O Globo Online
RIO - As investigações que resultaram na Operação Segurança Pública S/A revelaram que, em cinco anos, entre 2001 e 2006, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), ex-chefe de Polícia Civil, solto nesta sexta-feira após ter a prisão revogada pelo plenário da Alerj , gastou pouco mais de R$ 1,5 milhão para comprar quatro apartamentos - três em Copacabana e um no Grajaú - e dois carros blindados. O patrimônio, incompatível com os rendimentos do parlamentar, de acordo com a Polícia Federal, foi colocado em nome de "laranjas". Todos os imóveis foram pagos à vista.
A conclusão da PF é um dos mais importantes trechos da denúncia oferecida à Justiça pelo Minstério Público Federal contra Lins e outros 15 acusados. Para comprovar a evolução patrimonial do deputado, os policiais utilizaram documentos dos cartórios do Rio, além de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Ministério da Fazenda sobre o parlamentar e sua família. Foi comprovado, segundo a PF, que os "laranjas" não tinham rendimento suficiente para adquirir os imóveis.
Um dos casos que, de acordo com a PF, comprova a prática de Lins de ocultar bens usando "laranjas", é a compra do apartamento em que o ex-chefe de Polícia foi preso na quarta-feira. Em 18 de janeiro de 2005, ele teria desembolsado R$ 590 mil pelo imóvel, que foi colocado no nome de Maria Canali Bullos, avó de sua atual esposa, Sissy Bullos. A PF ainda ressalta que o apartamento valia, na verdade, R$ 950 mil. Relatório do Coaf mostra que, na mesma data da aquisição do móvel, Sissy recebeu em sua conta um depósito de R$ 590 mil em dinheiro.
Maria Bullos não tem rendimentos desde 1998. Ela aparece como isenta no Imposto de Renda entre os anos de 1998 e 2002, passando a figurar como dependente de seu filho, Francis Bullos, a partir de 2002. Maria Bullos, para os procuradores da República, emprestou seu nome conscientemente.
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