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O pronunciamento surge em meio à polêmica provocada principalmente pelas agressões sofridas por camponeses que se encontrariam com Morales na cidade de Sucre, durante uma festa cívica regional.
O presidente boliviano cancelou sua visita a Sucre, mas isto não impediu que manifestantes opositores levassem vinte camponeses seminus até a praça central da cidade, onde foram obrigados a beijar o chão e gritar palavras de ordem contra o governo.
"Estes incidentes violentos são incompatíveis com o respeito aos direitos humanos, ofendem a dignidade humana, os direitos à integridade pessoal e (ao direito de) não ser submetido a tratamento desumano e/ou degradante", disse um comunicado do Alto Comissionado da ONU para os Direitos Humanos.
Esta foi a primeira condenação de um órgão independente à violência política na Bolívia, a pouco mais de dois meses dos referendos revogatórios simultâneos do presidente e dos governadores de nove Estados.
O órgão internacional "se opõe especialmente contra o tom de discriminação racial destes acontecimentos", assinalou o comunicado.
O Alto Comissionado para os Direitos Humanos pediu a punição dos responsáveis e que seja estabelecido um diálogo para baixar a tensão política na Bolívia.
Em uma série de atos públicos, o presidente Morales fez somente referências vagas ao que ocorreu em Sucre, que reanimou a tensão em sua ampla disputa contra os setores conservadores que tentam bloquear mudanças na Constituição.
Os dirigentes cívicos de Sucre, alinhados a líderes de direita que desafiam Morales com processos de autonomia em quatro Estados, lideram há mais de um ano um movimento para fazer com que a sede do governo nacional seja transferido para a cidade, saindo de La Paz.
Essa exigência causou tensões que quase levaram a Assembléia Constituinte ao fracasso. Ela foi feita em Sucre entre agosto de 2006 e novembro de 2007, antes de ser forçada a mover-se para a cidade de Oruro, onde foi aprovada uma nova Carta Magna, que ainda não entrou em vigor.
Os Estados defensores da autonomia, liderados pelo rico distrito agrícola-petrolífero de Santa Cruz, se opõe à Constituição "plurinacional" de Morales, que quer dar mais poder aos indígenas e estabelecer as bases de um governo socialista. Sphere: Related Content
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