de Presidente da República.Você sabia??? Sphere: Related Content