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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Japão: terremoto separou falha do Pacífico

PARIS — O mortal terremoto de 9 graus que sacudiu o nordeste do Japão em 11 de março causou a separação de uma parte relativamente pequena de uma falha geológica que se estende pelo leito do Pacífico, informaram cientistas em um artigo publicado esta quarta-feira.

O terremoto aconteceu em um trecho da chamada Trincheira do Japão, onde a placa do Pacífico desliza por baixo da placa Okhotsk, sobre a qual fica o arquipélago japonês.

Dados fornecidos por uma rede de estações de GPS, espalhados pelo Japão e denominada GeoNet, ajudaram a revelar detalhes de onde o terremoto ocorreu e o que aconteceu.

A modelagem das pressões e tensões abaixo da ilha de Honshu, à medida que a falha se partiu, demonstra que o epicentro se encontrava cerca de 200 km ao leste de Sendai, no coração de uma área extraordinariamente compacta, em forma de lozango, no leito marinho.

Só há registro de apenas um punhado de terremotos com magnitude 9 ou superior e eles são capazes de rachar o leito marinho em centenas de quilômetros.

O maior terremoto já registrado, um evento de 9,5 graus de magnitude detectado na costa sul do Chile em 1960, rompeu o limite da placa em mais de mil quilômetros.

O sismo de 11 de março, no entanto, aponta para uma zona de deslizamento de 400 km de extensão por 200 km de largura.

Mas o que faltou em tamanho, foi compensado em termos de movimento, já que a energia liberada ocorreu menos de 20 km abaixo do fundo do mar.

O fundo do mar no epicentro deslocou-se por impressionantes 27 metros, provocando o deslocamento de água que explica porque o tsunami que se seguiu foi tão grande.

O sistema GeoNet utiliza sensores de posicionamento para fazer um mapeamento milimétrico dos movimentos telúricos.

Nos 15 anos que antecederam o terremoto de 11 de março, o sistema demonstrou uma lenta escalada da tensão em Honshu, quando a poderosa placa do Pacífico comprimiu e puxou o flanco leste da ilha.

A tecnologia pode ser útil para monitorar falhas onde um forte terremoto ocorre em fendas que se separam ao longo de séculos, depois que contenções após fendas ao longo de séculos, depois de uma escalada de tensões que chega a um ponto de ruptura.

Evidências geológicas do passado distante sugerem que a Trincheira do Japão era propensa a sofrer com terremotos fortes, mais muito raros, geradores de tsunamis.

Mas com a possível exceção de um sismo em 869 d.C., não há evidências documentadas para sustentar esta suspeita e, sendo assim, o risco foi ignorado ou subestimado.

O estudo, publicado na revista científica britânica Nature, foi liderado por Shinzaburo Ozawa, da Autoridade de Informação Geoespacial do Japão, situada em Tsukuba.

Em um comentário, Jean-Philippe Avouac, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caletch) disse que novos dados, do GeoNet e da pressão submarina provocada pelas ondas de tsunami, indicaram que o epicentro do deslizamento de 11 de março pode ter ocorrido a mais de 50 metros.

Se for assim, este terá sido o maior escorregamento já registrado, afirmou.







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