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quinta-feira, 4 de março de 2010

Povoado chileno de Nada é Pior escapa da destruição do terremoto


Comunidade tem casas centenárias, além de um nome curioso.
Não houve feridos, e apenas algumas edificações foram afetadas.

Giovana Sanchez Do G1, em Chimbarongo


Quem sai de Santiago de carro rumo a qualquer cidade do sul do Chile precisa ir pela Rota 5 e ficar atento às sinalizações. Depois de cerca de 160 km, uma placa chama a atenção. Diz: “Peor es Nada” e aponta para a direita. Quem acreditar que existe mesmo um lugar chamado “Nada é pior” e seguir a seta, vai encontrar algumas casas em uma rua larga sem asfalto e que quase não sofreram os abalos do terremoto que devastou parte do país.


Exclusivo do G1 no Chile:

A reportagem do G1 acreditou na placa e esteve na tarde desta quarta-feira (3) no povoado de 300 habitantes que pertence ao município de Chimbarongo, na província de Colchagua. No trajeto de cerca de 800 metros, casas muito antigas convivem com uma lan house recém-montada. E não há sinais de destruição aparente.

Foto: Giovana Sanchez/G1

Placa indica entrada de Nada é Pior (Foto: Giovana Sanchez/G1)


A primeira pessoa que passou pela rua-povoado foi o aposentado Luis Arrenas, que contou que após o terremoto ficou um dia sem luz e água, mas depois tudo se normalizou. Ninguém ficou ferido e também não houve mortes. E por que se chama Nada é Pior? “Ah, é uma história antiga, mais pra frente as pessoas podem lhe explicar.”

Mais à frente havia a lan house nova de Maritza Parral. Ela confirmou que o povoado escapou da destruição do terremoto e disse que havia acabado de se mudar para lá. “Acho bem tranquilo, um lugar bom de se viver”. E por que o nome? “Ao lado há uma mercearia e eles têm um livro que explica.”

A loja que vendia comida, produtos de limpeza e fichas de caça-níquel, vendia também o livro “Peor es Nada – la historia de un rincón de Chimbarongo”, de Jorge H. Fuentes C. Enfim, a história do nome seria desvendada. “Mas não quer antes falar com o autor? Ele é professor e diretor da escola aqui da frente”, disse a funcionária. Menos de cinco minutos depois aparece o professor Jorge Fuentes, caminhando.

Foto: Giovana Sanchez/G1

Povoado é basicamente uma rua (Foto: Giovana Sanchez/G1)



“Foi assim: na primeira metade do século XIX, toda essa terra pertencia ao casal Augustín Sánchez e Juana Echegaray. Após a morte dos dois, o testamento que dividiria as posses da família foi lido alto entre os sete filhos. Quando Eulália Sánchez Echegaray soube que ficaria com esse pedaço, que julgava ser inferior ao recebido pelos irmãos, ela gritou ‘Assim será. Nada é pior!’. Foi no sentido de se conformar com a situação, de achar que aquilo era melhor que nada. Nos arquivos nacionais, quando ela morreu, em 1878, o povoado já era conhecido como Nada é Pior.”


O professor Fuentes conta que antes havia mais gente das famílias originais que praticamente fundaram o povoado, mas nos últimos anos as novas gerações estão deixando o local. O morador da família mais antiga é o senhor Eleodoro Arenas, de 80 anos. Sua casa foi construída em 1890 - e está em perfeitas condições, mesmo após os abalos do terremoto. “Só saio daqui quando mudar de endereço e for morar no cemitério.”

Foto: Arte G1

Roteiro da reportagem do G1 rumo a Concepción. (Foto: Arte G1)







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