Sistema que descobre 'passado' do carro a partir da placa entra em teste em Contagem (MG)

Rayder Bragon
Especial para o UOL
Em Contagem (MG)

Um novo sistema de detecção de placas de veículos que acusa em tempo real a situação do carro no Departamento de Trânsito (Detran) de Minas Gerais, como por exemplo a existência de débitos como o IPVA, excesso de multas, além de averiguar se o carro fora roubado ou clonado antes mesmo de o motorista ser parado em fiscalizações de rua, está em fase de teste na cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A tecnologia, denominada de OCR, faz a leitura da estrutura dos números e letras constantes das placas de veículos por meio de feixes de laser e pode captá-las a uma distância de 70 metros de onde está instalado o aparelho.

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  O aparelho que está em teste em Contagem (MG) é capaz de tirar fotos de nove carros em fila indiana no tempo de 1 ou 2 segundos

Alimentado diariamente com dados do Detran, o sistema faz a comparação da foto registrada com a ficha existente do carro no órgão. Havendo discrepância entre a foto e os dados, o agente aciona os colegas para que o veículo seja interceptado adiante.

O aparelho mede a velocidade na qual o veículo trafega, identifica a cor, a marca e o modelo, além de fornecer o nome do proprietário.

Como o medidor é instalado previamente a cerca de 300 metros do local onde está montada a blitz que irá fazer a fiscalização, e as fotos são transmitidas em tempo real a um notebook instalado em um dos carros da polícia, os idealizadores acreditam que o novo sistema dinamizará as fiscalizações de trânsito na cidade.

A promessa de tornar as blitze feitas nas ruas da cidade "mais inteligentes" é um dos motivos que levaram a Transcon - órgão da prefeitura que fiscaliza e gerencia o trânsito do município - a operar conjuntamente com policiais militares do município o novo aparelho.

Hermiton Quirino, superintendente da Transcon, explica que o sistema só pôde ser implementado em caráter experimental após ser firmado convênio entre o município de Contagem e o Detran de Minas Gerais, que detém os dados que serviram de subsídio às fiscalizações de trânsito.

"Eu venho acompanhando a exibição técnica deste aparelho há dois anos, mas só agora pudemos colocá-lo em prática. Os testes são realizados para que possamos averiguar a capacidade do aparelho. Se ficar abaixo de 70% de captação das características dos veículos, não iremos utilizá-lo", disse.

Segundo Quirino, o aparelho em teste é capaz de tirar fotos de 9 carros em fila indiana no tempo de 1 ou 2 segundos.

"O fabricante garante essa margem, mas nós precisamos fazer os testes para vermos se isso é real. Também precisamos testá-lo em horários diferentes, com a incidência do sol sobre o aparelho, em dias de chuva e à noite, detecção de placas amassadas, para assim verificamos todas as probabilidades", explicou.

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  Durante a operação feita pela Polícia Militar, um trator que pertence a uma empresa que presta serviços à Prefeitura de Contagem, foi parado por estar transportando sem a mínima segurança seis pessoas na boléia, além do motorista. O trator não tinha identificação, além de, segundo a polícia, o motorista não ser habilitado para dirigi-lo. Segundo o tenente Tiago Marcoline, da 1ª Companhia de Missões Especiais da Polícia Militar de Contagem Marcoline, esse tipo de veículo só pode transitar em via pública mediante autorização especial ou ser transportado em cima de caminhões.

Avaliação das multas
Para o tenente Tiago Marcoline, da 1ª Companhia de Missões Especiais da Polícia Militar de Contagem, que comandou blitz acompanhada pela reportagem do UOL, a vantagem oferecida pelo sistema vai mais além.

"A tecnologia permite que você verifique carros que omitirem socorro em caso de acidentes, porque, em alguns casos, se o condutor foge do local do acidente sem prestar socorro, em caso de atropelamento, por exemplo, e alguém anota a placa do veículo, ele poderá ser detido em fiscalizações posteriores, após o sistema apontar esse tipo de ocorrência na qual o motorista está incurso", disse.

Outra possibilidade apontada por Marcoline é a avaliação da quantidade de multas que recaem sobre o veículo detectado na blitz, além da possibilidade de os policiais que participam das fiscalizações não serem pegos de surpresa.

"Com certeza, veículos que apresentam um elevado número de autuações são candidatos preferenciais a serem parados para averiguações. Outro fator positivo é que podemos nos preparar previamente antes de abordarmos os condutores. No caso de um carro roubado ou clonado, já saberemos qual será o tipo de ação que será empregada", frisou.

Os testes vão até o dia 26 de agosto, quando a Transcon pretende estar com o banco de dados completo, o que incluirá, além das características do veículo, a documentação do proprietário.

Durante a fiscalização de ontem, quinta-feira (31 de julho), os militares fiscalizaram cerca de 70 veículos com registro de ocorrências anteriores que apareceram no sistema. Desse montante, cinco apresentaram problemas de documentação.

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