Trabalhadores estavam em contato direto com água acumulada no subsolo do reator número 3.
Trabalhadores tentam restabelecer energia na usina de Fukushima
Três trabalhadores foram expostos a altos níveis de radiação na tarde desta quinta-feira na usina nuclear de Fukushima Daiichi, no leste do Japão. Dois deles foram hospitalizados com queimaduras nas pernas.
Eles trabalhavam na fixação de cabos no subsolo do reator número 3, segundo informações passadas à imprensa pelo porta-voz da Agência de Segurança Nuclear, Fumio Matsuda.
A usina foi danificada pelo terremoto de magnitude 9,0, seguido por um tsunami, que atingiu o Japão no último dia 11. Desde então, equipes usam água para tentar impedir o derretimento de material atômico nos reatores, que tiveram seu sistema de resfriamento desativado.
A agência de notícias Kyodo informou que os três técnicos foram expostos a um nível de radiação entre 170 e 180 millisievert (mSv, unidade para medir as doses de radiação recebidas por seres humanos), por volta das 12h10 (horário local).
Os dois trabalhadores internados foram diagnosticados com queimaduras causadas por raios beta. Eles foram levados para um hospital de Fukushima, mas serão transferidos para o Instituto Nacional de Ciências Radiológicas, na província de Chiba.
Segundo a empresa que opera a usina nuclear, os funcionários estavam em contato direto com a água acumulada no subsolo do reator número três que de alguma forma penetrou na roupa especial de proteção. Os ferimentos são causados pelo contato direto com os raios beta.
No entanto, segundo a Agência de Segurança Nuclear, o nível de radiação é abaixo do limite de 250 millisievert, considerado perigoso pelo Ministério da Saúde japonês.
Desde que os trabalhos de resfriamento dos reatores e conexão de fonte de energia na planta de Fukushima começaram, quatro trabalhadores já se feriram.
No dia 14 de março, durante uma explosão causada pelo acúmulo de hidrogênio no reator número 3, um japonês ficou exposto a um nível de radiação de 150 millisievert.
Água
Autoridades de Tóquio informaram nesta quinta-feira que os níveis de iodo radioativo na água da cidade voltou a um nível seguro para o consumo por crianças.
Nessa quarta-feira, o governo afirmou que a quantidade de material radioativo na água da capital japonesa havia chegado ao dobro do recomendado para bebês.
Outras áreas próximas de Tóquio também detectaram níveis de radiação que seriam potencialmente perigosos para crianças, como Chiba e Saitama. O governo pediu o aumento da produção de água engarrafada.
Apesar da boa notícia dada pelas autoridades, o correspondente da BBC em Tóquio Mark Worthington afirma que muitos moradores de Tóquio continuam preocupados com uma crise nuclear.
O repórter afirma que os moradores da capital continuam comprando em massa água engarrafada, produto que esgotou em diversos estabelecimentos da cidade.
Produtos japoneses
Enquanto a crise nuclear no Japão continua, alguns países já proíbem ou restringem a entrada de produtos japoneses.
Cingapura, Hong Kong, Filipinas, Canadá e Austrália seguiram o exemplo dos Estados Unidos e vetaram a importação de alimentos do Japão.
Verduras e frutas frescas, além de leite e derivados, produzidos nas fazendas da região contaminada por material radioativo estão proibidos de entrar nestes países.
Outros países, como Coreia do Sul, dizem que devem adotar medidas similares em breve.
A decisão destes países foi tomada depois que o governo japonês confirmou a contaminação em 11 tipos de legumes e verduras e no leite das províncias de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma.
A agência australiana de inspeção disse nesta quinta-feira que a medida é preventiva e incluiu também na lista pescados e algas.
Segundo um comunicado da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), órgão que regula todas as importações de alimentos nos Estados Unidos, serão feitos testes com os carregamentos de alimentos da área afetada.
"Os técnicos da FDA que operam nos portos de entrada têm sistemas de detecção de radiação disponíveis para sua segurança pessoal", disse a agência.
Já o Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong divulgou uma lista mais extensa de produtos proibidos, como carne, ovos e frango. Mas restringiu apenas itens fabricados ou embalados após o dia 11 de março.
Brasil
O Brasil, até o momento, não proibiu a importação de nenhum produto japonês. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em nota divulgada nessa quarta-feira, informou que vai apenas monitorar a entrada dos produtos no país.
"Com vistas a proteger a saúde da população brasileira, esclarecemos que as investigações pelas autoridades sanitárias internacionais serão devidamente acompanhadas bem como as importações brasileiras de produtos japoneses", disse o comunicado.
A postura brasileira é baseada nas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o órgão, os produtos industrializados não oferecem nenhum risco de contaminação.Sphere: Related Content
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