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domingo, 3 de janeiro de 2010

Adriana Esteves teve que sentir muita coragem e não ter medo do cafona viver Dalva












POR FABIO DOBBS

Rio - Conhecida como Rainha da Voz, Dalva de Oliveira morreu em 1972 vítima de um câncer e seu enterro parou o Rio de Janeiro, fazendo 100 mil pessoas saírem às ruas cantando ‘Bandeira Branca’ para o último adeus ao ídolo. Na época, Adriana Esteves tinha apenas 3 anos, mas isso não impediu que a atriz crescesse embalada ao som da cantora. “Não conhecia a fundo, mas ouvia muito porque meus pais eram fãs. Eles sempre falavam dela”, lembra Adriana, que, 37 anos depois, incorpora a estrela na minissérie ‘Dalva e Herivelto’, que estreia amanhã depois de ‘Viver a Vida’.

Na cadeira do maquiador, a atriz leva uma hora e meia para se transformar. Os cabelos louros e escorridos receberam tintura mais escura, aplique e tiveram a raiz encrespada. Os olhos ganharam lentes esverdeadas e Adriana teve que se entregar sem pudores. “A Dalva tinha coragem de expor seus sentimentos, de falar, de colocar o coração para fora. Daí pensei: ‘Eu também deveria ter coragem de fazer essa mulher, não ter medo do cafona, não criticar em nenhum minuto. Não tem como falar da verdade de alguém se você não procura a sua maior verdade. A humildade é importante para isso”, filosofa a atriz.

Foto: Divulgação

A história, escrita por Maria Adelaide Amaral, conta a vida de Dalva dos 18 aos 55 anos. Por isso, Adriana teve que passar, na fase final da minissérie, por uma maquiagem de envelhecimento. “Tenho me visto bastante envelhecida, faz parte da vida. Com 20 anos, se eu fizesse um envelhecimento, não ia bater em nada. Com 40 — completados no dia 15 de dezembro —, na hora que inicio a maquiagem, já começo realmente a envelhecer”, reflete.

A idade não trouxe apenas as rugas, mas também o amadurecimento necessário para viver uma personagem tão complexa. “A bagagem emocional contribui para você ter um olhar do mundo, sobre a música dela, mas não precisa ter passado por tudo isso, você pode ter a hipótese. Ela era uma mulher muito sensível, delicada, frágil, mas ao mesmo tempo muito forte. Passou pelas brigas domésticas e tudo o que Herivelto a expôs sozinha. Estamos falando de 1949, imagina nessa época uma mulher que se desquita, se casa com outros homens. E o terceiro casamento foi com um homem extremamente mais jovem. Além disso, toda a história virou capa das revistas e jornais da época”, conta a atriz.

Entre os fatos mais dramáticos está a separação conturbada de Dalva e Herivelto. “Ele teve durante muitos anos um caso com outra mulher (a aeromoça Lurdes, vivida na minissérie por Maria Fernanda Candido). Tive cenas em que ela se humilha pelo amor de Herivelto. Ela sofreu um acidente muito grave de carro em 1965, ficou com uma cicatriz no rosto exatamente na hora que surgiu a TV e complicou para ela as apresentações. Ela se fragilizou pela bebida, a idade e o fracasso amoroso”, diz Adriana.



Para compreender ainda mais a emoção de Dalva, a atriz teve a ajuda musical de Maria Bethânia. “A primeira coisa que pensei na hora de elaborar o estudo para apresentar esse trabalho foi num depoimento da Bethânia falando que a Dalva tinha coragem de cantar no palco as coisas que fazia na vida. Era corajosa para viver intensamente. Bethânia tinha respeito e admiração por Dalva. Quando venho dirigindo para o estúdio é o CD dela que coloco e venho cantando pelo caminho. Até na maquiagem eu ouço Bethânia e daí o Paulinho (Azevedo), que cuida do meu cabelo, fala logo: ‘Chegou minha Dalva’”.

Mas Adriana só teve a confirmação exata de que tinha assimilado o espírito de Dalva de Oliveira quando Vicente, seu filho de 3 anos com o ator Vladimir Brichta, a confundiu com a cantora. “Estava no computador estudando a personagem e escutando uma canção. Meu pequeno ouviu e falou: ‘Tá trabalhando?’ E eu perguntei: ‘Você sabe quem é que está cantando?’ E ele falou: ‘É você não é mamãe?’ Já escuto e canto tanto a Dalva que o confundi”, diverte-se.

Mas apesar de já ser confundida com a cantora pelo filho, Adriana não vai soltar a voz na minissérie. “Tive aula de canto, mas não vai ser a minha voz que os espectadores vão ouvir. Vai ser a da própria Dalva. Faço todo o trabalho de dublagem para interpretar e cantar porque são muitas músicas”, avalia.

Do repertório, Adriana elege ‘Que será?’ uma das mais belas e que ficará na memória, além de muitas outras experiências. “Eu me enriqueci muito, o que poderia levar anos para conhecer. Aprendi muito da história de Dercy Gonçalves, Francisco Alves, Linda Batista. Foi um intensivão”, reconhece a atriz, que depois desse trabalho pretende passar o verão de férias com a família.

Realizada no ano de 2009

No balanço que faz do ano que passou, Adriana Esteves acredita que cresceu profissionalmente. No ‘Toma Lá, Dá Cá’, como a Celinha, ela teve a oportunidade de pela primeira vez experimentar seu lado humorista e na minissérie exerceu sua veia dramática. “‘O Toma Lá, Dá Cá’ era um dia delicioso de descanso e que me abastecia. Vivi dois extremos. Estou num momento de agradecimento profundo de ver que nada é em vão e estou colhendo o fruto desse trabalho”, avalia. Na vida pessoal, o momento também é perfeito. “Poder conciliar toda esse trabalho e ainda ter tempo para meus filhos foi ótimo. Minha família é meu diamante”, afirma.










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