Déficit de trens e defeitos em composições defasadas aumentam superlotação e tumulto. Problemas devem continuar
POR AMANDA PINHEIRO, RIO DE JANEIRO
Rio - Os últimos 20 dias foram de caos no metrô. Pelo menos sete panes causaram atrasos, agravando o problema da superlotação. Pessoas passaram mal e até a polícia foi chamada. A concessionária Metrô Rio avisa que os contratempos vão continuar, porque os trens, fabricados há quase 40 anos, estão defasados. E, como os carros não estão preparados para suportar o calor, os trens da Linha 2, expostos ao sol na superfície, poderão voltar a ter falhas no ar condicionado.
Superlotação na plataforma e no hall da estação Estácio quinta devido à pane na partida de composição
“Já vi gente passar mal e até se machucar. Espero uma hora e meia para deixar o trabalho e pegar o metrô menos cheio. Mesmo assim, sentada, nem pensar”, conta a secretária Isabel Lopes, 27 anos, que usa diariamente as duas linhas para ir e voltar de Inhaúma à Carioca.
A empresa alega que o estado, nas duas gestões anteriores, não investiu em novos trens, como previa o contrato. Os 182 carros são reformados conforme a necessidade — por exemplo, para consertar a porta.
“Uma porta que não fecha impede que o maquinista siga viagem, obrigando o passageiro a descer e esperar outra composição. Isso gera mais lotação”, explicou o diretor de Relações Institucionais da Metrô Rio, Joubert Flores, admitindo que a frota atual é insuficiente. “Os reparos constantes, necessários por segurança, aumentam o intervalo”, acrescenta.
Os problemas se agravaram em 14 de outubro. O trem parou 9 minutos na Estação Glória, por falha mecânica. No dia seguinte, a Cantagalo fechou por 15 minutos para manobra. Quarta-feira, defeito na Linha 2 levou 11 minutos para ser reparado e revoltou passageiros numa superlotada Estação Pavuna. Quinta, uma mulher foi socorrida por bombeiros, depois de tumulto na Estácio, onde houve nova pane ontem.
Segundo a empresa, a solução são as 19 novas composições já adquiridas. Mas o alívio só virá a partir de 2011, quando chega o primeiro trem.
PROBLEMAS A QUALQUER HORA
Segundo a concessionária Metrô Rio, o horário de rush é das 6h30 às 9h30 e das 16h às 20h30. Mas não é preciso hora marcada para testemunhar os problemas no metrô. Por volta das 10h30 de ontem, na Linha 2, só era possível embarcar empurrando os passageiros, cena comum nas estações do Centro entre 17h e 19h. “É desumano o que fazem com quem depende do metrô. A empresa tem obrigação de oferecer um serviço melhor e o estado, de cobrar essa responsabilidade”, critica o passageiro José Ady, 54.
O engenheiro de Transportes da Coppe/UFRJ, Hostilio Ratton Neto, diz que a concessionária precisa investir mais no sistema: “Sem contar que o estado foi omisso por muito tempo. Falta planejamento urbano e melhorias também nos outros sistemas de transporte”.
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