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sábado, 31 de maio de 2008

Sismo moderado em Lisboa provocaria 10.000 mortos

Terramoto de 1755 destruiu a baixa da cidade de Lisboa
DR 1755 poder-se-ia repetir em Lisboa caso um novo terramoto assolasse a capital

Cerca de 10.000 mortos, 1600 feridos e mais de 273 mil pessoas desalojadas seria o balanço de um sismo de magnitude moderada, 6,6 - 6,7 na escala de Richter, na região de Lisboa.




Ciclicamente atingida, por estar numa região sísmica, Lisboa é alvo de estudos e testes sobre uma eventual ocorrência de um abalo para apurar a resposta dos meios postos à disposição e coordenados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil.

O Plano Especial de Emergência de Risco Sísmico da área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes, datado de 27 de Outubro de 2007, e a que a Agência Lusa teve acesso, revela um trágico panorama para região da Grande Lisboa se um sismo de magnitude moderada a elevada, igual a 6,6 - 6,7 na escala de Richter, com epicentro na região do Vale do Tejo, atingir a capital.

Numa vasta área afectada, com um raio superior a 40 quilómetros, envolvendo 26 concelhos, mais de 433 mil edifícios, 1,1 milhões de alojamentos familiares e quase três milhões de habitantes, o cenário seria catastrófico, com um saldo previsível de cerca de 10.000 mil mortos, 1.600 feridos graves, e mais de 273 mil pessoas desalojadas.

O cenário pode ser pior se o eventual sismo tivesse lugar entre as 19h30 e as 06h30 da madrugada, hora em que a maior parte das pessoas se encontram em casa.

Em termos económicos, o panorama não seria melhor. 4,5 milhões de euros em perdas económicas directas, cerca de 9.907 edifícios colapsados, 24.170 habitações com danos severos na área metropolitana de Lisboa e Concelhos Límitrofes.

Equipamentos escolares, hospitais, rede viária, infra-estruturas de abastecimento de água, electricidade, gás, comunicações e a própria rede de protecção civil e socorro atingidas somar-se-ia ao balanço.

Dez a vinte por cento das centrais telefónicas seriam afectadas, deteriorando muito a rede de comunicações, bem com a rede de distribuição de gás.

Lisboa, Almada, Seixal, Loures, Vila Franca de Xira, Barreiro e Moita seriam os concelhos mais afectados e onde se concentrariam mais de 90 por cento das vítimas humanas, quer em termos de mortos, quer de feridos.

Os sismos que já atingiram Lisboa

O Banco de Gorringe e a falha do Vale Inferior do Tejo são duas das cinco zonas sismogénicas mais importantes que afectam o país. A elas se devem os mais importantes sismos sentidos em Portugal ao longo da história. 63 AC, 1356, 1531 por duas vezes, 1755, 1858, 1909 e 1969 são datas que ficaram registadas nos livros de história. Ao todo dezenas de milhares de mortos e parte da cidade de Lisboa destruída.

PROCIV III/2008 testa capacidade de resposta

É precisamente tendo em atenção o quadro negro traçado para um eventual sismo na área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes que a Autoridade Nacional de Protecção Civil promove o PROCIV III/2008.

Este exercício visa testar a capacidade de resposta dos mecanismos de articulação da Autoridade Nacional de Protecção Civil com os agentes da Protecção Civil e dos sistemas de apoio à decisão no quadro de intervenções de protecção civil resultantes da ocorrência de um sismo.

O Comando Nacional das Operações de Socorro, os comandos distritais de Socorro directamente envolvidos – Lisboa, Santarém e Setúbal –, entre outros, levam a efeito um exercício em que as várias entidades presentes actuam como se de situações reais se tratasse procedendo às acções necessárias para a resolução das mesmas.

Os objectivos são os de operacionalizar a versão contida no Plano Especial de Emergência de Risco Sísmico da área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes na componente de resposta imediata e de comando e gestão de informação, exercitar o planeamento e a condução de um exercício por parte da Autoridade Nacional.

Exercitar a articulação entre o comando nacional de operações de socorro (CNOS) e os comandos distritais envolvidos no exercício, ensaiar os meios disponíveis para acções de resposta bem com a capacidade de resposta dos serviços municipais de Protecção Civil e testar a estrutura de comando.

O exercício tem como modelo o sismo de 1909 que teve lugar em Benavente, abrange mais de 5000 edifícios, 348 mortos, 4000 desalojados e 11 mil feridos.

São estes exercícios que servem para aperfeiçoar o plano que não está fechado e vai recebendo sempre as contribuições introduzidas pelas lições que os exercícios entretanto efectuados vão dando.

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