Publicada em 18/03/2011 às 00h04m
O GloboAgências internacionaisTÓQUIO - Primeiro foram o terremoto e as tsunamis, que mataram os que não conseguiram deixar suas casas ou acompanhar o ritmo de fuga. Depois veio a ameaça de radiação, que forçou um hospital a retirar cem pacientes, dos quais 14 não sobreviveram. A tripla catástrofe japonesa atingiu particularmente os mais velhos, num país em que uma em cada quatro pessoas tem 65 anos ou mais. Os que sobreviveram tremem agora sob cobertores em abrigos sem aquecimento ou estão em hospitais sem eletricidade ou água encanada, onde faltam medicamentos.
Foi na segunda-feira que os cem pacientes idosos foram removidos de um hospital para o ginásio de uma escola em Iwaki. Dois morreram no traslado e outros 12 no colégio.
- Nós nos sentimos impotentes - disse Chuei Inamura, funcionário do governo da província de Fukushima. - O ginásio não tem água ou remédio, e a comida é pouca. Não temos como cuidar direito.
Hipotermia, desidratação e doenças respiratórias são alguns dos problemas que a organização Médicos Sem Fronteiras encontrou nos abrigos. Além disso, muitos idosos não se lembram quais remédios tomavam.
- Isso torna as coisas mais complicadas - observou Eric Ouannes, diretor do grupo.
A dor dos sobreviventes se mistura à revolta pela demora na ajuda. Num país rico, os japoneses não entendem como o Estado não consegue prover gasolina e comida.
- Está um caos. Ninguém me dá ordens - reclamou a funcionária pública Chikara Abe, contando que a prefeitura está alagada; os telefones, mudos; e seus superiores, ocupados com os próprios problemas.
Com o Estado sobrecarregado, muitos afirmam que ele não está cumprindo seu dever.
- O governo não faz nada - desabafa Akase Hiroyuki, diretor de escola que agora, junto com 20 professores, atende a 1.200 desabrigados em Ishinomaki.
As esperanças de encontrar sobreviventes são poucas, tanto que os socorristas britânicos se preparam para deixar o Japão, enquanto escavadeiras começam a recuperação. Mas o Japão continua a contar corpos. Os dados mais recentes registram 5.429 mortos e 9.594 desaparecidos.
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