Portugal em crise

Instabilidade política e económica

A posição de Pedro Silva Pereira foi transmitida no encerramento do debate sobre a proposta do Governo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).

"Até aqui, 23 de março de 2011 - dia em que a oposição decide precipitar uma crise política -, Portugal foi sempre capaz de assegurar o financiamento da economia e de evitar uma ajuda externa. Daqui para a frente, um agravamento da situação do país em resultado da decisão que aqui é votada [chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC)] é da responsabilidade de quem decidiu acrescentar a uma crise financeira esta evitável e irresponsável crise política", declarou Pedro Silva Pereira.

Pedro Silva Pereira afirmou que o Governo "não teme o julgamento" dos portugueses em eleições legislativas antecipadas.

Mas, em relação aos resultados da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo, quinta e sexta-feira em Bruxelas, deixou um aviso: "Quando quinta-feira o Governo português comparecer na cimeira europeia não terá boas notícias para dar, nem para a União Europeia, nem boas notícias para a moeda única, nem boas notícias para os portugueses".

Na sua intervenção, o ministro da Presidência insurgiu-se contra "a coligação negativa" -- entenda-se votos de todas as bancadas da oposição contra a proposta de PEC do Governo -, dizendo que "houve entendimento para destruir", mas "jamais" estas forças políticas "se juntarão para construir".

Na parte final da sua intervenção, Pedro Silva Pereira visou a oposição de esquerda, PCP e Bloco de Esquerda.

"Não pode passar sem uma denúncia clara que a extrema-esquerda parlamentar aceite dar à direita a oportunidade para tentar chegar ao poder no momento e nas condições que a própria direita escolheu", acusou, recebendo palmas da bancada socialista.

Para Pedro Silva Pereira, quando "a direita precipita esta crise e fala de coligação alargada, do que está a falar realmente é de uma coligação alargada ao Fundo Monetário Internacional (FMI), porque aí que esta irresponsável crise política ameaça levar o país".

"Se os senhores deputados (da oposição de esquerda) acham que é já o FMI que governa, desenganem-se, porque é caso para dizer que ainda não viram nada", acrescentou o ministro da Presidência.

Na perspetiva deste membro do Governo, a maior responsabilidade por esta crise política é do PSD, partido que acusou de não ter apresentado medidas alternativas.

"Àqueles que aqui vieram falar de decência e de seriedade, àqueles que se dizem senhores da verdade, é tempo de dizer que falem verdade aos portugueses e que falem verdade em português", disse numa alusão a um documento económico recentemente divulgado pelo PSD.

De acordo com Pedro Silva Pereira, esse comunicado é claro sobre as intenções que o PSD teve ao chumbar as propostas de PEC.

"O que anima a direita não é uma agenda de reformas para garantir o Estado social, mas uma agenda de reformas liberal contra o emprego direta ou indiretamente financiado pelo Estado", acrescentou.

Lusa