Contudo, parece, como bem define José Arbex Jr. em seu livro Showrnalismo- a notícia como espetáculo, que a mídia, ou pelo menos boa parte dela, está mais interessada em transformar fatos em espetáculos. Em outras palavras, a transformação da notícia em um espetáculo midiático, que só busca audiência, no lugar de transmitir a informação de forma refletida: "`Fatos´ e `notícias´ não existem por si só, como entidades ‘naturais’. Ao contrário, são assim designados por alguém (por exemplo, por um editor), por motivos (culturais, sociais, econômicos, políticos) que nem sempre são óbvios"- ressalta Arbex. Todavia, simplesmente afirmar que a mídia espetaculariza, banaliza e faz perguntas óbvias, sem sentido e fora de contexto seria leviano. Vamos aos fatos. Se somarmos o tempo dedicado até agora pelos veículos à cobertura da morte de Isabella Nardoni, chegaremos rapidamente à conclusão de que ele poderia ter sido dividido com outros fatos que também interessam à sociedade e, muitas vezes, sequer são noticiados. A maioria das matérias relembra detalhes da reconstituição que já foram exaustivamente mostrados pela mídia. Um determinado canal da TV por assinatura, apenas para citar um exemplo, dedicou praticamente sete horas à cobertura da reconstituição feita pelos peritos no edifício London, de onde a menina, de um apartamento do sexto andar, foi atirada. Isso mesmo: sete horas! E esse canal não foi o único a dedicar tamanho espaço à reconstituição. Pois bem, as citadas sete horas nos levam a pensar que a cobertura se confundiu com um desses seriados norte-americanos que têm como tema a violência, a criminalidade. Contudo, não se tratava de um seriado, mas de uma cobertura jornalística para um fato de repercussão nacional. Por isso mesmo, de uma cobertura jornalística que deveria ter se fixado nos fatos em si e se afastado de todos os ingredientes que pudessem levá-la para o caminho do espetáculo. Lamentavelmente, não foi isso que aconteceu.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
O caminho do espetáculo
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ISABELLA
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