Direto da selva, empreendedoras utilizam seu talento e força de trabalho para desenvolver atividades que ajudam a manter, com sensibilidade, o equilíbrio do Planeta
Manaus, 24 de Março de 2011
A Crítica
Ao tirar o próprio sustento e o da família de atividades que ajudam a manter a floresta e o ambiente em que vivem equilibrados, elas criaram consciência da necessidade de preservar o patrimônio natural do Planeta para seus filhos, netos e futuras gerações. É dessa forma que mulheres tão diferentes em crenças, culturas e classes sociais vêm trilhando, por meio do trabalho, um caminho seguro para a sustentabilidade na região amazônica.
É o caso da artesã amazonense Edilene Andrade, 35, que há oito anos encontrou na criação de joias feitas com sementes e restos de madeira da floresta uma alternativa de renda para, junto com o marido, criar as duas filhas. O material é adquirido de comunidades ribeirinhas e indígenas que coletam as sementes da natureza e as vendem para artesãos na capital amazonense.
“No Brasil há uma variedade enorme de pedras semipreciosas e aqui, no Amazonas, uma infinita variedade de sementes, tão belas que podem ser consideradas um verdadeiro tesouro. Eu vejo que aqui as pessoas ainda não dão o devido valor. É preciso vir alguém de fora para valorizar. Mas, para mim, o que é mais interessante nesse trabalho é que ele me dignifica como pessoa e ainda ajuda a criar toda uma cadeia de empregabilidade. Sinto-me bem em poder ajudar a outras famílias, como a minha, que vivem da venda das sementes, sem prejudicar o meio ambiente”, afirma.
Assim como Edilene, a estilista Willanir Lima, 26, conseguiu se diferenciar de outras profissionais do segmento ao utilizar em suas criações sobras de tecidos e materiais que seriam descartados e contribuiriam para degradar o meio ambiente. Para ela, a preocupação com o futuro do Planeta vem crescendo e ganhando valorização em todas as áreas e a moda não poderia ficar de fora. Foi com esse pensamento que ela produziu sua primeira coleção com tecidos feitos de garrafas PET, em 2008, vencendo o Concurso Ateliê Fashion, promovido por um grande centro comercial de Manaus. A busca pelo aperfeiçoando levou ao reconhecimento cada vez maior do trabalho.
“Desde então venho me aperfeiçoando, por meio de iniciativas como o Workshop de Moda Sustentável e o Desfile Ambiental Fashion, promovidos pelo Governo do Estado. Gosto de inovar e esses espaços são importantes para a gente mostrar o trabalho. Agora comecei a fazer confecções com preservativos de borracha. Também uso sementes e materiais da floresta”, fala a estilista.
Exemplo de que ela está no caminho certo é que artistas locais com consciência ambiental têm procurado suas roupas. “Isso faz a gente se sentir valorizado”, frisa.
É assim, por meio de uma troca, onde elas ajudam a natureza e recebem de volta os louros, além do sustento, uma nova maneira de pensar o trabalho e o construir o futuro, que tantas mulheres como Edilene e Willanir vêm contribuindo para o desenvolvimento sustentado e racional da região.
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