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quinta-feira, 31 de março de 2011

Após chorar sobre o ataúde do algoz Roberto Marinho, Lula se emociona diante do cadáver de José Alencar


Lágrimas encomendadas – Quando soube da morte de José Alencar, o messiânico Luiz Inácio da Silva, que estava em Portugal para receber uma honraria indevida, chorou. Na verdade, Lula soluçou. De volta ao Brasil, Lula mais uma vez pisou no Palácio do Planalto. Diante do ataúde de José Alencar, o teatral Luiz Inácio chorou, soluçou e, amparado pela ex-primeira-dama, se despediu daquele que de maneira incauta lhe dedicou suposta fidelidade.

Ainda na porta de entrada do Velho Mundo, Luiz Inácio da Silva disse que muitas vezes nem mesmo os irmãos são tão companheiros. Lula se referiu ao comportamento de José Alencar ao longo dos oito anos em que ambos estiveram no Planalto.

Criado politicamente sob o manto da gritaria sindical de outrora, Lula em cima de um palanque é imbatível, um verdadeiro animal político. E como tal ele esbanja talento quando o assunto é jogar para a plateia. Lembre-se, caro leitor, que no mundo da política qualquer ação é devidamente calculada. Nada acontece sem que alguém faça uma avaliação mais aprofundada dos dividendos futuros. Lula está de olho na vaga da companheira Dilma e já começou a trabalhar para voltar ao comando do poder. E o passamento de José Alencar foi a forma encontrada por ele para ser flagrado para as câmeras e microfones que campeiam no universo político, depois de recusar convite para participar de almoço oficial em homenagem a Barack Obama. Ou seja, Lula, como bom déspota, é incompetente e precisa reinar sozinho.

A grande questão é como acreditar nas lágrimas mentirosas nas quais o ex-presidente se debulhou. Para avaliar o chororô de Lula é preciso voltar no tempo. A mais marcante derrota de Lula em sua cruzada para conquistar o Palácio do Planalto foi para o então caçador de marajás Fernando Collor de Mello. À sombra de um conluio nada ortodoxo que reuniu Collor e o ex-comandante da Vênus Platinada, Roberto Marinho, o então candidato esquerdista Lula viu a filha Lurian ser utilizada covardemente como aríete contra a sua insossa candidatura.

Lula saiu de cena, não sem antes disparar impropérios na direção de Collor e Marinho, enquanto Lurian se refugiou em Paris, sob as asas do trotskista “bom vivant” Felipe Belisario Wermus, também conhecido como Luis Favre. Tempos depois, já instalado no Palácio do Planalto, Lula, informado sobre a morte de Roberto Marinho, um filhote da ditadura que o petista diz ter combatido, rumou para o Rio de Janeiro acompanhado por um entourage que começava a se refestelar nas benesses do poder. Na capital dos fluminenses, para a indignação de milhões de brasileiros, Luiz Inácio da Silva chorou sobre o caixão daquele que patrocinou provavelmente a maior punhalada política da carreira do ex-sindicalista. A encenação foi tamanha, que Lula precisou tomar emprestado um lenço, que sempre sobra em set de filmagens.

Ao falar sobre a morte de José Alencar, o ex-presidente comparou-o a um irmão. Acontece que no velório de um de seus irmãos Lula não compareceu, causando certa revolta no seio familiar, segundo revelou ao ucho.info um parente do ex-presidente. Lula alegou problemas de agenda para não dar adeus ao seu irmão. Mas o boquirroto Lula, que jamais decorou script, abusou da ironia ao exaltar sua amizade com Alencar.

É bom lembrar que na política não há amigos. O que existe nesse meio é inimigo mais ou menos perigoso, pois a saga pelo poder aniquila qualquer escrúpulo. Quando convidou José Alencar para bater chapa em 2002, Lula precisava atrair para a sua candidatura não apenas o dinheiro dos banqueiros, mas a simpatia do empresariado. E José Alencar foi a isca que lhe faltava.

Muito se falou, à época do escândalo do mensalão, sobre a fidelidade de José Alencar, que foi consultado sobre a possibilidade de assumir o poder em caso de impeachment de Lula. O ex-vice-presidente só não topou porque sabia que a empreitada seria árdua, pois a esquerda tupiniquim não lhe daria sossego. Anos depois, por ocasião da campanha pela reeleição, Lula pensou em defenestrar José Alencar, que já havia cumprido o seu papel. Injuriado com o possível descarte, Alencar foi à imprensa para avisar que ainda não havia recebido convite oficial para mais uma vez fazer dupla com o petista.

Esperto, Lula recuou por motivos óbvios e vários. Primeiro porque não gostaria de ver circulando pelo País alguém que sabia além da conta sobre as mazelas palacianas, a começar pelo escândalo de cooptação de parlamentares a partir de pagamento de polpudas e criminosas mesadas. Em segundo lugar porque Lula precisava manter a classe empresarial engajada em seu projeto. E Alencar foi mantido no cargo, contrariando a opinião de muitos companheiros e o desejo de partidos aliados, em especial o PMDB, que àquela altura já tinha preparado Nelson Jobim para o cargo.

Em outras palavras, aquelas do nosso bom e velho idioma, Lula é um farsante com competência de sobra para ser um ator de sucesso. (Foto: Roberto Jayme – UOL)







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