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sexta-feira, 26 de março de 2010

Advogado do casal Nardoni se diz 'intimidado' pelo promotor e implora atenção dos jurados


Marcelle Ribeiro

O advogado Roberto Podval que  'implorou atenção dos jurados' -Foto Eliária Andrade/O Globo

SÃO PAULO - O advogado de defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Roberto Podval, disse que o promotor Francisco Cembranelli o intimida com tanta experiência e que o julgamento do caso da morte da menina Isabella Nardoni para ele é um grande aprendizado. Ele afirmou que concorda com Cembranelli em apenas um ponto, na importância do Tribunal do Júri.

- Senhor Cembranelli, o senhor me intimida. O senhor tem mais de mil júris, mas aprendemos a cada fala. O senhor defende as suas convicções, respeito o seu papel. Nós vemos como esse júri foi construído. Para mim, foi um grande aprendizado. Nós concordamos em um único ponto, na importância do Tribunal do júri.

O advogado chegou até a citar o médium Chico Xavier em sua exposição: 'Não podemos voltar atrás e fazer um novo começo, mas podemos recomeçar e fazer um novo final'. Também citou o caso da menina inglesa Madeleine, que desapareceu em Portugal, e os pais chegaram a ser incriminados sem provas.

O advogado de defesa do casal tentou desde às 14h46m expor ao jurados supostas falhas em relação ao processo e a investigação, de maneira que o júri se questione sobre a culpa ou não dos réus, acusados de matar a menina Isabella Nardoni, em 29 de março de 2008. Podval falou durante 2h30m, ficou com a voz embargada por alguns momentos e chegou a chorar tirando os óculos para limpar as lágrimas. Várias vezes foi interrompido pelo promotor Francisco Cembranelli, quando tentou desqualificar o trabalho da perícia. Cembranelli chamou de 'canalhice' a tentaiva da defesa.

" O promotor não está de todo errado. Ele dizia ' você não conhece o processo'. Ele estava desde o início, eu não "

Podval explicou aos jurados porque desistiu de grande parte das testemunhas que havia arrolado

- Eu desisti sim das testemunhas. O promotor não está de todo errado. Ele dizia ' você não conhece o processo'. Ele estava desde o início, eu não. Me chega um pai desesperado e pede que eu abrace a causa. O que é que eu fiz? Arrolo todas as testemunhas e depois vejo o que eu faço.

Podval afirmou que, quando teve acesso aos objetos apreendidos pela perícia, viu que em um saco estava o fragmento da tela de proteção da janela por onde Isabella foi jogada e nele havia um fio de cabelo que, segundo ele, não foi examinado.

- Esse fio pode não ser nada. Pode ser de um perito, ou de Isabella. Mas ninguém se preocupou em pegar o fio, examinar e ver de quem era. Imagina se o fio não é de ninguém que morava na casa! - disse Podval, mostrando para os jurados uma fotografia da tela.

O advogado também questionou o motivo da polícia não ter feito um exame na chave do apartamento, já que, no laudo dos peritos o ferimento da testa de Isabella foi provocado por um objeto contundente que, segundo o advogado, poderia ser uma chave. Ele voltou a abordar o porquê de não ter sido feito exame nas unhas do casal, para ver se era encontrado material genético que ligasse os réus aos arranhões encontrados no pescoço de Isabella.

Outro assunto tratado por Podval foram manchas que supostamente existem no quarto de Isabella, que seriam de dedos infantis. O advogado ainda criticou a perita Rosângela Monteiro, que diz que a mancha não se encaixava na dinâmica do crime apontada pelo Instituto de Criminalística. O advogado diz que as manchas de dedo não aparecem na maquete apresentada pela promotoria.

- Ela (Rosângela) falou que tem três dedos de criança no quarto de Isabella, que não tinha como tirar a digital. Mas eu digo, não está aqui (apontando para a maquete). Daí ela disse que, como a maquete é de acrílico, não queria estragar. Mas na tela tem uma mancha perto do acrílico. Eu pergunto: me explica agora qual a dinâmica para essa mancha e ela me diz: 'como não consegui colocar a mancha na dinâmica eu a tirei'. O que eu sei é que essa dinâmica não está certa.

O advogado disse ainda que o depoimento de uma arquiteta ouvida pela polícia em 16 de abril de 2008 foi ignorado. Essa arquiteta teria confirmado que Anna Carolina Jatobá perdeu as chaves do apartamento antes do crime acontecer. A defesa diz que uma terceira pessoa entrou no apartamento e jogou a menina.

No início do julgamento, olhando para os jurados, ele implorou atenção.

- Vim para o júri, para impedir, implorar, por favor. Com a dimensão desse caso, eu não acreditava na possibilidade de vocês me ouvirem. Acreditei que vocês viriam absolutamente decididos e isso não é uma crítica.

Podval ainda explicou que tentou poupar Ana Carolina Oliveira, que ela é uma vítima, tentando fechar um ciclo. Disse ainda que os réus só estão querendo ser ouvidos e que Anna Carolina Jatobá, há dois anos, está querendo falar o que aconteceu para alguém. O advogado dos réus também voltou a questionar o fato do local do crime ter sido alterado, dizendo que de 6 a 8 pessoas estiveram no apartamento antes da perícia chegar.

No término da argumentação, Anna Carolina Jatobá passou mal e teve de ser retirada temporariamente do júri.






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