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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Concerto faz homenagem ao centenário da imigração japonesa

Orquestra com 30 músicos se apresentou no Teatro Municipal de SP.
Havia brasileiros, japoneses, uma coreana e até um suíço na equipe.
Carolina Iskandarian Do G1, em São Paulo

Foto: Carolina Iskandarian/G1
Carolina Iskandarian/G1
Concerto foi uma homenagem ao centenário da imigração (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Ao término do ensaio, o maestro desejou aos músicos “boa sorte” e “bom concerto”. Falou em português, mas poderia ter sido em japonês, coreano e até alemão que seria entendido. A orquestra que tocou na noite desta quinta-feira (29) no Teatro Municipal de São Paulo era uma miscigenação só. Mas o objetivo era único: homenagear o centenário da imigração japonesa no Brasil.


Veja cobertura completa do centenário da imigração japonesa


A iniciativa foi da Associação Cultural Brasil-Japão, que reuniu 30 músicos para a apresentação. São brasileiros e japoneses, mas havia uma coreana e um suíço na equipe. O tempo foi curto: apenas uma semana de ensaio, mas todos estavam bastante afinados para encantar o público de mil pessoas que teve entrada franca.

O repertório incluiu clássicos de personalidades como Vivaldi, Bach e Mozart. Mas também estavam nas estantes dos músicos notas de canções tradicionais e folclóricas do Japão. Ainda na lista, o nosso hino e o deles.

Diferenças à parte

Foto: Carolina Iskandarian/G1
Carolina Iskandarian/G1
Maestro comanda ensaio com rigidez (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba, Marcos Arakaki foi quem comandou a festa. E, mesmo sendo paulistano (é filho de japonês com brasileira), adotou a disciplina oriental. No ensaio, foi rígido com a marcação, reclamou de entradas adiantadas e da afinação. Mas a satisfação em pisar no palco do Municipal, onde já esteve outras vezes, era clara.

“Estamos bastante felizes com a iniciativa da associação. São músicos excelentes”, afirmou, negando que haja dificuldade em tocar com tanta gente diferente. A maioria se conhece porque já esteve junta em outros concertos, no entanto, Rubens De Donno considerou a noite especial.

“Não é comum no Teatro Municipal ter um concerto com música do Japão. É a minha estréia”, disse ele, que se apresentaria no Teatro Municipal tocando contrabaixo pela primeira vez. Mesmo assim, não aparentava nervosismo, já que estava tocando entre amigos. “Eu me sinto à vontade”.

Foto: Carolina Iskandarian/G1
Carolina Iskandarian/G1
A coreana Ji Yon Shim ensaia no violoncelo (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

A coreana Ji Yon Shim, que veio para o Brasil ainda pequena, também. Só estava um pouco apreensiva antes da apresentação porque tentava consertar uma nota que não estava “afiada” no seu violoncelo. Foi a última a deixar o palco depois do ensaio. Para ela, há algumas sutilezas em tocar com pessoas de tão diferentes culturas. “Na hora de tocar, todo mundo é igual, mas o japonês e o suíço são mais disciplinados. Já os coreanos e os italianos são mais explosivos. Isso complementa a equipe”, disse Ji.

O suíço Andréas Uhlemann é realmente muito contido. Hesitou em dar entrevista e, quando aceitou, foi bastante econômico nas palavras. Recorreu ao passado para dizer que estava emocionado em estar ali. “Fiquei pensando nas pessoas que vieram de barco para cá há cem anos. Isso me emociona”.

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