Libertado o primeiro grupo de estudantes da USP
Plantão | Publicada em 08/11/2011 às 23h17m
Sérgio Roxo (sergio.roxo@sp.oglobo.com.br)- É complicado passar o dia inteiro preso, ainda mais por uma prisão política e por um motivo legal falso, que foi a depredação de patrimônio público, o que não ocorreu - disse o estudante, que se identificou apenas como Bruno.
Publicada em 08/11/2011 às 22h02m
Sérgio Roxo (sergio.roxo@sp.oglobo.com.br)Com CBNPara esta quarta-feira estão previstas assembleias em cada curso para decidir ou não sobre a adesão à paralisação. Além da saída da Polícia Militar do campus, os estudantes pedem também a não punição dos envolvidos na ocupação do prédio da reitoria.
MULTIMÍDIA:Veja imagens da reintegração de posse feitas pela PM
FOTOS:Veja imagens da desocupação
RELEMBRE:Tropa de choque da PM cumpre reintegração da reitoria da USP
LEIA TAMBÉM:Estudantes da USP poderiam ser transferidos para presídios caso a fiança não fosse paga
A advogada Eliana Lúcia Ferreira, da central sindical Conlutas, anunciou, na noite desta terça-feira, que os sindicatos ligados à entidade arracadaram dinheiro suficiente para pagar a fiança dos 72 presos na operação de reintegração de posse da USP. O dinheiro já chegou ao 91º Distrito Policial (Ceasa), na Zona Oeste de São Paulo, para onde os estudantes foram levados nesta manhã. Ao autuar os invasores, a Polícia Civil encontrou estudantes de outras universidades e até de outros estados como a Paraíba. No grupo, também há quatro funcionários da USP.
O valor pago é de R$ 39.240, o que equivalente a um salário mínimo (R$ 545) por preso. Com o pagamento da fiança, a expectativa é que os estudantes sejam liberados até o final desta noite. Antes, eles terão que passar por exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML). Os estudantes não foram indiciados por formação de quadrilha, como havia dito a polícia.
Advogados ligados a entidades e movimentos sociais, como o MST, compareceram à delegacia e chegaram a redigir um pedido de habeas corpus. Mas, à noite, desistiram de esperar a resposta da Justiça.
Os estudantes ainda estão sendo qualificados e indiciados por dano ao patrimônio e desobediência à ordem judicial. A polícia tentou ouvir os alunos, mas eles negaram a prestar esclarecimentos no 91º Distrito Policial, dizendo que só iriam falar em juízo, de acordo com o delegado seccional Oeste Djair Rodrigues.
- Estão sendo interrogados. Foram formuladas 12 perguntas. Eles estão se recusando a prestar esclarecimento, reservando-se ao direito de só falar em juízo - diz o delegado.
Nesta tarde, a mãe de uma estudante presa na reintegração de posse da reitoria foi detida por desacatar um policial militar da Tropa de Choque. Ela teria ofendido o PM por ele ter repreendido um aluno que ligou o giroflex do ônibus onde os estudantes da USP aguardam para serem autuados. O veículo está estacionado no pátio da delegacia.
Policiais montaram uma barreira na entrada do distrito, para evitar protesto de um grupo de estudantes que saiu em passeata do campus da USP. Os mais de 70 estudantes presos permaneceram em três ônibus da PM, em frente à delegacia, até serem fichados e indiciados. Nesta tarde, eles deixavam o veículo em grupos de cinco pessoas, eram ouvidos, fichados pela polícia e retornavam ao ônibus.
No prédio da reitoria, a Polícia Militar diz que apreendeu material que poderia ser utilizado para uma possível resistência dos estudantes. Entre as apreensões estavam sete garrafas de coquetel molotov, seis caixas de morteiro 12 tiros e um galão com cinco litros de gasolina.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que os estudantes que ocuparam a reitoria deveriam ter aula de democracia. O governador ressaltou que é lamentável e inadmissível ter de utilizar a polícia para fazer cumprir a decisão judicial de desocupar o prédio.
- Os estudantes precisam ter aula de democracia, precisam ter aula de respeito ao dinheiro público, respeito ao patrimônio público. Não é possível depredar instituições que foram construídas com o dinheiro da população que paga impostos. Eles precisam ter aula de respeito a ordem judicial - disse.
Os estudantes precisam ter aula de democracia, precisam ter aula de respeito ao dinheiro público, respeito ao patrimônio público
A ocupação da reitoria começou na madrugada da quarta-feira passada. A USP foi à Justiça e pediu reintegração de posse, que foi concedida. O prazo para desocupação venceu às 23 horas de ontem, mas foi desobedecido. Por volta de 5h desta madrugada, 400 policiais militares da Tropa de Choque retiraram os estudantes.
Em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, o delegado responsável pelo caso disse que os estudantes vão responder a dois inquéritos paralelos. Um deles, que trata da invasão da reitoria, indicia os estudantes invasores por desobediência ao mandado judicial de reintegração de posse e dano ao patrimônio público. No outro inquérito, os alunos irão responder pela depredação das viaturas das polícias civil e militar.
Desocupação ocorreu sem resistência
Os policiais militares da Tropa de Choque, com apoio de helicópteros, invadiram a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) por volta de 5h10m desta terça-feira. Segundo a coronel Maria Aparecida Carvalho Yamamoto, responsável pela comunicação da Polícia Militar, não houve resistência no cumprimento da reintegração de posse do prédio. Não há informações de feridos e não houve confronto, já que os estudantes foram surpreendidos enquanto dormiam.
- Eles foram pegos de surpresa pela polícia - disse Maria.
Mesas, computadores e fios de telefone foram danificados no primeiro andar da reitoria, que estava ocupado pelos alunos. A polícia diz ter apreendido coquetéis molotov na reitoria, além de morteiros, gasolina e garrafas de bebida alcoólica. Alguns estudantes da USP estão reunidos na Praça do Relógio e fazem uma assembleia.
Os estudantes ocuparam a reitoria em protesto contra a presença da Polícia Militar no campus da universidade. Inicialmente, eles ocuparam o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH). Uma assembleia decidiu pela desocupação, mas outro grupo resolveu invadir a reitoria, por discordar da decisão.
Na noite desta segunda-feira, cerca de 350 alunos fizeram uma assembleia por volta de 23h e decidiram manter a ocupação da reitoria, desobedecendo a ordem judicial. Logo após a assembleia, eles chegaram a agredir jornalistas que faziam a cobertura no local, arremessando paus e pedras.
O convênio entre a USP e a PM foi firmado após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, assassinado dentro do campus em 18 de maio deste ano. A oposição à presença dos policiais no campus ocorreu depois que três estudantes foram detidos fumando maconha dentro do campus.
Na semana passada, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, que concedeu a reintegração de posse, havia autorizado, "como medida extrema", o uso de força policial. Ela ressalvou, no entanto, que contava "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".
Em assembleia, estudantes da USP decidem entrar em greve geral
Decisão ocorre no dia em que alunos foram presos após desocupar reitoria.
Greve geral começa na quarta-feira (9) em toda a universidade.
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Alunos da USP reunidos em assembleia geral nesta terça-feira (8) (Foto: Raphael Prado/G1)
Estudantes da Universidade de São Paulo (USP), reunidos em assembleia
geral na noite desta terça-feira (8), decidiram entrar em greve geral a
partir de quarta (9). Eles protestam contra a presença da Polícia
Militar na Cidade Universitária e a prisão de cerca de 70 alunos e
servidores que ocupavam o prédio da reitoria desde 2 de novembro. O
encontro foi convocado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), que
representa todos os alunos da universidade.Os universitários se reuniram no prédio da faculdade de História e, segundo membros do movimento estudantil, somavam entre 2 mil e 3 mil integrantes. A USP tem quase 89 mil alunos matriculados, segundo informações do site da universidade. Duas propostas foram votadas na assembleia: o início imediato de greve ou um indicativo de paralisação - que seria decidida definitivamente numa próxima assembleia. Em votação apertada, mas feita sem a contagem, ganhou a primeira opção.
Com a aprovação da assembleia geral dos estudantes da USP, agora cada faculdade realiza uma plenária para decidir como será a participação dos alunos. Eles podem realizar piquetes, manifestações ou simplesmente aderir à paralisação.
Uma nova assembleia geral foi marcada para a próxima quinta-feira (11). Ela será realizada no Largo do São Francisco, no Centro de São Paulo, onde está localizada a Faculdade de Direito da USP. Um ato dos estudantes foi marcado para as 14h e a assembleia acontece logo depois, às 16h.
Tropa de ChoqueNa terça-feira (8), a Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu determinação judicial que pedia a reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada por estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) desde 2 de novembro. Na ação, cerca de 70 alunos e funcionários foram presos em flagrante pela PM. Eles foram indiciados por danos ao patrimônio público e desobediência à ordem de Justiça - que havia determinado a saída do prédio da reitoria até as 23h de segunda-feira (7).
Ainda na assembleia geral, os estudantes votaram um plano de segurança que acreditam ser mais adequado à USP que a presença de policiais.
Invasores da USP vão responder por 3 crimes
Publicado em 09/11/2011 - 0 comentários
Polícia fixou fiança de R$ 545 para liberar os 70 alunos presos no 91° DP; até a noite, só um pagou
Setenta estudantes que permaneceram uma semana dentro do prédio da reitoria da USP foram retirados pela PM ontem e, a seguir, autuados em flagrante pela Polícia Civil por três crimes: desobediência a ordem judicial, dano ao patrimônio público e crime ambiental. Somadas, as penas não chegam a três anos.
A reintegração de posse do prédio envolveu 400 PMs. A operação começou quando os estudantes ainda dormiam, no fim da madrugada.
Para entrar, os PMs cercaram o prédio e tiveram de forçar uma porta. Os estudantes não ofereceram resistência e não houve confronto; todos foram colocados em ônibus da PM e levados para o 91º Distrito Policial (Ceasa). Alguns alunos que estavam do lado de fora protestaram contra a ação da PM.
O prazo para saída pacífica dos invasores era até as 23h de anteontem. Porém, eles decidiram em assembleia continuar no prédio e reafirmaram que só sairiam de lá se a reitoria revogasse a permissão para a PM patrulhar o campus. Houve tumulto, e jornalistas foram agredidos.
Preso nos ônibus
Os estudantes ficaram detidos nos ônibus da PM para serem ouvidos um a um. Eles só seriam liberados se pagassem a fiança de R$ 545 - o valor inicial era R$ 1.050. O valor já havia sido arrecadado ontem à noite, segundo o G1.
A defesa dos alunos entrou com pedido de liberdade, o que não havia sido decidido até a conclusão deste texto.
Pais dos alunos foram até a delegacia. Uma mãe foi detida por falar palavrão a um policial e liberada depois.
Alckmin: alunos precisam de 'aula de democracia'
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que os alunos da USP deveriam ter "aula de democracia". Ele afirmou que a atitude dos invasores não é tolerável. "A lei é para todos. Não é possível estabelecer que alguém esteja à margem da legislação".
A ação de reintegração de posse da reitoria da USP foi criticada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. "Não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolândia. Nem a Cracolândia como se fosse a USP".
O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, rebateu, dizendo que Haddad "não conhece o que se passou na USP nem na Cracolândia". Matarazzo chamou os invasores de "baderneiros mimados".
Um a um, estudantes foram tirados da reitoria e levados ao 91º Distrito Policial em dois ônibus da PM
Danilo Verpa/Folhapress
Com fiança de R$ 39 mil paga, invasores serão liberados
Enquanto esperavam interrogatório, eles riam e faziam palavras cruzadas. Grupo aprovou greve geral de estudantes a partir desta quarta-feira
Bruno Abbud
Estudantes detidos durante a reintegração de posse da Reitoria da USP dentro de ônibus da PM estacionado no 91º DP
(Adriano Vizoni/Folhapress)
Os 72 invasores da Reitoria da Universidade de São Paulo
(USP) devem ser libertados na madrugada desta quarta-feira, assim que
todos passarem por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal,
que fica ao lado da delegacia onde foram colhidos os depoimentos deles.
Os interrogatórios terminaram às 21h30.
Por volta das 19 horas ocorreu na Faculdade de História, no campus da
USP, uma assembleia para discutir os rumos do movimento. De dentro do
ônibus, um dos presos telefonou para os coordenadores da assembleia e
pediu que fosse colocada em votação uma greve geral de estudantes. A
greve foi aprovada pela maioria, quase todos alunos da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
A partir de amanhã, portanto, eles passarão pelas salas de aula da
Cidade Universitária tentando convencer outros estudantes a aderir ao
movimento.
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Fotógrafo é agredido durante assembleia de estudantes da USP
A liberação do grupo será possível porque um grupo de advogados pagou no início da noite fiança de 39.240 reais – 545 reais por pessoa. O dinheiro foi arrecadado por meio de uma vaquinha entre sindicatos ligados à Central Sindical Popular Conlutas. A organização, que reúne mais de 500 sindicatos, foi acionada pelo sindicato dos funcionários da USP, o Sintusp, que incita os alunos ao combate desde o início das manifestações, na semana passada.
A liberação do grupo será possível porque um grupo de advogados pagou no início da noite fiança de 39.240 reais – 545 reais por pessoa. O dinheiro foi arrecadado por meio de uma vaquinha entre sindicatos ligados à Central Sindical Popular Conlutas. A organização, que reúne mais de 500 sindicatos, foi acionada pelo sindicato dos funcionários da USP, o Sintusp, que incita os alunos ao combate desde o início das manifestações, na semana passada.
Entre os presos estão 68 são estudantes e 4 funcionários da
universidade. De acordo com o delegado Dejair Rodrigues havia entre os
invasores alunos de uma instituição de ensino da Paraíba e de faculdades
do interior do estado. O grupo está sendo assistido pela advogada
Eliana Lúcia Ferreira, da Conlutas, e por outros três advogados. Foram
eles que orientaram os presos a não responderem as perguntas dos policiais.
Segundo o delegado Rodrigues, todos os interrogados disseram que só
falarão em juízo. Do lado de fora, a noite espantou paulatinamente os manifestantes que pediam a libertação dos presos. Por volta das 20h, não havia mais do que 30 pessoas por lá.
Palavras cruzadas - A reportagem de VEJA conseguiu
entrar na delegacia e assistiu a cenas surpreendentes. Um grupo de 25
presos que aguardava no corredor para ser interrogado conversava aos
risos. Um deles fazia palavras cruzadas no jornal. Questionados pela
reportagem, avaliaram como “tranquila” a atuação da PM na desocupação da
Reitoria. “Eles tiveram a orientação de pegar leve”, disse um deles. Os
demais presos aguardaram o fim dos procedimentos em três ônibus do lado
de fora da delegacia. O delegado ofereceu a eles uma sala para esperar,
mas eles preferiram ficar nos coletivos.
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