GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A base aliada do governo na CPI dos Cartões Corporativos comemorou nesta quarta-feira a apresentação dos sub-relatórios dos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) sem pedir o indiciamento dos envolvidos no dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os governistas afirmaram que, ao não criminalizar a montagem do dossiê, a oposição incorporou as explicações da Casa Civil de que houve apenas um "banco de dados" com informações da gestão tucana.
"Os sub-relatores reafirmaram a minha convicção de que o dossiê serviu para a disputa política, mas não há um dado consistente para incriminar quem quer que seja na Casa Civil. Continuo com a minha convicção de que o que foi chamado de dossiê não foi elaborado no Palácio do Planalto", disse o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da comissão.
A Folha Online apurou que, entre os governistas, o clima foi de comemoração com os sub-relatórios da oposição. Alguns integrantes da base aliada chegaram a afirmar que Costa e Sampaio 'levantaram a bola' para o governo ao não criminalizarem o dossiê.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), os sub-relatórios são uma "prova inequívoca" de que não houve montagem de dossiê pelo governo. "Eles afastaram todos os fantasmas sobre a presidência da República. É uma prova inequívoca de que o dossiê não existiu e que a ministra Dilma Rousseff [Casa Civil] e a Erenice Guerra [secretária executiva do órgão] não tinham nada a ver com isso", afirmou.
Nos sub-relatórios apresentados nesta quarta-feira à CPI, Sampaio e Costa não sugeriram o indiciamento de nenhum dos servidores da Casa Civil envolvidos na montagem do dossiê. Os deputados não chegam a mencionar nos sub-relatórios a ministra Dilma como suspeita de envolvimento na montagem dos documentos, assim como não fizeram nenhuma referência a Erenice Guerra ou Maria de la Soledad Castrillo --servidoras da Casa Civil apontadas como responsáveis pela confecção e coordenação do dossiê.
Sampaio disse que sua disposição era sugerir o indiciamento de José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de controle interno da Casa Civil. Como o servidor já foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investiga a montagem do material, o sub-relator desistiu de recomendar no texto punições ao ex-secretário.
Desabafo
Irritado com o que chamou de "enterro" da CPI, o deputado Vic Pires (DEM-PA) criticou o fato da comissão encerrar os trabalhos na semana que vem sem investigações mais profundas sobre o dossiê. "Não sei o que viemos fazer hoje aqui. A leitura dos sub-relatórios não era necessária, poderíamos recebê-los no papel. Virou velório essa CPI, estamos enterrando essa CPI", enfatizou.
A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), rebateu as críticas do democrata. "Vossa Excelência não tem o direito de dizer isso, sabe que temos prazo regimental para encerrarmos os trabalhos da comissão. Não conseguimos assinaturas para prorrogar a CPI, eu não posso passar um dia além do dia 8 para ela funcionar, que é o prazo regimental para encerrar a CPI", explicou.
Em um desabafo, Serrano disse que "gostaria de ter tido tempo" para investigar a fundo o dossiê --o que não foi possível diante da determinação dos governistas para que a CPI encerre os trabalhos na próxima semana. "Eu gostaria de ter tido tempo de discutir cada um dos itens porque aqui não foi brincadeira, não, foi trabalho de fôlego. Não nos foi dada a oportunidade de ter tempo para discutir esse relatório", enfatizou.
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