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terça-feira, 19 de julho de 2011

Balconista de farmácia fica surpreso ao saber que é sócio de empreiteira contratada para recuperar Teresópolis

Publicada em 18/07/2011 às 23h15m

Antônio Werneck (werneck@oglobo.com.br)

RIO - Balconista de uma farmácia em Teresópolis, um rapaz simples, de 23 anos, ficou surpreso ao saber pelo GLOBO que pode estar sendo usado há dois anos como "laranja" no contrato social da construtora RW Construtora e Consultoria Ltda - que ganhou contrato para receber 64% dos R$ 7 milhões do Ministério da Integração Nacional liberados para as obras de recuperação do município, atingido pelas enxurradas de janeiro.

Sócio da RW, de acordo com as investigações da CGU, o balconista até 2009 era apenas dono de uma videolocadora na cidade, a Virtual. Ele conta que, naquele ano, faliu e recorda-se de ter assinado alguns papéis para encerrar os negócios.

Estou surpreso, mas posso dar todas as explicações necessárias. Realmente fui sócio da locadora, mas da construtora só ouvi falar pelo noticiário

- Estou surpreso, mas posso dar todas as explicações necessárias. Realmente fui sócio da locadora, mas da construtora só ouvi falar pelo noticiário - assegurou o rapaz, cujo nome não será divulgado porque sua eventual participação nas irregularidades ainda é apurada.

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A empresa, segundo relatório da CGU, já recebeu R$ 873 mil dos R$ 4,5 milhões contratados. Além do balconista, outras três pessoas figuram como sócias da RW, entre elas o empresário que deu um depoimento ao Ministério Público Federal iniciando toda a investigação sobre desvios de recursos e pagamentos de propinas nas obras de recuperação da Região Serrana.

A CGU, conforme O GLOBO revelou na segunda-feira, determinou o bloqueio de contas da prefeitura de Teresópolis e a devolução dos recursos federais repassados ao município . A decisão foi tomada após os técnicos da Controladoria terem constatado que uma quadrilha usou notas frias, pagamentos fictícios e até "laranjas" para desviar recursos públicos. Em nota, a prefeitura de Teresópolis negou na segunda-feira qualquer irregularidade, garantindo ainda que suas contas não foram bloqueadas. A prefeitura também informou que, até agora, pagou apenas cerca de R$ 500 mil à RW.

Segundo o relatório dos técnicos do CGU, feito em conjunto com a Secretaria federal de Controle Interno do Ministério da Integração Nacional, os funcionários municipais de Teresópolis tentaram encobrir as supostas fraudes, usando diversas contas bancárias.

Em março, o dono da RW contou ao Ministério Público Federal, num depoimento em sigilo, tudo o que sabia sobre o esquema de corrupção montado para fraudar a aplicação dos recursos. Depois da tragédia das chuvas, a propina, de acordo com ele, teria subido de 10% para 50%. No depoimento, ele disse ainda que vencera várias concorrências porque participava do esquema que funcionaria em Teresópolis e outros municípios da região. Ele revelou ainda ter pagado propina a dois ex-secretários municipais e ao chefe do processo de licitação de Teresópolis, em 2010. Em troca, o empresário queria proteção e ser beneficiado pela delação premiada.



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