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sábado, 31 de outubro de 2009

Envolvido no Mensalão, petista começa campanha para deputado e surpreende o PMDB pelo poder financeiro

Mino Pedrosa

FOTOS: MARCELO PIU/AG. O GLOBO; FELIPE BARRA/AG. I
MÉTODO Sereno é acusado pelo PMDB do Rio de usar a refinaria de Manguinhos para fazer caixa

Enquanto em Brasília o PT e o PMDB fazem juras de amor e tentam acertar a aliança em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República, o relacionamento entre os dois partidos no Rio de Janeiro assume contornos beligerantes. A guerra aberta entre PT e PMDB no Rio envolve uma das mais tradicionais empresas do Estado, a cinquentenária refinaria de Manguinhos. Ex-estatal, privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso, Manguinhos agora está nas mãos do ex-secretário Nacional de Comunicação do PT Marcelo Sereno, um dos citados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no escândalo do Mensalão e nas denúncias que derrubaram da Casa Civil Waldomiro Diniz, braço direito do então ministro José Dirceu. Além de ser o presidente da Grandiflorum, holding controladora de Manguinhos, com salário de R$ 10 mil mensais, Sereno aparece no banco de dados da Serasa como sócio do empresário João Manuel Magro na empresa que assumiu o controle da refinaria numa polêmica operação que envolveu a transferência das participações da petroleira espanhola Repsol e da família Peixoto de Castro para o grupo Andrade Magro, de São Paulo.

Conforme apurou ISTOÉ, Sereno foi nomeado presidente da Grandiflorum em 28 de novembro de 2008, 18 dias antes de a refinaria Manguinhos ser adquirida. Sereno tenta diminuir sua importância na empresa. Alega que é "apenas" presidente. Atribui a um erro do Serasa o fato de figurar como sócio do grupo. Equívoco ou não, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), está preocupado com o poder exercido por Sereno em Manguinhos. Enxerga uma grande jogada do PT, comandada por Dirceu, para fortalecer a candidatura ao governo do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Isso criaria obstáculos para as pretensões do PMDB de reeleger o governador. Mas Cabral reagiu. Mandou a Secretaria da Fazenda promover uma operação de recadastramento de empresas que operam no ramo de distribuição de combustíveis. Também acusou Manguinhos de utilizar em 2002 o regime especial tributário para gerar uma perda de R$ 600 milhões nos cofres do Rio. E entrou com ação na Justiça contra a refinaria. Cabral pode ir além.

Está ao alcance do PMDB uma fita, hoje em poder de um empresário do mercado financeiro, que comprovaria o envolvimento de Sereno no Mensalão.

A gravação jogaria uma pá de cal na candidatura do petista à Câmara dos Deputados em 2010.

FOTOS: MARCELO PIU/AG. O GLOBO; FELIPE BARRA/AG. I

O PMDB fluminense acredita que pelo menos uma parte desses R$ 600 milhões vai engordar o caixa das campanhas petistas no Rio, especialmente a do próprio Sereno e a de Farias. Trabalhando intensamente por sua candidatura, Sereno espera ter destino diferente de seus ex-colegas de PT, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do partido Silvinho Pereira. Desligados do PT, ambos não conseguiram legenda e viram frustrados seus desejos de retornar à cena política em 2010. Nos últimos dias, Cabral fez chegar sua preocupação ao Palácio do Planalto.

Os assessores de Lula responderam que não acreditam na utilização eleitoral dos recursos de Manguinhos. E disseram ainda que apostam num acordo eleitoral envolvendo o próprio Cabral, Farias, Dirceu e Sereno. Mas o desejo de Cabral é deixar Sereno ao relento - sem o guarda-chuva de Manguinhos.

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