Renan Gouvêa
A produção garante o sustento para a família das gêmeas e para outras 15 domésticas que moram na favela do Monte Alegre. Elas participam do projeto ''Salve a Natureza'', idealizado no início de 2008 pelas ex-catadoras.
Neste projeto, as mulheres da favela em que vivem cerca de 8 mil pessoas aprendem gratuitamente a não apenas reciclar o lixo, mas sim a reaproveitá-lo o máximo possível. Elas vão individualmente ou em grupos para aprender com as irmãs. ''Sobrevivemos com o dinheiro do lixo e sabemos que outras pessoas também precisam sobreviver. Temos pessoas honestas aqui, que não precisam roubar'', disse Claudete.
Elas contam que a ideia de usar a criatividade para inovar com o lixo surgiu quando os detritos se acumulavam em frente da casa delas, perto da favela. O lixo recolhido por elas tinha uma recicladora como destino final, com lucro mensal de R$ 600 para as duas.
Hoje, Claúdia e Claudete não mandam o material para a recicladora. Usam o papelão e arames, por exemplo, para transformá-los em um abajur com rótulo de ecologicamente correto devido à obra prima utilizada. ''Nunca pensei que o lixo fosse tão rico'', afirmou Cláudia.
Outros objetos que rendem pedidos das pessoas são carteiras, pastas executivas, brincos e bolsas, todos feitos com coador de café, sucatas e plásticos. As tampas de garrafas, com o uso da criatividade, transformam-se em enfeites de palhaços. Já as garrafas são a base de um corpo de bonecos em que dentro são colocados chocolates para as crianças.
O trabalho feito pelas gêmeas e pelas demais mulheres não é vendido para nenhuma cooperativa. Elas usam a estratégia de venda de porta em porta nas casas de Ribeirão Preto. Já no bairro, para chamar a atenção das pessoas, elas penduraram no portão de madeira em frente de casa um robô feito com galão de água, com a frase ''Salve a Natureza'' escrita no coração. ''Elas garantem que ganham um pouco mais da metade do que ganhavam com o reaproveitamento.
Uma das pessoas beneficiadas com o projeto é a diarista Rosangela Sena: ela deixou a favela quando recebeu uma casa com prestação mensal de R$ 50 pagos com o dinheiro do reaproveitamento do lixo.
Ribeirão Preto recicla apenas 4% das 500 toneladas diárias de lixo. Antes do projeto, todos os resíduos eram depositados num aterro com vida útil esgotada. Por este motivo, aliado à iniciativa das ex-catadoras, elas receberam no final do ano passado certificados de Cidadania de ONGs, de clubes e da prefeitura em reconhecimento aos seus esforços.
Quem ganha com a iniciativa, segundo Sônia Oliveira, especialista em sustentabilidade da USP de Ribeirão Preto, não é apenas o meio ambiente e sim também a comunidade local. ''Uma parcela mínima da sociedade vive do reaproveitamento do lixo. O Brasil e o mundo precisam de ações sustentáveis em que o meio ambiente e a sociedade como um todo seja os maiores beneficiados'', explica.
* Renan de Carvalho Gouvêa é aluno da Universidade de Ribeirão Preto.
Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica
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