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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Cadê a valentia?

A opinião pública partiu para cima do pai e da madrasta com gosto de sangue na boca. Delegados, vizinhos, populares, leitores, telespectadores gritaram “assassinos”, deram chute em camburão, cercaram prédio, o diabo.

Pergunta-se onde está essa bravura agora, no caso da milícia que torturou barbaramente jornalistas cariocas numa favela em Realengo. São circunstâncias completamente diferentes, mas… Não são os bons e velhos direitos humanos sendo ameaçados? Cadê a militância?

Tem até gente escrevendo por aí que os jornalistas não tinham nada que se enfiar naquele buraco, que a mídia é que expõe demais seus profissionais, assim como chegaram a dizer que a TV Globo era responsável pela morte de Tim Lopes. A opinião pública escolhe seus culpados de acordo com a sua própria covardia.

Procuram-se manifestantes, articulistas, leitores, vizinhos, delegados e populares indignados dispostos a mostrar sua cara no crime de Realengo, com uma pequena fração da valentia com que investem contra um casalzinho de classe média.


Guilherme Fiuza
Jornalista, é autor de Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme. Escreveu também o livro 3.000 Dias no Bunker, reportagem sobre a equipe que combateu a inflação no Brasil. Em política, foi editor de O Globo e assinou em NoMínimo um dos dez blogs mais lidos nessa área. Este espaço é uma janela para os grandes temas da atualidade, com alguma informação e muita opinião.

(BRAVO! BRAVO!)

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